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Edgar Allan Poe

Não é porque esse é o meu (hehe) mas para ler em inglês essa é a edição mais completa que eu conheço do Poe -> http://www.amazon.com/Edgar-Allan-Poe-Library-America/dp/0940450186

E para quem curte não só a prosa e a poesia dele, tem também da mesma coleção as resenhas e ensaios do Poe -> http://www.amazon.com/Edgar-Allan-Poe-Continental-Literature/dp/0940450194/ref=pd_sim_b_1

Sério, é de babar. Papel bíblia, capa dura e muito, muito Poe (que é o que importa, no final das contas :timido: )
 
Anica você comprou os seus pela amazon? Quanto tempo levou para chegar e se teve alguma taxa adicional ou foi apenas o preço do livro debitado na cotação de dólar do dia?
 
Sim, foi pela Amazon, alrob.

Sobre o tempo da entrega, depende de qual tipo de frete você pagará (tem 3): o mais barato leva 16 a 30 dias úteis, o do meio 11 a 19 dias úteis e o mais caro 2 a 6 dias úteis.

No mais barato o frete sai 5 dólares por item mais 5 pela encomenda. No do meio 7 por livro e 14 pela encomenda e o mais caro 7 por livro e 30 pela encomenda. Não tem taxa nem imposto para livros.
 
Nanda, chuchu! Acho que o link pra vídeos do youtube é: [youtube] [/youtube]. Épocas atrás, ele estava com problemas, mas acho que agora funfa.
 
Liv disse:
Nanda, chuchu! Acho que o link pra vídeos do youtube é: [youtube] [/youtube]. Épocas atrás, ele estava com problemas, mas acho que agora funfa.

Opa Liv, então mesmo com o link na minha resposta anterior, vou colocar o vídeo aqui. Brigadão :)

 
Última edição por um moderador:
nanda, sem espaço entre o link e o código, senão o negócio não funfa. editei procê =]

o coração denunciador é um dos meus favoritos dele (e essa animação é muito, muito boa!)
 
Anica disse:
nanda, sem espaço entre o link e o código, senão o negócio não funfa. editei procê =]

o coração denunciador é um dos meus favoritos dele (e essa animação é muito, muito boa!)

coincidência, vc editou eqto eu editava :P eu já estava tirando os espaços :)
Obrigada!
 
200 anos do nascimento de Edgar Allan Poe agora no dia 19 de janeiro, a Saraiva está fazendo promoção especial com alguns títulos do autor -> http://www.livrariasaraiva.com.br/liv/promo/allan_poe.htm?ID=BD1A1A967D9010C1236050317
 
né? XD se eu tivesse aguentado mais 4 horinhas nascia no mesmo dia que ele ^^

(toda vez que leio algo sobre o poe lembro do comentário de uma mulher que leu minha monografia antes de me conhecer, e quando fomos apresentadas ela falou "achei que você era loira e gótica". acho que já contei isso aqui. enfim, traumatizou ¬¬ )
 
Anica disse:
né? XD se eu tivesse aguentado mais 4 horinhas nascia no mesmo dia que ele ^^

(toda vez que leio algo sobre o poe lembro do comentário de uma mulher que leu minha monografia antes de me conhecer, e quando fomos apresentadas ela falou "achei que você era loira e gótica". acho que já contei isso aqui. enfim, traumatizou ¬¬ )

:rofl:
Não agüentei! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
:rofl:
 
Anica disse:
né? XD se eu tivesse aguentado mais 4 horinhas nascia no mesmo dia que ele ^^

(toda vez que leio algo sobre o poe lembro do comentário de uma mulher que leu minha monografia antes de me conhecer, e quando fomos apresentadas ela falou "achei que você era loira e gótica". acho que já contei isso aqui. enfim, traumatizou ¬¬ )

Ehehehe muito boa essa.... mas conta ae sobre sua monografia? Foi em letras mesmo? Conta ae!
 
