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Prêmio Nobel de Literatura 2023

A sinopse mais chamativa é desse Brancura. Mas néam. É um opúsculo de 64 páginas que está custando RS 59,00 (tabelado).
Os livros dele costumam ser curtos. Trilogia mesmo são essas três novelas de umas 50 páginas cada. A (estranha) exceção é a obra-prima dele, a Septologia, que, em sete (duh) partes narra o dia a dia de um pintor e o que pode ser seu doppelgänger, enquanto aquele reconta um evento traumático com este. Tem umas (a depender da edição) 700-800 páginas.
 
Última edição:
Um livro com 150 páginas tá de boa.
Com 64 é pra formato bolso.
:hxhx:

Mas não julgo.
Só acho que rolava lançar junto com mais alguma coisa, tipo um tríptico de novelas, que é bem tradicional e parece ser o caso dessa Trilogia aí que você falou.
 
Um livro com 150 páginas tá de boa.
Com 64 é pra formato bolso.
:hxhx:

Mas não julgo.
Só acho que rolava lançar junto com mais alguma coisa, tipo um tríptico de novelas, que é bem tradicional e parece ser o caso dessa Trilogia aí que você falou.
É que no caso a Trilogia meio que forma uma obra só... acho que o Nobel tá tendo pena da gente que se assusta com calhamaço - o último livro de Annie Ernaux, O Jovem, foi lançado pela Fósforo em tamanho reduzido com 58 páginas... no meu kindle a estimativa é que tenha 24 páginas 😅
 
Só li, por enquanto, da prosa, o livro que rendeu a ele na época um dos mais prestigiados prêmios nórdicos, o Trilogia, composto de três curtas novelas interligadas sobre um casal em que a mulher está grávida e fogem por conta da família não aceitar a união dos dois, e de início fica nisso deles tentarem arrumar um abrigo e um local para a criança nascer... e se isso soa um tanto bíblico é de propósito. O mais bacana é a linguagem repetitiva e vertiginosa do cara, hipnótica, que como que te lança nesse turbilhão de emoções e dificuldades, alternando entre tempos de forma que em alguns momentos não se tem certeza se o que se lê é um sonho, premonição, ou - pior - realidade. O desfecho - e todo o livro - é de uma melancolia pura. Esse saiu lá em portugal e tenho acesso a um pdf (ou epub etc)... quem quiser, inbox 🤭
Quero.
Ó, já deixo avisado que não quero livro desse João Fossa no Amigo Secreto não, viu? Peguei ranço de quem roubou o nobel das mãos da Laninha...
Falou pouco, mas falou bonito. Laninha merece justiça!
 
Gente, tô terminando de ler esse Brancura, e não sei o que deu na Fósforo pra ter escolhido esse pra ser a primeira publicação de Fosse. É muito uma obra pra completistas. Deveriam ter escolhido Manhã e Noite que também é bem curtinho... Recomendo que vão de É a Ales ou Melancolia como introdução à obra dele!
 
Isso foi um eufemismo pra dizer que é ruim? :(
meio que sim... copiando e colando as impressões que postei lá no fórum gringo, passadas pelo google translate com um mínimo de ediçaõ pq preguiça:

Acabei de ler Brancura e, honestamente, foi um pouco decepcionante. Há faíscas aqui e ali que lembram a grandeza de Fosse, mas no geral é muito inchado, irregular, parece muito hesitante em sua escrita, as transições são meio estranhas na maioria das vezes (algumas observações também), bastante desnecessárias; você pode ver o potencial aí, mas a execução não funciona. É estranho um trabalho tão tardio em sua carreira, especialmente depois de Septologia, ser assim tão fraco... No site do Nobel diz que houve uma peça, com um tema e enredos, digamos assim, bastante parecidos, que veio logo antes deste pequeno livro, que é mais um monólogo, majoritariamente, e posso ver que funcionaria melhor assim, como uma peça. Não sei por que ele decidiu estendê-la para uma novela... ele deveria ter polido ainda mais, reduzindo seu tamanho. Já é curto o suficiente, mas deveria ter sido mais curto. Talvez um monólogo de 10 páginas (comparando com a edição do Kindle de 40 páginas). Também é bastante mecânico, como eu disse, as transições aleatórias parecem estar lá principalmente como preenchimentos e, como resultado, é tudo desajeitado. As páginas finais são bem interessantes e cheias de suspense e tensão, no entanto; você pode ver aonde ele estava indo, mas já é tarde demais, e isso não ajuda muito a elevar o projeto... O bom, novamente, é que é curto. Dando cerca de 2,5 estrelas por ora.

