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Polêmica do Booker 2011 ou pra que servem os prêmios?

Gigio

Usuário
Não sei se acompanharam a polêmica que rolou este ano envolvendo o Booker Prize, o principal prêmio britânico. Os escolhidos para a lista final (lá eles divulgam uma lista prévia (longlist) e uma final (shortlist)) foram tachados de fracos, pouco significativos, etc. Depois os juízes rebateram, afirmando que eram livros que alcançavam o público, ou algo assim, o que obviamente só inflamou os ânimos. Essencialmente, não é muito diferente do que tem rolado no Brasil, e daí o interessante em acompanhar a discussão: praticamente tudo se aproveita, substituindo-se "Booker" por "Jabuti". Tudo bem que esse tipo de coisa já deve ter sido discutida aqui umas setenta vezes sete vezes, mas sei lá...

Achei interessante esse texto que saiu na Economist esta semana, em geral tendo a concordar com esse ponto de vista.

(Fiz a tradução e coloquei algumas notas no final)

O Man Booker Prize está encerrado por mais um ano, tendo sido entregue dia 18 de outubro a Julian Barnes, por "The Sense of an Ending". Mas o alvoroço provocado pela lista final do Booker deste ano continuará a mostrar seus efeitos.

Quando os juízes anunciaram sua escolha para os seis livros da lista final, em setembro, muitos comentadores afirmaram que os selecionados (entre eles o do colunista A. D. Miller, da Economist) eram leves, pouco densos e tinham uma linguagem propositadamente simples [1]. Dame Stella Rimington, presidente da comissão julgadora e ex-chefe do MI5, foi intensamente criticada por dizer que os juízes estavam procurando por "livros agradáveis" com "acessibilidade" [2]. A disputa se multiplicou na imprensa e além dela: antigos juízes ofereceram listas alternativas; em um acesso de orgulho ferido, um grupo de críticos até mesmo afirmou que irá estabelecer um rival do Booker, "The Literature Prize", o qual será, dizem, um padrão de excelência.

Jornalistas (e aqui me incluo) sempre tentam encontrar uma história envolvendo o Booker. No passado, me lembro de escrever notícias comentando que todos os livros eram "históricos", por exemplo, como se isso mostrasse uma inclinação ou preconceito por parte da comissão. Outro comentário favorito é apontar quem foi deixado de fora -- embora algum autor famoso sempre será deixado de fora dessas listas, já que praticamente ninguém consegue escrever um livro excelente todas as vezes.

Quando eu mesma fui juíza, percebi quão bobos eram todos esses comentários. Foi ano passado, e a imprensa observou que tínhamos uma lista "cômica" e tentaram nos encaixar nesse tema. Estávamos buscando livros engraçados? Não. Achávamos que livros engraçados eram particularmente incisivos em tempos de recessão e insegurança? Não. Na verdade, nem mesmo pensei que os livros da nossa lista eram especialmente engraçados. Apenas pensei que eram bons. Suspeito que, apesar de todo o furor, a comissão deste ano pensa o mesmo.

A escolha de Barnes como vencedor do Booker 2011 deverá abrandar parte da revolta levantada nas últimas semanas. É um escritor renomado e brilhante; esta é a quarta vez que chega à lista final. "The Sense of an Ending" não é o seu melhor livro, na minha opinião (acho que "O Papagaio de Flaubert" é excepcional). Mas seu novo romance pode muito bem ser o melhor livro deste ano, e é isso que os juízes do Booker estão procurando.

Mas essa agitação levanta algumas questões maiores quanto para que esse tipo de prêmio -- e particularmente este prêmio -- serve. Barnes já foi criticado por ter rotulado o Booker de "bingo sofisticado" [3], mas em certo sentido ele está certo. É uma competição. É valorizada, e merecidamente, porque é uma competição sobre algo que muitas pessoas, entre as quais me incluo, pensam ser importante: literatura. E é para o bom crédito da ficção que nós esperemos que a sua produção seja boa, ao contrário do prêmio Turner para arte contemporânea, por exemplo, que já rendeu muita arte brilhante mas que é mais conhecido pelas obras que muitos consideram besteira.

