• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

Ulisses (James Joyce)

Não acrescentarei nada ao tópico, só vi essa tirinha e achei legal.
Um dia ainda leio Ulisses, sempre ouvi dizer também que era uma leitura pesada, por isso ainda não corri atrás de um exemplar para mim, quem sabe daqui alguns anos.

Ver anexo 11021
 
talvez dê para dizer que o que aparece em italiano é da Divina Comédia

Só corrigindo: não dá porque ele cita vários trechos de óperas, já que a Molly é uma aspirante a cantora lírica. Mas não só isso. Vários trechos tem intenção humorística no contexto em que são citados.
__________________________________________________________________________________
Leopold Bloom é mesmo um personagem muito simpático, muito humano, cheio de contradições como qualquer um. Queria ter raiva dele
por trair a Molly, enquanto se preocupa com a traição dela
mas não dá... Dá uma peeena quando falam mal perto dele haha, ou quando ele fica pensando na Molly (em comprar presentes e essas coisas) e no filho.

Outra coisa que me chamou a atenção é a quase inexistência de diálogos em Ulysses, na verdade o que existe são diálogos de surdos, como quando a vizinha chega para falar com Bloom e ele fica tentando lembrar se deu a descarga (!?)... Cada um está mais interessado nos próprios pensamentos do que no que as pessoas em volta estão dizendo para elas. É meio tragicômico... Se bem me lembro tinha uma nota na minha edição dizendo que Joyce via isso como uma característica dos irlandeses, mas acho que isso é de todo canto. Cada um perdido no labirinto da própria cabeça, sendo que parar para ouvir, estabelecer algum tipo de empatia é bem difícil (e talvez esteja ficando cada vez mais?)

Enfim, só divagando... Cheguei no capítulo 10, das Rochas Ondulantes.
 
Seguinte, quem não leu Ulysses, comece pela tradução do Galindo. Disparado a melhor. Sério.

Ainda bem que já garanti o meu exemplar... Pretendo lê-lo ainda esse ano. Apesar de saber que não preciso ler nada antes para ler Ulysses, quero ler Dublinenses, Retrato do Artista Quando Jovem, talvez A Odisseia.

Se eu vou ao fim? Não sei. Não tenho maturidade suficiente como leitor, faz pouco tempo que comecei a ler desenfreadamente. Mas eu vou tentar, vou persistir, até perder o fôlego. :lendo:

P.S. Que capa linda essa da Companhia. Pesquisei na internet e não encontrei nenhuma mais bela. E tem tudo a ver com o livro mesmo:sacou:
 
Seguinte, quem não leu Ulysses, comece pela tradução do Galindo. Disparado a melhor. Sério.

Pips, como eu ainda não li essa obra de Joyce gostaria de saber por que você considera essa tradução a melhor? Em que sentido ela difere das outras duas?

Obrigado e um abraço.
 
Não vejo a hora da chegada do livro Ulisses que comprei pela internet, tradução do Galindo, será meu primeiro contato com a obra de James Joyce. De tanto que recomendam esse livro em 10 de cada 10 listas dos melhores e por toda complexidade da leitura que vários relatam estou morrendo de curiosidade. Alguém aqui vê alguma semelhança com A laranja mecânica do anthony Burgess ?
 
O Pips também tem experiência com Ulysses, confio na opinião dele sobre a tradução, mas pelo pedacinho que já li, comparando com o original, uma coisa que reparei é que o Galindo amenizou o texto, substituindo termos mais raros no inglês por sinônimos mais comuns no português.
 
Eu ainda não li a tradução do Galindo, apenas em pedaços do capítulo 1 e do 4 que, como pude notar, estão galindos, sem o hermetismo do Houaiss ou as facilitações da Bernardina (ainda que, é claro, isso não seja regra na tradução desses dois últimos). Além, é claro, do preço, que eu acho justíssimo.
 
Eu ainda não li a tradução do Galindo, apenas em pedaços do capítulo 1 e do 4 que, como pude notar, estão galindos, sem o hermetismo do Houaiss ou as facilitações da Bernardina (ainda que, é claro, isso não seja regra na tradução desses dois últimos). Além, é claro, do preço, que eu acho justíssimo.

Mavericco, o que você quis dizer com o hermetismo do Houaiss? Fiquei curioso.
 
Leia cinco páginas da tradução dele que você percebe na hora XD

Aproveitando-me de alguns exemplos do Alfredo Monte, você encontra palavras na tradução dele como: “cordissentidos”, “pluvirociada”, “marifrígidos”, “frescamaciadas”, “oculivacuna”, “cintibrilhichispeantes”, “subobscurainfra”, “cheiilambigrudosos”. O processo de tradução dele das palavras-valise é complexo e se utiliza de radicais incomuns, lembrando também aqueles neologismos herméticos do Odorico Mendes em suas empreitadas tradutórias.

Em outras passagens o Houaiss também adiciona neologismos (em Joyce eles são chamados de "palavras-valise") onde não constam no original. Não tenho exemplos em mãos; veja mais sobre isso os ensaios do Augusto de Campos sobre a tradução do Houaiss, reunidos no "Panorama do Finnegas Wake", onde ele destaca o radicalismo de suas soluções e o repreende por algumas razões, dentre elas essa de adicionar o que não existe no texto.

Mas existem pessoas que elogiam e admiram o trabalho do Houaiss, dentre elas eu e o Ivo Barroso:

(...)

