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Clube de Leitura 26º Livro: Fausto (Johann Wolfgang von Goethe)

Quero participar, mas vou precisar comprar um novo porque o meu é uma edição bunda do Martinho Clarineta. Adoro Goethe, de paixão, e Fausto foi um dos meus iniciadores na verdadeira literatura.

O formato é de livro bom.
Eu acredito que o livro é bom mesmo, só não tenho paciência pra ler.
 
Acho que a maior dificuldade é o rigor estilístico e a linguagem rebuscada, até para uma obra do século XVIII, até para o Goethe. A tentativa foi realmente de criar um épico baseada em uma lenda pan-europeia muito popular, e deu certo! Mas requer esforço, dedicação e muita paciência, eu suei pra conseguir terminar, mas era muito verde ainda, tinha uns vinte aninhos e estava saindo da vibe de romances históricos e livros de fantasia. Aí quis me iniciar nos clássicos logo com esse livro e Crime e castigo, deve ser por isso que sou tão perturbado da cabeça assim.
 
Eu não tenho tempo pra ficar perturbada da cabeça, por isso leio livro de romance água com açúcar, fantasia e um ou outro clássico quando eu percebo que dou conta.
 
O papo tá muito bom, tá muito lindo, mas cês já começaram a ler? Eu li Dedicatória e Prólogo no teatro, mas não me lembro de nada do que li, e terei de ler novamente. Isso explica a minha dúvida anterior: provavelmente, já li tudo, sim, mas minha memória apagou os trem tudo, exceto o pacto.​
 
Ainda sobre a rigidez do idioma, estou lendo Schopenhauer e ele critica, entre várias outras coisas, a inversão da posição dos verbos em uma frase. Então sim, há quem inverta, embora os puristas da língua se descabelem, e considerem um erro, como é o caso do velho Schop.
No exemplo que ele dá a inversão é entre verbos. Um verbo que deveria estar no final da frase está no começo e o verbo do começo foi pro fim. Nesse caso, não há um verbo trocando de posição com um substantivo, por exemplo. Então é um inversão, mas continua sendo rígida.
Infelizmente no livro só aparece esse exemplo. Não sei se ele comenta outros tipos de inversão. Na edição que estou lendo o tradutor optou por omitir os demais, justificando que a tradução para o português não faria sentido, uma vez que são peculiaridades da gramática alemã cujos equivalentes inexistem no nosso idioma.
Mas Schopenhauer elogia Goethe (várias vezes). Então não devemos esperar inversões sintáticas não permitidas pela norma padrão alemã no texto original dele.
 
Acho que a poesia em qualquer língua sempre tomou liberdades que na prosa eram "proibidas" ou desencorajadas pelos ditos puristas. Até no inglês, por exemplo: todos aprenderam no colégio ou no cursinho de idiomas que a ordem canônica do inglês é adjetivo + substantivo. Mas daí o cara vai ler qualquer poema em inglês e vem lá "pastures green", "life eternal", etc. Claro, é um exemplo meio banal. Acredito que isso aí nenhum gramático inglês condenaria, mas as inversões sintáticas na poesia são mais radicais, com frequência (só não me ocorre nenhum exemplo agora porque tenho pecado muito na leitura de poetas estrangeiros haha). Eu realmente não sei qual é o medo ou a aversão que as pessoas têm de inversões sintáticas; é só falta de hábito, mesmo. Não tem bicho de sete cabeças nenhum nisso. É até bom ler coisas assim que vão exercitando o cérebro. :hihihi:
 
No português a gente está bem familiarizado com hipérbatos, é coisa que sempre se usou no idioma, desde os seus primórdios. Ano passado li um livro de trovadores galaicos-portugueses cheio de inversões. Pra quem tem contato com poesia de língua portuguesa, soa natural.

Mas no alemão não é algo comum, nem mesmo em linguagem poética. Pelo texto do Schopenhauer, ele dá a entender que esse fenômeno é recente na língua alemã. Coisa do século XIX.
Curioso que o Hochdeutche, considerado o idioma padrão, só foi oficializado no início do século XX, embora já fosse utilizado desde o séc. XVI.

Agora não lembro se é sobre as inversões ou se é sobre outra coisa que o Schopenhauer comenta que o inglês e o francês permitem e que o alemão não. A real é que acho ele bem chatão em várias passagens, embora em alguns pontos ele apresente argumentos bastante coerentes que justificam a sua crítica, em outros ele só parece um velho conservador reclamão, esperneado que estão degenerando a erudita e superior língua alemã. Mas meu conhecimento de alemão é insuficiente pra precisar onde exatamente é o limiar entre uma critica justamente embasada e a pura e simples reclamação.
 
Eu sou neném em poesia e achei bem fresca essa reclamação. Bom, pode ser uma peculiaridade do alemão. Queria ver essa galera estudando poesia sânscrita.
 
Mas daí o cara vai ler qualquer poema em inglês e vem lá "pastures green", "life eternal", etc.
Isso me lembrou as poesias de Tolkien. Ele é até cansativo com esse recurso. Parece que metade dos versos dele termina com adjetivo.
 
Última edição:
Isso me lembrou as poesias de Tolkien. Ele é até cansativo com esse recurso. Parece que metade dos versos dele terminam com adjetivo.
Não conheço mas, muito provavelmente, isso deve ser cavilha, também chamada de rípio. Aquela palavrinha pra tapar buraco ou, sendo no fim de verso, pra garantir a rima. Tipo a nossa "noite escura". Daí o gajo vai lá e fala em "forest green" ou "maiden fair" etc. que a rima fica assegurada sem dificuldades. Faz parte do jogo.
 

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