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Lançamentos 2014

Mais um lançamento de poesia contemporânea, desta vez a paranaense (uma das que mais me animam hoje em dia):

A antropofágica poesia paranaense contemporânea

Organizador da Antologia de Poetas Paranaenses que a Biblioteca Pública do Paraná lança no primeiro semestre deste ano, o poeta e crítico Ademir Demarchi traça um panorama da poética contemporânea feita no Estado

Uma das características mais interessantes dos poetas paranaenses hoje é a prática tradutória. Há um número expressivo de escritores motivados a deglutir poetas e culturas, numa forma de busca de contaminação e complexização desse eu poético que se manifesta agora.

Sem intenção de esgotar a questão, pode-se apontar que o movimento Simbolista foi pródigo em buscar diálogos, especialmente com os europeus, chegando até mesmo a publicar poemas em francês sem traduzi-los. Nos anos 1940, Dalton Trevisan, com a revista Joaquim, além de traduções (Eliot, Hughes, Rilke, Icasa), publicou originais sem tradução (Tzara, Lorca, Gide); a editora Guaíra criou uma coleção de ficcionistas americanos, inaugurada com o mexicano Gallegos, traduzido por Jorge Amado; José Paulo Paes, saído da revista ideia, tornou-se pródigo tradutor.

Depois, nos anos 1960, Leminski se empolgou com a prática concretista da transcriação que o levou ao estudo de línguas e à tradução de Joyce, Lennon, Beckett, Jarry, Mishima, Petrônio, John Fante e outros, lançados nos anos 1980, com destaque, com Alice Ruiz, para a tradução de japoneses e disseminação do haicai. Estava-se já sob nova onda de diálogos com outras línguas no Paraná, especialmente num esforço tradutório que começaria por se expressar nas páginas do Nicolau, com Josely Vianna Baptista (tradutora dos ameríndios e hispânico-americanos), Rodrigo Garcia Lopes, com os norte-americanos (primeiro os beats, depois Sylvia Plath, Ashbery, Whitman) e japoneses (estes com Maurício Arruda Mendonça, com quem traduziu Rimbaud), Jaques Brand (em seu único e ótimo livro Brisais), o grupo OSS, com Antonio Thadeu Wojciechowski, Alberto Centurião, Edilson Del Grossi, Marcos Prado, Roberto Prado, Sergio Viralobos (no Nicolau ou em livros peculiares como Um Fausto, de Goethe, e Os catalépticos, com textos de Dante, Yeats, Rimbaud, Shakespeare, Mickiewicz Baudelaire, Poe e até Camões). Esse grupo, caracterizado por poesia marcantemente musical, declamativa, perdeu ímpeto e rareou a publicação de livros originais pelo conteúdo e tratamento artístico/publicitário, hoje raridades, mas tem em Thadeu o escritor mais atuante, na internet, onde diariamente publica poemas versificados e em tom vitalista.

Josely Vianna Baptista, com Francisco Faria, além de se firmar como uma das melhores e premiadas tradutoras hispânicas do país, criou a página (reunida em livro) Musa Paradisíaca, de 1995 a 2000, focada na discussão com interlocutores nacionais e estrangeiros e assuntos que vão da cultura Ameríndia à tradução e reflexão sobre escritores das Américas. Sua poesia encontrou um tom original na expressão de inspiração neobarroca hispânica, que evoluiu para um mergulho nas linguagens indígenas, resultando em seu livro mais recente, Roça barroca, em que mescla o resgate tradutório de textos guaranis e escrita poética inspirada nessa experiência. Também com inspiração nas culturas indígenas, ou etnopoesia, conforme prefere, depois de um contato inicial com a imagética simbolista e sempre priorizando a performance (com livros, CDs, declamações, identidades e revistas fundadas na poesia como Medusa,Oroboro e Bólide e muitas traduções, com destaque para a de Arturo Carrera), Ricardo Corona vem realizando um trabalho original, cujo livro mais recente, Curare, registra esse experimentalismo de linguagem em sua mais aprofundada complexidade e reflexão. Rodrigo Garcia Lopes, também performático (com shows, CDs, revistas e agora romance),