Prêmios cumprem muitas funções. Eles são ótimos para o vencedor, dão um impulso para os outros nomeados e, mais importante, oferecem uma medida duradoura quanto ao melhor da ficção contemporânea de qualquer ano. Mas é uma boa ideia não se ater de forma muito reverente a tudo isso. Milhares de romances são publicados todos os anos, demais para que sejam lidos ou até mesmo folheados. Prêmios como o Booker estão aí para guiar os leitores através de um mar de papel (ou tinta eletrônica) até obras que se consideram boas. Existem outras maneiras de se encontrar novos títulos: listas de bestsellers, páginas de resenhas, recomendações pessoais ou mesmo serendipidade [4]. Mas prêmios são úteis. Os juízes não são deuses, e ler e julgar não é uma ciência. Mas talvez se os juízes fossem tratados mais como "personal shoppers" [5] do mundo dos livros, tudo isso faria um pouco mais de sentido -- eles apresentam o público leitor a autores e livros que poderiam não ter sido vistos, à espera de que ao menos alguns deles acabarão servindo.

Já que a comissão julgadora de cada prêmio literário britânico muda a cada ano, às vezes parece estranho falar em uma "tradição do Booker", assim como seria estranho considerar que tipo de livro poderá ganhar o prêmio Orange [6], digamos, ou qual poderá agradar aos juízes do Costa [7]. Houve uma proliferação de prêmios literários desde que o Booker foi iniciado, com prêmios para ficção romântica, divulgação científica, livros de negócios, entre outros. E para mim parece empolgante, também, que as pessoas ainda se importem o bastante com a literatura a ponto de brigarem em torno dela. Acho que é uma situação ruim que um novo prêmio seja criado em meio à raiva. Mas acho que não fará nenhum mal ao Booker se isso for levado em frente, o que dará uma nova oportunidade aos leitores de ouvir as escolhas de um outro grupo de pessoas com os quais eles podem ou não concordar.

Do meu ponto de vista, não existem assim tantos livros realmente brilhantes no mundo. Toda a ficção bem sucedida é de alguma maneira um reflexo de si mesmo (tanto do escritor quanto do leitor), e a literatura contemporânea frequentemente nos diz bastante a respeito das preocupações do nosso tempo. Mas de todos os muitos livros publicados todos os anos, a maioria é no máximo medíocre e muitos poucos resistirão ao teste do tempo. É algo bastante positivo para os escritores da lista final deste ano que seus livros tenham vendido tão bem, melhor que a de qualquer outro ano. Também é verdade que a maioria das listas de bestsellers é feita de escritores muito mais mainstream, e que o tipo de literatura de ficção que o Booker avalia continua compondo um grupo minoritário.

Minha recomendação, tendo visto o hoo-ha provocado pelo prêmio deste ano, seria de que as pessoas deveriam ler a lista final. Deveriam também ler os livros que outros comentadores disseram que deveriam estar lá. E talvez deveriam também circular por uma livraria e escolher alguns outros títulos que nunca ouviram ninguém mencionar. Por mais perfeita que seja uma comissão julgadora, simplesmente não existe outra maneira de decidir qual livro poderá conquistar o coração e a alma de qualquer leitor particular.

por R.B. (pelo que procurei, seria a jornalista literária Rosie Blau)

Fonte: http://www.economist.com/blogs/pros...on?fsrc=scn/tw/te/bl/literatureprizesandhooha

[1] light, slight and dumbed-down
[2] readability
[3] posh bingo
[4] serendipity. O dom de encontrar coisas por acaso. (Palavra legal né...)
[5] Alguém que é contratado para fazer compras no lugar do seu cliente. Mais comum lá fora.
[6] Exclusivo para mulheres, quanto a romance escrito em língua inglesa.
[7] Um prêmio que julga a qualidade, mas que também dá peso à capacidade de alcançar um público mais amplo.

