Os Anais de Aman – Quinta Seção

Escrito por Fábio Bettega

A Valinor tem a honra de publicar a quinta parte de um total de seis que compõem os Anais de Aman, um longo registro dos acontecimentos desde a criação de Arda até a Criação do Sol e da Lua escrito  pelo próprio J. R. R. Tolkien e publicado no The History of Middle-earth 10. Esta quinta parte (leia também a primeira, a segunda, a terceira e a quarta) engloba a morte de Finwë, o roubo das Silmarils, o Juramento de Fëanor e a Fuga dos Noldor..

Quinta Seção dos Anais de Aman

§117      Então veio a acontecer que após algum tempo uma grande aglomeração de pessoas seu juntou ao redor do Círculo do Destino; e os deuses sentaram nas sombras, pois era noite. Mas noite como apenas pode ser em algumas terras do mundo quando as estrelas brilham fracas e intermitentemente através de fendas em grandes nuvens, e nevoeiros frios chegam de um escuro litoral do mar. Então Yavanna pôs de pé no Monte Verdejante, e este agora estava vazio e enegrecido, e ela olhou para as Árvores e estavam ambas mortas e negras. Então muitas vozes se levantaram em lamentação, pois pareceu àqueles que lamentavam que eles haviam sorvido até o fim a taça de sofrimento que Melkor havia enchido para eles. Mas não era verdade.

§118      Pois Yavanna falou perante os Valar, dizendo: “A Luz das Árvores se foi daqui, e vive agora apenas nas jóias de Fëanor. Previdente ele foi. Percebam! pois mesmo para os mais poderosos existem alguns feitos que eles  podem realizar uma vez, e apenas uma. A Luz das Árvores eu trouxe à existência e não posso fazê-lo novamente dentro de Ëa. Mas se eu tivesse um pouco daquela Luz, eu poderia trazer de volta a vida às Árvores, antes de suas raízes morrerem; e então nossa ferida seria curada, e a malícia de Melkor seria desfeita”.

§119      E Manwë falou, e disse, Ouviste, Fëanor, as palavras de Yavanna? Darás o que ela pedirá? E então houve um grande silêncio, e Fëanor não disse uma palavra. Então Tulkas pediu: Fala, Oh Noldo, sim ou não! Mas quem poderia recusar a Yavanna? E a luz das Silmarils não veio do trabalho dela, inicialmente? Mas Aule o Criador (1) disse, “Não seja tão apressado! Nós pedimos uma coisa maior do que sabes. Deixe-o ter paz por algum tempo”.

§120      Mas então Fëanor falou, e anunciou amargamente: “Verdadeiramente para o menor tanto quanto para o maior existem alguns feitos que ele pode realizar apenas uma vez. E naquele feito seu coração deverá repousar. Talvez eu possa destrancar minhas jóias, mas nunca novamente eu poderei fazer semelhantes; e se forem quebradas, então quebrado será meu coração. e eu morrerei: o primeiro de todos os Filhos de Eru”.

§121      “Não o primeiro”, falou Mandos, mas eles não compreenderam suas palavras, e de novo  houve silêncio, enquanto Fëanor meditava no escuro. E pareceu a ele que estava cercado por um círculo de inimigos, e as palavras de Melkor retornaram a ele, dizendo que as Silmarils não estavam a salvo,  se os Valar pudessem possuí-las. “E não é ele Vala como eles são”, pensou ele, “e compreende seus corações? Sim, um ladrão revelará ladrões”. Então ele anunciou alto: “Não, isto eu não farei de livre vontade. Mas se os Valar me obrigarem, então eu verdadeiramente saberei que Melkor é de sua raça”.

§122      “Assim falastes”, disse Mandos; Então todos sentaram em silêncio, enquanto Niënna chorava sobre Korlairë e lamentava pela amargura do mundo. E enquanto ela lamentava chegaram mensageiros de Formenos, e eles eram Noldor, e traziam novas notícias do mal. Pois eles contaram como uma Escuridão cegante chegou ao norte, e no meio dela andava algum poder para o qual não havia nome, e a Escuridão partia dele. E Melkor também estava lá, e foi à casa de Fëanor, e lá matou Finwë, rei dos Noldor, antes as portas, e derramou o primeiro sangue dos Filhos de Ilúvatar. Pois apenas Finwë não havia fugido do horror do Escuro. E o forte de Formenos Melkor quebrou, e o destruiu completamente, e toda a riqueza em gemas foi levada; e as Silmarils se foram.

§123      Então Fëanor se levantou e amaldiçoou Melkor, nomeando-o Morgoth (2); e ela amaldiçoou também os chamados de Manwë, e a hora na qual ele foi a Taniquetil, pensando em sua tolice que se estivesse em Formenos, sua força teria permitido mais do que apenas ser morto também, como Melkor desejava (3). E então Fëanor correu da aglomeração e fugiu pela noite, louco tanto de fúria quanto de pesar: pois seu pai era mais querido para ele do que a Luz de Valinor ou os incomparáveis trabalhos de suas mãos; e quem dentro dos filhos, Elfos ou Homens, teve pai de maior valor?

§124      E aqueles que testemunharam a partida de Fëanor lamentaram grandemente por ele; e Yavanna estava desencorajada, temendo agora que a Grande Escuridão pudesse engolir os últimos raios da Luz para sempre. Pois embora os Valar ainda não compreendessem inteiramente o que se sucedeu, eles perceberam que Melkor chamara alguma ajuda que veio de Fora. As Silmarils se foram, e apesar da pouca importância que parecia então, se Fëanor tivesse dito (4) sim ou não afinal; mas se tivesse dito sim de início e assim limpado seu coração antes das terríveis notícias terem chegado, seus feitos posteriores poderiam ter sido diferentes dos que foram. Mas agora o funesto destino dos Noldor se aproximava.

§125      Enquanto isso, é dito, Morgoth fugindo da perseguição dos Valar chegou à terra erma de Araman, que ao norte, como Arvalin ao sul, fica entre as muralhas das Montanhas e o Grande Mar. Então ele foi para Helkaraxë onde o Estreito entre Araman e a Terra-média é cheio de gelo atritante, e ele cruzou e retornou ao Norte do mundo. Então tão logo eles colocaram os pés lá e escaparam da terra dos Valar, Ungoliantë convocou Morgoth a entregar a ela sua recompensa. Metade de seu pagamento era a seiva das Árvores; a outra metade seriam todas as jóias que pudesse conseguir. Morgoth entregou estas relutantemente, uma por uma, até que ela tivesse devorado todas e suas belezas removidas da terra, e então maior e mais escura cresceu Ungoliante e ainda sim desejava mais.

§126      Mas Morgoth não daria a ela nenhuma parte das Silmarils: estas ela tomou para sim eternamente. Por isso ali aconteceu a primeira disputa entre ladrões, e o medo de Yavanna não veio a se concretizar: que a Escuridão pudesse engolir os últimos raios da Luz. Mas Ungoliantë ficou irada, e tão grande ela se tornou que Morgoth não podia controlá-la; e ela envolveu-o em suas teias sufocantes, e seu terrível grito ecoou através do mundo. Então vieram em seu auxílio os Balrogs, que ainda permaneciam em locais profundos do Norte onde os Valar não os descobriram. Com seus chicotes de chamas eles romperam suas teias e expulsaram Ungoliantë, e ela desceu para Beleriand e habitou por algum tempo abaixo de Ered Orgoroth no vale que mais tarde foi chamado Nan Dungorthin, devido ao medo e horror que ela gerou lá. E quando ela se curou de seus ferimentos e gerou lá uma terrível descendência ela deixou as Terras do Norte, e retornou ao Sul do mundo, onde ele ainda reside, de acordo com tudo que os Eldar ouviram.