vem compondo uma obra poética peculiar pelas experimentações de conteúdo e forma, com imagética inquietante. Seus recentes livro e CD Estúdio Realidade são sintetizadores dessas vertentes, mantendo o forte diálogo com a cultura norte-americana, aqui sinalizada por remeter a Burroughs, e agudizando um interessante tom crítico que se associa ao modo como compõe os poemas, criando “realidades” visuais. Essa sua atuação se combina na revista Coyote (um dos marcos da resistência da poesia no Paraná), que edita com Ademir Assunção e Marcos Losnak e remarca a vitalidade cultural existente em Londrina, com expressivo número de poetas e vocação globalizante transcendente. Losnak, também poeta, publicou apenas um livro, com poemas de forte imagética metafísica, caracterizada por lirismo de negatividade poética. Assunção faz da poesia um libelo de insatisfação contra o mundo contemporâneo artificializado pelo consumo moldado pela cultura de massa norte-americana. A inquietação está também no livro Faróis do caos, onde dá voz a vários poetas críticos. Sua poesia é urbana, altamente oralizada, feita para declamar, daí a aproximação com o rock, na formação da banda Fracasso da Raça e no CD que agora promove, Viralatas de Córdoba, que se soma ao seu último livro, A voz do ventríloquo (Prêmio Jabuti de Poesia 2013). Maurício Arruda Mendonça, com a experiência da tradução de poetas clássicos chineses, do japonês Nenpuku Sato ou dos beats, aos quais soma traços da tradição, de Poe a Heráclito, em sua poética reverbera o senso de observação sutil da natureza, da memória e da cidade. Pelo mesmo caminho segue a poesia de Nelson Capucho. Mário Bortolotto ressoa em poemas de pegada blues a violência urbana e a marginalidade, afeito à estética beat, contra a sociedade de consumo representada por seu submundo fantasioso de super-heróis falidos, jazz, cinema, gibis, com estrangeirismos da cultura norte-americana e resquícios da contracultura dos anos 1970 em seus livros Para os inocentes que ficaram em casa eUm bom lugar pra morrer.

Domingos Pellegrini, que começou com uma poesia militante e muito crítica nos anos 1970, continua firme, variando sua temática que vai de um livro de sonetos primorosos como Gaiola aberta, a coletâneas comoPoesiamorosa e O tempero do tempo, em que se comunica com o leitor com uma linguagem simples e eficiente e com característico senso de humor.

