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Ulisses (James Joyce)

Eu entendi que remete a um mapa ou uma planta baixa. Como se representasse a cidade de Dublin que é uma das personagens da obra.
 
Provavelmente pra representar as personagens que, mesmo sendo cada qual uma das partes constituintes do livro, da Odisseia total, e sendo também as paredes de um labirinto (o Joyce sempre trabalha a imagem do labirinto), não se tocam pois cada personagem e cada parte constituinte possui a sua independência se olharmos mais detidamente e de perto, e não de forma panorâmica... Como o Joyce faz com sua Dublin: se olharmos cada personagem do livro, observamos que todas são de fato partes que constituem aquele 16 de Junho de 1904, que constituem aquela Dublin: mas cada qual é um universo particular, o universo de si mesma conforme notamos com o Bloom e notaríamos se o Ulysses fosse o dia de outro personagem absolutamente qualquer.
 
Estou no capítulo 7, o da imprensa. Até agora não está indo mal (mas acho que vou ter que reler toda a "Telemaquia" depois). O livro é mesmo engraçado. Estranhamente o achei mais engraçado agora no capítulo do cemitério, o Hades, em alguns pensamentos de Leopold Bloom, sobre a morte e os coveiros. E o livro é viciante também... Não dá vontade de parar. E quando você não está lendo só fica pensando nele.

Minha teoria é que ele é tornado, em parte, difícil (ou complexo, se quiserem) porque (daqui da "pós-modernidade") não temos mais as duas principais referências do livro, o Cristianismo e a cultura greco-romana, os alicerces do que se costumava chamar (se chama?) Cultura Ocidental, assim, com maiúsculas. É o mesmo motivo que está tornando/torna a maior parte da pintura ocidental pré-Impressionismo (i. e, antes do século XX) um completo enigma para nós. E é meio preocupante isso...

Uma outra referência é a história da Irlanda, com seu movimento independentista, que estava na hora do dia quando o livro foi escrito. Isso domina os primeiros capítulos também. Mas acho que uma edição com notas ajuda, bastante.
 
O capítulo do Hades é o meu preferido também =D
Mas, basicamente, o que torna o livro difícil são as partes do Stephen, que possuem muitas referências externas e literárias, simulando a cabeça dele em plena efervescência criadora (como quando ele escreve o poema na praia).
 
O capítulo do Hades é o meu preferido também =D
Mas, basicamente, o que torna o livro difícil são as partes do Stephen, que possuem muitas referências externas e literárias, simulando a cabeça dele em plena efervescência criadora (como quando ele escreve o poema na praia).
Pois é. Não achei Stephen tão "chato"/carola, como o SenhorK lá na primeira página (embora o Bloom seja mesmo mais simpático), mas acho que era porque eu estava mais concentrado no humor anti-clerical/anti-Cristão de Mulligan, daí que vou ter que reler. E também porque sempre precisamos de algum tempo antes de nos acostumarmos com o estilo de um autor, né?

Uma outra coisa: acho que entendo os leitores de George R. R. Martin... Quero uma edição de bolso de Ulysses! (Pra teu horror, né, Mavericco? Desculpa aí) Mas é que eu gosto de praticidade e é uma droga querer ler e não poder carregar o livro por aí! =P
 
alguém consegue fazer 1 apanhado das (principais, pelo menos) referências literárias do livro? talvez seja interessante pro leitor cru (leia-se: eu) querer se preparar antes d encarar o livro lendo uma ou + obras p ñ boiar tto.
 
Poxa, ficou o Penguin-Companhia mais carozinho, hein? Pelo menos está pela metade do preço da tradução da Bernardina pela Alfaguara...

alguém consegue fazer 1 apanhado das (principais, pelo menos) referências literárias do livro? talvez seja interessante pro leitor cru (leia-se: eu) querer se preparar antes d encarar o livro lendo uma ou + obras p ñ boiar tto.

