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[SÉTIMO LIVRO] Esaú e Jacó (Machado de Assis)

Hai!!! \o/

Bem, eu comecei a explorar o fórum e a acompanhar a leitura do "Esaú e Jacó" só nas duas últimas semanas, aí acabei não me manifestando dentro do prazo, uma vez que, estava bem atrás no processo. Eu ainda demorei pra terminar mesmo mesmo =P porque assim que finalizei, eu já peguei o embalo para lê-lo por uma segunda vez (Porque senão eu perdia a coragem ...) e assim, podendo repassar e anotar palavras e frases que talvez tivessem passado despercebidas ... Eu nem ía me manifestar mais, porém pensei melhor e, tipo, preferi compartilhar o que achei, as impressões que tive e talz ... engrossar o tópico em um postzinho a mais não faz mal, né? =P

Frases que me chamaram atenção:

Capítulo III:
- “Quando a sorte ri, toda natureza ri também, e o coração ri como tudo o mais.”

Capítulo IV:
- "João de Melo ficou alucinado quando a viu, ela conheceu isso, e portou-se bem. Não lhe fechou o rosto, é verdade, e era mais bela assim que zangada; também não lhe fechou os olhos que eram negros e cálidos. Só lhe fechou o coração, um coração que devia amar como nenhum outro, foi a conclusão de João de Melo uma noite em que a viu ir decotada a um baile. Teve ímpeto de pegar dela, descer, voar, perderem-se..."
[Que maestria para insinuar ... putz]
Capítulo VI:
- "Eis aí vinha a realidade do sonho de dez anos, uma criatura tirada da coxa de Abraão, como diziam aqueles bons judeus, que a gente queimou mais tarde, e agora empresta generosamente o seu dinheiro às companhias e às nações. Levam juro por ele; mas os hebraísmos são dados de graça. Aquele é desses. Santos, que só conhecia a parte do empréstimo, sentia inconscientemente a do hebraísmo, e deleitava-se com ele."
[Aqui já fora bem comentado essa questão da crítica irônica, mas Machado é fino mesmo ... vamos combinar =p]
Capítulo XII:
- "(...) tempo houve em que também ele gostou de Natividade. Não foi propriamente paixão; não era homem disso. Gostou dela, como de outras jóias e raridades, mas tão depressa viu que não era aceito, trocou de conversação. Não era frouxidão ou frieza. Gostava assaz de mulheres e ainda mais se eram bonitas A questão para ele é que nem as queria à força, nem curava de as persuadir. Não era general para escala à vista, nem para assédios demorados; contentava-se de simples passeios militares, — longos ou breves, conforme o tempo fosse claro ou turvo."
[Descrição de afeição altamente realista, nem vou falar materialista tbm né? Afeição por "coisas", sejam elas jóias, mulheres ou qq outro objeto que lhe parecesse interessante]
- "Tinha o coração disposto a aceitar tudo, não por inclinação à harmonia, senão por tédio à controvérsia." (Sobre Aires)
Capítulo XIV
- "O amor, que é a primeira das artes da paz, pode-se dizer que é um duelo, não de morte, mas de vida (...)." (Concluiu Aires)
[Achei muito fina essa frase \o/]
Capítulo XXI
- "Nem todas seriam estritamente exatas; o tempo é um rato roedor das coisas, que as diminui ou altera no sentido de lhes dar outro aspecto. Demais, a matéria era tão propícia ao alvoroço que facilmente traria confusão à memória. Há, nos mais graves acontecimentos, muitos pormenores que se perdem, outros que a imaginação inventa para suprir os perdidos, e nem por isso a história morre."
Capítulo XXII
- "O salto é grande, mas o tempo é um tecido invisível em que se pode bordar tudo, uma flor, um pássaro, uma dama, um castelo, um túmulo. Também se pode bordar nada. Nada em cima de invisível é a mais subtil obra deste mundo, e acaso do outro."
Capítulo XXIII
- "Este desejo de capturar o tempo é uma necessidade da alma e dos queixos; mas ao tempo dá Deus habeas corpus."
[Três frases sobre o tempo, bastante comentadas aqui no tópico; a minha preferida foi a segunda, que compara o tempo a um tecido invisível, enfim, vc pode bordar muita coisa no pedacinho de pano que lhe compete, ou ficar esperando e não bordar nada, não fazer a diferença para ninguém nem para vc mesmo ]
Capítulo XXX
- "— Não sei o que é que ele queria que eu fizesse mais, dizia Batista falando do ministro. Cerquei igrejas; nenhum amigo pediu polícia que eu não mandasse; processei talvez umas vinte pessoas. Outras foram para a cadeia sem processo. Havia de enforcar gente? Ainda assim houve duas mortes no Ribeirão das Moças."
[E viva a política ¬¬ o caminho para o desenvolvimento da sociedade ....]
Capítulo XXXI
-Além disso, preferia a conversação das mulheres. É dele esta frase do
Memorial: "Na mulher, o sexo corrige a banalidade; no homem, agrava."
[Gente, eu meio que tropecei nesta frase e até hoje não consegui lhe arrancar um sentido que me satisfaça ... alguém teve interpretação eficiente no significado desse pensamento de Aires p me ajudar? =P]
Capítulo XXVIII
- "Aires concordou rindo. Para Natividade valia por uma tentativa nova. Confiava na ação do conselheiro, e para dizer tudo... Não sei se diga... Digo. Natividade contava com a antiga inclinação do velho diplomata. As cãs não lhe tirariam o desejo de a servir. Não sei quem me lê nesta ocasião. Se é homem, talvez não entenda logo, mas se é mulher creio que entenderá. Se ninguém entender, paciência; basta saber que ele prometeu o que ela quis, e também prometeu calar-se; foi a condição que a outra lhe pos. Tudo isso polido, sincero e incrédulo."
[Eu entendi ... =P Ou melhor, consegui dar interpretação a tal passagem, agora se é o q realmente Machadinho quis dizer, já é outra conversa; mas enfim, esses impasses tbm são o que provocam riquezas na leitura =p]
Capítulo XLI
- "Enquanto te esfalfas em ganhar a vida, eu vou pensando que o teu domínio não vale muito, uma vez que me não tiras a liberdade de teimar..." (Monólogo do burro para seu dono, imaginado por Aires)
[Essa frase me chamou a atenção de um modo especial, pois ela pode se encaixar perfeitamente com a personalidade de pessoas teimosas e que gostam de serem donas de si ... e eu nem comento quem é assim =P]
- "O olho do homem serve de fotografia ao invisível, como o ouvido serve de eco ao silêncio." (Narrador)
[Frase massa tbm ... é isso que difere o homem da máquina, essas percepção sensitiva, mas não exatamente ligada aos sentidos físicos (ou melhor, biológicos)]
Capítulo XLIV
- "— Não vale a pena, moço, o que importa é que cada um tenha as suas idéias e se bata por elas, até que elas vençam. Agora que outros as interpretem mal é coisa que não deve afligir o autor. " (Aires para Paulo)
Capítulo XLVIII
- "Não pegues tal costume, leitora. Há outros também ruins, nenhum pior, este é o péssimo. Deixa lá dizerem filósofos que a velhice é um estado útil pela experiência e outras vantagens. Não envelheças, amiga minha, por mais que os anos te convidem a deixar a primavera; quando muito, aceita o estio. O estio é bom, cálido, as noites são breves, é certo, mas as madrugadas não trazem neblina, e o céu aparece logo azul. Assim dançarás sempre." (Autor)
- "Toda alma livre é imperatriz." (Aires para Flora)
Capítulo LV
- "O leitor atento, verdadeiramente ruminante, tem quatro estômagos no cérebro, e por eles faz passar e repassar os atos e os fatos, até que deduz a verdade, que estava, ou parecia estar escondida." (Autor)
[Um dia ainda chego lá ... por enquanto acho q só tenho um estômago e ele costuma ser meio sonso tadinho ¬¬]
Capítulo LIX
- "Não há mal que não traga um pouco de bem, e por isso é que o mal é útil, muita vez indispensável, alguma vez delicioso." (Autor)
Capítulo LXXV
- "— Não é a ocasião que faz o ladrão, dizia ele a alguém; o provérbio está errado. A forma exata deve ser esta: "A ocasião faz o furto; o ladrão nasce feito." (Aires)
[Mais uma vez determinismo ...]
Capítulo LXXXVI
- "Não era verdade, mas não é a verdade que vence, é a convicção.
Convence-te de uma idéia, e morrerás por ela, escreveu Aires por esse tempo no Memorial, e acrescentou: "Nem é outra a grandeza dos sacrifícios, mas se a verdade acerta com a convicção, então nasce o sublime, e atrás dele o útil..." Não acabou ou não explicou esta frase."
[Adorei a ideologia, aleais, o discurso que fazemos a respeito de tudo ou qq coisa, se realmente embasado em nossas ações (TRADUZINDO: se não formos hipócritas), ele passa muito do que somos e no que realmente acreditamos ...]
Capítulo LXXXVIII
- "Esperar, seria o mais fácil, se a paixão não crescesse, mas a paixão crescia."
[ô frase infelizmente verossímil ... =p]
Capítulo XCI
- "Nada era verdade, mas nem só a verdade se deve dizer às mães."
[Rsrsrsr ... concordo plenamente com essa tbm]
Capítulo XCII
- "Os próprios segredos cansam de calar, — calar ou dormir; fiquemos com este outro verbo, que serve melhor à imagem. Cansam, e ajudam a seu modo aquilo que imputamos à indiscrição alheia. Quando eles abrem os olhos, faz-lhes mal a escuridão. Um raio de sol basta. Então pedem aos deuses (porque os segredos são pagãos) um quase nada de crepúsculo, aurora ou tarde, posto que a aurora prometa dia, enquanto a tarde cai outra vez na noite, mas tarde que seja, tudo é respirar claridade. Que os segredos, amiga minha, também são gente; nascem, vivem e morrem. Agora o que sucede, quando um olhar de sol penetra na solidão deles, é que dificilmente sai mais, e geralmente cresce, rasga, alaga, e os traz pela orelha cá para fora. Vexados da grande luz, eles a princípio andam de ouvido em ouvido, cochichados, alguma vez escritos em bilhetes, ainda que tão vagamente e sem nomes, que mal se adivinhará quais sejam. É o período da infância, que passa depressa; a mocidade pula por cima da adolescência, e eles aparecem fortes e derramados, sabidos como gazetas. Enfim, se a velhice chega, e eles não se vexam dos cabelos brancos, tomam conta do mundo, e acaso conseguem, não digo esquecer, mas aborrecer; entram na família do próprio sol, que quando nasce é para todos, segundo dizia uma tabuleta da minha infância. "
[Personificação muito bela do segredo *.*]
Capítulo XCVII
- Jesus Cristo não distribui os governos deste mundo. O povo é que os entrega a quem merece, por meio de cédulas fechadas, metidas dentro de uma urna de madeira, contadas, abertas, lidas, somadas e multiplicadas. A comissão podia vir, isso sim; a questão era saber se Jesus Cristo acudirá a todos os que lhe pedem a mesma coisa. Os comissários seriam infinitamente mais que as comissões. Esta objeção foi logo expelida do espírito de Flora, porque ela pedia ao seu Cristo, um de marfim velho, deixa da avó, um Cristo que nunca lhe negou nada, e a quem as outras pessoas não vinham importunar com súplicas.
[Essa é ótima, eu ri desse trecho uns 10 minutos seguidos ... ô ironia fina]
Capítulo CXV
- "Nem por isso a discórdia morreria entre eles, que apenas trocavam de armas para continuar o mesmo duelo. Ouvindo esta conclusão, Aires fez um gesto afirmativo, e chamou a atenção de Natividade para a cor do céu, que era a mesma, antes e depois da chuva. Supondo que havia nisto algo simbólico, ela entrou a procurá-lo, e o mesmo farias tu, leitor, se lá estivesses; mas não havia nada."
[Nossa, eu li isso umas duas vezes e não consegui entender, aí continuei lendo o livro incucada com isso até o final e só depois que eu terminei e fechei a última página, aí a lampadazinha surgiu e caiu a ficha ... rsrsrsrsrsrsrsrsrs ... foi paia, mas devo admitir que foi uma situação hilária =P]
Capítulo CXVII
- "Também ela gostava deles; a diferença é que, não alcançando unificá-los, como os via em si, preferiu fechar os olhos. Não lhe importe o mistério. Há outros mais escuros." (Aires, sobre Flora)
[Eu fiquei pensando a respeito do que alguns interpretaram sobre o trio: que os gêmeos seriam a representação simbólica dos regimes monárquico e republicano (o que pra mim, fez muito sentido), e Flora, o próprio povo brasileiro; no entanto ela morre, e aí começa a divagação: 'Se ela poderia representar o povo, o que realmente morreu dentro desse povo?' Pra mim, a morte dela significou a incapacidade dessa nação de escolher o que era melhor para si, se república ou monarquia, pois ora ía com um, ora com outro e nunca se decidia, e por fim, teria morrido essa liberdade dentro do brasileiro, a liberdade de escolher e de decidir sua própria vida ... nuss, viajei agora legal :lily:
Pesquisando em livros e net por aí, vi uma interpretação que falava dos gêmeos indicarem a própria dualidade do ser humano, tem até uma parte que Flora cita Pedro como o 'espírito' e Paulo, como o 'coração', ou seja: corpo e alma. Por isso Flora insistia (inconscientemente) em vê-los como um só ...]

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Outra questão interessante foi alguns tbm hipotetisarem o personagem Aires como se fosse um auto-retrato do autor, lembrei disso quando estava lendo:
“Há nos mais graves acontecimentos, muitos pormenores que se perdem, outros que a imaginação inventa para suprimir os perdidos, e nem por isso a história morre”, prega um trecho de Esaú e Jacó . O livro possui uma particularidade: refletir a posição política de um homem tido como alheio a movimentos de tal natureza. Acusado de indiferente, frio e inteiramente desligado das paixões políticas, Machado de Assis, nesta obra, discute e analisa uma das mais importantes épocas da política brasileira."
[Fonte: http://www.mundovestibular.com.br/articles/517/1/ESAU-E-JACO---Machado-de-Assis-Resumo/Paacutegina1.html]

E realmente, se colocarmos por esse ângulo, Aires, assim como o texto afirma de Machado na vida real, mostrava-se bem indiferente às questões e acontecimentos políticos da época ...

É legal tbm as mil e trocentas citações que ele faz de outras obras e escritores: Ésquilo, Racine, Dante, Homero, Horácio, Erasmo, Voltaire, Basílio da Gama, etc. =p

Quanto ao foco narrativo, confesso, custei a entender: a história se dá de acordo com os manuscritos de Aires, mas é contado por um terceiro (que, tanto pode ser o próprio Aires ou não, apesar d q algumas provas levem a aconclusão de que sim ... eita 'eita problemática Capitunesca' =P)

Acho que no mais é isso, gostei muito do fórum em si e da idéia de compartilhar e debater impressões de leitura, parabéns ao(s) idealizador(es)!!!

Eu quero ver se consigo acompanhar o livro do Saramago em tempo real com o praxzo estabelecido =P Não tinha postado nada antes porque to desde o dia 22/06 tentando achar o maldito livro emprestado com alguém ¬¬ ... (nas bibliotecas eu já tinha olhado, não tem ...), mas enfim ontem eu consegui roubar o livro do namorado de uma amiga minha (o livro é dela, mas ele tava lendo esse e mais outro, oras .... "a ocasião faz o ladrão" =P)

Agora vou ver se consigo me atualizar até pelo menos o fds \o/

Um abraço a todos.
 
Sery diz: ... engrossar o tópico em um postzinho a mais não faz mal, né? =P

Faz muito bem!

Capítulo XXXI
-Além disso, preferia a conversação das mulheres. É dele esta frase do
Memorial: "Na mulher, o sexo corrige a banalidade; no homem, agrava."
[Gente, eu meio que tropecei nesta frase e até hoje não consegui lhe arrancar um sentido que me satisfaça ... alguém teve interpretação eficiente no significado desse pensamento de Aires p me ajudar? =P]

Talvez se referia ao que ele via, a mulher se transformar em mãe e mudar seus interesses superficiais, enquanto o homem...

- "Toda alma livre é imperatriz." (Aires para Flora)

Essa, realmente, me escapou. Muito linda.

Capítulo LV
- "O leitor atento, verdadeiramente ruminante, tem quatro estômagos no cérebro, e por eles faz passar e repassar os atos e os fatos, até que deduz a verdade, que estava, ou parecia estar escondida." (Autor)
[Um dia ainda chego lá ... por enquanto acho q só tenho um estômago e ele costuma ser meio sonso tadinho ¬¬]

Devo estar com 3, fico ruminando muito tudo o que leio. XD

'Se ela poderia representar o povo, o que realmente morreu dentro desse povo?' Pra mim, a morte dela significou a incapacidade dessa nação de escolher o que era melhor para si, se república ou monarquia, pois ora ía com um, ora com outro e nunca se decidia, e por fim, teria morrido essa liberdade dentro do brasileiro, a liberdade de escolher e de decidir sua própria vida ... nuss, viajei agora legal Lily

A viagem é das melhores. O brasileiro, em sua maioria, tenta ver quem leva a melhor e aí sai para participar da festa. Não percebe que vai viver com os resultados daquilo que não investiu seu tempo para auxiliar a decidir.
 

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