(Tudo bem que ficou parecendo Speak-Up com essas notas, mas a intenção é boa.)

Outro comentário a respeito: uma resposta mais quente do lado dos críticos (em inglês). Daí dá para ir pulando de link em link para outros participantes da discussão...

Então, o que vocês acham? Alguém acompanhou mais alguma coisa? Alguém já leu Julian Barnes (ou algum dos outros indicados)? Acham que a R.B. tem razão ou é uma posição muito "paz e amor"? Esses prêmios merecem ou não ser levados em contas? É factível a indicação que ela faz no último parágrafo?
 
Gigio, ouvi falar alguma coisa sim. Prometo que vou ler esse texto e depois volto a postar aqui. (sei que minhas promessas estão meio furadas ultimamente, mas já marquei aqui para me lembrar)
 
O que ela falou no texto dos prêmios serem importantes para guiarem o leitor é bem uma verdade. Um livro indicado/vencedor de um prêmio, dentro do mercado, recebe destaque maior, é mais procurado e tudo o mais. Pro autor e editor, ótimo, pro leitor, tem uma ideia do que seria bom ler.

Mas considero essa discussão em torno dos prêmios literários mais uma questão de crítica aos critérios do que da importância de um prêmio para a literatura. Os critérios do Man Booker, pelo que parece, acabaram mudando e desagradou. O que era pra ser um prêmio pra avaliar a qualidade literária de uma obra pulou pra um lado mais comercial, os "livros agradáveis" com "acessibilidade". Aí cabe a quem quer se guiar por um prêmio saber que critérios premia essa obra. É a mesma coisa sobre os prêmios de cinema e música... Ninguém vai assistir crepúsculo, que ganhou trocentos prêmios de escolha do público, achando que é algo digno de um oscar, néam. Há "prêmios" e "prêmios".

O que diz respeito ao Jabuti, parece, são as regras mal estruturadas que geram problemas na hora da inscrição. Se fossem mais claras, não teríamos esse tanto de desclassificações de livros indicados. Pelo menos esse foi o problema desse ano (não teve guerrinha entre editoras e politicagem, né?). Aí sim está uma boa crítica: como escolher o melhor da produção editorial daqui se as regras só confundem?
 
Pronto, agora já li o artigo agora.

Concordo com a .Izze quando ela diz o seguinte:

(...) considero essa discussão em torno dos prêmios literários mais uma questão de crítica aos critérios do que da importância de um prêmio para a literatura.

Esse artigo se voltou mais a discutir os critérios de atribuição do Prêmio do que os méritos literários dos autores escolhidos ou algo nesse sentido. Infelizmente não conheço nem direito como funciona o Booker Prize nem esse tal de Barnes (embora tenha ficado curioso. Ei, talvez essa seja a razão tanto das premiações quanto das polêmicas. Ou não. Difícil dizer) para poder comentar com mais argumentos, mas creio que, independentemente de mudarem os membros da comissão responsável pelas escolhas, existe sim um perfil, por mais mutante que ele seja. Isso acaba criando uma espécie de 'tradição' ainda que de difícil rastreamento ou padrão. Quem acompanha há mais tempo confirma essa coisa do prêmio se voltar mais a vendagem e a acessibilidade (essa palavra é deveras confusa)?

Não vou saber dizer onde, mas li em algum site que esses prêmios literários foram uma das estratégias que fizeram com que o romance (e em alguma medida a literatura geral) sobrevivessem com alguma força maior que a de nicho. Não concordo com esse argumento, mas não se pode dizer que a quantidade de prêmios existentes acaba por movimentar um mercado e acho que esse sim que é um dos grandes objetivos de vários prêmios. Não me entendam mal, não digo que as comissões, organizadores e concorrentes seja mercenários sem escrúpulos, longe disso aliás, mas não se pode excluir a presença massiva de editoras, propagandas, marketing de toda a sorte e assim por diante. O que vocês acham: para que servem os prêmios?