A tradução anterior do Ulisses, feita por Antônio Houaiss, deveu-se a uma série de circunstâncias que se conjugaram: a um gesto mecênico de Ênio da Silveira, que procurou assegurar ao tradutor num momento difícil um estipêndio condigno (Houaiss tinha sido cassado do Itamaraty e passava por problemas de saúde na família); ao fato de ser este, na ocasião, o único escritor com uma “linguagem adequada” para a transposição do texto joyciano; e à necessidade editorial de se lançar no Brasil um livro reconhecidamente fundamental para todas as literaturas e que nos chegava com um atraso de 43 anos.

Momento estelar na história da tradução brasileira, o Ulisses foi um trabalho pioneiro em que o erudito professor Antônio Houaiss desbastou, ao longo de um ano, a “pedreira joyciana”, criando em português uma linguagem-padrão, equivalente às ousadias semânticas do original. Quando de sua publicação, o crítico e tradutor paulista Augusto de Campos — seguramente uma das maiores autoridades na obra de Joyce no Brasil — escreveu uma série de artigos, posteriormente reunidos no livro Panaroma do Finnegans Wake (editora Perspectiva, 1971) em que analisava minuciosamente as soluções apresentadas por Houaiss, apontando passagens ou palavras para as quais sugeria outras soluções. O trabalho de Augusto de Campos vinha reforçar a assertiva de que a única maneira honesta de se criticar uma tradução é mostrando como se faria no caso específico. Houaiss, de bom grado, incorporou várias de suas sugestões em edições posteriores da obra. Também o tradutor Millor Fernandes contestou, em especial, a tradução da palavra final do monólogo de Molly (yes), que Houaiss traduzira por “sins”, no plural, e que para Millor deveria ser algo como “É!” ou “Eu vou!”, por entender que a palavra ali representava um grito de orgasmo.

(...)

http://gavetadoivo.wordpress.com/2011/06/16/e-da-se-que-de-novo-le-se-ulisses/

Mas, hoje em dia, com duas traduções bem mais legíveis do Ulisses, a tendência é que a tradução do Houaiss vá se tornando mais e mais jurássica.
 
Trocando em miúdos: Ulysses é uma comédia. Sim, ele é um livro para ser engraçado. Se você não tem a erudição necessária para ler o Houaiss, vai considerar o livro legal, mas muitas das piadas são tão intrincadas que é preciso ler algumas vezes para entender na tradução dele. A da Bernardina é coloquial em excesso, ou seja, perde o tom das piadas - como aquele tiozão que não sabe contar a piada, você saca a ironia mas a maneira contada não é engraçada.

A tradução do Galindo consegue balancear o que deve ser realmente hermético e erudito com adaptações/traduções que cheguem mais perto ao que o leitor possa ler, entender, rir e continuar a leitura.
 
Leia cinco páginas da tradução dele que você percebe na hora XD

Aproveitando-me de alguns exemplos do Alfredo Monte, você encontra palavras na tradução dele como: “cordissentidos”, “pluvirociada”, “marifrígidos”, “frescamaciadas”, “oculivacuna”, “cintibrilhichispeantes”, “subobscurainfra”, “cheiilambigrudosos”. O processo de tradução dele das palavras-valise é complexo e se utiliza de radicais incomuns, lembrando também aqueles neologismos herméticos do Odorico Mendes em suas empreitadas tradutórias.

Em outras passagens o Houaiss também adiciona neologismos (em Joyce eles são chamados de "palavras-valise") onde não constam no original. Não tenho exemplos em mãos; veja mais sobre isso os ensaios do Augusto de Campos sobre a tradução do Houaiss, reunidos no "Panorama do Finnegas Wake", onde ele destaca o radicalismo de suas soluções e o repreende por algumas razões, dentre elas essa de adicionar o que não existe no texto.

Mas existem pessoas que elogiam e admiram o trabalho do Houaiss, dentre elas eu e o Ivo Barroso:



Mas, hoje em dia, com duas traduções bem mais legíveis do Ulisses, a tendência é que a tradução do Houaiss vá se tornando mais e mais jurássica.

Trocando em miúdos: Ulysses é uma comédia. Sim, ele é um livro para ser engraçado. Se você não tem a erudição necessária para ler o Houaiss, vai considerar o livro legal, mas muitas das piadas são tão intrincadas que é preciso ler algumas vezes para entender na tradução dele. A da Bernardina é coloquial em excesso, ou seja, perde o tom das piadas - como aquele tiozão que não sabe contar a piada, você saca a ironia mas a maneira contada não é engraçada.

A tradução do Galindo consegue balancear o que deve ser realmente hermético e erudito com adaptações/traduções que cheguem mais perto ao que o leitor possa ler, entender, rir e continuar a leitura.

Vocês me convenceram.
 
Acabei o primeiro capitulo, estou lendo a tradução do Galindo. Muita complexidade nessa leitura muitas referencias políticas, religiosas, literárias. Exige muita atenção do leitor. Se ligar o piloto automático se perde em meio a tanto rebuscamento da escrita.
 
Essa edição da Cia das Letras possui notas? :think:

nopz. caetano explica na introdução que a intenção dele é que se faça a leitura fluida de ulysses, sem preocupações com paralelos com a odisséia ou sei lá mais o que. mas também avisa que sairá um tipo de guia de leitura do ulysses pela companhia, então né, talvez as notas tenham corrido todas para lá.
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo