• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

[SÉTIMO LIVRO] Esaú e Jacó (Machado de Assis)

Outro trecho que me chamou a atenção foi no Cap XXXI:

Há aí o seu tanto de exagerado, mas a hipérbole é deste mondo, e as orelhas da gente andam tão entupidas que só a força de muita retórica se pode meter por elas um sopro de verdade.

Isso é profético. Machado antevê aí o sensacionalismo, o excesso de informação e o caos de opiniões que vivenciamos hoje. Só lembrando que esse romance foi escrito no final do século XIX, onde a tecnologia da informação se resumia ao telégrafo.

Imaginem vocês como ele veria nossa situação atual? Quando somos bombardeados pela mídia 24 horas por dia com sensacionalismos baratos e uma banalização generalizada de tudo que possa nos causar algum espanto ou reflexão.

Machado tem razão. Hoje, mais do que nunca, a hipérbole tem que ser imensa, caso contrário, tudo acaba na vala da banalidade.
 
:sim:
Perfeita sua observação sammynewton.
O que me encanta em Machado é exatamente isso, você pode ler as histórias dele como se tivessem sido escritas hoje.

No capítulo XXXII, o último parágrafo descreve as cartas que o conselheiro Aires tem guardadas, e de um bilhete assinado com as iniciais M e P que ele (Aires) "traduzia com saudades".
Quem será M P? Chuto Maria Perpétua, mas será que é óbvio assim?
Eu estou parecendo aquelas "leitoras" a quem o narrador do livro se dirige várias vezes... :lol:
 
Clara V. disse:
:sim:
Perfeita sua observação sammynewton.
O que me encanta em Machado é exatamente isso, você pode ler as histórias dele como se tivessem sido escritas hoje.

No capítulo XXXII, o último parágrafo descreve as cartas que o conselheiro Aires tem guardadas, e de um bilhete assinado com as iniciais M e P que ele (Aires) "traduzia com saudades".
Quem será M P? Chuto Maria Perpétua, mas será que é óbvio assim?
Eu estou parecendo aquelas "leitoras" a quem o narrador do livro se dirige várias vezes... :lol:

huehueheueheuheuhue.
Aliás, eu também queria saber quem é MP... até porque não entendi quase nada no capítulo todo.

Agora quanto ao que o Sammy disse, eu fiquei meio em dúvida... Ele profetizou o que aconteceria hoje (excesso de informação e sensacionalismo), ou no contexto daquela época, mesmo existindo apenas o telégrafo, já era bastante informação, e sensacionalismo comparando ao 'antesdotelégrafo'. :D

O atrasado aqui ainda tá lendo. hueheuehuehueheuehu Vou comentando aqui.
 
**Maniaca do Miojo** disse:
ou oq ela vai aprontar pra conquistar ambos. :sacou:

ah XD
tá bom q Machado não descreve as mulheres com bom olhos :anjo:
todavia, quem são os pestes da história são os gêmeos :P

olha oq eu disse antes se confirmando no capítulo xxxv: "paulo gostava mais de conversa que de piano; flora conversava. pedro ia mais com o piano que com a conversa; flora tocava. [...] flora é que fazia de orfeu, ela é que era a cantiga. oportunamente, escolheria a um deles, pensava a mãe."

sammynewton disse:
Outro trecho que me chamou a atenção foi no Cap XXXI:

Há aí o seu tanto de exagerado, mas a hipérbole é deste mondo, e as orelhas da gente andam tão entupidas que só a força de muita retórica se pode meter por elas um sopro de verdade.

Isso é profético. Machado antevê aí o sensacionalismo, o excesso de informação e o caos de opiniões que vivenciamos hoje. Só lembrando que esse romance foi escrito no final do século XIX, onde a tecnologia da informação se resumia ao telégrafo.

Imaginem vocês como ele veria nossa situação atual? Quando somos bombardeados pela mídia 24 horas por dia com sensacionalismos baratos e uma banalização generalizada de tudo que possa nos causar algum espanto ou reflexão.