O Mavericco fez um apanhado lá na primeira página do que ele acha. Mas há controvérsias. Eu concordo com o Luciano que dá para ler o livro sozinho. A principal referência é a Odisseia, mas mais em alguns episódios e personagens dela. Acho que a referência é sequencial, mas o livro não vai seguindo a história ao pé da letra, tipo, um canto completo por capítulo (a Odisseia é dividida em 24 cantos, Ulisses tem 18 capítulos, por exemplo).

Até onde eu li no primeiro capítulo há referência à Hamlet (parece que no capítulo 9 também) e de vez em quando são citados versos da Divina Comédia, mas não é nada que influencie muito não (talvez dê para dizer que o que aparece em italiano é da Divina Comédia) (se você pegar uma edição com notas (acho que a do Houaiss não tem, tem?) facilita, tanto que perde até a graça =P) Fora isso, o Stephen é o personagem principal de Retrato do Artista Quando Jovem (mas acho que essa coisa de dizer que Ulisses continua a "biografia" de Stephen, não cola muito, não é como se fosse uma dessas séries de livros) Mavericco?
 
Na verdade não continua, mas tem uma conclusão para várias coisas do livro solo do Stephen. Vale a pena conferir.

Em outras notícias, quem está muito curioso para o "novo" Ulysses, vamos fazer um Especial James Joyce na semana do Bloomsday!
 
Poxa, ficou o Penguin-Companhia mais carozinho, hein? Pelo menos está pela metade do preço da tradução da Bernardina pela Alfaguara...



O Mavericco fez um apanhado lá na primeira página do que ele acha. Mas há controvérsias. Eu concordo com o Luciano que dá para ler o livro sozinho. A principal referência é a Odisseia, mas mais em alguns episódios e personagens dela. Acho que a referência é sequencial, mas o livro não vai seguindo a história ao pé da letra, tipo, um canto completo por capítulo (a Odisseia é dividida em 24 cantos, Ulisses tem 18 capítulos, por exemplo).

Até onde eu li no primeiro capítulo há referência à Hamlet (parece que no capítulo 9 também) e de vez em quando são citados versos da Divina Comédia, mas não é nada que influencie muito não (talvez dê para dizer que o que aparece em italiano é da Divina Comédia) (se você pegar uma edição com notas (acho que a do Houaiss não tem, tem?) facilita, tanto que perde até a graça =P) Fora isso, o Stephen é o personagem principal de Retrato do Artista Quando Jovem (mas acho que essa coisa de dizer que Ulisses continua a "biografia" de Stephen, não cola muito, não é como se fosse uma dessas séries de livros) Mavericco?

Eu também acho que dá pra ler tranquilo sem se grilar muito com essa coisa de notas... Se você não entendeu, pule ou então ignore, ligue o piloto automático: o Ulysses te permite esse tipo de coisa com uma incrível facilidade...

A edição do Houaiss não tem notas; nem poderia ter, pois o Houaiss traduziu ela em pouquíssimo tempo (acho que um ano, algo assim), quando os principais livros bibliográficos sobre o Ulysses ainda não haviam sido lançados (mas o Houaiss mesmo assim capta muitas coisas que apenas futuramente se saberia, como aquela coisa da primeira letra das três partes etc).

Quanto às referências à Divina Comédia, eu me lembro explicitamente no capítulo do Scylla e Caríbdis, do famoso verso em que o demônio del cul fatto trombetta (e uma citação de Milton logo ao lado, mas não me lembro da correlação entre elas). As implicações disso são várias, e vão desde a visão cosmogônica do Dante ser parecida com a do Joyce, remetendo a uma cidade, bem como da Dublin do Joyce em algumas passagens parecer com os círculos infernais de Dante.

