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[SÉTIMO LIVRO] Esaú e Jacó (Machado de Assis)

Anica

Usuário
A partir de segunda-feira dia 30/03 começaremos a discutir Esaú e Jacó, de Machado de Assis. Por enquanto o espaço está aberto para que troquemos informações sobre o autor, sobre o histórico de quando a obra foi lançada, etc. Seguiremos esse cronograma:

30/03: Capítulo I até VIII
06/04: Capítulo IX até XIX
13/04: Capítulo XX até XXX
20/04: Capítulo XXXI até XXXIX
27/04: Capítulo XL até XLIX
04/05: Capítulo L até LIX
11/05: Capítulo LX até LXIX
18/05: Capítulo LXX até LXXX
25/05: Capítulo LXXXI até XCI
01/06: Capítulo XCII até CV -> enquete para escolha do oitavo livro
08/06: Capítulo CVI até CXXI

Lembrando que todos são mais do que bem-vindos a participar, mesmo que as discussões já tenham se iniciado. Porém, deixo o lembrete que comentários sobre a obra acompanham os capítulos lidos até então, portanto para quem chegar no meio, por favor, tome cuidado com possíveis spoilers.

Outra coisa: como já enfatizei no tópico da enquete, encarem o Clube como uma oportunidade para crescer, aprender mais. Mesmo que o livro escolhido não seja seu favorito ou o que você votou, tente dar uma chance para ele e para as discussões aqui.

E, para terminar, Machadão já se encontra em domínio público então qualquer busca no Google já deve apontar um pdf para a leitura, no caso de você querer participar mas não ter o livro em casa. Agradeço desde já quem disponibilizar links para downloads aqui.
 
A obra completa de Machado de Assis pode ser baixada no Portal do MEC:

http://portal.mec.gov.br/machado/index.php?option=com_content&task=view&id=164&Itemid=173

Esse link leva direto aos romances. Com opção em PDF ou HTML.
 
Machado de Assis é legal, tem uma leitura bem fluida a julgar pela época em que vivia. A primeira vez que li Dom Casmurro, era bem moleque ainda, me surpreendi quando vi que apesar de ele ter sido escrito no inicio do século passado e não tive problemas nenhuns na leitura, nem consultar dicionário nem nada.
 
Opa! Como não tenho muito tempo aqui em casa, acho que vou ver se acho uma versão em conta por aí. Senão começo a ler um capítulo antes de dormir aqui no pc mesmo =)

Machadão é sempre uma boa. Não ouvi muito sobre essa obra, o que pode ser bem proveitoso.
 
Vou fazer o possível para acompanhar esta discussão, o Machadão será minha leitura paralela oficial. XD
 
Machado é um de nós, é assim que o percebo. Um brasileiro, no Brasil, exercendo a função de registrar seu ponto de vista e o fazia com muita dignidade, responsabilidade e senso crítico. Um porém, com sabedoria e estudo. Não se critica a "Corte" e a sociedade impunemente, então como fazê-lo e ser agraciado com honras, ainda em vida? Ele as recebeu em vida, como fez isso? Como uma sociedade muito mais punitiva que a atual, honrou os feitos e aclamou para a fundação da Academia de Letras esse cidadão?

Brasileiro, filho de Mulato, que por sua vez é filho de escravos alforriados. A mãe é portuguesa, doméstica, os dois sabem ler e escrever, o que não era habitual em 1839. Machado aproximava-se dos 50 anos quando a escravidão "terminou", tecnicamente, no Brasil.

A realidade dele era perversa como a nossa. Mesmo assim, todos são unânimes em afirmar que Machado venceu através de suas possibilidades, um homem integro, limpo. Fora o panorama que o circundava, havia ainda os problemas com a saúde (adoentado, gago, epileptico e de figura trivial). Em 1898, com 31 anos de serviço público, é posto em disponibilidade (fica sem tarefas, mas recebendo) por não ter "formação técnica". No final do ano, retorna à ativa, para sua felicidade.

Convido-os a olhar com cuidado a obra em que utilizou à mescla de diversos tipos de narradores, com tal sutileza, que... cito as palavras de Luiz Antônio Aguiar:
M. de A. e o Narrador Indeterminado mostram-se como o mesmo ser, uma mescla insólita do Autor (físico) com o Narrador Indeterminado, gerando um terceiro, o Narrador M. de A.