§127      Então Morgoth, estando livre, reuniu novamente seus servidores que pode encontrar, e escavou novamente seus vastos salões subterrâneos e suas masmorras naquele local que os Noldor mais tarde chamaram Angband, e acima deles ele elevou as fumegantes torres de Thangorodrim. Lá incontáveis se tornaram as hordas de suas bestas e seus demônios, e de lá agora saíam em hordas além da conta a sinistra raça dos Orkor, que cresceu e se multiplicou no interior da terra como uma praga. Estas criaturas Morgoth gerou por inveja e escárnio aos Eldar. Em forma (5) eles eram como os Filhos de Ilúvatar, embora terrível de se observar, pois eles foram gerados (6) em ódio, e de ódio estavam cheios; e ele repugnava as coisas que ele fizera, e com repugnação elas o serviam. Suas vozes eram como o bater de rochas, e eles não riam a não ser em tormento ou feitos cruéis. Os Glamhoth, horda de tumulto, os Noldor os chamaram. (Orcs podemos nomeá-los, pois nos dias antigos eles eram fortes e sinistros como demônios. Mas não eram da raça dos demônios, mas filhos (7) da terra corrompidos por Morgoth, e eles podiam ser mortos ou destruídos pelo bravo com armas de guerra. [Mas de fato uma lenda mais negra alguns ainda contam em Eressëa, dizendo que os Orcs eram verdadeiramente em sua origem parte dos Quendi, um grupo dos Avari insatisfeitos a quem Morgoth enganara, e os fizera cativos, e então os escravizara, e então os conduzira à total ruína*. Pois, disse Pengoloð, Melkor não mais poderia de forma alguma fazer algo que tivesse vida ou semelhança de vida desde o Ainulindalë, e poderia menos ainda após sua traição em Valinor e a completude de sua própria corrupção (8)] Falou Ælfwine.)

(* [nota de rodapé ao texto] Nos Anais de Beleriand é dito que isto ele fizera na Escuridão antes mesmo dos Quendi terem sido encontrados por Oromë)

§128      Então escura caiu a sombra sobre Beleriand, como em outro lugar é contado; e em Angband Morgoth forjou para si mesmo uma grande coroa de ferro; e nomeou-se Rei do Mundo (9). Como uma comprovação disso ele fixou as Silmarils em sua coroa. Suas mãos malignas foram queimadas negras pelo toque daqueles jóias abençoadas, e negras elas foram para sempre deste então; e ele nunca mais esteve livre da dor da queimadura. A coroa ele nunca retirava de sua cabeça, embora seu peso tenha tornado fatiga em tormento, e nunca mais com exceção de uma vez, enquanto seu reino durou, ele saiu por algum tempo secretamente de seu domínio no Norte (10). E apenas uma vez também ele empunhou uma arma, até a Última Batalha. Pois agora, mais do que nos dias de Utumno seu orgulho fora humilhado, seu ódio o devorava, e na dominação de seus servos e na inspiração deles com o desejo do mal, ele gastava seu espírito. Contudo sua majestade como um dos Valar durou por longo tempo, mudada para terror, e ante sua face todos, exceto os mais poderosos, afundavam em um poço escuro de medo.

Do Discurso de Fëanor em Túna

§129      Quando foi conhecido que Morgoth escapara de Valinor e a perseguição fora infrutífera, os Valar permaneceram por longo tempo sendo na escuridão no Círculo do Destino, e os Maiar e Vanyar ficaram com eles e lamentaram; mas os Noldor  em sua maior parte retornaram tristemente a Túna. Escura agora estava sua bela cidade de Tirion, e névoas vinham dos Mares Sombrios, e ocultavam suas torres. A lâmpada de Mindon queimava pálida na escuridão.

§130      Então repentinamente Fëanor apareceu na cidade e chamou a todos para a alta Corte do Rei sobre o topo de Túna. A sentença de banimento que havia sido posta sobre ele ainda não havia sido retirada, e ele se rebelou contra os Valar. Uma grande multidão se reuniu rapidamente, portanto, para ouvir o que ele iria dizer, e a colina e todas as ruas, e as escadas que subiam para a Corte foram atulhadas com as muitas tochas que todos levavam à mão.

§131      Fëanor era um mestre das palavras, e sua língua tinha grande poder sobre os corações quando ele a usava. E agora ele estava em fogo, e naquela noite ele fez um discurso ante os Noldor que para sempre eles lembraram. Terríveis e sinistras foram suas palavras, e cheias de ira e orgulho, e elas levaram o povo à loucura como os vapores de vinho quente. Sua fúria e seu ódio eram em maior parte dirigidos a Morgoth, embora quase tudo que ele disse tenha vindo das próprias mentiras de Morgoth. Ele reclamava agora o reinado de todos os Noldor, uma vez que Finwë estava morto, e ele desdenhava os decretos dos Valar.

§132      ‘Por que, Oh meu povo’, ele falou, ‘por que devemos continuar servindo a estes deuses ciumentos, que não podem nos manter, nem seu próprio reino, seguros de seu Inimigo? E embora ele seja agora seu rival, não são eles todos de uma única raça? Por isso a vingança me chama, mas mesmo se fosse de outro modo, eu não residiria mais na mesma terra com a raça do assassino de meu pai e o ladrão de meu tesouro. E eu não sou o único corajoso deste povo. E todos vós não perdestes vosso rei? E o que mais não perdestes, enclausurados aqui em uma terra estreita entre as montanhas ciumentas e o Mar estéril? Aqui uma vez houvera luz, que os Valar recusaram à Terra-média, mas agora a escuridão iguala tudo. Devemos lamentar aqui, sem novos feitos, para sempre, um povo-sombra, caçando na neblina, derramando lágrimas vãs no ingrato Mar salgado? Ou devemos ir para casa? Em Kuiviénen doce correm as águas sob estrelas sem nuvens, e existem terras amplas onde um povo livro pode andar. Lá eles ainda continuam e nos esperam, nós que em nossa tolice os abandonamos. Partamos! Deixe que os covardes tenham esta cidade. Mas, pelo sangue de Finwë! A menos que eu fique senil, se apenas os covardes ficarem, então a grama irá crescer nas ruas.  Não, podridão, mofo e fungos.”

§133      Longamente ele falou, e sempre incentivando os Noldor a segui-lo e por suas próprias grandes habilidades ganhar a liberdade e grandes reinos nas terras do Leste antes que fosse tarde demais, pois ele ecoava as mentiras de Melkor de que os Valar os enganara e os manteria cativos de forma que os Homens pudessem reinar na Terra-média; e muitos dos Eldar ouviram então pela primeira vez dos Posteriores. “Belo o fim será”, ele disse, “mas longa e dura será a estrada! Digam adeus à escravidão! Mas digam adeus também à calmaria! Digam adeus aos fracos! Digam adeus também a seus tesouros – mais ainda faremos! Viajem leves. Mas tragam consigo suas espadas! Pois iremos mais longe do que Tauros, resistiremos mais do que Tulkas: nunca desistiremos de nossa perseguição. Atrás de Morgoth até os confins da Terra! Guerra teremos e ódio sem fim. Mas quando tivermos conquistado e recuperado as Silmarils que ele roubou, então contemplem! Nós, apenas nós, seremos os senhores da Luz imaculada, e mestres da felicidade e da beleza de Arda! Nenhuma outra raça nos suplantará!” (11)

§134      Então Fëanor fez um terrível juramento. Imediatamente seus sete filhos saltaram para seu lado e cada um fez o mesmo juramento, e vermelhas como sangue brilharam suas espadas desembainhadas à luz das tochas.