Quando penso a respeito desses prêmios não posso deixar de me lembrar daquele vídeo do D.F.Wallace em que ele fala sobre os escritores estarem se tornando celebridades baratas. Não sou contra prêmios, nem contra recebê-los, nem contra reconhecimento do talento e da perspicácia de autores e de personalidades em geral, mas é algo a se pensar. Não é uma crítica a qualquer prêmio em específico (visto que acomapanho mesmo o Nobel e é só) mas é algo sobre o qual refletir e sobre o qual tenha curiosidade por conhecer a opinião de vocês.

Espero não ter dito muita besteira.
 
Mas acho que a jornalista estava querendo defender justamente que os jurados não elaboram critérios explícitos de julgamento, eles procuram simplesmente o melhor romance. O Man Booker Prize, como o Jabuti, é um prêmio que não possui uma linha de conduta, nem mesmo aquelas imprecisas indicações no testamento do Nobel, por exemplo. Nas regras do Booker consta: "será entregue ao autor do melhor romance, completo e elegível, na opinião dos juízes". Só que obviamente cinco juízes não são suficientes para decidir o que é bom e ponto (ou qualquer número de pessoas, né).

Então nós já estamos aceitando que um prêmio serve para: escolher o melhor livro na opinião dos juízes. Mas isso é porque já passamos direto por uma outra possibilidade que é: para escolher o melhor livro. Não sei se alguém ainda acredita nisso nestes tempos de relativismo, mas é possível... Tanto que existe essa proposta de criar um outro prêmio, que aí sim, teria o "padrão de excelência". Mas pelo argumento da jornalista, conclui-se que esse novo prêmio não conseguirá fazer nada melhor. Talvez no início ele tenha algum destaque, não sei, mas inevitavelmente acabará enfrentando as mesmas críticas, já que também precisará se basear de alguma forma na opinião de uma comissão de juízes.

No final, apesar das incertezas, acabo me deixando levar pela influência dos prêmios. Ainda acho que é uma boa fonte de sugestões para novas leituras. Provavelmente vou ficar tentado a folhear o próximo livro do Barnes que encontrar... Essa função de publicidade é inegável. Mas acho que rola um mecanismo psicológico também: as pessoas querem ver competições. No fundo, a gente espera para ver qual escritor sairá vitorioso da arena...

Quando penso a respeito desses prêmios não posso deixar de me lembrar daquele vídeo do D.F.Wallace em que ele fala sobre os escritores estarem se tornando celebridades baratas.

Isso dos escritores precisarem assumir funções de celebridades também me assusta. Não sei como conseguem tolerar todos esses eventos, entrevistas, sessão de fotos, sofá da Oprah, etc. Se fosse eu, preferia fazer o tipo J. D. Salinger...
 
Alguém de vocês chegou a ver aquele post sobre os prêmios serem formas de manter o romance forte e vivo? Não consigo encontrar. Se não me engano foi até aqui no fórum que eu vi esse link.

Acho que você conseguiu resumir bem os critérios das escolhas, tanto do Booker como de muitíssimos outros prêmios, imagino: "escolher o melhor livro na opinião dos juízes." Mas isso carrega certas implicações que precisam ser pensadas: existem um milhão de prêmios, com maior ou menor prestígio e peso no mundo literário mundial. Querendo ou não, a divulgação dos vencedores irá acontecer e uma espécie de tendência se cria, conquanto ela não seja nunca uma camisa de força. Ela é uma influência que pode ser seguida ou não.

