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Dica de tradução: Dom Quixote

Só conheço a tradução de Viscondes de Castilho Azevedo.

E quanto ao "palavreado antigo" que alguns citaram aqui no tópico eu nunca me incomodei com isso, pois afinal estou lendo uma legítima obra antiga e mesmo que a princípio dê algum trabalho a mais compreender palavras consideradas arcaicas, é sempre um ótimo aprendizado vê-las, ver o que significam e entender o contexto como foram utilizadas.

Se eu quisesse um vocabulário contemporâneo, aí já não vejo como uma tradução e mais como uma adaptação, como acontece em peças de teatro.
 
No Clube de Leitura de que participo, vamos ler Dom Quixote a partir do fim desse mês.

A princípio, estava pensando em tentar ler em espanhol, na Edição de Francisco Rico, com notas e tudo mais. Pelo fato de ser um texto datado, não sei se ficaria pesado - tendo em vista o cronograma de leitura. Mas vou tentar a sorte no kindle, usando dicionário e tentando me guiar pelas notas da edição.

Esse é o plano A. Pensei em deixar uma edição traduzida no kindle também, pro caso de precisar de uma muleta na leitura, quando algum trecho for incompreensível, ou pro caso de a leitura em espanhol não se mostrar muito proveitosa e a leitura da tradução se tornar o meu Plano B.

Alguém teve essa experiência de ler Dom Quixote no espanhol? Achou muito difícil?

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Sobre as traduções, eu achei esse comparativo aqui (em 3 partes): https://classicostraduzidos.com/?s=dom+quixote

Copio a conclusão do autor:

Podemos situar a tradução de Sérgio Molina e a de Ernani Ssó em extremos opostos: a primeira segue muito de perto o original, valendo-se da semelhança entre as duas línguas e trazendo o leitor até o texto, através de abundantes notas de rodapé; a segunda leva o texto até o leitor, optando por termos mais conhecidos atualmente, substituindo expressões por suas explicações e tentando resolver possíveis ambigüidades do texto de Cervantes. As outras duas ficam no meio: a de Castilho, Azevedo e Chagas mais próxima da de Molina (mas sem notas de rodapé na maioria das edições, o que é um grande ponto negativo), e a de Andrade e Amado mais próxima da de Ssó.

A tradução de Almir de Andrade e Milton Amado me deixou com a sensação de que os tradutores procuraram corrigir imperfeições do texto de Cervantes e acabaram deixando o texto um pouco quadrado, duro, sem a mesma fluência que o original.

A proposta de facilitar a leitura, adotada por Ernani Ssó, não me agrada. Eu prefiro ser levado ao texto, à época, ao local da história — mesmo que isso dê mais trabalho.

Já disse na 2ª parte desta comparação que gosto quando as traduções do espanhol acompanham o original muito de perto, o que é permitido pela semelhança dessa língua com o português. Por isso, pela fluência do texto, pela grande quantidade de notas de rodapé e pelo que mais foi visto nesta comparação, julgo que a melhor tradução de Dom Quixote é a de Sérgio Molina.

Alguém leu nessa tradução do Almir Andrade e do Milton Amado e pode compartilhar o que achou? Me baseando apenas nos trechos que o autor selecionou ao longo das 3 partes da análise, como leigo, eu não achei tão ruim. É que tenho o ebook da Nova Fronteira à minha disposição e ela usou essa tradução. :think:
 
Também fiz questão de me atentar às traduções antes de ler Dom Quixote, depois de uma experiência frustrante com Guerra e Paz - o tradutor tanto não fez questão de esconder que se baseou numa tradução francesa que frequentemente manteve palavras e expressões francesas (nos diálogos e nas narrações), como se os russos falassem uma espécie de idioma híbrido!

Li Dom Quixote na tradução de Ernani Ssó, e o que me atraiu foram justamente as considerações iniciais dele, esmiuçando, dentre outras coisas, o esforço para assegurar que os trechos cômicos fossem traduzidos da melhor forma possível. Ele critica a falta de equilíbrio de duas traduções anteriores: uma por, tão preocupada em manter a originalidade, traduzir ao pé da letra expressões que em português não faziam nenhum sentido cômico, e outra por, tão empenhada em arrancar risadas do leitor, praticamente reescrever as piadas sem muito zelo de fidelidade a Cervantes. Ele busca o ponto equidistante desses extremos, e sinaliza os trechos em que se viu sob esse desafio, colocando em rodapé o trecho original. Achei a solução dele perfeita em 100% das ocasiões.
 