Agora, de forma geral... Bem. O Ulysses é, grosso modo, e tomando como base o Stephen, a continuação do Retrato: o Stephen, que, no final do retrato, havia se tornado um artista consumado, após a visão na praia ("Old father, old artificer, stand me now and ever in good stead"), é o Stephen que vemos no Ulysses, voltado para a arte de forma bem clara e definida, mais especificamente no capítulo 3, aquela coisa horrível de chata. Mas é interessante notar que o Ulysses não é um livro sobre o Stephen; o Stephen é uma espécie de coadjuvante, assim como o Telêmaco o é na Odisseia (muitos inclusivem veem a Telemaquia como uma espécie de parasita da Odisseia), que o personagem principal aqui é o Leopold Bloom. O Richard Ellmann faz uma análise interessante disso, entre a ponte do Bloom-Stephen e do Joyce maduro-juvenil, bem como das relações de paternidade que as personagens ao longo do livro vão desenvolvendo... Muitos personagens do Dublinenses reaparecem também no Ulysses (o capítulo 7 é uma espécie de Dublinenses); mas isso não implica que você deva necessariamente ler os dois antes de ler o Ulysses... Dá pra compreender bem, pois as personagens aqui estão incrustadas num todo mais complexo, o que as modifica substancialmente, e se você as tiver lido vai compreender outras facetas e tudo mais: mas nada que te atrapalhe na leitura, mas sim que te enriqueça na análise.



Acho joíssimo uma Bloomsweek meiapalavrinense!
 
Ok! Aliás, sobre as influências, esqueci de citar a Bíblia, mas para mim é algo sem muita relevâcia também. Aparentemente são só passagens aqui e ali, mais como forma de 'blasfemar'. Por exemplo, quando o Bloom entra no banho e diz "Este é o meu corpo", em referência à Cristo na Última Ceia ou Stephen que diz "E faça-se a luz", quando começa a inventar a história das velhas e dos caroços de ameixas.

Ao mesmo tempo no caso do Bloom, parece ter alguma relevância, já que ele é judeu e tinha ido na Igreja antes. Mas do Stephen não consegui encontrar nada. A citação dele seria alguma forma de dizer que o processo criativo (na concepção de Stephen ou de Joyce?) é divino ou algo assim? :think:
 
O Joyce, como o Stephen, teve uma educação num colégio jesuítico de feições bastante rígidas (Clongowes Wood): e inclusive grande parte do "Retrato" se passa dentro de um colégio com as mesmas feições, até que sua família, como a do Joyce, fica meio ruim das pernas e tem de tirá-lo de lá (mais tarde o Joyce seria chamado pro Belvedere College, dado o fato que ele era um aluno um tanto quanto brilhante no colégio, com muitos títulos, prêmios e tudo mais; mas não me lembro de cabeça se o Retrato tem isso ou em que parte ele começa a falar...). A primeira denominação do Stephen no Ulysses é a de "fearful jesuit".

Tem também o fato de que o Ulysses começa como que numa procissão de uma missa negra (o Introibo ad altare Dei que o Mulligan profere), e existem outras correspondências menores e interpretativas que correlacionam a Bíblia ao longo do livro... De modo geral, o espírito do Joyce era muito profano, e o simples desenvolvimento dele das chamadas "epifanias" (literariamente falando) é um exemplo deste aspecto. O Joyce teve de elevar sua convicção a níveis bem extremos, até o ponto de não atender o pedido da mãe de se aproximar mais da religião, conforme ele deixa transparecer no Ulysses:

He turned abruptly his grey searching eyes from the sea to Stephen's face.

--The aunt thinks you killed your mother, he said. That's why she won't let me have anything to do with you.

--Someone killed her, Stephen said gloomily.

--You could have knelt down, damn it, Kinch, when your dying mother asked you, Buck Mulligan said. I'm hyperborean as much as you. But to think of your mother begging you with her last breath to kneel down and pray for her. And you refused. There is something sinister in you ...

Algumas linhas depois:

--Thanks, Stephen said. I can't wear them if they are grey.

--He can't wear them, Buck Mulligan told his face in the mirror. Etiquette is etiquette. He kills his mother but he can't wear grey trousers.
 
Só pra constar, a Cia das Letras liberou um PDF de um trecho do capítulo 4:

http://www.companhiadasletras.com.br/trechos/85016.pdf

Costumo dizer que o Ulysses só começa nesse capítulo, mais ou menos como a Odisseia. Aliás, se você achou o livro chato, experimento ler do 4 pra frente, meio que ignorando os três primeiros. A qualidade de vida sobe: como não gostar de um personagem que vai comprar o café da manhã, vê uma moça na fila, de ancas belas, e fica se apressando pra seguir ela na rua? E que depois toma rotas diferentes, e praticamente se esconde pra não topar com o cara que vai corneá-lo naquele dia? O Bloom é um dos personagens mais cativantes que já foram criados.
 
O material adicional da edição penguin-companhia do Ulisses tem de ser escrito pelo Mavericco. Qualquer coisa diferente disso e eu protesto. :piscada:
 
Só pra constar, a Cia das Letras liberou um PDF de um trecho do capítulo 4:

http://www.companhiadasletras.com.br/trechos/85016.pdf

Costumo dizer que o Ulysses só começa nesse capítulo, mais ou menos como a Odisseia. Aliás, se você achou o livro chato, experimento ler do 4 pra frente, meio que ignorando os três primeiros. A qualidade de vida sobe: como não gostar de um personagem que vai comprar o café da manhã, vê uma moça na fila, de ancas belas, e fica se apressando pra seguir ela na rua? E que depois toma rotas diferentes, e praticamente se esconde pra não topar com o cara que vai corneá-lo naquele dia? O Bloom é um dos personagens mais cativantes que já foram criados.

Eu acho que Ulysses perde um pouco do seu encanto,se não houver a leitura dos 3 primeiros capítulo referentes ao Stephen,pois,não dara para perceber a diferença que é ler quando o ele é o persongem principal do capítulo,não tendo como identificar a diferença de ''musicalidade''que há em cada capítulo.
 
Compare trechos das três traduções de Ulisses:

Caetano Galindo:

"Mastigava destemperadamente, o senhor Bloom, as vísceras de aves e quadrúpedes. Gostava de sopa grossa de miúdos, moelas acastanhadas, um coraçãozinho recheado assado, fatias de fígado fritas com farinha de rosca, ovas de bacalhoa fritas. Acima de tudo gostava de rins de carneiro grelhados que lhe davam ao paladar um fino laivo de tênue perfume de urina.

Tinha rins na cabeça enquanto se movia delicadamente pela cozinha, ajustando as coisas do café da manhã dela na bandeja calombuda. Gélidos ar e luz estavam pela cozinha mas lá fora doce dia de verão por toda parte.

As brasas vermelhavam."

Bernardina Pinheiro:

"O Sr. Leopold Bloom comia com prazer os órgãos internos de aves e de outros animais. Ele gostava de uma sopa grossa de miúdos de aves, moela com nozes, um coração recheado assado, fatias de fígado fritas à milanesa, ovas de bacalhau tostadas. Mais do que tudo ele gostava de rins de carneiro grelhados que davam ao seu paladar um sabor refinado de urina ligeiramente perfumada.

Rins estavam em sua cabeça enquanto ele se movia mansamente pela cozinha, arrumando as coisas dela na bandeja corcovada. Havia na cozinha uma luz e uma ar gélidos mas lá fora se estendia em toda parte uma suave manhã de verão. Fazia com que ele se sentisse um tanto faminto.

Os carvões estavam avermelhando."

Antônio Houaiss:

"Leopold Bloom comia com gosto os órgãos internos de quadrúpedes e aves. Apreciava sopa de miúdos de aves, moelas amendoadas, um coração assado recheado, fatias de fígado empanadas fritas, ovas de bacalhoa fritas. Mais do que tudo gostava de rins de carneiro grelhados que dava m ao seu palato um delicado sabor de tenuemente aromatizada urina.

Rins tinha em mente no que se movia suave pela cozinha, dispondo as coisas do desjejum dela sobre a bandeja encalotada. Luz e ar gélidos havia na cozinha mas fora da casa meiga manhã estival por toda parte. Fazia-o sentir-se um tico apetente.

Os carvões avermelhavam"
 
Compare trechos das três traduções de Ulisses:

Caetano Galindo:

"Mastigava destemperadamente, o senhor Bloom, as vísceras de aves e quadrúpedes. Gostava de sopa grossa de miúdos, moelas acastanhadas, um coraçãozinho recheado assado, fatias de fígado fritas com farinha de rosca, ovas de bacalhoa fritas. Acima de tudo gostava de rins de carneiro grelhados que lhe davam ao paladar um fino laivo de tênue perfume de urina.