Mas quero ir mais além e ver o que é que vocês pensam a esse respeito: não acredito que prêmios sejam só eventos mercadológicos (pelo menos parte deles, eu acho). As pessoas que integram as comissões julgadores, comitês de avalição e corpo de juízes não são pessoas cujo interesse orbita somente em torno de grana, são pessoas que entendem minimamente de literatura e cuja compreensão os leva a determinadas escolhas sob justificativas diversas. Querendo ou não, eles aplicam sua subjetividade na escolha e acaba que uma espécie de perfil da escolha seja desenhado (mesmo que ele mude a cada ano, como no caso do Booker). Não se trata de uma coisa que olhe para trás pura e simplesmente, mas uma escolha que acarreta uma projeção, que legitima uma determinada forma e concepção de literatura, que acaba, por sua vez, tornando-a célebre ou trazendo para um lugar mais notório que outrora.

Estou exagerando? Os prêmios oferecem recompensas tentadoras para escritores que querem lançar-se, mas o detalhe é justamente o tipo de intenções que ele procura ter ao concorrer a esses prêmios...

Enfim, o que acham?
 
Acho que é uma possibilidade relevante. Em um nível imediato, não dá para falar que um prêmio como o Jabuti ou o Booker, em que as comissões julgadoras se transformam a cada ano (ao contrário do Nobel, por exemplo, que tem um comitê menos fluido), estabeleça uma tendência. O que um juiz considera bom em um ano pode ser execrado pelo juiz do ano seguinte. Não sei se viram aquele protesto que saiu no Amálgama, mostra bem o peso que um único juiz pode ter no destino do livro: "Os absurdos do prêmio Jabuti".

Mas pelo que entendi, você está falando de outra coisa né, Lucas, mais da maneira como a opinião consolidada pelos prêmios pode vir a influenciar a própria noção do que seja um bom romance. Isso já é algo mais complexo, só o pessoal dos estudos literários para nos salvar, para explicar como funciona a transformação dos critérios de apreciação dos romances ao longo do tempo. Imagino que os prêmios possam ter si alguma influência, mas acho que a opinião pública, dos acadêmicos e, principalmente, a opinião dos escritores pesa mais.

(edit: modifiquei a última para colocar os escritores em primeiro lugar)
 
Acho que é uma possibilidade relevante. Em um nível imediato, não dá para falar que um prêmio como o Jabuti ou o Booker, em que as comissões julgadoras se transformam a cada ano (ao contrário do Nobel, por exemplo, que tem um comitê menos fluido), estabeleça uma tendência. O que um juiz considera bom em um ano pode ser execrado pelo juiz do ano seguinte. Não sei se viram aquele protesto que saiu no Amálgama, mostra bem o peso que um único juiz pode ter no destino do livro: "Os absurdos do prêmio Jabuti".

isso pode ser resolvido de maneira bem simples: as notas mais baixas são descartadas. se eu não me engano fazem isso na apuração do desfile de escolas de samba, não? é o tipo de coisa que protege o concurso de discrepâncias como as que são comentadas no Amálgama.
 
isso pode ser resolvido de maneira bem simples: as notas mais baixas são descartadas. se eu não me engano fazem isso na apuração do desfile de escolas de samba, não? é o tipo de coisa que protege o concurso de discrepâncias como as que são comentadas no Amálgama.

Tinha pensado em uma saída diferente: os jurados tinham que sentar juntos e decidir quem é o vencedor. Teria que ser por consenso. Certas coisas não podem ser decididas assim, só na média. As desvantagens é que poderiam haver custos de transporte, alguns jurados podem ter impossiblidade de deslocamento...

Descontar a pior nota é mesmo mais prático. Não gostaria de ser, por exemplo, o juiz 1 do quadro 1 citado, que teria todas as suas notas desconsideradas né, mas de alguma forma ele estaria colaborando com o processo de seleção, ainda assim. Aliás, nem sei como já não adotaram uma regra assim, porque da forma como está, a seleção fica totalmente vulnerável a um jurado que seja corrompido... Mas acho que precisariam aumentar em pelo menos mais um avaliador, teriam que aumentar para uns 4, para compensar a nota que foi descartada.
 