Nova geração

Os novos poetas que estão começando a publicar se destacam pela escrita refinada, denotando a prática tradutória significativa a que me referi. Guilherme Gontijo Flores traduziu nada menos que as Elegias, de Sexto Propércio; as Odes, de Horácio; As janelas, seguidas de Poemas em Prosa Franceses, de Rilke, em parceria com Bruno D’Abruzzo; e A anatomia da melancolia, de Robert Burton, em 4 volumes. Expressando refinamento, lançou recentemente seu primeiro livro de poemas, Brasa enganosa. Com ele se soma Adriano Scandolara, que traduziu ingleses românticos como Shelley. Scandolara publicou Lira de lixo, seu primeiro e corrosivo livro, que traz um olhar para a vida urbana. Somando-se a Bernardo Lins Brandão e Vinicius Ferreira Barth, sediados em Curitiba, Scandolara e Gontijo Flores criaram o siteEscamandro, agora transformado também em revista de tradução impressa. Com eles, somam-se os trabalhos de Ivan Justen Santana e Rodrigo Madeira, de pegada variada e prolífica na tradução e com uma poesia que combina escrita elaborada, com senso de humor irônico, em nada lembrando a típica poesia de anos anteriores. Assim como eles, é importante mencionar o trabalho de Caetano W. Galindo, que ganhou o Jabuti 2013 pela tradução do Ulysses, de James Joyce. E, sem esgotar a lista, há os ingleses e irlandeses traduzidos por Luci Collin e os norte-americanos mais recentes (Bukowski e Leonard Cohen) vertidos ao português por Fernando Koproski. Diante dessa profusão de tradutores, pode-se imaginar o impacto que essa prática poderá ter na nova poesia parananese. Luci tem experimentado mais a prosa, não uma prosa qualquer, mas remarcada por uma escrita que se contamina de poética. Com marcante lirismo amoroso e irônico, Fernando Koproski, em livros de poemas e letras de músicas, demonstrou domínio e sutileza de escrita cujo desdobramento causa curiosidade após a passagem por Bukowski e Cohen. Situa-se nesse cenário a produção apurada de poetas como Jussara Salazar, que explora a memória com lirismo refinado e expressão barroca percorrida por discreta metafísica; Mauro Faccioni Filho, cuja poética passou pelos clássicos gregos e chegou a uma dicção medida e racionalizada em que a incomunicabilidade se transparece na condição de “duplo dublê” do homem contemporâneo; Marcelo Sandmann, que concebe músicas e poemas de fina ironia e crueza, regidos por apuro formal e concisão, fazendo leitura crítica e dialogando com a obra de escritores tão variados quanto João Cabral, Leminski, José Paulo Paes, Dalton Trevisan e outros; Marília Kubota, que combina memória, paisagem e metafísica no registro de cruezas da vida solitária globalizada, com estranheza em relação aos semelhantes, agregando mais recentemente um tom crítico e irônico que se consolidou no seu recente livro Esperando as Bárbaras; Miguel Sanches Neto, com poética marcante, que vai da autobiografia ficcionalizada à biografia dum outro na barroca Ouro Preto, em tons trágicos, no ótimo livro Venho de um país obscuro, além de conceber um senso de humor distinto na reunião Pisador de horizontes; Rodrigo Madeira, que registra a cidade e a vida urbana com densidade e múltiplos referenciais, no ótimo livro pássaro ruim; Edson Falcão, com uma poesia impactante, entremeada de surpresas pela forma como observa e escreve, nos três ótimos livros cujos títulos já são por si instigantes: As musas do canal Belém, O ossário de um ferreiro e A fachada e os fundos; Mario Domingues, tradutor de Lucrécio, Ovídio, Propércio e um cummings indicado ao Jabuti, os quais, com outros referenciais, interagem na imagética poesia de paisagem transitória e musga; a poesia irônica de Helio Leites, a marginal de Batista de Pilar; o experimentalismo caótico com a linguagem esvaziada de sentido e ressignificada nos livros de Amarildo Anzolin, assim como também na de Ricardo Pedrosa Alves, em registros distintos; a revitalização bem humorada do haicai em Álvaro Posselt (que está também nos “haicaipiras” de Pellegrini) e a reafirmação de sua tradicionalidade em Alice Ruiz; o sujeito poético “ultracontemporâneo” e urbanóide de Ana Guadalupe; o erotizado de Greta Benitez, assim como em Dalton Trevisan ao reinterpretar os Cânticos; a metafísica e as marcas da memória e do tempo em Paulo Venturelli, Fábio Campana, Bárbara Lia e Karen Debértolis; a forte associação da poesia com vertentes da música, como em Nelson Alexandre, Ricardo Pozzo, Alexandre França, Estrela Leminski, Neuza Pinheiro; o neo simbolismo de Andreia Carvalho; a escrita e um eu poético multifacetados em Luiz Felipe Leprevost. Fora da capital há poéticas singulares como a de Jairo B. Pereira, com poemas de linguagem crítica reiterativa, tematizando a vida à beira do Rio Iguaçu, pastoril, ora contaminando-a com signos de consumo urbano ou a vida dos sem- -terra; é curioso que numa mesma pequena cidade como Quedas do Iguaçu haja outro tão prolífico autor como Jairo, Solivan Brugnara, com uma poética que registra o cotidiano na fronteira com o Paraguai ou explora temáticas sobre a vida no interior, sempre com senso crítico peculiar e distintivo; Marco Aurélio Cremasco combina nostalgia do campo e desajuste à vida urbana, passando pela temática religiosa, buscando a síntese da simplicidade expressional.

Se é alta e de qualidade a deglutição, a regurgitação não fica a dever e o momento em que vivemos é promissor, anunciando valiosas obras poéticas. Já quanto à minha obra, deixo-a com Os mortos na sala de jantar, em banquete regado a Pirão de sereia e de poetas, como estes todos.

http://www.candido.bpp.pr.gov.br/mo...antropofagica-poesia-paranaense-contemporanea

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E lista mais detalhada de lançamentos na Cia das Letas:

Futuros lançamentos
As datas abaixo são previsões, e estão sujeitas a alteração.

Janeiro/2014


Companhia das Letras
Medo, reverência, terror, Carlo Ginzburg
Tudo o que sou, Anna Funder
Lionel Asbo, Martin Amis
O ladrão do tempo, John Boyne
Prosa, Elizabeth Bishop
Schmidt recua, Louis Begley
Milagre em Joaseiro, Ralph Della Cava

Editora Seguinte
Tormento, John Boyne
O alçapão (Infinity Ring #3), Lisa McMann

Editora Paralela
Quando estou com você, Beth Kery

Fevereiro/2014


Companhia das Letras
Engenheiros da vitória, Paul Kennedy
Esta valsa é minha (Nova edição), Zelda Fitzgerald
Bom dia, camaradas, Ondjaki
Entre amigos, Amós Oz
O corpo no escuro, Paulo Nunes
A cabeça do santo, Socorro Acioli
Quando é dia de futebol, Carlos Drummond de Andrade
O mundo é plano (edição econômica), Thomas L. Friedman
Goya à sombra das Luzes, Tzvetan Todorov
Soldados, Harald Welzer
Semíramis, Ana Miranda
Boca do inferno, Otto Lara Resende

Penguin-Companhia
Orlando, Virginia Woolf
Caninos brancos, Jack London

Companhia de Bolso
O mesmo mar, Amós Oz

Companhia das Letrinhas
Os mundos de Teresa, Marcelo Romagnoli
Max, Ed Vere
O xixi da Lulu, Ailie Busby
Barrigão no chão
A jornada de Taro, Dosho Saikawa

Quadrinhos na Cia.
As barbas do imperador, Lilia M. Schwarcz & Spacca

Editora Seguinte
Contos da Seleção, Kiera Cass
Contos e lendas dos grandes enigmas da História, Gilles Massardier

Editora Paralela
A invenção das asas, Sue Monk Kidd
Tabuleiro dos deuses (A era do X #1), Richelle Mead
Manual antiautoajuda, Oliver Burkeman
Um desejo selvagem (Renegade Angels #2), Sylvia Day
A estrela de Strindberg, Jan Wallentin
Procurando Mônica, José Trajano

Claro Enigma
O planeta dos sábios, Charles Pépin

Março/2014


Companhia das Letras
O silêncio do algoz, François Bizot
Beco dos mortos, Ian Rankin
Galo-das-trevas, Pedro Nava
A calma dos dias, Rodrigo Naves
Almanaque 1964, Ana Maria Bahiana
Poesia total, Waly Salomão
A paixão medida, Carlos Drummond de Andrade
Eu sou proibida, Anouk Markovits
Segredos em Longbourn, Jo Baker
Caninos em família, Kevin Wilson
O tronco e os ramos, Renato Mezan
O caminho de ida, Ricardo Piglia
O Brasil é bom, André Sant’Anna
Dias perfeitos, Raphael Montes
Um outro amor, Karl Ove Knausgård
Poesia e polícia, Robert Darnton
A tristeza do samurai, Víctor del Árbol

Companhia das Letrinhas
Impressão das coisas, Renata Bueno
Brasil 100 palavras, Gilles Eduar
As aventuras de Pedro Coelho, Beatrix Potter
Pedro o carteiro, Beatrix Potter
O livro do contra, Atak

Penguin-Companhia
Máximas e reflexões morais, François de La Rochefoucau
As afinidades eletivas, Johann Wolfgang von Goethe

Editora Seguinte
A garota certa (Garota <3 Garoto #5), Ali Cronin
A Quase Honrosa Liga de Piratas #1, Caroline Carlson
A aliança (Crônicas de Salicanda #3), Pauline Alphen

Editora Paralela
Da minha terra à Terra, Sebastião Salgado
Mulheres francesas não fazem plástica, Mireille Guiliano
Mulheres francesas não engordam, Mireille Guiliano
A vida secreta das abelhas, Sue Monk Kidd

Portfolio Penguin
Bilhões e lágrimas, Consuelo Dieguez

Ainda em 2014:
Doze anos de escravidão, Solomon Northup
Pietr, o Letão, Georges Simenon
Le Pendu de Saint-Pholien, Georges Simenon
Guerras sujas, Jeremy Scahill
Zero zero zero, de Roberto Saviano
Telegraph Avenue, Michael Chabon
Tenth of December, de George Saunders
Há garotos zigue-zague, de David Grossman
Uma longa queda, de Nick Hornby
The Goldfinch, Donna Tartt
Middlesex, de Jeffrey Eugenides
NW, de Zadie Smith
Os mil outonos de Jacob de Zoet, de David Mitchell
Infinite Jest, de David Foster Wallace
A escolha (A Seleção, vol. 3), de Kiera Cass
Todo o Bob Cuspe, de Angeli
Manual do Minotauro, de Laerte Coutinho
Metamaus, de Art Spiegelman

Sem data definida:
Diários vol. 2, de Susan Sontag
Cloud Atlas, de David Mitchell
Transubstanciação, de Lourenço Mutarelli
O clube do filme da Meryl Streep, de Mia March
The pale king, de David Foster Wallace
Dois irmãos, adaptação da obra de Milton Hatoum por Gabriel Bá e Fábio Moon
Mensur, de Rafael Coutinho
Três amigos completos, de Laerte, Glauco e Angeli

http://www.blogdacompanhia.com.br/futuroslancamentos/
 
Última edição:
A cada dois meses travo uma batalha com o Mrs. Dalloway, sempre acabo achando um pé no saco e largo ele de lado. Daí peguei aversão a Virginia Woolf.
Só pra desabafar mesmo.
 
elizabeth bishop <3

e infinite jest continua sem data definida, eta. e ainda tinha gente esperando pré-venda para dezembro/13 :lol:

Tava falando com o Galindo e nem ele sabe mesmo, mas um passarinho disse que setembro é o plano.


E MEU DEUS DO CEU PAREM DE LIGAR PARA LIVROS DE GENTE MORTA: novo livro de André Sant'Anna, a.k.a. melhor autor nacional vivo.
 
matéria que saiu no cândido sobre os lançamentos de 2014 de autores paranaenses:

http://www.candido.bpp.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=44&tit=Esvaziando-as-gavetas

No que diz respeito à literatura feita no Paraná, por paranaenses ou radicados no Estado, 2014 promete. De estreantes a autores consagrados, o ano literário que começa sinaliza que serão muitas as sessões de autógrafos. Tem de quase tudo e para todos os paladares: conto, romance, até prosa performática, infantil, juvenil e poesia. Se é da quantidade que vem a qualidade, os leitores e críticos fiquem atentos, e fortes: deve haver muita intensidade nessas páginas anunciadas.

O maringaense Oscar Nakasato, vencedor do Jabuti 2012 de Melhor Romance com Nihonjin, conta que o seu novo romance, ainda sem título, traz protagonistas nipo-brasileiros, a exemplo do que os leitores encontraram em sua obra de estreia. O enredo da próxima obra deve apresentar uma trama diferente da de Nihonjin. “Como são dois narradores-personagens, estou procurando uma dicção diferente para cada um, o que não é fácil”, explica.

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O curitibano Cezar Tridapalli vai publicar O beijo de Schiller pela editora Arte & Letra ainda no primeiro semestre — o romance venceu o prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura 2013 na categoria ficção. De acordo com o autor, a narrativa coloca em cena um escritor de relativo sucesso que, em meio à escrita de um romance, torna-se refém de um misterioso sequestrador que o desestabiliza de diferentes modos. “Há uma questão técnica do foco narrativo que, no meu primeiro romance, era em terceira pessoa. Agora, a narração será em primeira pessoa, com trechos em terceira pessoa do romance que o protagonista está escrevendo”, adianta Tridapalli. O escritor observa que os personagens do novo livro, comparados aos de Pequena biografia dos desejos, o seu primeiro romance, carregam em si as contradições próprias do ser humano. “Eles são carentes e sensíveis, ao mesmo tempo em que mostram egoísmo e cinismo, transitando por aspectos mais variados do nosso caráter”.

Finalista da última edição do prêmio Portugal Telecom com o romance A máquina de madeira, Miguel Sanches Neto, que vive em Ponta Grossa, finaliza um outro romance, que irá retratar o que teria acontecido com o Brasil caso Getúlio Vargas tivesse declarado apoio aos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. O livro foi a primeira ficção nacional encomendada pela editora carioca Intrínseca, em 2012. Sanches Neto lança ainda a coletânea de contos O móvel mundo, pela Companhia das Letras, e Poesia reunida, pela Ficções.

Estreias
A editora paulista Terracota promete disponibilizar nas prateleiras e gôndolas de livrarias, logo no início do ano,Sísifo desatento — livro finalista do Prêmio Sesc de Literatura em 2007, escrito pelo curitibano Homero Gomes. “Nessa reunião de contos, tenho a preocupação não apenas com a construção da linguagem, mas em contar histórias que transitam pelo nonsense, o fantástico, o suspense e a violência urbana”, afirma. Gomes conta que os primeiros contos do livro foram escritos há dez anos e reescritos desde então. Tempo do corpo, primeiro romance do escritor, também está previsto para 2014 e integra uma coleção de novos romancistas idealizada pelo editor Paulo Sandrini, da curitibana Kafka Edições. “Iniciei o livro em 2008, mas ele ainda não recebeu o ponto final, continua recebendo retoques,
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principalmente em relação ao enredo”, conta o autor, que escreve uma narrativa policial protagonizada por um detetive e ex-torturador do regime militar.

Outro autor que faz uma incursão pela literatura policial é Rodrigo Garcia Lopes, que no primeiro semestre de 2014 publica O trovador. Assim como Homero Gomes, o poeta londrinense vai fundir à narrativa de mistério reflexões históricas de sua cidade natal. Autor das coletâneas de poemas Visibilia e Nômada, entre outros livros, Garcia Lopes faz sua estreia na prosa. “Levei alguns anos para terminá-lo, com certeza bem mais do que eu imaginei quando comecei a escrevê-lo”, revela.

O trovador será publicado pela editora Record e é ambientado nas cidades de Londrina e Londres, em 1936. “Além da paixão mais recente pelo gênero [romance policial] e pela história de Londrina, o livro tem como pano de fundo a saga da colonização do Norte do Paraná, 450 páginas e uma trama complexa. Um pouco da pegada do romance-enigma britânico, mas também do noir americano, do romance de aventura”, explica Garcia Lopes, que critica o histórico desprezo da crítica literária brasileira à narrativa policial. Segundo o autor, o romance pretende levantar questões de identidade e moral, além de corrupção política, relações internacionais e colonialismo.

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Já o catarinense Paulo Venturelli, radicado em Curitiba desde 1974, adianta que seu próximo romance,Madrugada de farpas, abordará um relacionamento homossexual. “Trata da história de dois rapazes que estudam na Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde cursam letras e se apaixonam. Um é negro, outro é loiro. Para dialogar com Bom crioulo, de Adolfo Caminha. Como nesta província esse tipo de relacionamento ainda é mal visto, os dois terão de enfrentar todas as vicissitudes do gênero para viver o que lhes interessa”, afirma Venturelli, adiantando que o romance está em fase de leitura por uma editora.

Confirmado mesmo está seu próximo título infantil, Pê e o vasto mundo, com lançamento no segundo semestre pela Positivo — editora que também publicou seu Visita à baleia, vencedor do prêmio de Melhor Livro Infantil de 2013, concedido pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). “é um texto anfíbio, talvez um poema em prosa ou prosa em versos. É a captação de momentos, instantâneos de Pê, um menino que está crescendo e descobrindo certas facetas do mundo, suas impressões, e que tem sua consciência mostrada por meio de filigranas poéticas, sem jamais cair numa narrativa com começo, meio e fim”, conta o autor.


Na banca e no digital
Com uma obra extensa, Domingos Pellegrini deve ter um 2014 com vários lançamentos. A revolução dos cães, romance juvenil de ficção científica, será lançado pela editora Moderna, enquanto Perfeito de todo jeito, sobre obesidade juvenil, sai pela editora FTD. Já a Geração Editorial publica O rato e a sementinha, este para os pequenos.

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Mas Pellegrini guarda ainda dois lançamentos para este ano. O livro de memórias Lembranças de Leminski, que circulou pela internet em outubro passado com o título Passeando por Paulo Leminski, já tem editora contratada, que o autor prefere manter em sigilo. A obra será lançada assim que o Supremo Tribunal Federal decidir sobre a publicação de livros biográficos sem a necessidade de autorização do biografado ou herdeiros. No ano passado, a poeta Alice Ruiz, viúva de Leminski, mostrou-se contrária à publicação da obra escrita por Pellegrini. Segundo ela, o livro do escritor londrinense traz uma visão negativa do poeta curitibano, morto em 1989.
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O outro lançamento do autor de Terra vermelha é o livro de crônicas Amorumor, que integra uma coleção preparada pelo jornalista Rogério Mainardes para a Gazeta do Povo, visando a distribuição em bancas.

Cristovão Tezza também ataca em diversas frentes em 2014. Seu novo romance, O professor, será lançado em março pela Record — e em nada lembra o tom autobiográfico de O filho eterno, livro que lhe rendeu vários prêmios. Tezza prefere não adiantar muitos detalhes, mas parece otimista em relação à recepção do livro. “É um romance de fôlego, que me consumiu dois anos de trabalho e que considero meu melhor romance”, declara ele, que publicará ainda Uma questão moral, reunião de três contos inéditos em livro — a sair pela Arte & Letra em tiragem limitada de 200 exemplares e impressão artesanal.

Para os leitores já acostumados ao universo dos livros digitais, Tezza prepara uma coletânea de 100 textos críticos e ensaios, publicados na imprensa entre 1995 e 2013.Leituras: resenhas & ensaios terá apresentação do crítico Manuel da Costa Pinto e será lançado exclusivamente em e-book pela Amazon.


Romance-performance

O escritor e músico curitibano Carlos Machado lança, também, pela Arte & Letra, Passeios, livro de contos que ele considera uma continuação dos seus trabalhos em A voz do outro (2004) e Nós da província: diálogo com o carbono (2005), ambos publicados pela casa carioca 7Letras.

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“Em A voz do outro, o personagem se confunde com o narrador e está em busca de uma voz para contar suas histórias, mas descobre que só conseguirá essa voz caso ouça muitas outras ao seu redor. No caso de Nós da província, o personagem é muito intimista dentro de sua cidade e se busca dentro de si e não na cidade”, explica Machado. Em seu novo livro, os personagens buscam suas próprias origens, em cenários que vão desde Londrina, São Paulo e Manaus, até Lisboa, Paris e Rio de Janeiro.

Um romance-performance é como o curitibano Alexandre França classifica Hidra, que sai ainda no primeiro semestre pelo selo Encrenca – Literatura de Invenção. “Não há um eixo narrativo ou uma conclusão lógica, mas uma performance. Textos poéticos são encontrados em diferentes locais por diferentes mulheres, textos que entram em curto circuito com o momento que elas estão vivendo”, adianta o autor, que tem programado para 2014 outro romance, este pela Arte & Letra.

O drama dos viciados em crack está no centro do enredo deArquitetura do mofo. “É uma droga muito potente que, sem moralismo, corrói o indivíduo em pouquíssimo tempo. Penso que o livro acaba sendo uma reflexão acerca das relações tortuosas entre usuários e não-usuários”, conta França.

Parceiro de França em algumas composições musicais, o escritor e poeta Luiz Felipe Leprevost pretende dar continuidade à sua “trilogia da geada”, iniciada em 2011 com E se contorce igual a um dragãozinho ferido. Previsto para o primeiro semestre do ano, Dias nublados é uma novela que, inicialmente, integraria a Coleção Osório da Arte & Letra, com histórias profundamente ligadas à espaços da cidade. “O personagem principal mora na região central de Curitiba, mas não é um livro muito focado no centro, e sim num deslocamento cíclico e ininterrupto”, conta Leprevost, que comenta ainda sobre a linguagem do livro, menos experimental que a observada em sua última obra, Salvar os pássaros, publicada pelo selo Encrenca. “Não é uma linguagem tão aberta, entortada e experimental, mas também não espero que seja totalmente aristotélica no sentido de começo, meio e fim. Cada livro impõe a sua forma”, finaliza.

O curitibano Guido Viaro, autor de uma dezena de livros, como Confissões da condessa Beatriz de Dia, procura editoras para publicar seus próximos romances. A sombra oca narra a trajetória de um homem de meia idade que embarca numa viagem ao redor do mundo e se perde nos confins da Ásia, enquanto Shopping Mall — O triunfo do consumo traz elementos de ficção científica e é ambientado no ano de 2166.

O escritor Marcio Renato dos Santos prefere manter o suspense e não revela o título de sua nova coletânea de contos, que sai em março pela Travessa dos Editores. No mesmo mês, o autor lança o Dicionário amoroso de Curitiba, livro que integra um projeto da editora baiana Casarão do Verbo, que convidou escritores das 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 para escreverem um dicionário ficcional de suas metrópoles. Autores como João Carrascoza (São Paulo) e Altair Martins (Porto Alegre) também fazem parte da coleção.

Publicando pelo menos um livro por ano na última década, Dalton Trevisan retorna com O beijo na nuca, pela Record. Outro livro de Trevisan está previsto pela Arte & Letra, no esquema artesanal de tiragem limitada. Os editores, porém, são cautelosos e preferem divulgar poucos detalhes da obra, ao modo de Dalton.
 
Saiu a página do Orlando da Virginia Woolf na Cia das Letras:

http://www.companhiadasletras.com.br/penguin/titulo.php?codigo=85125

A tradução é do Jorio Dauster, que tem na bagagem Nabokov e Salinger.

Gente. Até hoje eu nem sabia do que se tratava esse livro aí. Já ouvi falar muito por cima, e mais por causa do filme que fizeram. Pareceu ser bem interessante.

"Nascido no seio de uma família de boa posição em plena Inglaterra elisabetana, Orlando acorda com um corpo feminino durante uma viagem à Turquia. Como é dotado de imortalidade, sua trajetória então atravessa mais de três séculos, ultrapassando as fronteiras físicas e emocionais entre os gêneros masculino e feminino. Suas ambiguidades, temores, esperanças, reflexões - tudo é observado com inteligência e sensibilidade nesta narrativa que, publicada originalmente em 1928, permanece como uma das mais fecundas discussões sobre a sexualidade humana.
A um só tempo cômico e lírico, Orlando mostra o trajeto do personagem entre embates com armas brancas, acalorados debates filosóficos no século XVIII, a maternidade e até mesmo num volante a bordo de um automóvel. Tudo isso vem costurado pela prosa luminosa de Woolf nesta que é uma das grandes declarações de amor da literatura ocidental.
Esta edição inclui introdução e notas de Sandra Gilbert, especialista em estudos de gênero e literatura inglesa, e uma brilhante crônica-ensaio de Paulo Mendes Campos, um dos grandes leitores brasileiros da obra de Virginia Woolf."

Acho que entra para a minha to-buy list de 2014.
 
Orlando é lindo! Li ano passado. A ideia geral do livro é contar a história do(a) (respectivamente) Orlando ao longo dos séculos, começando na Época Elisabetana. E, conforme ele(a) vai mudando de época e de lugares, a técnica da Woolf também muda! Então tipo, tem uma parte que o (na época é ainda "o") Orlando tá num castelo, então a Woolf narra tudo de forma gótica, fazendo aquele bagulho de você literalmente sentir como se estivesse dentro do castelo todo empoeirado...

E ainda tem a questão do estilo de escrita da própria Virginia Woolf, que é feito de frases grandes mas que se subdividem a partir de ponto-e-vírgula. Então, seria como se eu falasse do céu azul; a rua cinza; a árvore verde; a calma do aposento; etc etc. E isso ajuda pacas na hora de criar um clima de estabilidade próxima da mudança ou de mudança próxima da estabilidade, que fazem com que o romance te localize profundamente numa época e em época nenhuma.
 
Essa editora Grua aí, não conheço. Mas gostei de saber que sairá tradução direta do grego de "A última tentação de Cristo", que eu já andava procurando em sebo e tal; quem sabe arranjo essa aí.
 
Aleph p/ 2014:

MARÇO

- "Homens Difíceis - Os bastidores do processo criativo de Breaking Bad, Família Soprano, Mad Men e outras séries revolucionárias" (The Difficult Men), Brett Martin.
- "Spreadable Media" (ainda sem título em português), Henry Jenkins, Sam Ford e Joshua Green.
-"Androides Sonham Com Ovelhas Elétricas?" (Blade Runner), Philip K. Dick.

ABRIL
"Filhos de Duna", Livro Três das Crônicas de Duna, Frank Herbert.

MAIO
- "Sombras do Paraíso" (Heaven's Shadow), David S. Goyer e Michael Cassutt.
- "How To Create a Mind: The Secret of Human Thought Revealed" (ainda sem título em português), Ray Kurzweil.

JUNHO
- "The Naked Sun" (ainda sem título em português) - Segundo livro da Série dos Robôs, Isaac Asimov.
-"Um Cântico para Leibowitz", Walter M. Miller Jr.

JULHO
-"História Zero"- Terceiro livro da Trilogia Blue Ant, William Gibson.
-"Origens da Fundação" (Forward The Foundation) - Sétimo e último livro da saga Fundação, Isaac Asimov.
 
Para quem assistiu ao filme e ficou curioso sobre o livro, a Planeta lançará O Lobo de Wall Street em 24/1 (com capa do filme ¬¬).
 
Essa editora Grua aí, não conheço. Mas gostei de saber que sairá tradução direta do grego de "A última tentação de Cristo", que eu já andava procurando em sebo e tal; quem sabe arranjo essa aí.

A tradução lançada pelo Círculo do Livro - não lembro qual editora cedeu - não era direta?

BTW, no aguardo da minha edição do "Relato para El Greco", direto do grego e a ser lançado pela Cassará.
 

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