Amigo ou imigo, com mácula ou limpo,

cria de Morgoth ou claro Vala,

Elda ou Maia ou a Outra Raça,

Mortal que há de vir na Terra-média,

nem lei, nem amor, nem liga de espadas,

medo ou muro, nem mesmo o Destino

será defesa contra Fëanor, e os filhos de Fëanor,

para o que nas mãos tomar, ou em seu meio ocultar,

consigo guardar ou lançar longe

uma Silmaril. Assim dizemos nós:

Morte lhe traremos quando termine o Dia,

mal até o fim do mundo! O juramento ouvi,

Eru Pai-de-Todos! À treva eternal

condenai a nós se não o cumprirmos.

No sacro monte sede testemunhas

e a promessa lembrai, Manwë e Varda!  (11 A)

Assim falaram Maidros e Maglor, e Celegorn, Curufin e Cranthir, Damrod e Díriel, príncipes dos Noldor. Mas por aquele nome ninguém deveria fazer um juramento, bom ou mal, e nem em fúria chamar por tais testemunhas, e muitos recuaram com medo ao ouvir as palavras sinistras. Pois uma vez feito, bom ou mal, um juramento não pode ser quebrado, e perseguirá aquele que o mantiver ou quebra até o fim do mundo.

§135      Fingolfin e seu filho Turgon então falaram contra Fëanor, e palavras agressivas surgiram, e mais uma vez a fúria chegou próxima ao fio das espadas. Mas Finrod, que também era habilidoso com as palavras, falou suavemente, como era de seu costume, e procurou acalmar os Noldor, persuadindo-os a parar e ponderar antes que os feitos não pudessem ser desfeitos. Mas de seus filhos apenas Orodreth falou também desta maneira, pois Inglor estava com Turgon seu amigo (12), enquanto que Galadriel, a única mulher dos Noldor a permanecer altiva e valente naquele dia entre os príncipes revoltados, estava ávida por partir. Ela não fez nenhum juramento, mas as palavras de Fëanor relativas à Terra-média tinham acendido seu coração, e ela desejava ver as amplas terras não-trilhadas e governar lá um reino talvez à sua própria vontade. Pois a mais jovem da Casa de Finwë ela veio ao mundo a oeste do Mar, e nada sabia das terras desprotegidas. De igual pensamento era Fingon filho de Fingolfin, também tendo sido tocado pelas palavras de Fëanor, embora ele o amasse pouco (13); e com Fingon como sempre ficaram Angrod e Egnor, filhos de Finrod.  Mas estes mantiveram a calma e não falaram contra seus pais.

§136      Ao final depois de longo debate Fëanor prevaleceu, e a maior parte dos Noldor ali reunida ele acendeu com o desejo de novas coisas e estranhas regiões. Por isso quando Finrod falou novamente a favor de considerar melhor e aguardar, um grande grito se levantou: “Não, deixe-nos partir! deixe-nos partir”. E imediatamente Fëanor e seus filhos começaram a se preparar para a marcha adiante.

§137      Pouca prudência poderia existir para aqueles que ousaram tomar tal caminho tão escuro. E tudo foi feito com máxima rapidez; pois Fëanor os incentivava, apressando-os por medo de que em seus corações esfriando suas palavras poderiam esvaecer e outros conselhos ainda prevalecerem. Pois apesar de todas as suas palavras orgulhosas ele não esqueceu o poder dos Valar. Mas de Valmar não vinha nenhuma mensagem, e Manwë estava em silêncio. Ele não iria proibir ou obstruir o propósito de Fëanor; pois os Valar estavam ofendidos por terem sido acusados de terem intenções malignas para os Eldar, ou que qualquer um fosse mantido cativo por eles contra sua vontade. Agora eles observavam e aguardavam, pois eles ainda não acreditavam que Fëanor pudesse atar a hoste dos Noldor à sua vontade.

§138      E de fato quando Fëanor começou a organização dos Noldor para sua partida, então imediatamente a dissensão surgiu. Pois embora ele tenha tornada a aglomeração disposta a partir, de forma alguma todos estavam dispostos a aceitar Fëanor como rei. Maior amor era dado a Fingolfin e seus filhos, e sua casa e a maior parte dos moradores de Tirion se recusaram a renunciar a ele, se ele fosse com eles. Então finalmente os Noldor partiram divididos em dois grupos. Fëanor e seus seguidores estavam na vanguarda; mas o maior grupo vinha atrás sob Fingolfin. E ele marchava contra sua sabedoria, porque Fingon seu filho assim o encorajou, e porque ele não seria separado de seu povo que estava ávido por partir, nem deixá-los aos imprudentes conselhos de Fëanor. Com Fingolfin partiu também Finrod, e por igual razão; mas ele estava mais relutante em partir.

§139      Está registrado que de todos os Noldor em Valinor, que agora cresceram em número e formavam um grande povo, apenas um décimo recusou a partir: alguns pelo amor que tinham aos Valar (e não menos a Aulë), alguns por amor a Tirion e às muitas coisas que eles fizeram; nenhum pode medo do perigo, diga-se. Pois eles eram de fato um povo corajoso.

§140 Mas tão logo ressoaram as trombetas e Fëanor atravessou os portões de Tirion um mensageiro de Manwë finalmente veio, dizendo “Contra a tolice de Fëanor se colocará colocado apenas meu conselho. Não sigais adiante! Pois a hora é má, e a estrada leva a pesares que ainda não percebestes. Nenhuma ajuda vos darão os Valar nesta empreitada; mas vedes! eles não vos impedirão; pois isto deveis saber: assim como viestes para cá livremente, livremente devereis partir. Mas tu Fëanor filho de Finwë por teu juramento estás exilado. As mentiras de Melkor deverás desaprender com amargura. Vala ele é, disseste. Então jurastes em vão, pois nenhum dos Valar podes suplantar agora ou nunca dentro dos salões de Eä (14), nem se Eru a quem nomeaste tivesse te feito três vezes maior do que és”. (15)

§141      Mas Fëanor riu, e não falou ao enviado e sim aos Noldor, dizendo: “Então! Este povo valoroso enviará o herdeiro de seu Rei sozinho em banimento, apenas com seus filhos, e retornará a sua escravidão? Mas se alguém vier comigo, a eles então eu digo: ‘Pesar foi profetizado para você’. Verdadeiramente em Aman nós o vimos. Em Aman através da felicidade à tristeza. A outra forma tentaremos agora: através do pesar encontrar felicidade. Ou pelo menos: liberdade!”

§142      Então, se dirigindo ao enviado ele bradou: “Diga isto a Manwë Sulimo, Alto-rei de Arda: Se Fëanor não pode suplantar Morgoth, pelo menos ele não se demora em atacá-lo, e não se senta imóvel em lamentação. E Eru, talvez, tenha me posto um fogo maior do que vós conhecestes. Tais ferimentos, ao menos, eu causarei ao Inimigo dos Valar que mesmo os poderosos no Círculo do Destino se espantarão em ouvir. Sim, no final eles me seguirão. Adeus!”

§143      Naquela hora a voz de Fëanor ficou tão alta e tão potente que mesmo o enviado dos Valar se curvou perante ele como alguém com uma resposta completa, e partiu; e os Noldor foram rechaçados. Portanto eles continuaram sua marcha; e a Casa de Fëanor si adiantou a eles ao longo do litoral de Elendë: e nenhuma vez eles voltaram os olhos para Tirion sobre Túna. Após eles, mais lentamente e com menos vontade, vinha a hoste de Fingolfin. Destes Fingon era o mais adiantado; e na retaguarda iam Finrod e Inglor, e muitos dos mais belos e mais sábios dos Noldor; e frequentemente olhavam para trás para ver sua bela cidade, até que a lâmpada de Mindon Eldaliéva se perdeu na noite. Mais do que quaisquer outros exilados eles carregaram dali lembranças da felicidade que haviam desprezado, e alguns até mesmo as belas coisas que haviam feito carregaram consigo: um conforto e um peso na estrada.