Descontar a pior nota é mesmo mais prático. Não gostaria de ser, por exemplo, o juiz 1 do quadro 1 citado, que teria todas as suas notas desconsideradas né, mas de alguma forma ele estaria colaborando com o processo de seleção, ainda assim. Aliás, nem sei como já não adotaram uma regra assim, porque da forma como está, a seleção fica totalmente vulnerável a um jurado que seja corrompido... Mas acho que precisariam aumentar em pelo menos mais um avaliador, teriam que aumentar para uns 4, para compensar a nota que foi descartada.

no mínimo uns cinco, acho. aliás, o problema da discrepância só é realmente um problema por causa desse número pequeno (e absurdo) de juízes. sério, para o que o prêmio pretende escolher (o melhor livro nacional em diversas áreas), só 3 juízes é muito, muito pouco.
 
Mas pelo que entendi, você está falando de outra coisa né, Lucas, mais da maneira como a opinião consolidada pelos prêmios pode vir a influenciar a própria noção do que seja um bom romance. Isso já é algo mais complexo, só o pessoal dos estudos literários para nos salvar, para explicar como funciona a transformação dos critérios de apreciação dos romances ao longo do tempo. Imagino que os prêmios possam ter si alguma influência, mas acho que a opinião pública, dos acadêmicos e, principalmente, a opinião dos escritores pesa mais.

Sabe o que seria legal, embora quase impossível para nós que temos compromissos sociais diversos ( XD )? Pegar os livros premiados de cada ano e tentar perceber permanências e rupturas e tentar relacioná-las com as comissões julgadoras de cada ano. Eu sei que vou insistir nisso (e espero não estar me tornando chato): por mais discrepante que sejam essas comissões julgadoras e por mais fluidas que possam se apresentar, ainda assim creio (e não posso tratar isso mais do que como uma hipótese) que existem certas recorrências que indicam uma espécie de perfil, ainda que longe de exato.

Relacionar com a comissão é a parte mais tensa, mas ler os livros premiados de cada ano dá para fazer com um pouco de tempo e dedicação.

Enfim, ia ser legal ter uma carteira assinada para trabalhar em generalidades do Meia Palavra, hehehe, que daí ia dar tempo de averiguar toda essa parada.

no mínimo uns cinco, acho. aliás, o problema da discrepância só é realmente um problema por causa desse número pequeno (e absurdo) de juízes. sério, para o que o prêmio pretende escolher (o melhor livro nacional em diversas áreas), só 3 juízes é muito, muito pouco.

Pois é, três juízes é bizarro, a meu ver. Não sabia dessa questão não. Mas se minha opinião tivesse alguma valia, eu ia propor algo como o Gigio falou: juízes teriam que tomar a decisão juntos, discutindo para chegar a algum consenso. Sério mesmo que os juízes votam cada um na sua casa, nem conhecem quem são os outros nem discutem quais são os objetivos e "consequências" de estarem escolhendo esse e não outro autor, idéia, posicionamento ou romance?

Os juízes não tem seus nomes revelados? Como é que é isso?
 
Lucas disse:
Enfim, ia ser legal ter uma carteira assinada para trabalhar em generalidades do Meia Palavra, hehehe, que daí ia dar tempo de averiguar toda essa parada.

Só assim mesmo, Lucas... :lol:

Mas é isso, os juízes fazem seus julgamentos independentemente. Só que depois os nomes e as notas são divulgados. Até que existem certas garantias, como o sorteio dos 3 juízes a partir de uma lista mais ampla, mas não é tanto a idoneidade deles que está em questão, de qualquer maneira, é quase uma questão estatística: não dá para tirar uma média confiável a partir de uma amostra de tamanho 3.

As regras da votação, como consta no regulamento do Jabuti, para quem se interessar:

III – Da Composição do Júri e Do Sistema de Votação

1. O júri do 53° Prêmio Jabuti será composto por profissionais habilitados, indicados pelos associados da Câmara Brasileira do Livro e escolhidos, por meio de sorteio, pela Comissão do Prêmio Jabuti 2011, constituída pela CBL.