Machado tem razão. Hoje, mais do que nunca, a hipérbole tem que ser imensa, caso contrário, tudo acaba na vala da banalidade.

e olha MA repetindo a hipérbole no cap. xxxvii: "paulo respondeu com trinta mil expressões de ternura..." e desta vez os receptores da mensagem somos nós, leitores. pelo jeito é a agulhada do autor dizendo q nós fazemos parte dos q precisam de hipérbole pra entender. :rofl:

frases da semana:

"o coração dela era o melhor dos hospitais" cap. xxxii

"tudo cansa, até a solidão." cap. xxxiii

"não há paraíso que valha o gosto da oposição." cap. xxxix
 
JLM disse:
**Maniaca do Miojo** disse:
ou oq ela vai aprontar pra conquistar ambos. :sacou:

ah XD
tá bom q Machado não descreve as mulheres com bom olhos :anjo:
todavia, quem são os pestes da história são os gêmeos :P

olha oq eu disse antes se confirmando no capítulo xxxv: "paulo gostava mais de conversa que de piano; flora conversava. pedro ia mais com o piano que com a conversa; flora tocava. [...] flora é que fazia de orfeu, ela é que era a cantiga. oportunamente, escolheria a um deles, pensava a mãe."

Eu ia comentar isso :D Flora consegue encantar os dois. Mas percebe-se que ela mesma fica em dúvida entre os dois né...
 
sammynewton disse:
Na minha opinião, Natividade foi pedir auxílio a Aires, mais por medo de abalar seu status social do que pela rixa entre os irmãos. Machado novamente se utiliza de fatos históricos para trazer veracidade ao enredo. Explico:

Por ser baronesa, a familia tinha uma certa ligação com a realeza. Caso o Império acabasse, seu status social estaria arrasado. Ter um filho republicano seria uma ameaça para a família. A frase de Paulo simplifica isso:

Emancipado o preto, resta emancipar o branco.

Referência direta à promulgação da Lei Áurea, em 1888. Mal sabia a pobre Natividade, que, um ano após, se instauraria a República no Brasil.

Muitas referências históricas neste romance. Adoro isso.

acho q aqui natividade vai além de uma preocupação com o status social, com titulariadade. naquela época, os opositores ao império não poderiam ser acusados de traição ao imperador? ela ñ temia pela segurança do filho?
 
JLM disse:
sammynewton disse:
Na minha opinião, Natividade foi pedir auxílio a Aires, mais por medo de abalar seu status social do que pela rixa entre os irmãos. Machado novamente se utiliza de fatos históricos para trazer veracidade ao enredo. Explico:

Por ser baronesa, a familia tinha uma certa ligação com a realeza. Caso o Império acabasse, seu status social estaria arrasado. Ter um filho republicano seria uma ameaça para a família. A frase de Paulo simplifica isso:

Emancipado o preto, resta emancipar o branco.

Referência direta à promulgação da Lei Áurea, em 1888. Mal sabia a pobre Natividade, que, um ano após, se instauraria a República no Brasil.

Muitas referências históricas neste romance. Adoro isso.

acho q aqui natividade vai além de uma preocupação com o status social, com titulariadade. naquela época, os opositores ao império não poderiam ser acusados de traição ao imperador?

Mas se ela fosse acusada de traição, não perderia o status social? Ou ela era enforcada, algo assim? Porque se fosse só medo de perder o título aí, a preocupação é essa mesma.
 
ela ñ, meu caro lucas, o filho dela. afinal, ñ é ela quem critica a monarquica, capische?
 
E o Aires? Personagem interessante, não?

Agora sabemos que ele tentou se aposentar, tentou se refugiar das altas rodas sociais, mas "tudo cansa, até a solidão."

Machado descreve ele como um homem culto, equilibrado e que possui uma característica única: entende as mulheres, entende a alma feminina. Tanto que serve de conselheiro para Flora e Natividade em dois momentos distintos.