Sobre o Primeiro Fratricídio e o Destino dos Noldor

§144      Então Noldor os conduziu para o norte, porque seu primeiro propósito era seguir Morgoth. Além disso, Túna abaixo de Taniquetil estava situada no equador de Arda, e lá o Grande Mar era imensuravelmente largo, enquanto que para o norte os mares que separavam ficam mais estreitos e os ermos de Araman e o litoral da Terra-média  se aproximavam. Mas as hostes não foram longe, quando veio à mente de Fëanor, tarde demais, que todas estas grandes companhias, tanto de adultos e aptos à guerra e muitos outros, e a grande quantidade de mantimentos com eles, nunca superariam as longas distâncias para o Norte, nem cruzariam os mares finalmente, exceto com o auxílio de navios.

§145      Portanto Fëanor decidiu persuadir os Teleri, sempre amigos dos Noldor, a se juntarem a eles; pois dessa forma ele esperava diminuir a riqueza de Valinor ainda mais e aumentar seu próprio poder de guerra. E também ele iria obter navios rapidamente. Pois seria preciso um grande tempo e exaustivos trabalhos para construir uma grande esquadra, mesmo se os Noldor tivessem habilidades e madeiras suficientes para tal construção, como de fato não tinham. Então ele se apressou para Alqualondë, e falou aos Teleri como havia falado em Tirion.

§146      Mas os Teleri não foram afetados por nada que ele lhes dissesse. Eles estavam de fato entristecidos pela partida de seus parentes e amigos de longa data, mas preferiam dissuadi-los a ajudá-los; e nenhum navio eles cederiam, nem auxílio na construção, contra a vontade dos Valar. Para si mesmos eles não desejavam outro lar que não as praias de Eldamar, e nenhum outro senhor que não Olwë, príncipe de Alqualondë. E ele nunca dera ouvido a Morgoth, nem o recebeu em sua terra e ele ainda acreditava que Ulmo e os outros grandes entre os Valar iriam desfazer as feridas de Morgoth, e que aquela noite passaria, em um novo amanhecer.

§147      Então Fëanor ficou irado, pois ele ainda temia os atrasos; e falou de maneira irritada a Olwë. “Renunciastes vossa amizade, mesmo na hora de nossa necessidade”, disse ele. “Mas ávidos por nossa ajuda estivestes quando chegastes finalmente a estes litorais, procrastinadores inseguros, e quase de mãos vazias. Em cabanas nas praias ainda moraríeis se os Noldor não tivessem esculpido seu porto e erguido seus muros”.

§148      Mas Olwë respondeu: “Não, não renunciamos à nossa amizade. Mas pode ser a difícil tarefa de um amigo refutar a tolice de outro. E quando seu povo nos saldou e nos ajudou, diferentemente então falastes: na terra de Aman iremos residir para sempre, como irmãos cujas casas ficam lado a lado. E sobre nossos navios brancos: esses não nos destes. Sua construção não aprendemos dos Noldor, mas dos Senhores do Mar; e a madeira branca nós moldamos com nossas próprias mãos e as velas brancas foram tecidas por nossas belas esposas e damas. Portanto nós nem os daremos nem os venderemos por nenhum acordou ou amizade. Pois eu te digo, Fëanor, estes são para nós como as gemas dos Noldor: o trabalho de nossos corações, iguais aos quais nunca mais poderemos fazer”.

§149 Após isso Fëanor o deixou, e sentou-se além dos muros meditando sombriamente, até sua hoste estar reunida. Quando ele considerou que sua força era suficiente ele foi ao Porto dos Cisnes e começou a invadir os navios que estavam ancorados lá e a tomá-los à força. Mas os Teleri resistiram e ele de forma determinada, e atiraram muitos dos Noldor ao mar. Então espadas foram desembainhadas e uma batalha amarga foi lutada nos navios, e ao redor das docas e píeres do Porto, e mesmo sobre o grande arco de seu portão. Três vezes o povo de Fëanor foi escorraçado, e muitos foram mortos de ambos os lados; mas a vanguarda dos Noldor foi socorrida por Fingon com os mais avançados do povo de Fingolfin. Estes chegando, encontraram a batalha e seu próprio povo sendo derrotado, e se apressaram antes de saberem devidamente a razão da disputa: alguns acharam de fato que os Teleri procuraram emboscar a marcha dos Noldor, sob as ordens dos Valar.

§150      Então finalmente os Teleri foram sobrepujados, e uma grande parte de seus marinheiros que residiam em Alqualondë foram cruelmente mortos. Pois os Noldor se tornaram selvagens e desesperados, e os Teleri tinham menos força, e estavam em sua maioria armados apenas com arcos leves. Então os Noldor levaram seus navios brancos, e manejaram seus remos o melhor que puderam, e em fila rumaram para o norte ao longo da costa. E Olwë chamou por Ossë, mas ele não veio; pois ele havia sido convocado a Valmar para a vigília e o conselho dos deuses; e não fora permitido pelos Valar que a Fuga dos Noldor fosse obstruída por força, Mas Uinen chorou pelos marinheiros dos Teleri; e o mar se levantou em fúria contra os assassinos, de forma que muitos dos navios naufragaram e os que estavam neles se afogaram. Do Fratricídio de Alqualondë mais é dito no lamento nomeado Noldolantë (16), A Queda dos Noldor, que Maglor fez compôs antes de desaparecer.

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§151      Apesar de tudo a maior parte dos Noldor escaparam, e quando a tempestade terminou eles continuaram em seu trajeto, alguns nos navios, alguns por terra; mas o caminho era longo e ainda mais maligno quanto mais seguiam em frente.  Após terem marchado por um grande tempo na  noite imensurável eles chegaram finalmente ao norte do Reino Vigiado, no limite da vastidão vazia de Araman, que era montanhosa e fria. Lá eles perceberam repentinamente uma figura escura parada sobre um rochedo alto que se estendia sobre o mar. Alguns dizem que era o próprio Mandos e não um enviado menor de Manwë. E eles ouviram uma voz alta, solene e terrível, que os convocou a parar e ouvir (17).

§152      Todos pararam e ficaram imóveis, e de começo a fim das hostes dos Noldor a voz foi ouvida falando a Profecia do Norte e o Destino dos Noldor. “Retornais! Retornais! Buscais o perdão dos Valar antes que a maldição deles recaia sobre vós!”. Assim a voz começou, e muitas calamidades ela previu com palavras sombrias, os quais os Noldor não compreenderam até que as calamidades tivessem de fato caído sobre eles. “Lágrimas incontáveis vertereis; mas se fordes adiante, tenhais certeza de que os Valar irão isolar Valinor de vocês, e trancar-vos-á para fora, de forma que nem mesmo o eco de vossas lamentações deverão passar por sobre as montanhas”.

§153      “Vedes! Sobre a Casa de Fëanor recai a ira dos deus, desde o Oeste até o extremo Leste, e sobre todos que o seguir também recairá. Vosso Juramento conduzir-vos-á, e vos trairá, e afastar-vos-á dos próprios tesouros que prometestes perseguir. Um fim maligno terão todas as coisas que vós começardes bem; e pela traição de raça por raça, e o medo da traição, isto virá a acontecer. Os Despossuídos eles deverão ser para sempre”.

§154      “Observem! Derramastes o sangue de vossa raça injustamente e manchardes a terra de Aman. Pois sangue gerará sangue, e além de Aman habitareis à sombra da Morte. Pois saibais que apesar de Eru ter designado que não morrêsseis em Eä e que nenhuma doença vos acometais, morto podereis ser: por arma e por tormento e por pesar; e então vosso espírito desabrigado virá a Mandos. Lá por longo tempo devereis habitar e ansiar por vossos corpos e encontrar pouca piedade dedica a vós por aqueles que tiverdes matado. E todos aqueles que permanecerem na Terra-média e não forem a Mandos, cansarão do mundo como de um grande fardo, e esvaecerão, e se tornarão como sombras de arrependimento ante a raça mais jovem que virá depois. Os Valar falaram.”

§155      Então muitos recuaram amedrontados. Mas Fëanor endureceu seu coração e disse: “Nós juramos, e não foi levianamente. Este Juramento iremos manter. E veja! fomos ameaçados com muitos males, traição não o menor deles; mas uma coisa não foi dita: que sofreremos de acanhamento; de covardia ou do medo da covardia entre nós. Por isso eu digo que continuaremos, e a este destino acrescento: os feitos que realizaremos serão assunto de canções até os últimos dias de Arda”. E a previsão de Fëanor também se mostrou verdadeira.

§156      Mas naquela hora Finrod abandonou a marcha, e retornou, estando cheio de pesar, e amargo com relação à casa de F6eanor, por seu parentesco com Olwë de Alqualondë; e muitos de seu povo partiram com ele, refazendo seus passos em tristeza, até que contemplaram novamente os raios distantes de Mindon sobre Túna ainda brilhando na noite, e entraram finalmente em Valinor. Lá receberam o perdão dos Valar, e Finrod foi posto como regente o restante dos Noldor do Reino Abençoado. Mas seus filhos não estavam com ele, pois não deixariam os filhos de Fingolfin; e todo o povo de Fingolfin continuou em frente, sentindo a coerção de seu parentesco e a vontade de Fëanor, e temendo enfrentar o julgamento dos deuses, uma vez que nem todos eles foram inocentes no fratricídio de Alqualondë. Além disso Fingon e Turgon eram corajosos e com corações em fogo e relutante em abandonar qualquer tarefa na qual haviam colocado as mãos até o amargo fim, se amargo deva ser. Assim a hoste principal continuou, e rapidamente o mal que fora previsto começou seu trabalho.

1497

§157      Os Noldor chegaram bem longe no Norte de Arda, e viram os primeiros dentes do gelo que flutuava no mar, e souberam que estavam se aproximando de Helkaraxë. Pois entre a Terra Ocidental de Aman que no norte de curvava para leste e os litorais leste de Endar (que é a Terra-média) que avançava para o oeste havia um estreito, através do qual as águas frias do Mar Circundante e as ondas do Grande Mar fluíam juntas, e lá existiam vastos nevoeiros e névoas de frio mortal, e as correntes marinhas estavam cheias de colinas de gelo que se chocavam e o ranger do gelo no fundo do mar. Assim era Helkaraxë, e lá nenhum ainda se atrevera a atravessar exceto apenas os Valar e Ungoliantë.

§158      Então Fëanor parou e os Noldor debateram qual curso deveriam seguir agora. E logo os Noldor começaram a sofrer com os tormentos do frio, e da espessas neblinas através as quais o brilho de nenhuma estrela podia atravessar; e muitos deles se arrependeram da jornada e começaram a murmurar, especialmente aqueles que seguiram Fingolfin, amaldiçoando Fëanor, e o nomeando causa de todos os males dos Eldar. Mas Fëanor, sabendo de tudo que era dito, entrou em conselho com seus filhos. Duas formas apenas eles viram para escapar de Araman e chegar a Endar: pelo estreito ou por navio. Mas Helkaraxë eles julgaram intransponível, enquanto que os navios eram muito poucos. Muitos haviam sido perdidos durante sua longa jornada e não restaram suficientes para atravessar toda a grande hoste junta; e nenhum desejava permanecer na costa oeste enquanto os outros eram transportados antes: pois o medo da traição já acordara entre os Noldor.

§159      Em conseqüência disso surgiu no coração de Fëanor e seus filhos a idéia de pegar todos os navios e partir repentinamente; pois eles haviam mantido o comando da frota desde a batalha do porto; e eram operados apenas por aqueles que lá lutaram e estavam ligados a Fëanor. E veja! Como se tivesse vindo a seu chamado um vento surgiu de repente de noroeste, e Fëanor saiu secretamente (18) com todos aqueles que ele julgava leais a ele, e embarcou e se pôs ao mar, e deixou Fingolfin em Araman. E uma vez que o mar era estreito ali, manejando para leste e um pouco para sul ele atravessou sem perdas, o primeiro de todos os Noldor a colocar novamente os pés no litoral da Terra-média. E o aportar de Fëanor foi na entrada do braço de mar que era chamado Drengist, e que adentrava Dor-lómin (19).

§160      Mas quando aportaram, Maidros o mais velho de seus filhos (e uma vez amigo de Fingon antes das mentiras de Morgoth terem ficado entre eles) falou a Fëanor: “Agora quais navios e homens irás separar para o retorno, e quem eles trarão até aqui primeiro? Fingon o valente?

§161      Então Fëanor como alguém insano, e sua fúria foi liberada: “Nenhum e ninguém!” ele falou. “O que eu deixei para trás eu não considero perda: provou-se bagagem desnecessária na estrada. Deixe aqueles que amaldiçoaram meu nome, que continuem amaldiçoando! Que voltem choramingando para as celas dos Valar, se não podem encontrar outras! Que os navios queimem!

§162      Então apenas Maidros ficou de lado, mas Fëanor e seus filhos colocaram fogo nos navios brancos dos Teleri. Assim naquele lugar que foi chamado Losgar na desembocadura do Estuário de Drengist (20) terminaram em um grande incêndio luminoso e terrível os mais belos navios que já cortaram o mar (21), E Fingolfin e seu povo viram a luz ao longe, vermelha abaixo das nuvens. Este foi o primeiro fruto do Fratricídio e do Destino dos Noldor.

§163      Então Fingolfin soube que for a traído, e deixado para morrer miseravelmente ou retornar em vergonha. E seu coração ficou amargo, mas desejou como nunca antes chegar de alguma forma até a Terra-média e reencontrar Fëanor. E ele e sua hoste vagaram longa e miseravelmente; mas seu valor e resistência cresceram com a dificuldade; pois eles ainda eram um povo poderoso, os imortais filhos mais velhos de Eru Ilúvatar, recém saídos do Reino Abençoado e ainda não cansados com o cansaço da Terra; e o fogo de seus corações era jovem. Portanto, liderados por Fingolfin e seus filhos, e por Inglor e Galadriel a valente e bela, eles ousaram atravessar o inacessível Norte, e não encontrando outro caminho eles enfrentaram afinal o terror de Helkaraxë e as cruéis colinas de gelo. Poucos dos feitos dos Noldor posteriores ultrapassaram a travessia desesperada em coragem ou em desgraças. Muitos lá pereceram, e foi com uma hoste reduzida que Fingolfin chegou finalmente às terras do Norte de Endar. Pouco amor por Fëanor e seus filhos tinham aqueles que marcharam atrás dele, e sopraram suas trombetas na Terra-média ao primeiro nascer da Lua.

Aqui os Noldor saem de Aman e

os Anais de Aman não falam mais deles.

NOTAS

1.‘Aulë o Criador’ substituiu ‘Ulmo’.

2. Riscado daqui, provavelmente de imediato: ‘(o Inimigo Escuro)’.

3. Riscado daqui (mais tarde): ‘o Inimigo Negro de Arda não seria dispensado uma segunda vez com palavras orgulhos de escárnio’.

4. Este trecho é uma substituição do texto original:

mas Yavanna ficou desalentada, pois agora a Luz das Árvores havia passado completamente para uma grande Escuridão, a qual os Valar ainda não haviam compreendido que deveria ter vindo de algum auxílio que Morgoth chamara de Fora, e eles temerem que estivesse perdido até o Fim. Therefore all was one, whether Fëanor said…

5. Este trecho foi editado no texto original, que era:

Lá incontáveis se tornaram as hostes de suas bestas e seus demônios e ele trouxe à existência então a raça caída dos Orkor, e eles cresceram e se multiplicaram no interior da terra como uma praga. Estas criaturas Morgoth fez em inveja e escárnio aos Eldar. Portanto em forma…

6. ‘gerados’ é uma correção para ‘feitos’.