Tinha rins na cabeça enquanto se movia delicadamente pela cozinha, ajustando as coisas do café da manhã dela na bandeja calombuda. Gélidos ar e luz estavam pela cozinha mas lá fora doce dia de verão por toda parte. Dava-lhe uma fominha.

As brasas vermelhavam."

Bernardina Pinheiro:

"O Sr. Leopold Bloom comia com prazer os órgãos internos de aves e de outros animais. Ele gostava de uma sopa grossa de miúdos de aves, moela com nozes, um coração recheado assado, fatias de fígado fritas à milanesa, ovas de bacalhau tostadas. Mais do que tudo ele gostava de rins de carneiro grelhados que davam ao seu paladar um sabor refinado de urina ligeiramente perfumada.

Rins estavam em sua cabeça enquanto ele se movia mansamente pela cozinha, arrumando as coisas dela na bandeja corcovada. Havia na cozinha uma luz e uma ar gélidos mas lá fora se estendia em toda parte uma suave manhã de verão. Fazia com que ele se sentisse um tanto faminto.

Os carvões estavam avermelhando."

Antônio Houaiss:

"Leopold Bloom comia com gosto os órgãos internos de quadrúpedes e aves. Apreciava sopa de miúdos de aves, moelas amendoadas, um coração assado recheado, fatias de fígado empanadas fritas, ovas de bacalhoa fritas. Mais do que tudo gostava de rins de carneiro grelhados que dava m ao seu palato um delicado sabor de tenuemente aromatizada urina.

Rins tinha em mente no que se movia suave pela cozinha, dispondo as coisas do desjejum dela sobre a bandeja encalotada. Luz e ar gélidos havia na cozinha mas fora da casa meiga manhã estival por toda parte. Fazia-o sentir-se um tico apetente.

Os carvões avermelhavam"

E o original:

Mr Leopold Bloom ate with relish the inner organs of beasts and fowls. He liked thick giblet soup, nutty gizzards, a stuffed roast heart, liverslices fried with crustcrumbs, fried hencods' roes. Most of all he liked grilled mutton kidneys which gave to his palate a fine tang of faintly scented urine.

Kidneys were in his mind as he moved about the kitchen softly, righting her breakfast things on the humpy tray. Gelid light and air were in the kitchen but out of doors gentle summer morning everywhere. Made him feel a bit peckish.

The coals were reddening.
 
Vendo esses trechos pude perceber que, na edição da Abril da tradução do Houaiss (não sei quanto às outras), antes do "Leopold Bloom" inicial, adicionou-se um "M" em letras garrafais, procurando com isso seguir a sequência das letras iniciais das três partes do Ulysses: o "Stately" da Telemaquia indicando o Stephen; o "Mr." da Odisseia indicando a Molly; e o "Preparatory" do Nostos indicando Poldy (o apelido do Bloom pela Molly [em algumas edições, "Poddy"]). Assim, ficou algo mais ou menos dessa forma:

MLeopold Bloom comia com gosto os órgãos internos de quadrúpedes e aves. Apreciava sopa de miúdos de aves, moelas amendoadas, um coração assado recheado, fatias de fígado empanadas fritas, ovas de bacalhoa fritas. Mais do que tudo gostava de rins de carneiro grelhados que dava m ao seu palato um delicado sabor de tenuemente aromatizada urina.

Rins tinha em mente no que se movia suave pela cozinha, dispondo as coisas do desjejum dela sobre a bandeja encalotada. Luz e ar gélidos havia na cozinha mas fora da casa meiga manhã estival por toda parte. Fazia-o sentir-se um tico apetente.

Os carvões avermelhavam

Agora isso aí é algo pra se confirmar direito... Porque, né, é muito estranho eles terem adicionado esse "M" simplesmente pra corresponder com o jogo de iniciais do original (se bem que fica algo que dá pra se passar inteiramente batido, lendo meio que automaticamente como "Mr.", como eu durante todo esse tempo li)...
 
Espero que o Houaiss, em sã consciência, nunca tenha escrito "mr." qualquer coisa, como tenho visto muito por aí.
 

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