São, no todo, transgressões quase homicidas contra as convenções de narrar/ler ficção estabelecidas então (e, em boa parte, até hoje), principalmente no viés realista/naturalista da ocasião. Se passam despercebidas, ou, relegadas, há 100 anos, isso se deve à sutileza magistral com que foram praticadas. É que, diferente de parte da prosa atual, Machado não fazia alardes para anunciar seus vôos; nem os mais altos, nem os mais profundos.
Machado faz com que eu me envegonhe das desculpas que crio para a minha falta de dedicação. Vamos dissecar essa obra e descobrir como esse cara faz tudo isso tão bem?
 
kuinzytao disse:
...Machado faz com que eu me envegonhe das desculpas que crio para a minha falta de dedicação. Vamos dissecar essa obra e descobrir como esse cara faz tudo isso tão bem?

Vamos sim...
Aliás, estava pesquisando e vi que M.A. teve duas fases diferentes (pelo menos nos romances, pois ele escrevia também crônicas, contos, poesias...)
A primeira fase foi romântica, e a segunda realista.
Foi na segunda fase que Machado escreveu, ao meu ver, suas melhores obras, como Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, e também o nosso sétimo livro, Esaú e Jacó, em 1904.
Nunca tive oportunidade de ler poesia de M.A. mas li que ele era outra pessoa fazendo poesia, estilo Augusto dos Anjos.
 
Vail, nos primeiros resultados de pesquisa sobre ele, meu entusiasmo foi crescendo absurdamente. É surpreendente um garoto em meio ao caos conseguir aprender, manter o foco e ainda conseguir o distanciamento necessário para elaborar uma boa critica.

Em 1854 auge do Romantismo, ele com 15 anos queria ser poeta, é nessa data que surgem seus primeiros poemas e logo após, crítica literária e teatral.

As crônicas e os ensaios de Machado mostram um jovem dotado de um notável desejo de consertar o mundo — ele quer teatro mais sério, achava o "pastelão" uma grosseiria, quer o jornal como meio educativo, quer literatura envolvida com a vida do povo de seu país e de seu tempo. De certa forma, tais idéias foram mantidas ao longo de sua vida, segundo Luis Augusto Fischer.
Mais maduro concentra-se na crítica, nos ensaios e na prosa narrativa.
 
Eu tenho que criar vergonha na cara. Sou um péssimo exemplo em relação ao Clube ><
 
Você está certissimo, kuinzytao, a tragetória de M.A. fora dos livros, também merece um bocado de nossa atenção.
Quando lemos uma biografia, as vemos com certo afastamento, como se o que estivesse ali fosse resultado do destino, do inevitável, e não do esforço constante, da gana de vencer e de fazer diferença. Machado foi autodidata em muitas coisas, outras aprendeu nas folgas, como quando, com doze ou treze anos, vendia doces numa escola e aproveitava para aprender algo. Outras aprendeu com aqueles que tiveram a sensibilidade de enxergar o seu potencial. Como o forneiro de uma padaria que lhe ensinou francês ou o autor de "Memórias de um sargento de milícias", Manuel Antônio de Almeida, que se tornou seu protetor.
 
Liv disse:
Eu tenho que criar vergonha na cara. Sou um péssimo exemplo em relação ao Clube ><
As vezes nossa má vontade advém do que nos foi ensinado, ou de como o assunto chegou até nós. É difícil ver a beleza de uma obra e a sagacidade de seu autor, quando nos "enfiaram goela a baixo", como se diz. A reflexão, ou o conhecimento dos acontecimentos que cercavam a obra e seu autor ajudam muito a compreender seu valor. A L&PM, na edição pocket, fez a adição do panorama do Rio de Janeiro na época, colocou uma biografia do autor e a cronologia, não só de sua vida e obra, também do que acontecia no mundo. A coordenação editorial foi de "Luís Augusto Fischer" que é bem cuidadoso e portanto confiável. Na internet há muitos trabalhos fabulosos sobre as obras, o que ajuda a gente se situar melhor, e ler com um maior conhecimento de causa.
 