7. ‘filhos’ é uma correção para ‘uma cria’

8. Este trecho, começando em ‘Mas de fato uma lenda mais negra…’ e incluindo a nota de rodapé, foi riscado em um momento posterior ao das alterações dadas nas notas 5-7 e talvez na revisão do texto antes da criação da versão datilografada, na qual não aparece. Toda a adição de Ælfwine está entre colchetes na versão como originalmente escrita.

9. O texto original era ‘Aran Endór, Rei da Terra-média’. Aran Endór então foi corrigido para Tarumbar; finalmente a leitura ‘Rei do Mundo’ foi inserida.

10. O texto originalmente escrito tinha aqui: ‘e nunca mais exceto com exceção de uma vez ele saiu das profundezas que escavara, enquanto seu reino durou’. Quando meu pai alterou este para o texto impresso ele acrescentou o que se segue até o final do parágrafo.

11. Neste parágrafo o trecho desde ‘antes que fosse tarde demais’ até ‘muitos dos Eldar ouviram então pela primeira vez dos Posteriores’ e a sentença final ‘Nenhuma outra raça nos suplantará’, são adições posteriores.

11 A. A tradução do Juramento de Fëanor em verso aliterativo é da autoria de Ronaldo José Lopes. O mesmo autor criou uma tradução literal do poema, a qual pode ser encontrada no artigo.  Conheça o texto completo do Juramento de Fëanor

12. As associações dos príncipes Noldorin eram diferenças neste trecho quando escrito pela primeira vez: ‘Fingolfin e seus filhos Fingon e Turgon então falaram contra Fëanor’, e ‘mas de seus [de Finrod] filhos apenas Inglor falou também desta maneira, pois Angrod e Egnor estavam com Fingon, e Orodreth ficou de lado; enquanto que Galadriel… ’. Mas as alterações que aparecem no texto impresso parecem ter sido feitas imediatamente uma vez que o trecho no fim do parágrafo pertence ao texto como originalmente escrito.

13. Riscado daqui: ‘e seus filhos menos’ (compare com o trecho em §160 onde se refere à amizade entre Fingon e Maidros).

14. é escrito desta forma aqui e novamente em §154, mas nas duas últimas ocorrências do texto está escrito Ëa.

15. Riscado daqui: ‘e Melkor menos ainda, que é o mais poderoso de todos exceto um’.

16.  O nome Noldolantë foi acrescentado à margem. Ele não aparece no texto datilografado.

17. A página começando aqui e contendo os §§152-4 é escrita muito mais irregularmente que o resto do manuscrito, e meu pai a riscou completamente e a substituiu. Pode ser pensado à primeira vista que este era o único local onde o primeiro rascunho do AAm sobrevive, mas não é o caso. A irregular página de ‘rascunho’ foi escrita no reverso daquela contendo §§149-51, e está na mesma caligrafia clara dos outros lugares (com algum número de mudanças feitas no ato da composição).  Fica claro então que a página rejeitada não começou como um ‘rascunho irregular’ (e a caligrafia elimina esta possibilidade), mas se degenerou nisto; e esta instância é, se algo, mais uma evidência contra a idéia de um primeiro rascunho perdido dos Anais de Aman.

O primeiro texto originalmente começava, seguindo QS §71, ‘Uma vez mais ele alertou os Noldor a retornarem e buscarem perdão, ou no final eles retornariam finalmente apenas após amarga tristeza e desgraças inenarráveis’. O Destino dos Noldor na forma final foi alterado do rascunho apenas no rearranjo de suas partes e em muitos detalhes de fraseamento. Dois pontos podem ser notados. Depois de ‘…sobre as montanhas’ no final de §152 havia ‘Sereis livres deles e eles de vós’; e a sentença em §154 começando com ‘Lá por longo tempo devereis habitar…’ lia-se ‘Lá por longo tempo devereis habitar e não serão libertos até que aqueles que matastes os perdoastes’

18. Esta sentença substitui a que se segue: ‘Aguardando então um pouco por um vento norte que trouxe uma névoa profunda sobre a hoste ele partiu… ‘

19. A última sentença de §159 foi uma adição posterior.

20. O trecho ‘naquele lugar o Estuário de Drengist’ foi uma adição posterior.

21. Alterado de ‘os mais belos navios dos Dias Antigos’.

Comentários sobre a quinta seção

dos Anais de Aman

Esta seção dos Anais corresponde em conteúdo ao Capítulo 5 do QS Da Fuga dos Noldor (HoME V) e aos registros 2990 –2994 do AV 2 (HoME V). Após os parágrafos iniciais a narrativa dos Anais é novamente assemelhada em estrutura ao capítulo no QS, e do §125 em diante muitas frases são mantidas a partir dele (mais, de fato, do parece a partir do texto publicado, uma vez que em alguns casos meu pai adotou frases do QS sem mudanças e então as alterou). Por outro lado, a narrativa é grandemente ampliada em escopo.

§§117-24              Inicia-se agora uma nova e sutil articulação na história, com a afirmação de Yavanna de que com a luz sagrada reobtida das Silmarils ela poderia reavivar as Árvores antes de suas raízes morrerem, a demanda feita a Fëanor, e sua recusa – antes das notícias chegarem de Formenos.

§121      Mandos disse ‘Não o primeiro’ porque ele sabia que Finwë havia sido assassinado. Veja também § 120.

§122      Korlairë: a primeira ocorrência deste nome (vide §122) – um novo elemento na narrativa é que ‘Pois apenas Finwë não havia fugido do horror do Escuro’. No QS (§60) e AV 2 Morgoth mata também muitos outros. Onde os filhos de Fëanor estavam, ou para onde eles foram (pois Fëanor foi ao festival sozinho, §112), não é dito.

§123      É agora dito pela primeira vez que foi Fëanor quem nomeou Melkor Morgoth (‘o Inimigo Escuro’, ver Nota 2 acima). Em AAm (ao contrário do QS) Melkor é sempre assim nomeado até este ponto, mas depois isto quase invariavelmente Morgoth.

§125      Araman: QS Eruman. A mudança apareceu anteriormente no mapa V do Ambarkanta (HoME IV), onde fora colocado muitos anos após a confecção do mapa.

§126      No QS (§62) nada mais sobre o destino de Ungoliantë é dito além de que os Balrogs a expulsaram ‘para o extremo Sul, onde por muito tempo ela permaneceu’, agora surge a história de que ele morou primeiro em Nan Dungorthin, e apenas mais tarde, após ter deixado uma descendência lá, ela recuou para o Sul do mundo. Mas as aranhas de Nan Dungorthin ‘da raça caída de Ungoliantë’ são citadas mais tarde  em QS, na história da fuga de Beren de Dorthonion (ver HoME V e o Silmarillion publicado).

§127      A origem dos Orcs. No QS (§62) a idéia já havia surgido de que os Orcs se originaram em escárnio aos Elfos, mas ainda não surgira idéia de que os Orcs eram de qualquer forma associados a eles: eles eram uma ‘criação’ própria de Morgoth, ‘feitos de pedra’, e foram trazidos à existência quando ele retornou à Terra-média. Quando AAm foi escrito pela primeira vez (ver Notas 5 – 7 acima) esta visão ainda se mantinha; a palavra ‘feitos’ ainda foi usada – embora não as palavras ‘feitos de pedra’. Mas na nota de Ælfwine que se segue (e que foi escrita continuadamente com o que a precede) eles são chamados ‘crias da terra corrompidas por Morgoth’, e o ‘mais negra lenda’ contada em Eressëa – que os Orcs eram inicialmente Elfos escravizados e corrompidos (Avari) – certamente é a primeira aparição desta idéia, contradizendo o que a precede, ou talvez a este ponto apresentando uma teoria alternativa. É atribuída a Pengoloð; e Pengoloð argumento com Ælfwine que Melkor não poderia fazer algo que tivesse vida, mas apenas corromper o que já estava vivo. A implicação desta segunda teoria seria de que provavelmente, embora não necessariamente, os Orcs teriam surgido muito mais cedo, antes do Aprisionamento de Melkor; e que está implicação está presente é sugerido pela nota de rodapé referenciando os Anais de Beleriand – significando a última versão destes Anais, os Anais Cinzentos, companheiro dos Anais de Aman: ‘é dito que isto ele fez na Escuridão antes mesmo dos Quendi terem sido encontrados por Oromë’.

