Breno C. disse:
Para alguns isso que você falou é a maior verdade do mundo. No auge dos meus 18 anos de ignorância e falso aprendizado, conclui que é melhor não questionar as verdades alheias...
Por isso mesmo que usei tom sarcástico. A maioria não define o que é ou deixa de ser bom/interessante. Isso é uma ciência. Entonces, se a pessoa quiser gostar de Calypso, que goste, mas não me venha dizer que é melhor que Mozart, se disser é ignorante e pode continuar vivendo feliz na escuridão.
Breno C. disse:
Paulo Coelho também é um gênio reconhecido mundialmente e mesmo assim não o acho o cara! E eu até percebo as ironias que as obras machadianas contem, só que sempre me pergunto: Tá legal! Cadê a graça?
OBS: acho que isso é problema comigo.
Paulo coelho é um bom escritor (não um gênio) reconhecido internacionalmente, mas isso tem explicação: aqui no Brasil, no meio acadêmico, ele não é lá essas coisas, lá fora ele é, por quê?
Um professor meu, procurando responder essa pergunta, pegou um livro em inglês do dito autor e foi ler.
Depois nos disse que, realmente, a obra em inglês era muito melhor, talvez aconteça o mesmo com outras línguas.
Ou seja: mérito do tradutor.
Se tu não vê graça em ironia, não deve ler Machadão mesmo. E muitas outras coisas por aí.
Breno C. disse:
Não entendi o que você quis dizer com esse comentário, não entendi.
Detalhe: nos grupos de "discussão" que eu freqüento (bares, rodas de amigos etc) o pessoa também não curte muito o Machado
Intertextualidade é quando você consegue relacionar textos. Geralmente, uma obra que tem isso é considerada rica. Veja bem: relacionar textos não é se basear, meramente copiar ou falar sobre, é colocar certos elementos que nos levam à outros textos que ajudam na análise (ou nos dá outro ponto de vista) do texto que está posto à nossa frente.
Exemplo disso são as 4 figuras históricas que Dom Casmurro tem em retratos em sua casa (que admirava), são três imperadores romanos (Nero, Júlio César e mais um que não lembro) e um africano (Massimissa). Fazendo a intertextualidade, tu discobre que os três líderes romanos foram mortos por traição (já que lemos da esquerda pra direita, procuraríamos da esquerda pra direita) o que já nos levaria a "Ah! Capitu chifrou mesmo!". Porém, se tu for um pouco mais paciente, tu vai ver que Massimissa odiava romanos e, quando um imperador foi visitá-lo, a esposa de Massimissa foi recepcionar (nada erótico) e, por conta disso, seu marido a envenenou, traindo-a, dando a entender que: fica esperto que Capitu pode NÃO ter traído.
Aliás, existem estudos querendo provar a relação homossexual entre Bentinho e Escobar.
E sobre aí ninguém gostar de Machado: tou pra te dizer que é preconceito/raiva escolar. Apesar de que Machado de Assis acha que o mundo leu tanto quanto ele, então se você não tem uma BOA base literária (e não só clássica, mas bem obscura também) tu vai perder metade do que poderia ser aproveitado.
Desculpe-me afirmar isso: são "grupos de discussão" mesmo. Como eu disse acima, arte já é ciência (nem um pouco exata, mas é) e, geralmente, quem discute fora do meio acadêmico, tem uma discussão bem rasa. Seria como se eu fosse discutir Física Quântico com meus amigos: não sou acadêmico, as minhas opiniões seriam bem ralas e bem superficiais.
Não que a conversa não possa ser boa, mas, perto de um físico mesmo, eu passaria vergonha.
Breno C. disse:
Ainda não li, mas vou fazer só para poder dar minha opinião
Pra muita gente Camões "não faz sentido", mas foi um dos mais lúcidos poetas da história. Talvez você não consiga ler Os Lusíadas inteiro, talvez nem passe do Canto I. É uma obra bastante difícil. Também cheia de intertextualidades e tudo o mais, a maioria com história de Portugal e mitologia grega.
Fica aí o desafio.
Breno C. disse:
Concordo, e foi dando o exemplo que eu queria provar isso, porque por mais que eu não curta Machado, tenho que admitir que o cara fez uma senhora diferença na literatura brasileira.
Queria provar não, hem? Citando você:
Posso te dar um exemplo claro disso: eu não gosto de Machado de Assis e também não o acho um gênio nem um "senhor" escritor, na verdade acho os livros dele infadonhos e um pouco sem graça, por isso se alguém me pergunta se M. A. faz livros ou obras de arte, vou dizer que ele nem livros faz.