A dúvida que fica é porque um homem tão afável com as mulheres tenha ficado solitário. O que poderia ter dado errado entre ele e Perpétua?
 
foi só eu quem tá com a mania boba de associar a descrição da personalidade de aires à do machado? afinal, dizem q uns personagens são criados em algo interno do escritor, aquele eu-acho-q-sou-assim...
 
Bom... Nem pensei nisso. Talvez eu tenha considerado essa hipótese inconscientemente (por causa do jeito que ele adivinha o que as mulheres estão pensando, como já foi comprovado pela Clara :P), mas acho que por saber que ele era casado, desconsiderei...
 
JLM disse:
foi só eu quem tá com a mania boba de associar a descrição da personalidade de aires à do machado? afinal, dizem q uns personagens são criados em algo interno do escritor, aquele eu-acho-q-sou-assim...

JLM, estava tendo a mesma impressão, mas achei que era a minha mania de procurar o perfil do escritor em algum personagem. Acredito sim, que Machado se projeta em Aires. Como disse, sempre há um pouco do criador na criatura.

Principalmente nesta obra, que foi publicada 4 anos antes da morte do autor. Ou seja, quem escreve é um Machado maduro, certamente farto das frivolidades sociais, e grande apreciador da psiquê feminina, como lembrou o Lucas. Resumindo, Aires!
 
Heheh, daí a defesa do Aires.
Eu estava pensando, depois que estudei Tolkien e encontrava várias facetas dele nos diversos personagens masculinos, pensei que daria para conseguir pistas e entender a forma como Machado conseguiu transito para sua crítica social, através de seus personagens. Resulta, como sempre, que terei mais um livro na lista "Ler com brevidade". Fazer o quê?!:uhum:
 
No Capítulo XXXIX - "Um gatuno", Aires testemunha a prisão de um suposto batedor de carteira. Mas se olharmos mais de perto, e julgarmos pela reação dos populares, vemos que se trata de uma prisão política, a perseguição de algum opositor do regime Imperial.

Machado, faz uma crítica sutil, leve. Que só pode ser percebida se levarmos em conta o pano de fundo histórico que ele emprega na obra.

Ele mesmo confirma:
Era um processo de crítica mansa e delicada, tão convencida em aparência, que algum ouvinte, à cata de idéias, acabava por lhe apanhar uma ou duas...

Há uma frase que pode render uma reflexão:
Mas, que abençoe a força e cumpra as leis sempre, sempre, sempre, é violar a liberdade primitiva,a liberdade do velho Adão.

Na opinião de vocês, o que seria essa liberdade do velho Adão?
 
mas os eruditos machadianos ñ juram de pés juntos q ele era a favor do império?
 
sammynewton disse:
No Capítulo XXXIX - "Um gatuno", Aires testemunha a prisão de um suposto batedor de carteira. Mas se olharmos mais de perto, e julgarmos pela reação dos populares, vemos que se trata de uma prisão política, a perseguição de algum opositor do regime Imperial.

Machado, faz uma crítica sutil, leve. Que só pode ser percebida se levarmos em conta o pano de fundo histórico que ele emprega na obra.

Ele mesmo confirma:
Era um processo de crítica mansa e delicada, tão convencida em aparência, que algum ouvinte, à cata de idéias, acabava por lhe apanhar uma ou duas...

Há uma frase que pode render uma reflexão:
Mas, que abençoe a força e cumpra as leis sempre, sempre, sempre, é violar a liberdade primitiva,a liberdade do velho Adão.

Na opinião de vocês, o que seria essa liberdade do velho Adão?