A este ponto meu pai retorna a uma parte anterior do AAm (§42) e interpola o trecho ‘Ainda assim por conhecimento posterior …’ onde a idéia da captura de Quendi vagantes em seus dias iniciais é completada, embora permaneça apenas uma suposição dos ‘mestres do conhecimento’. Talvez ao mesmo tempo erro corrigiu o presente trecho, alterando ‘trouxe à existência’ para ‘e de lá agora saíam em hordas além da conta’, ‘fez’ para ‘gerou’, e ‘crias da terra’ para ‘filhos da terra’. Ele então (eu conjecturo) desenvolveu a interpolação no ponto inicial de forma muito mais completa (§§43  – 5), onde a idéia se torna menos uma suposição e mais uma certeza da história: a incapacidade de Melkor de fazer coisas vivas é um fato conhecido (‘assim dizem os sábios’). Finalmente, em um momento posterior (veja a Nota 8), ele elimina todo o trecho no final do §127 começando com  ‘Mas de fato uma lenda mais negra alguns ainda contam em Eressëa …’ seja por ele só então ter percebido que o trecho fora suplantado pelos §§43  –  5 e não era, de toda forma, o local apropriado, ou porque ele rejeitou esta teoria da origem dos orcs. Veja mais além, §127.

O termo pois eles em ‘Orcs podemos nomeá-los, pois nos dias antigos eles eram fortes e sinistros como demônios’ (uma observação de  Ælfwine) sugere que Orcs é Inglês Arcaico (vide orc-nēas em Beowulf linha 112), convenientemente similar à palavra Élfica. Isto poderia explicar porque AElfwine disse, de fato, ‘Orcs podemos nomeá-los, pois nos dias antigos eles eram fortes e sinistros como demônios. Mas não eram de fato  demônios’. Em uma carta que meu pai escreveu em 25 de abril de 1954 (Cartas $144) ele disse que a palavra Orc ‘é, tanto quanto sei, derivada do Inglês Arcaico orc “demônio”, mas apenas porque é foneticamente apropriado’ (e também: Orcs… não são em lugar algum claramente definidos como sendo de uma origem em particular. Mas uma vez que são servos do Poder Negro, e mais tarde de Sauron, nenhum dos quais poderia, ou iria, produzir coisas vivas, eles devem ser “corrupções”’).

§128      A versão final aqui ‘Rei do Mundo’ (ver nota 9) remonta àquela do QS (§63), o qual remonta ao Q (HoME IV). – Sobre o assunto da partida de Morgoth de Angband QS tem: ‘nunca foi seu hábito deixar os locais profundos de sua fortaleza’, e lá não há menção de sua ausência.

§§132-3                O relato do discurso de Fëanor é grandemente ampliado daquele em QS (§§66 – 7).

§133      Tauros: Oromë;  vide  QS  §8: ‘Ele é um caçadior, e ele ama todas as árvores; por essa razão ele é chamado Aldaron, e pelos Gnomos Tauros, o senhor das florestas’; e também o Etimologias, raiz TÁWAR (HoME V): ‘N[oldorin] Tauros “Terror-Floresta”, usual N apelido de Oromë (N Araw)’. É notável que Fëanor use este nome (§8). Na versão datilografada, sem uma razão clara, o datilógrafo deixou um espaço em branco aqui, no qual mais tarde meu pai escreveu a lápis Oromë’

§135      Quanto AAm foi inicialmente escrito (ver Nota 12 acima) os alinhamentos dos príncipes Noldorin já haviam mudado do registro em QS  (§68),  uma vez que Angrod e Egnor eram agora opositores a Fëanor – e Galadriel agora tem parte no assunto, sendo ansiosa por deixar Aman. Quando reescrito um alinhamento mais sutil é desenhado: pois Fingon agora independentemente demanda a partida, e Angrod e Egnor partem com ele. Dos filhos de Fingolfin apenas Turgon apóia o pai, mas Inglor fica com ele; e Orodreth se move para a posição de Inglor como o único de seus filhos a apoiar Finrod.

A amizade próxima de Turgon com Felagund (Inglor) já havia aparecido na versão mais antiga dos Anais de Beleriand (HoME IV); em uma adição tardia ao texto datilografado de AAm (§85) eles nascem no mesmo Ano das Árvores.

A citação de que Galadriel, ‘a mais jovem da Casa de Finwë’, ‘ veio ao mundo a oeste do Mar, e nada sabia das terras desprotegidas ‘,  é estranha, porque toda a progênie de Finwë nasceu em Aman (AAm §§78, 81 – 2).

§136      O Noldor foram afetados pelo ‘desejo de novas coisas e estranhas regiões’; no QS eles estavam ‘cheio de desejo pelas Silmarils’.

§137      A marcha a partir de Tirion foi empreendida com pouca preparação e muita pressa; vide AV 2 (anal 2992): ‘A grande marcha dos Gnomos teve longa preparação’.

§139      Apenas um décimo dos Noldor permaneceram em Tirion.

§§140-2                As palavras do mensageiro de Manwë são citadas, e o episódio é muito ampliado. O arauto não diz, como no QS (§68),  que os Valar proibiam a marcha, mas sim que Fëanor exilara a si mesmo por seu próprio juramento; e Fëanor em sua resposta acusa os Valar de se sentarem impávidos e não fazerem nada contra Morgoth.

§143      Elendë (Casadelfo, Terra dos Elfos): ver §67.

§§145-8                O próprio Fëanor (e não mensageiros como em QS §70) foi a Olwë em Alqualondë, e suas palavras são completamente fornecidas. Em §147 Fëanor fala da construção do Porto pelos Noldor, o que é mencionado anteriormente em (§76).

§§149-50              O registro no AAm da batalha de Alqualondë e suas consequências segue QS §70 de maneira bem próxima e mantém muitas de suas frases; mas em §149 é agora dito que aqueles da segunda hoste que se uniram à batalha se equivocaram quanto à sua causa.

§150      Sobre as armas dos Teleri vide §97. – A canção da Fuga dos Gnomos (QS §70) é agora chamada Noldolantë, a Queda dos Noldor, ‘que Maglor fez compôs antes de desaparecer’.

§§152-4                A Profecia do Norte, agora chamada ‘a Profecia do Norte e o Destino dos Noldor’, é significativamente ampliada: pelo aviso de que os Noldor que morrerem dali em diante permanecerão longamente em Mandos ‘ansiando por seus corpos’, e aqueles que permanecerem na Terra-média se tornarão cansados do mundo e esvaecerão. Nisto o AAm se parece com o AV 2 (anal 2993, HoME V; quase o mesmo em AV 1, HoME IV):

Uma porção de mortalidade visitará os Noldor, e eles poderão ser mortos com armas, e com tormentos, e pela tristeza, e no distante fim eles desaparecerão gradualmente da Terra-média e esvaecerão ante a raça mais jovem.

Eu discuti estas passagens no HoME IV.

§156      Assim como no AV (ambos os textos), muito do povo de Finrod retornaram com ele a Valinor; no QS (§72) apenas ‘uns pouco de sua casa’ voltaram. Um novo elemento no motivo de retorno de Finrod é seu parentesco com Olwë de Alqualonde, pois sua esposa era Earwen filha de Olwë.