Uhum, foi para letras sim. Sou formada em Inglês com ênfase em Estudos Literários, por isso a mono sobre o Poe. Basicamente eu aplico as teorias do Poe sobre a escrita do conto para estudar os contos do Poe (assim, para ver se ele segue as "regras" que ele mesmo dita). Eu já coloquei aqui no tópico o link pro pdf -> http://www.anica.com.br/wp-content//a-ambientacao-em-a-mascara-da-morte-rubra-de-ea-poe.pdf =]
 
Saiu na Gazeta um artigo bem legal sobre o Poe, vale a pena ler:

[size=large]O grande ilusionista[/size]
Influência maior na literatura, Edgar Allan Poe, que completaria 200 anos no dia 19 de janeiro, deixou sua marca também nas outras artes
Publicado em 17/01/2009 | Roberto Muggiati


Em abril de 1841, saía na revista Graham’s Lady’s and Gentleman’s Magazine, da Filadélfia (EUA), uma ficção intitulada “Os Assassinatos na Rua Morgue” (The Murders in the Rue Morgue), assinada por Edgar Allan Poe, na época editor da publicação. Essa novela de 40 páginas é considerada o marco inaugural do romance policial e introduz o detetive C. Auguste Dupin, precursor dos investigadores da linhagem de Sherlock Holmes e Hercule Poirot.

Dupin reaparece em apenas duas outras histórias de Poe, “O Mistério de Marie Rogêt” (1842) e “A Carta Roubada” (1844). Um narrador anônimo, amigo e admirador de Dupin, relata os processos dedutivos através dos quais o protagonista soluciona os crimes. “A Carta Roubada” começa assim:

“Em Paris, justamente depois de uma noite escura e tormentosa, no outono de 18, desfrutava eu do duplo luxo da meditação de um cachimbo feito de espuma-do-mar, em companhia do meu amigo C. Auguste Dupin, em sua pequena biblioteca, ou gabinete de leitura, no terceiro andar da Rua Dunôt, no bairro de Saint-Germain. Por uma hora pelo menos mantivemos um profundo silêncio; cada um de nós, aos olhos de um observador casual, teria parecido atenta e exclusivamente ocupado com as volutas de fumaça que adensavam a atmosfera do aposento.”

Palavra por palavra, parece uma noitada de Watson e Sherlock Holmes no seu apartamento de Baker Street, em Londres.

Arthur Conan Doyle, que lançou o detetive Sherlock em 1887, admitiu sua dívida para com Poe: “Cada história sua é uma raiz da qual evoluiu toda uma literatura.” Segundo Francis Lacassin, Poe inventou “um arquétipo literário: o detetive amador, o homem que coleciona enigmas como outros colecionam objetos.”

Poe depreciava sua criação: “Estas histórias de raciocínio (tales of ratiocination) devem muito da sua popularidade ao fato de serem algo numa nova linha. São engenhosas, é verdade – mas as pessoas as consideram mais engenhosas do que são, por causa do seu método e de sua aura de um método.” No fundo, o seu fascínio se devia menos à história em si, mas ao escritor e à sua maneira de narrar.

Terror

Em seus contos, que publicava caudalosamente nas revistas literárias, Poe criou várias vertentes além da “policial”. No conto de terror, abriu caminho para autores de todas as épocas como H.P. Lovecraft, Algernon Blackwood e o contemporâneo Stephen King.

Poe era obcecado por temas ligados à morte: enterro prematuro, catalepsia, reanimação de cadáveres, sinais de decomposição. Um de seus contos mais conhecidos é “O Retrato Oval”, inspiração inequívoca de O Retrato de Dorian Grey, de Oscar Wilde.

Nessa fábula de menos de três páginas, o artista pinta o retrato da esposa com tanta paixão que, a cada pincelada, a tela ganha vida e a modelo a vai perdendo, até a pincelada final, em que a pintura vive e a mulher morre. Extasiado diante de sua obra, o pintor exclama: “Mas isto é mesmo a própria Vida!”

O coração delator é uma fábula de crime e culpa em que um jovem, oprimido pela prepotência do amo, mata o velho e enterra o corpo debaixo da casa. Tomado por alucinações, ouve o coração do morto bater por baixo do assoalho.

Estranhando a ausência do velho, policiais o visitam e, atormentado pelas batidas do coração que não lhe dão trégua, acaba se entregando. O âmago desta história lembra a culpa e a confissão de Raskolnikov em Crime e Castigo – é bem possível que Dostoiévski tenha lido a história em francês na tradução de Charles Baudelaire, feita em 1848, que tornou Poe mais admirado na Europa do que nos Estados Unidos.

Baudelaire o considerava um “farsista e prestidigitador”, o grande ilusionista das letras americanas. Outro conto célebre, “O Barril de Amontillado”, é um sinistro ato de vingança durante o Carnaval de Veneza em que o ofendido empareda vivo o ofensor numa adega.

“O Gato Negro” é a fusão dos dois temas: da culpa e do emparedamento. O estado delirante dos personagens, geralmente atribuído por Poe ao alcoolismo, os coloca num mundo irreal e fantasmagórico, quando não os mergulha inexoravelmente na loucura.

Futuro

Outro gênero de que Poe foi pioneiro é a ficção-científica. Júlio Verne, seu discípulo confesso, chegou até a escrever uma sequência para “A Narrativa de Arthur Gordon Pym”. Também influenciado por Poe, H.G. Wells afirmou: “Pym relata o que uma mente muito inteligente poderia imaginar sobre a região polar sul um século atrás.”

“Eureca”, ensaio de 1848, inclui uma teoria cosmológica que prenunciava em 80 anos a Teoria do Big Bang.

Outra área que Poe explorou foi a criptografia: o conto “O Escaravelho de Ouro” causou sensação e popularizou os criptogramas em jornais e revistas.

O famoso criptólogo americano William Friedman, que leu “Escaravelho” quando criança, decifraria depois um famoso código dos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial. Simon Singh, em O Livro dos Códigos, diz que “Poe escreveu um conto sobre cifras que tem sido amplamente reconhecido pelos criptógrafos profissionais como o melhor exemplo de literatura de ficção sobre o assunto”,

Tivesse investido em C. Auguste Dupin – que cativou o público na época – como Conan Doyle investiu em Sherlock, Poe teria se tornado um autor best seller meio século antes do sucesso retumbante de Doyle. Mas sua mente era inquieta demais para se fixar numa só coisa.

Imaginação brilhante, valendo-se da forma compacta do conto, Poe é um gigante da literatura, talvez aquele que abriu mais portas para os escritores que o sucederam. Delineou o anti-herói moderno que surgiria na ficção de Dostoiévski, Kafka, Beckett e Borges.

O outsider de “O Homem da Multidão” prenuncia O Estrangeiro de Camus e o protagonista de A Náusea, de Jean-Paul Sartre.

Como escreveu George Bernard Shaw em 1909, “Poe constante e inevitavelmente produzia mágica enquanto seus maiores contemporâneos produziam apenas beleza. A supremacia de Poe nesse respeito custou-lhe sua reputação. Acima de tudo, Poe é grande porque se mostra independente de atrações baratas, independente de sexo, patriotismo, combate, sentimentalismo, esnobismo, glutonice e o resto das ferramentas vulgares da sua profissão.”

* * * * * *

“Poe constante e inevitavelmente produzia mágica enquanto seus maiores contemporâneos produziam apenas beleza. A supremacia de Poe nesse respeito custou-lhe sua reputação. Acima de tudo, Poe é grande porque se mostra independente de atrações baratas, independente de sexo, patriotismo, combate, sentimentalismo, esnobismo, glutonice e o resto das ferramentas vulgares da sua profissão.”

George Bernard Shaw, escritor e dramaturgo, em 1909

Depois de ler, cliquem no link aqui porque na reportagem tem mais links para outros artigos sobre o Poe, inclusive sobre a relação dele com o Cinema e com o Teatro
 
Muito Obrigado!

Eu fui ler pela primeira vez Poe na faculdade mesmo, e foi a Máscara da Morte Escarlate! Amei o conto... e cheguei a ler também o REtrato Ovalado e Willian Wilson....

Aliás, eu terei uma prova sobre Willian Wilson :p



Eu tenho o livro Histórias Extraordinárias dele....Quero logo poder ler todos os contos...


Obrigado pela matéria! Ótima! Eu sempre acho engraçado quando escrevem assim "Completaria hoje 200 anos". Mas quem completa? Nem é culpa dele. Só quando é tipo "completaria 50 anos" dá para pensar, a sim morreu jovem. MAs mesmo morrendo velho não chegaria a metade dos 200....


Abs!
 
Mais um artigo:

[size=large]Os pesadelos reais de Edgar Allan Poe[/size]
The New York Times News Service
Joyce Carol Oates


Ali estava um mistério! Em nossa casa de fazenda que quase não tinha livros, no Estado de Nova York, na região conhecida estoicamente por seus moradores como Snow Belt (Cinturão de Neve), havia um volume -- danificado como se tivesse manchas de água, com cara de velho, austero em sua escura capa dura -- com o título intrigante de "O Escaravelho de Ouro".

"O Escaravelho de Ouro" -- minha imaginação infantil tomou asas com essa imagem intrigante. Insetos -- principalmente moscas e mosquitos -- existiam aos montes no interior. Mas um "escaravelho de ouro", o que poderia ser? O nome do autor -- Edgar Allan Poe -- era forte, "poético", mas desconhecido para mim, uma criança de dez anos com um interesse precoce por livros e contação de histórias e tudo o que não era real, mas imaginado, como uma espécie de sonho acordado.

O outro grande livro da minha infância foi "Alice no País das Maravilhas e Alice Através do Espelho", de Lewis Carroll. Apesar de superficialmente muito diferentes, Carroll, que nasceu em 1832, e Poe, que era 23 anos mais velho -- nascido há 200 anos em janeiro -- teriam entendido um ao outro perfeitamente, acho. Ambos escreveram histórias-pesadelo, contos de fada surreais, "góticos", que eram para ser lidos, ainda que não totalmente compreendidos, tanto por crianças quanto por adultos.

No fim das contas, não foi o atormentado, enlouquecido e lento "O Escaravelho de Ouro" que acabou se tornando minha história favorita de Poe, mas outras histórias mais curtas -- "O Gato Preto", "A Queda da Casa de Usher", "O Poço e o Pêndulo" e "O Coração Delator" -- que me cativaram e ficaram profundamente impressas em minha memória, sempre com admiração, encanto e certa ansiedade.

Entre as melhores e clássicas histórias de Poe reunidas em "Contos do Grotesco e do Arabesco" (1840), está "O Coração Delator" que exala um poder imediato e extremamente visceral. Lá encontramos a voz condenada, trágica, extática e quintessencial de Poe: "É verdade! Nervoso, muito, muito nervoso mesmo eu estive e estou; mas por que você vai dizer que estou louco? A doença exacerbou meus sentidos, não os destruiu, não os embotou."

Nessa curta obra-prima, Poe evoca a "voz" da loucura interior, personificada pela voz que fala ao leitor com uma intimidade desconcertante, se não cumplicidade. Um crime foi cometido -- um crime terrível, estarrecedor: parricídio? O assassinato sem sentido de um homem idoso, sem nome, que o narrador acredita ter um "Olho Maligno". Para proteger a si mesmo, o narrador precisa exorcizar esse Olho Maligno, do contrário sucumbirá ao terror abjeto.

Assim como na maioria das histórias de Poe, o terror precede qualquer objeto: o terror é simplesmente tão primordial quanto a própria vida. Assim, de forma extremamente bizarra e ritualística, o homem idoso precisa ser assassinado -- sufocado ou esmagado sob uma cama de forma improvável. "Então sorri contente, ao ver meu ato tão adiantado." Dessa forma a geração mais nova espera exorcizar e tomar o lugar de seus pais.

Mas em nenhuma história de Poe falta a recriminação e a punição. E então o assassino jubiloso é traído pelo que ele acredita ser o batimento amplificado do coração do velho -- mas que é, na verdade, o próprio batimento do coração do assassino -- o "coração delator", que fica cada vez mais alto e acelerado quando os policiais chegam para investigar. Até que o assassino fica louco e confessa o crime.

Quando li pela primeira vez essa narrativa misteriosa e fluente, eu era muito nova e não lia de forma analítica. O tema de uma história era para mim exatamente aquilo que parecia ser, e nada mais. Nos últimos anos, relendo e ensinando Poe (para meus alunos de redação da Universidade de Princeton), comecei a ver toda a sutileza de efeitos nessa curta história, a maestria da terrível racionalização do homem louco, o pronto estabelecimento da cena, o desenvolvimento rápido da "trama", o desfecho abrupto tão conclusivo e irrevogável como o bater de uma porta.

Agora, as narrativas em primeira-pessoa de personagens eloqüentes e perturbados raramente são novidade, mas no século 19, quando o inglês literário era formal, majestosa e infalivelmente valorizado, como se as estátuas falassem nos corredores de mármore cheios de eco, a histeria não velada da voz de Poe deve ter sido impressionante -- se não assustadora -- para a maioria dos leitores. Foi apenas uma coincidência, mas "Edgar Allan Poe" também era um personagem num jogo de cartas que tinha em casa chamado "Autores", que foi popular nos anos 50.

(Joyce Carol Oates recebeu o Prêmio Literário Nacional e o Prêmio PEN/Malamud por Excelência em Ficção Curta. Seu livro mais recente é "Wild Nights! Stories About the Last Days of Poe, Dickinson, Twain, James and Hemingway" (Ecco, 2008). Ela é professora de humanidades na Universidade de Princeton.)

Tradução: Eloise De Vylder

Fonte: UOL
 
Anica disse:
Mais um artigo:

[size=large]Os pesadelos reais de Edgar Allan Poe[/size]
The New York Times News Service
Joyce Carol Oates

Nessa curta obra-prima, Poe evoca a "voz" da loucura interior, personificada pela voz que fala ao leitor com uma intimidade desconcertante, se não cumplicidade. Um crime foi cometido -- um crime terrível, estarrecedor: parricídio? O assassinato sem sentido de um homem idoso, sem nome, que o narrador acredita ter um "Olho Maligno". Para proteger a si mesmo, o narrador precisa exorcizar esse Olho Maligno, do contrário sucumbirá ao terror abjeto.

Assim como na maioria das histórias de Poe, o terror precede qualquer objeto: o terror é simplesmente tão primordial quanto a própria vida. Assim, de forma extremamente bizarra e ritualística, o homem idoso precisa ser assassinado -- sufocado ou esmagado sob uma cama de forma improvável. "Então sorri contente, ao ver meu ato tão adiantado." Dessa forma a geração mais nova espera exorcizar e tomar o lugar de seus pais.

Mas em nenhuma história de Poe falta a recriminação e a punição. E então o assassino jubiloso é traído pelo que ele acredita ser o batimento amplificado do coração do velho -- mas que é, na verdade, o próprio batimento do coração do assassino -- o "coração delator", que fica cada vez mais alto e acelerado quando os policiais chegam para investigar. Até que o assassino fica louco e confessa o crime.

Quando li pela primeira vez essa narrativa misteriosa e fluente, eu era muito nova e não lia de forma analítica. O tema de uma história era para mim exatamente aquilo que parecia ser, e nada mais. Nos últimos anos, relendo e ensinando Poe (para meus alunos de redação da Universidade de Princeton), comecei a ver toda a sutileza de efeitos nessa curta história, a maestria da terrível racionalização do homem louco, o pronto estabelecimento da cena, o desenvolvimento rápido da "trama", o desfecho abrupto tão conclusivo e irrevogável como o bater de uma porta.

Agora, as narrativas em primeira-pessoa de personagens eloqüentes e perturbados raramente são novidade, mas no século 19, quando o inglês literário era formal, majestosa e infalivelmente valorizado, como se as estátuas falassem nos corredores de mármore cheios de eco, a histeria não velada da voz de Poe deve ter sido impressionante -- se não assustadora -- para a maioria dos leitores. Foi apenas uma coincidência, mas "Edgar Allan Poe" também era um personagem num jogo de cartas que tinha em casa chamado "Autores", que foi popular nos anos 50.

(Joyce Carol Oates recebeu o Prêmio Literário Nacional e o Prêmio PEN/Malamud por Excelência em Ficção Curta. Seu livro mais recente é "Wild Nights! Stories About the Last Days of Poe, Dickinson, Twain, James and Hemingway" (Ecco, 2008). Ela é professora de humanidades na Universidade de Princeton.)

Tradução: Eloise De Vylder

Fonte: UOL

Eu fiz uma essay e vou entrega-la na quarta agora sobre o "Coração Delatador". A minha opinião é bem parecida com a da Joyce, só que eu entendo o coração no final como o som da culpa. O fato de ele escutar o coração cada vez mais alto, é como se fosse a culpa o consumindo ao ponto de ele se entregar.

O que me atrai nessa short story é justamente o lance psicológico do texto, a mente do assassino, como ela funciona é fascinante. A sensação do terror e da repulsa ao invés de me afastar, me fascina. Fantástico.
 
Saiu uma matéria naquela revistinha da Livraria Cultura sobre o bicentenário de nascimento dele, vou escanear mais tarde e posto aqui!
 
Na minha edição do livro "Editora Cultrix, tem mais de 50 anos e pelo que vi no livro foi dado como abertura de uma loja Eduardo Barão" tem um conto que se chama Coração Revelador...você acha que é o mesmo???
 

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