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Resenha.
Muito boa resenha. Devo ler esse logo. Esse sim parece mais promissor!
 
Última edição:
Não deu para ler a resenha, mas esse aí deve ser interessante, porque eu gosto do diálogo entre o mundo dos vivos e dos mortos. Gosto tanto, que estudei um livro chamado "Palestra para um morto" no mestrado, né? :dente:
O escritor norueguês Jon Fosse, nascido em 1959, é um fenômeno literário mundial: já foi traduzido para mais de cinquenta idiomas e acaba de receber o Prêmio Nobel de Literatura. Autor experiente, Fosse publicou seu primeiro romance em 1983 e, desde então, tem apresentado regularmente ao público peças de teatro, coletâneas de ensaios e poemas, contos e livros infantis. Agora chega ao Brasil, em tradução direta de Guilherme da Silva Braga, seu livro "É a Ales", pela Companhia das Letras. Trata-se de um breve romance no qual os mundos dos vivos e dos mortos se confundem, tendo como pano de fundo os fiordes nórdicos.

Neste livro, a ação acontece quase que inteiramente na memória dos personagens. Há pouca descrição dos ambientes ou das paisagens – por outro lado, é notável a ênfase nos diálogos e nas marcas de oralidade (palavras e frases que se repetem, modos singulares de usar a linguagem). “Claro, vá dar um passeio a pé, diz Signe”, começa uma das trocas entre os personagens, seguindo: “Está ventando um horror, e também está muito escuro, mesmo agora, quando o dia está tão claro quanto fica nesta altura do ano, ela diz. É, diz Asle”. No início, é difícil ter uma noção precisa do que está acontecendo, mas a dinâmica entre as vozes se ajusta com o passar das páginas, revelando uma peça de câmara muito bem construída.

A narrativa tem como ponto de partida o desaparecimento de Asle, no mar, em novembro de 1979. Sua mulher, Signe, relembra o fato em março de 2002. Nesse percurso de rememoração e espelhamentos entre temporalidades, surge uma nova dimensão: o dia 17 de novembro de 1897, aniversário de um primeiro Asle, antepassado daquele que desaparece em 1979. Essas três camadas vão, aos poucos, se tocando e se misturando, algo que não se resolve completamente como um relato realista, muito pelo contrário. O estilo ondulante e onírico de Fosse é preciso na criação de um ambiente no qual o leitor não espera fidelidade ao real, e sim um experimento com as possibilidades da imaginação.

“É a Ales”: o título do livro marca também, durante a narração, o momento em que as visões do passado emergem com força total. “É a Ales, ele pensa e vê Ales em pé com os cabelos pretos e bastos, com as pernas curtas dela, com o quadril estreito dela. Ela é Ales. Ela era a mãe do meu bisavô Kristoffer”. Quem está vendo? Quem está relatando o que está sendo visto? Os personagens se movem no interior dessas visões e seus caminhos, eventualmente, se cruzam, sem que fique claro como isso é possível e qual poderia ser o ponto de referência para o desdobramento das visões.

Signe observa Asle; Asle, por sua vez, observa Ales e Kristoffer, seus antepassados. Eles não compartilham o mesmo tempo, mas certamente compartilham o mesmo espaço – a paisagem da costa, o mar revolto, os fiordes. A água é, sem dúvida, uma presença determinante no livro de Fosse, algo apresentado desde o início, com a epígrafe retirada de Derek Walcott: “O mar é História”. Essas presenças que povoam o romance também compartilham um espaço doméstico, a casa da família, chamada “Antiga Casa”, “uma casa antiga e bonita, ele pensa, e que idade tem a casa, não, ninguém sabe, mas é antiga”. Entre a casa e o mar, Fosse monta o cenário das tragédias e alegrias de uma família.

As obras de ficção desafiadoras ao leitor costumam compartilhar uma característica: resistem aos resumos e às descrições sumárias da trama. Em algum ponto além do enquadramento temático encontramos a experiência da leitura, o esforço do leitor de se habituar àquela linguagem específica, àquele universo que está sendo criado ali, diante de seus olhos. É a Ales é um livro desse tipo, uma narrativa que se expande a partir de uma cena inicial, aparentemente simples, mas que, aos poucos, ganha contornos mais delicados e sutis, confiando na potência da linguagem de transformar os dramas alheios em algo próximo.
 

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