Machado é um dos meus autores brasileiros favoritos. Pelo menos no que diz respeito a sua fase do Realismo, acho que da sua fase Romântica só li Helena, mas mesmo esta obra foi uma leitura interessante. Nunca li nenhuma de suas poesias e acho que participar do Clube será a propulsão que faltava para que eu procure conhecer mais acerca de sua obra.
E vamos nos deliciar com seu humor sarcástico, é o que o Machadão tem de melhor e é o que eu adoro nele! :timido:
 
Estou lendo um ensaio sobre suas correspondências, vai ser sublime, ver o que é analisado com a obra indicada. Logo posto mais impressões.
 
Fiquei bem feliz com a escolha desse livro, afinal não havia sido escolhido nenhum de literatura brasileira.

Para nos ambientarmos na obra, segue um resumo que tirei da Wiki:

Esaú e Jacó é o penúltimo livro de Machado de Assis, lançado 4 anos antes da sua morte e, segundo a maioria dos críticos, em pleno apogeu literário, depois de escrever, em 1899, Dom Casmurro, o mais célebre de seus livros.

Esaú e Jacó se destaca por consolidar esta suave maestria no domínio da narrativa. Machado despoja-se da excentricidade ocasional num texto que abandona resquícios do picaresco e envereda num realismo que retoma a melancolia e o lirismo que se iniciara na primeira fase de sua produção literária. Destaque são os personagens muito próximos da vida real.

O Conselheiro Aires é um personagem poderoso que contracena com Natividade, mãe dos gêmeos Pedro e Paulo, que protagonizam este romance. E Machado chega quase à perfeição formal ao estabelecer esta trama fascinante onde os iguais são opostos e concorrentes. Discordam na política, na vida, sempre em campos opostos, um contra o outro, chegando mesmo a cortejar a mesma mulher.

A ambigüidade narrativa se instaura com o Conselheiro Aires, personagem e narrador, que no entanto, também é visto a partir de uma terceira pessoa. Machado por esse jogo de opostos pode comentar um tempo de grande agitação política. Não sendo estranho ao livro temas como abolição da escravatura, encilhamento e Estado de sítio, porém o tema melhor abordado e reconhecido é a Proclamação da República, a qual se faz uma tremenda crítica.

Wikipédia
 
Cadortel disse:
Estou lendo um ensaio sobre suas correspondências, vai ser sublime, ver o que é analisado com a obra indicada. Logo posto mais impressões.

:think: Engraçado, parece que tenho esse material; bem lembrado Cadortel.
 
esqueceram de citar q MA foi excelente tradutor de literatura francesa. dele eu já li trabalhadores do mar, do victor hugo, livro extremamente detalhista de termos náuticos. alguém conhece outra tradução q ele fez?
 
não do francês, mas sei que do inglês ele traduziu O Corvo do Edgar Allan Poe -> http://pt.wikisource.org/wiki/O_Corvo_(tradu%C3%A7%C3%A3o_de_Machado_de_Assis)
 
Vale conhecer um pouco da história original de Esaú e Jacó, na bíblia:

Esaú e Jacó é uma história do livro de Gênesis, parte integrante da Bíblia. Trata da relação entre os filhos gêmeos de Isaque e Rebeca. Segundo a tradição, o filho primogênito tinha direitos exclusivos. Dentre os gêmeos, o que nascera primeiro fora Esaú. A mãe tinha preferência pelo mais novo, Jacó, chegando a planejar junto com ele, para enganar o pai que estava velho e já não enxergava bem. Rebeca ajudou Jacó a passar-se por Esaú, para roubar o direito deste. O fato cria uma inimizade grande entre os gêmeos. No entanto, nos capítulos 32 e 33 de Gênesis nós encontramos a reconcilição destes dois irmãos. Esta história faz parte dos acontecimentos bíblicos mais conhecidos. A história dos irmãos inspirou o livro de Machado de Assis, que também relata a rivalidade entre irmãos gêmeos, tendo a mãe no centro da disputa. Em 2004, foi lançado o livro O Gosto da Glosa: Esaú e Jacó na Tradição Judaica da autoria da psicanalista Daisy Wajnberg, que discute este que é um dos trechos mais debatidos da Bíblia Hebraica.

Fonte: Wikipédia http://pt.wikipedia.org/wiki/Esa%C3%BA_e_Jac%C3%B3
 

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