Copiando o trecho todo:
Ao cabo havia um fundo de justiça naquela manifestação dupla e contraditória; foi o que ele pensou. Depois, imaginou que a grita da multidão protestante era filha de um velho instinto de resistência à autoridade. Advertiu que o homem, uma vez criado, desobedeceu logo ao Criador, que aliás lhe dera um paraíso para viver; mas não há paraíso que valha o gosto da oposição. Que o homem se acostume às leis, vá; que incline o colo à força e ao bel-prazer, vá também; é o que se dá com a planta, quando sopra o vento. Mas que abençoe a força e cumpra as leis sempre, sempre, sempre, é violar a liberdade primitiva, a liberdade do velho Adão.

devo estár falando besteira, mas entendi o seguinte: o ser humano não consegue cumprir SEMPRE as leis. Talvez seja porque Adão, foi criado em um mundo livre, e ele era sozinho, não havia junto dele um 'governo'. Aí quando começaram a existir os 'governos', que lembra proibição, e logo, o 'fruto proibido' (já ouvi muito dizer, uma maça. não li a bíblia, mas ouvi dizer que não fala nada de maçã na bíblia... E desde lá, vem o gosto pela oposição. Tanto é que Adão comeu o tal fruto, né?...


legal que o aires só fica lá observando, observando, pensando sobre... ele não participa. :D só reflete.




JLM disse:
foi só eu quem tá com a mania boba de associar a descrição da personalidade de aires à do machado? afinal, dizem q uns personagens são criados em algo interno do escritor, aquele eu-acho-q-sou-assim...


olha o que achei procurando algo sobre o memorial de aires, que tava pensando em ler depois do esaú e jacó. me fez pensar mais ainda nisso de aires ser bem machado mesmo. algo avêr?
Memorial de Aires é o legítimo testamento literário e existencial de Machado de Assis. O próprio autor afirmou diversas vezes que se tratava de seu último romance. Diversos traços autobiográficos já foram detectados pela crítica na obra. Machado de Assis deixa-se entrever tanto na figura do narrador Aires, quanto no casal Aguiar, que vive em doce harmonia e sofre pela falta de filhos. Através do Conselheiro Aires, um diplomata aposentado que em nenhum momento deixa de ser diplomático nas ações e nas idéias, Machado revela seu “tédio à controvérsia”, sua natureza conciliadora e seu espírito observador. Escrita após a morte de sua esposa, Carolina, a obra traz, no doce retrato de D. Carmo, um retrato nostálgico da companheira perdida. A coincidência dos nomes – Aguiar e Assis, Carmo e Carolina, o carinho extremado, a infertilidade, tudo leva a crer que o casal ficcional seja uma representação pouco disfarçada do casal Assis.
 
JLM disse:
mas os eruditos machadianos ñ juram de pés juntos q ele era a favor do império?

Não sabia disso, JLM. Obrigado por esclarecer. Talvez tenha sido mais uma observação do que uma crítica. Como o Lucas disse:

...aires só fica lá observando, observando, pensando sobre... ele não participa. Só reflete.
 
[size=small]Acho que Aires é o personagem mais centrado da história.
Alguém aí já leu "Memorial de Aires" para saber se tem alguma coisa a ver com esta história?[/size]


:think:
 
LucasCF disse:
JLM disse:
sammynewton disse:
Na minha opinião, Natividade foi pedir auxílio a Aires, mais por medo de abalar seu status social do que pela rixa entre os irmãos. Machado novamente se utiliza de fatos históricos para trazer veracidade ao enredo. Explico:

Por ser baronesa, a familia tinha uma certa ligação com a realeza. Caso o Império acabasse, seu status social estaria arrasado. Ter um filho republicano seria uma ameaça para a família. A frase de Paulo simplifica isso:

Emancipado o preto, resta emancipar o branco.

Referência direta à promulgação da Lei Áurea, em 1888. Mal sabia a pobre Natividade, que, um ano após, se instauraria a República no Brasil.

Muitas referências históricas neste romance. Adoro isso.

acho q aqui natividade vai além de uma preocupação com o status social, com titulariadade. naquela época, os opositores ao império não poderiam ser acusados de traição ao imperador?

Mas se ela fosse acusada de traição, não perderia o status social? Ou ela era enforcada, algo assim? Porque se fosse só medo de perder o título aí, a preocupação é essa mesma.

parece q a resposta à preocupação da mãe aparece no cap. 43: "isto pode fazer mal à carreira do rapaz; o imperador pode ser que não goste..."
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo