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Cinco livros favoritos com Loveless

Fúria da cidade

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Introdução por @Melian

Nunca tive dúvida de que viver é pactuar: seja consigo, com os outros, com um propósito, com um despropósito, enfim, viver é integrar; sentir-se parte, fazer-se parte e, às vezes, partir. Nunca tive dúvida de que viver é, em certa medida, buscar pela inalcançável e, talvez por isso, fascinante harmonia entre as muitas vozes responsáveis pela (re)criação do mundo. Inúmeras vozes passam muito tempo cantando sozinhas, ou apenas escutando o cantar de outras vozes. É que, num primeiro momento, só conhecemos aquela canção que, de início, Ilúvatar colocou em nossas mentes e, por mais que queiramos ouvir a canção que o outro guarda, diante do desconhecido, recuamos.

Tememos que a canção do outro seja grandiosa e que a nossa seja pífia; tememos que o outro se encante por outra canção, que não a nossa, e nos deixe; tememos, sobretudo, que o outro se apaixone pela nossa canção, e que possamos, em harmonia, cantar e encantar o mundo. Viver é pactuar, seja com nossos pontos fortes ou fracos, seja com o Mefistófeles fictício, ou com o real, este que nos habita, este que nos constitui, este com o qual só conseguimos lidar após saborearmos uma deliciosa torta de cereja, enquanto tomamos consciência de que nunca vamos entendê-lo, e que é exatamente por esse motivo que ele sempre será fascinante.

Comentário de @Loveless
Bem, de início já informo que essa não é bem uma lista de cinco livros favoritos. Talvez até seja, eu que não sei se é mesmo. O meu autoconhecimento não é tão bom assim. A lista a seguir é composta de livros impactantes, livros marcantes. Livros que me deixaram dias e dias pensando sobre eles; livros em que cada frase, linha ou palavra era como um mergulho em meu próprio eu, em pensamentos e divagações que fazem parte de mim até hoje.

Ademais, aproveitando o ensejo, agradeço muito à Valinor e a todos do fórum pelo ambiente tão propício e tão estimulante. Não tenho muitos amigos da “vida real” que são leitores, então acompanho fielmente todas as discussões literárias (e sobre arte, cultura, cinema, música) do fórum, discussões essas sempre muito ricas e estimulantes. Sinto-me muito acolhido por aqui.


1. Fausto (Goethe)

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Quando conheci a história do livro, e a história fáustica em geral, fiquei assustado e ao mesmo tempo fascinado. Peguei-me pensando nela por dias, semanas, até decidir comprar o bendito livro. Logo no início, um impacto: não entendi absolutamente nada da Dedicatória. O Prólogo no Teatro tampouco foi inteligível. Será que essa obra era mesmo para mim?

A partir do Prólogo no Céu as coisas ficaram um pouquinho mais claras. Lá fui apresentado a um dos melhores personagens da literatura de todos os tempos: Mefistófeles. Irônico, sagaz, sarcástico, astuto, ardiloso, malicioso, e, ao mesmo tempo, fascinante.

Não nego que o livro é bastante complexo, ao menos para mim; foi a leitura mais difícil da minha vida até ler Origem do Drama Trágico Alemão, do Walter Benjamin; só que, ao contrário desta, a leitura de Fausto foi muito gratificante. De fato, foi uma aventura, passando por altos e baixos, pelo grotesco e pelo belo, pela alegoria e pelo símbolo, pelo infernal e pelo divino, até chegar na última cena do último ato do segundo livro, a cena do Desfiladeiro, sem dúvidas uma das coisas mais lindas que já li; cena essa cujos diálogos foram imortalizados na segunda parte da Oitava Sinfonia de Mahler, certamente a mais bela dentre todas as sinfonias do universo.

Cada leitura é uma aprendizagem nova, é um pedaço de mim que se completa, ainda que pouco a pouco. Sinto-me um ser mais completo especialmente após ler obras dessa magnitude.

(Esse texto originalmente tinha uns oito parágrafos, mas se ninguém vai ler isso, imagina duas vezes disso).

2. O Silmarillion (J. R. R. Tolkien)

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Cumprindo a cota de Tolkien da lista.

Sempre fui fascinado pelos filmes do Senhor dos Anéis. Assisti incontáveis vezes, desde quando era criança. Os filmes do Hobbit, apesar de suas questionáveis qualidades, trouxeram novos aspectos da obra para os leigos como eu, e esses aspectos relativos ao universo do Legendarium foram me deixando cada vez mais curioso. Toda hora eu pesquisava alguma coisa e vivia no Tolkien Gateway. Até que chegou um dia que percebi: tenho que ler O Silmarillion. Ao contrário da maioria, que começa com o Hobbit ou com a trilogia, eu fui direto na fonte de tudo. E saí dela apaixonado.

3. O Lobo da Estepe (Hermann Hesse)

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Harry Haller é um personagem insuportável. Arrogante, pedante e hipócrita, ele consegue ter várias características detestáveis. E é por isso que eu o odeio: porque eu me identifico muito com ele. Porque vejo nele muito de mim, e porque vejo em mim muito dele. Meu sonho é que algum dia um transeunte qualquer me entregue o meu próprio Tratado do Lobo da Estepe – Só para loucos.

Em certo ponto da história, encontramos ela. Ele. Hermínia. Personagem fascinante, mágico, místico, difuso, fantástico, fabuloso, sobrenatural, apaixonante. O resto é história. (Cês perceberam o quanto eu amo e me ligo aos personagens, né?)

Entendi alguma coisa do final? Não. Algum dia entenderei alguma coisa do final? Provavelmente não. Mas, senhoras e senhores, que final sensacional.

4. O Barão nas Árvores (Italo Calvino)

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O Barão Cosme Chuvasco de Rondó decidiu um belo dia simplesmente morar na copa das árvores e nunca mais descer. Parece bobo, e talvez realmente seja. Mas como não se apaixonar pela deliciosa escrita de Calvino e pelos seus personagens? O livro é muito gostoso de ler; talvez seja o mais saboroso e delicioso que já li na vida.

É impossível não sentir alguma coisa pelo livro, pelos seus personagens, pela história, pelos lugares, pelas paisagens, pela forma em que a história é contada. Começando pelo personagem principal, Cosme Chuvasco de Rondó, o Barão de Rondó, que aos doze anos decide subir nas árvores para nunca mais descer. Há outros personagens memoráveis, como o apaixonante João do Mato, Viola, o abade Fauchelafleur, o advogado Eneias Sílvio Carrega, a irmã Batista, Ótimo Máximo... praticamente todos que passam pela vida de Cosme. Talvez o personagem menos interessante seja mesmo Biágio, o irmão de Cosme, que é quem narra a história.

É o terceiro livro da trilogia Os Nossos Antepassados, do Calvino. Os outros dois livros também são excelentes, na mesma pegada. Recomendo a todos de todas as idades.

5. A História Secreta de Twin Peaks (Mark Frost)

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Não é difícil perceber que eu sou apaixonado por Twin Peaks, vide minha foto de perfil. Mais uma vez, declaro aqui minha relação intensa com os personagens. É impossível conhecer essa cidadezinha cheia de mistérios na fronteira com o Canadá e não se apaixonar por ela, por suas paisagens, e especialmente por seus personagens.Poucos sabem, mas além das três temporadas — a última lançada 25 anos depois da segunda, afinal, I’ll see you again in 25 years — também foram lançados alguns livros que são considerados canônicos. Entre eles está o famoso Diário Secreto de Laura Palmer e esse aqui, A História Secreta de Twin Peaks, escrito pelo co-criador da série, Mark Frost.

O livro é um dossiê escrito por um arquivista anônimo sobre a história da cidade de Twin Peaks, sobre seus personagens, e, especialmente, como seu nome sugere, sobre seus mistérios. Envolve as forças sobrenaturais atuando desde o início da civilização, misticismo indígena, teorias conspiratórias, aliens, cientologia, gigantes, e mistérios, muitos mistérios. É bastante fascinante como o autor consegue intercalar os mistérios apresentados com fatos que realmente aconteceram, com pessoas que realmente existiram.

A qualidade gráfica é ímpar, e a forma como tudo é apresentado é sensacional. Temos cartas, transcrições, fotos, pedaços de jornais, depoimentos... tudo que um bom dossiê merece, tudo da forma mais bonita e cuidada graficamente possível.


MENÇÕES HONROSAS:

O Processo (Franz Kafka)


Eu fiquei com sérias dúvidas se colocava O Processo na lista. Juro que ficou até o último instante, e, como se diz no jargão futebolístico, foi substituído aos 45 do segundo tempo. A história de um homem, nosso querido Josef K., ou Kaká, como diz o lindo do @Giuseppe; a história da angústia sofrida pelo homem moderno perante o mundo, perante um estado de coisas tão opressor quanto desesperador. Um livro que me acompanha em meus pensamentos até hoje. Leitura difícil, cansativa, exaustiva, mas muito recompensadora.

Cinematographos (Guilherme de Almeida)

Coletânea de textos do Guilherme de Almeida, poeta modernista brasileiro, sobre cinema, publicados no jornal O Estado de S. Paulo entre 1926 e 1942. É sensacional como podemos acompanhar o olhar de Guilherme sobre essa nova mídia, sobre suas mudanças (o impacto que foi a chegada do som, p. e.), sobre o fazer cinema, sobre o cinema como arte. A forma como Guilherme fala sobre o cinema é apaixonante, e apaixonante é essa obra, tão apaixonante como o próprio cinema.
 
Última edição:
Muito bons os comentários sobre cada livro :clap:

Daí já li o Silma e o Lobo da Estepe.

Fausto está na minha lista de leitura desde sempre, preciso encarar algum dia. Alguém recomenda alguma edição?

Seu comentário sobre o livro do Calvino reflete muito a minha sensação ao ler o Visconde Partido ao Meio. Vou pegar a indicação.
 
Ótima lista! Só li dois dai mas sempre tive os outros na lista...

Um foi O Lobo da Estepe e quase coloquei na minha própria lista mas acredito que falta uma releitura minha para entender melhor essa obra.. que é muito boa!

E o outro que li foi O barão nas árvores muito bom também embora tenha preferido O cavaleiro inexistente... Calvino é foda... escrita leva, boa de ler e bem interessante... vou correr atrás do visconde partido ao meio

Goethe ainda não conheci mas tenho bastante vontade... e o Tolkien é o Tolkien né... enfim, bela lista :clap:
 
Eu só conheço Twin Peaks da TV. Seria interessante ler e conhecer mais

Fausto é um clássico histórico do teatro e que executado no palco foi uma das peças que mais assisti. O Lobo da estepe é um livro que tenho ele baixado no Kindle há um bom tempo. Mais cedo ou mais tarde irei lê-lo.

Ótima lista!
 
Tô passando por aqui para agradecer ao migo Fúria pela presteza em postar a listinha, e para dizer ao Loveless que, quando eu tiver um cadinho "desafogada", escrevo um textinho bonitinho para ser colocado no início, tá? Por ora, não tô com cabeça para muita coisa, mas tudo vai chegar no lugar.
 
É mesmo muito ótimo ver a forma como cada pessoa fala sobre seus livros favoritos; não menos especial foi ver as belas reflexões do nosso garoto @Loveless sobre cada obra. O único da lista que eu li foi O Silmarillion. Do Herman Hesse eu li Sidarta vários anos atrás, mas lembro de pouca coisa do livro.
 
Loveless caprichou nas exposições! Da lista principal só li o Silma, mas se não fosse possível concluir pelas descrições, só a quase-presença de Kafka deixaria claro: baita apreciador de leituras difíceis, ou cansativas! Eu me sinto meio asfixiado só de pensar em O Processo. E é uma sensação que tem tudo a ver mesmo com a proposta.
 
Que lista fofa :3
Eu também só li o Fausto e o Silmarillion.
Já não lembro se também achei confuso o primeiro, como o Loveless indicou; está na hora de reler, porque é um classicão total. Já o segundo, sem comentários... :g:

Do Italo Calvino adorei As Cidades Invisíveis, e gostei bem menos de O Castelo dos Destinos Cruzados, mas ainda assim foi um boa leitura; só que o Visconde Partido ao Meio eu achei maçante e bobo e acabei ficando com a pulga atrás da orelha, achando que o Calvino já tinha dado tudo o que podia rs. Vou tentar lembrar dessa indicação apaixonada aí, para o futuro. (Nota: Eu também já ouvi falar muito bem de Se um Viajante numa Noite de Inverno... — fica a dica).

Do Hesse, só li (duas vezes) o Sidarta. Não sei por que cargas d'água ainda não dei chance a outros livros dele, se havia gostado tanto daquele... :doido:

O do Mark Frost eu deixo passar, mesmo; a não ser que, depois de assistir à série, eu esteja encantado demais, como o menino Loveless, para deixar passar... A ver, a ver.
 
Se um Viajante numa Noite de Inverno... eu não gostei nadica de nada. Acho que sou meio careta pra essas coisas meio fora da caixa.

Do Hesse, tanto o Sidarta quanto o Demian eu achei superiores ao Lobo da Estepe. Mas gostei dos três.
 
Muito bons os comentários sobre cada livro :clap:

Fausto está na minha lista de leitura desde sempre, preciso encarar algum dia. Alguém recomenda alguma edição?
Obrigado, Finarfin :abraco:

Fausto tem uma linguagem difícil e inacessível mesmo no original em alemão. A tradução considerada quase definitiva por aqui é a da Jenny Klabin Segall, traduzida entre os anos 30 e 60 (para você ver, é o trabalho de uma vida). Atualmente é publicada pela 34. Eu li na tradução do Agostinho D'Ornellas, do século XIX, nessa edição mesmo aí da Martin Claret.

Mas li também A Dupla Noite das Tílias, uma exegese do último ato da segunda parte da obra, e nesse livro o Marcus Mazzari utilizou vários trechos da tradução da Segall, e deu para cotejar bem. As duas me pareceram bem boas, apesar de construídas de formas diferentes — a Klabin Segall dá mais atenção às rimas e métrica que o Ornellas.

Tem também a tradução do português João Barrento, premiado tradutor de alemão para o português. Essa tradução é publicada em Portugal pela Relógio D'Água, e não tem edição por aqui. Tenho um amigo que leu e sustenta que essa é a melhor tradução da obra goethiana, mas eu mesmo não tive acesso. Do João Barrento li a tradução dele para o já citado Origem do Drama Trágico Alemão, publicado por aqui pela Autêntica, e, olha... foi sofrido.

E o outro que li foi O barão nas árvores muito bom também embora tenha preferido O cavaleiro inexistente... Calvino é foda... escrita leva, boa de ler e bem interessante... vou correr atrás do visconde partido ao meio
Sim, é bem isso mesmo. Da trilogia eu gostei bastante também de O Cavaleiro Inexistente, e um pouco menos do Visconde Partido ao Meio. De toda forma, acho que vale bastante a pena ler toda a trilogia, é muito saborosa.

Fausto é um clássico histórico do teatro e que executado no palco foi uma das peças que mais assisti. O Lobo da estepe é um livro que tenho ele baixado no Kindle há um bom tempo. Mais cedo ou mais tarde irei lê-lo.
Tenho certeza que a leitura será bem mais interessante e desafiadora, até porque será completa. A única vez na história que a peça de Fausto foi encenada integralmente (com todas as falas e cenas do livro) foi na Expo 2000, com direção do Peter Stein, e a peça teve apenas 16 horas de duração. Uma delícia.

Se alguém gostar bastante de Fausto, recomendo demais a peça, em especial a cena do Sonho de uma Noite de Valpúrgis. Peter Stein foi tão ousado quanto brilhante nessa cena. Recomendo demais. A propósito, quem interpreta o personagem-título na peça é o Bruno Ganz.

Obrigado pelo comentário, Fúria!

Tô passando por aqui para agradecer ao migo Fúria pela presteza em postar a listinha, e para dizer ao Loveless que, quando eu tiver um cadinho "desafogada", escrevo um textinho bonitinho para ser colocado no início, tá? Por ora, não tô com cabeça para muita coisa, mas tudo vai chegar no lugar.
Aguardando ansiosamente, Melian. Mas não precisa ter pressa, faça quando achar melhor, quando sua mente estiver mais livre, leve e solta.

É mesmo muito ótimo ver a forma como cada pessoa fala sobre seus livros favoritos; não menos especial foi ver as belas reflexões do nosso garoto @Loveless sobre cada obra. O único da lista que eu li foi O Silmarillion. Do Herman Hesse eu li Sidarta vários anos atrás, mas lembro de pouca coisa do livro.
Obrigado pelo comentário especial de sempre, Giu. :upa:

Loveless caprichou nas exposições! Da lista principal só li o Silma, mas se não fosse possível concluir pelas descrições, só a quase-presença de Kafka deixaria claro: baita apreciador de leituras difíceis, ou cansativas! Eu me sinto meio asfixiado só de pensar em O Processo. E é uma sensação que tem tudo a ver mesmo com a proposta.
Hahaha, eu admito que gosto de me desafiar com essas leituras um pouco mais difíceis. Confesso que muitas vezes é penoso: durante as leituras o celular já fica no Google para poder entender expressões difíceis e referências obscuras. Mas também adoro uma leitura fácil e saborosa, e procuro sempre alternar os dois tipos de leitura.

Que lista fofa :3

Do Italo Calvino adorei As Cidades Invisíveis, e gostei bem menos de O Castelo dos Destinos Cruzados, mas ainda assim foi um boa leitura; só que o Visconde Partido ao Meio eu achei maçante e bobo e acabei ficando com a pulga atrás da orelha, achando que o Calvino já tinha dado tudo o que podia rs. Vou tentar lembrar dessa indicação apaixonada aí, para o futuro. (Nota: Eu também já ouvi falar muito bem de Se um Viajante numa Noite de Inverno... — fica a dica).
Fofo é você :amor:
Como disse ao fcm, O Visconde Partido ao Meio foi a obra da trilogia que menos gostei. Os três livros tem a mesma pegada, mas esse é o mais bobinho mesmo. Se bem que a última página... deixou meu coração em prantos :cry: O narrador é uma graça.

As Cidades Invisíveis eu tenho aqui, bem como Por que ler os clássicos. Tenho muita vontade de ler o primeiro, se gostar partirei para a obra mais, digamos, hermética do Calvino, rs.

O do Mark Frost eu deixo passar, mesmo; a não ser que, depois de assistir à série, eu esteja encantado demais, como o menino Loveless, para deixar passar... A ver, a ver.
Medo de encher suas expectativas para a série e você achar horrível, hahaha.
 
Última edição:
Eu só li o Silma mesmo. Twin Peaks eu nem sabia que tinha livro, e ainda não vi a série, mas parece interessante. Vou por na lista [\Eriadan]
Pare de ler calhamaços e veja Twin Peaks 🤗. (Sim, tô falando como sua mãe, não como professora).
 
Ô gente, cês num leram Fausto, não? (Não tô julgando, tô apenas pensando no fato de que a gente podia se organizar procês apreciarem essa maravilha. Além disso, para quem vai ler Grande Sertão, ler Fausto, antes, enriquece, muito, a leitura do romance de Guimarães Rosa.)
 
Também só li o Silma.

Mas adorei os comentários, @Loveless ! :clap:

E o menino Loveless transborda cultura. Na hora que ele sacou o Benjamin eu já fiquei assim: :clap: ; mas em seguida ele foi e sacou a Oitava Sinfonia de Mahler e eu fiquei assim: 8O Nem sei que diabos ( :sacou: ) é isso. Partiu perguntar o YouTube.
Hahaha, valeu, Mercúcio. Não sei se você já procurou, a sinfonia é bem longa tem em torno de uma hora e meia, e tem muitos agudos, especialmente femininos, que podem ser um pouco incômodos para quem não tem costume de ouvir. O que Mahler quis fazer com essa sinfonia foi traduzir o universo como o absoluto, o eterno feminino, onde o amor é a chave para a redenção humana. O próprio Mahler diz que a Oitava é o universo inteiro vibrando e ressoando, e as vozes são como os planetas e sóis em plena rotação. Recomendo demais.

Trivia: algumas pessoas que assistiram à estreia da Oitava na Ópera de Viena em 1910: Stefan Zweig, Thomas Mann, Richard Strauss e Arnold Schönberg. Momentos depois, Mahler recebe o seguinte bilhete por causa da estreia da Oitava: "Senhor, esta tarde, no hotel, fui incapaz de expressar-lhe quão profundamente agradeço ao senhor a impressão que experimentei. É para mim uma imperiosa necessidade oferecer-lhe ao menos uma pequena mostra de meu reconhecimento, razão pela qual rogo que o senhor aceite este livro - meu último livro - que envio junto. Certamente é uma pobre compensação pelo que recebi, uma mera insignificância para o homem que, segundo creio, expressa a arte de nosso tempo na forma mais profunda e sagrada. Ass: Thomas Mann". (Fonte: Gustav Mahler: um coração angustiado, Arnoldo Liberman)

Ô gente, cês num leram Fausto, não? (Não tô julgando, tô apenas pensando no fato de que a gente podia se organizar procês apreciarem essa maravilha. Além disso, para quem vai ler Grande Sertão, ler Fausto, antes, enriquece, muito, a leitura do romance de Guimarães Rosa.)
Apoiado! O próprio Guima declarou certa vez que tem muita influência tanto de Fausto quanto de Doutor Fausto (do Mann) no Grande Sertão.
 

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