2. As obras inscritas serão analisadas por uma equipe de três jurados especialistas em cada categoria, que serão responsáveis por selecionar, em duas fases, o vencedor de cada uma da 29 categorias do Prêmio Jabuti 2011.

3. Para que o processo de seleção do júri de cada categoria seja totalmente transparente, a escolha dos jurados será realizada da seguinte forma:

a. As empresas associadas à CBL serão convidadas a indicar nomes que poderão fazer parte do júri, enviando um breve currículo dos candidatos e o nome das categorias para as quais estão sendo propostos. Seguindo todas as regras para a formação do Corpo de Jurados, a entidade também poderá indicar nomes ao processo de seleção.

b. Autores premiados em edições anteriores do Prêmio Jabuti não poderão fazer parte do Corpo de Jurados. Os jurados deverão assinar um termo, declarando não terem sido premiados em tempo algum.

c. Os profissionais indicados para serem jurados não poderão ter vínculo com a editora ou com obra inscrita em qualquer categoria do prêmio.

d. Não participam da escolha dos jurados os membros da Comissão que sejam autores ou ainda que sejam ligados a editoras que tenham obras inscritas.

e. A Comissão do Prêmio selecionará, dentre os indicados pelas empresas associadas, um número três vezes maior de prováveis jurados para permitir maior diversidade das fontes indicadoras.

f. Por sorteio, serão escolhidos os três membros do júri que atuarão nas duas etapas do prêmio, sendo que cada editora terá somente uma indicação por categoria na composição final.

g. Também por sorteio, serão escolhidos três suplentes que serão convocados se os titulares não aceitarem o convite ou precisarem ser substituídos. Nesse caso, permanece o critério mencionado no item “3”.

h. Os nomes dos jurados serão divulgados em ordem alfabética somente após a conclusão das votações e o anúncio final dos premiados.

i. Na primeira fase, os jurados escolherão, dentre todos os concorrentes em cada categoria, os 10 livros que passarão para a segunda fase. Desse resultado consolidado da votação dos três jurados serão extraídos, então, os 10 livros que, na condição de finalistas, serão submetidos à nova avaliação pelo Corpo de Jurados.

j. Na segunda fase, os jurados avaliarão e atribuirão notas às dez obras finalistas de cada categoria. A obra mais votada será escolhida como vencedora do Prêmio Jabuti 2011 em sua categoria.

Fonte: http://www.cbl.org.br/jabuti/telas/regulamento/
 
Não sei, mas esse isolacionismo dos juízes não me agrada. A decisão é para ser conjunta, juntar coisas isoladas assim, sem nem contato, nem discussão nem algo que proporcione uma maior exploração das vicissitudes da obra é meio falho pra mim.

Se lidar com livros é lidar com a complexidade deles, deveria haver maior atenção a esse tipo de julgamento. Ficar com a coisa só na matemática de tirar umas notas aqui e ali, e manter médias e tudo o mais é meio bizarro. Não é justamente contra isso que uma porção de leitores se opõem? O ato de querer reduzir o livro a notas?

OK, eu sei que se trata de um julgamento, que esbarra numa escolha e que existem fatores objetivos que precisam ser levados em consideração para sair do lugar e estabelecer algum parâmetro mais """"""exato"""""". Enfim, será que sou eu mesmo o implicante ou isso incomoda um pouco vocês?
 
uma leitura é uma experiência pessoal, acima de tudo. então não faz sentido ficar debatendo um livro para aí pensar qual o valor (nota) que será atribuído a ele. por exemplo, você pode sentar na minha frente e falar o que quiser a favor de jane austen e isso não afetará minha experiência de leitura, que no geral a coloca como uma autora mediana. vou pensar que uou, tem o humor, e uou, a crítica social e yadda yadda yadda, mas no geral das contas para minha opinião sobre os livros dela sempre o que pesará mais foi o que senti enquanto lia. por isso não adianta botar juiz para deliberar sobre livros.
 

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