§157      Endar ‘Terra-média’.  A forma Endon foi usada anteriormente no AAm como ‘o ponto central’ da Terra-média (§38), onde foi alterado na versão datilografada para Endor. Estas formas Endon e Endor apareceram no Ambarkanta e mapas (§38). Em O Senhor dos Anéis Quenya Endórë, Sindarin Ennor, significam não o ponto central mas a própria Terra-média, e em uma carta de 1967 (Carta #297) meu pai se referiu a Q. Endor,  S. Ennor = Terra-média, com a etimologia en(ed) ‘terra’ e (n)dor ‘terra (massa de)’; vide também Aran Endór ‘Rei da Terra-média’, nota 9 acima. Mas no presente trecho a forma Endar é perfeitamente clara, e também em §§158, 163. O datilógrafo, contudo, em cada caso, por alguma razão, datilografou Endor e meu pai não o alterou. Por outro lado, no título da próxima seção em AAm o datilógrafo colocou Endar como no manuscrito, e novamente meu pai deixou-o ficar. No Simarillion publicado eu pus, hesitantemente, a forma Endor.

Esta passagem referente ao Helkaraxë deriva não do QS mas do AV 2 (anal 2994, quase o mesmo que em AV 1), e é bastante notável que permaneça completamente congruente com a cosmografia do Ambarkanta (ver HoME IV).

§159      A história de que Angrod e Egnor foram à Terra-média nos navios dos Fëanorianos é agora abandonada, com a perda da história de que eram amigos próximos dos filhos de Fëanor, e especialmente de Celegorn e Curufin (QS §§42, 72-3).

§160-2   Maidros não tomou parte no incêndio dos barcos, e se lembra de Fingon, seu antigo amigo. O motivo de Fëanor neste ato é suficientemente explicado nos textos mais antigos, mas no AAm o orgulho insano e a fúria que o dominam são muito mais fortemente expressos; ele era de fato ‘feérico’.

§162      A adição (nota 20 acima) do nome Losgar ao local do incêndio dos navios é derivado de sua única ocorrência em textos mais antigos, no início dos Anais de Beleriand tardio (AB2, HoME V e comentários).

§163      Sobre a diferença entre a sentença final daquela em QS (‘e chegaram a Beleriand ao nascer do sol’) ver HoME 5, comentário do §73.

Entre as notas e correções escritas por meu pai na cópia datilografada desta seção do AAm, das quais nem todas precisam ser registradas, há várias indicando ampliações da narrativa.

§120      ‘Eu morrerei’ > ‘Eu serei morto’; ‘primeiro de todos os Filhos de Eru’ sublinhado; e uma nota na margem ao lado das palavras ‘Não o primeiro’ (ao começo do §121): ‘X Isto não mais é válido nem mesmo para os Eldar de Valinor. Finwë o pai de Fëanor foi o primeiro a ser morto dentre os Alto-Elfos, Míriel mãe de Fëanor a primeira a morrer’.

Deve ser lembrado que quando AAm foi escrito a história de Míriel ainda não havia sido criada; as entradas que citam que Míriel ‘adormeceu e passou a Mandos’ e que Finwë mais tarde casou-se com Indis (notas 1 e 4) foram adições tardias (encontradas na cópia datilografada).

§122      O datilógrafo deixou um espaço em branco para Korlairë, o qual meu pai preencheu com a forma Korolairë. Mais tarde ele sublinhou isto a lápis e escreveu Ezellohar sobre isto (§113).

§126      Ered Orgotoh > Ered Gorgorath; Nan Dungorthin > Nan Dungortheb. Ver HoME V.

§127      Ao lado do início deste parágrafo meu pai escreveu: ‘A construção desta fortaleza como uma proteção contra uma invasão do Oeste viria mais tarde”. Ver §12.

Na cópia datilografada a passagem relativa aos Orcs segue como no texto impresso a partir do manuscrito até ‘eles podem ser mortos ou destruídos pelos valentes com armas de guerra’; o restante do parágrafo foi riscado no manuscrito (nota 8), exceto pelas palavras ‘Quoth Ælfwine’  no final (as quais o datilógrafo não percebeu e omitiu, terminando o parágrafo em ‘armas de guerra’ sem fechar os parênteses). Ao lado da primeira parte do trecho meu pai escreveu um X na cópia datilografada e uma breve e ilegível instrução da qual a primeira palavra pode ter sido ‘cortar’, com uma referência à passagem no cabeçalho em §45. Não está claro o que precisamente deveria ser cortado (se eu li a palavra corretamente), mas vendo que ele anotou na cópia manuscrita ao lado da passagem anterior (§43) ‘Alterar isto. Orcs não são Élficos’, parece provável que a mesma objeção se aplicava aqui. Ele consertou o erro do datilógrafo em omitir as palavras ‘Quoth Ælfwine’ eliminando as palavras ‘(Orcs podemos nomeá-los, pois’, de forma que o texto se torna ‘Os Glamhoth, horda de tumulto, os Noldor os chamaram. Nos dias antigos eles eram fortes e sinistros como demônios …’ Possivelmente isto foi feito sem concultar o manuscrito.

§132      Em ‘no ingrato Mar salgado’ a palavra sal foi riscada.

§134      Uma nota marginal ao lado dos nomes dos Filhos de Fëanor: ‘X Nomes serão revisados’. No texto Cranthir > Caranthir, Damrod e Díriel foram riscados (mas sem outro nome a substituí-los) e o n de Celegorn foi sublinhado.

§135      Nota marginal ao lado do início deste parágrafo: ‘Nomes e relacionamentos agora alterados’. No texto Finrod > Finarphin (e subsequentemente) e Inglor > Finrod (e subsequentemente); ta,bém Orodreth sublinhado e marcado com um X.

§137      Ao lado da sentença ‘Ele [Manwë] não iria proibir ou obstruir o propósito de Fëanor’ há uma nota marginal: ‘Manwë e os Valar não podiam – ou seja, não era permitido interferir com os Noldor exceto por conselhos – não por força’.

§149      Uma nota marginal ao lado do trecho descrevendo o envolvimento da Segunda hoste na batalha: ‘Finrod e Galadriel (cujo marido era dos Teleri) lutaram contra Fëanor em defesa de Alqualondë’. Sobre isto veja a nota bastante tardia (1973) do meu pai referente à conduta de Galadriel no tempo da rebelião do Noldor em Contos Inacabados: ‘Durante a revolta de Fëanor que se seguiu ao Escurecer de Valinor Galadriel não tomou parte: de fato ela e Celeborn lutaram heroicamente em defesa de Alqualondë contra o ataque dos Noldor…’

§162      ‘Fëanor e seus filho colocaram fogo em’ alterado para ‘Fëanor fez com que fogo fosse posto em’. Uma nota marginal no final do parágrafo diz: ‘Tragédia da queima de um dos filhos [adicionado: 2 filhos mais jovens] de Fëanor, que retornara para dormir em seu barco’. Outra nota no mesmo lugar diz: ‘Os filhos mais jovens de Fëanor eram gêmeos’; a isto se segue uma palavra entre parênteses que foi riscada, provavelmente ‘(improvável)’. É dito no QS (§41) que Damrod e Diriel eram ‘irmãos gêmeos iguais em temperamento e aparência’.

§163      Nota marginal ao lado de ‘Muitos lá pereceram’ (isto é, ao cruzar o Helkaraxë): ‘A esposa de Turgon foi perdida e ele tinha então apenas uma filha e nenhum outro herdeiro. Turgon quase perdeu a si mesmo em tentativas de resgatar sua esposa – e ele tinha menos amor pelos Filhos de Fëanor do que qualquer outro’.

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