Também fiz questão de me atentar às traduções antes de ler Dom Quixote, depois de uma experiência frustrante com Guerra e Paz - o tradutor tanto não fez questão de esconder que se baseou numa tradução francesa que frequentemente manteve palavras e expressões francesas (nos diálogos e nas narrações), como se os russos falassem uma espécie de idioma híbrido!

Li Dom Quixote na tradução de Ernani Ssó, e o que me atraiu foram justamente as considerações iniciais dele, esmiuçando, dentre outras coisas, o esforço para assegurar que os trechos cômicos fossem traduzidos da melhor forma possível. Ele critica a falta de equilíbrio de duas traduções anteriores: uma por, tão preocupada em manter a originalidade, traduzir ao pé da letra expressões que em português não faziam nenhum sentido cômico, e outra por, tão empenhada em arrancar risadas do leitor, praticamente reescrever as piadas sem muito zelo de fidelidade a Cervantes. Ele busca o ponto equidistante desses extremos, e sinaliza os trechos em que se viu sob esse desafio, colocando em rodapé o trecho original. Achei a solução dele perfeita em 100% das ocasiões.

Eriadan, sobre Guerra e Paz, li na tradução do Rubens Figueiredo, que foi feita a partir do russo. O que acontece é que o texto realmente tem passagens inteiras em francês, porque era o idioma falado na Corte russa. Eu gostei da opção do Figueiredo. Ele manteve as passagens em francês - sobretudo diálogos - e disponibilizou a tradução em nota de rodapé.

E ótimo ter essa referência sua sobre a tradução do Ernani Ssó. Obrigadão!
 
Eriadan, sobre Guerra e Paz, li na tradução do Rubens Figueiredo, que foi feita a partir do russo. O que acontece é que o texto realmente tem passagens inteiras em francês, porque era o idioma falado na Corte russa. Eu gostei da opção do Figueiredo. Ele manteve as passagens em francês - sobretudo diálogos - e disponibilizou a tradução em nota de rodapé.
Nossa, então retiro a minha crítica, em parte: se no original os trechos são em francês, está correto mantê-los. Mas mantenho a crítica em parte porque deveriam ao menos ter colocado as traduções em nota de rodapé, como na sua de Rubens Figueiredo. Acaba sendo muito incômodo porque são uma constante nos diálogos e às vezes no discurso indireto, e não se deveria presumir que o leitor seja também um membro da aristocracia russa do século XIX ou que de qualquer outra forma tenha algum conhecimento de francês.

Mas pensando bem, esse foi só um dos itens que me incomodaram; o principal não é nem uma falha propriamente dita, foi só uma infelicidade: peguei uma edição de português de Portugal que passa bem longe da unificação gramatical. Os porquês usados de outra forma - comentei aqui em algum lugar como se fossem erros, e me responderam (foi você @Béla van Tesma?) que em Portugal há mesmo algumas diferenças - e especialmente os conceção (concepção) da vida quase me enlouqueceram. A prova de que eu realmente gostei do livro é que mesmo passando a leitura inteira com raiva da forma eu terminei maravilhado com o conteúdo. =]
 
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Não sei se fui eu, mas eles lá tratam os porquês de modo diverso, sim; o "porque" é usado para introduzir perguntas, como "advérbio interrogativo", à semelhança do italiano perché e do francês pourquois (eu acho, inclusive, que faz mais sentido do que tratar como uma expressão elíptica: por que [motivo/razão])...

Já o conceção que você menciona me parece ser fruto do malfadado Acordo Ortográfico que causou um sem-número de problemas e fez os portugueses cortarem fora várias consoantes mudas que antes havia (nós a pronunciamos aqui, sem dúvida, e por isso mantemos o -p- ali no meio; lá eu não faço ideia)... A tendência é que no Brasil AO seja revisto ou anulado (já há iniciativas cá no governo Bolsonaro, talvez pelos motivos errados, mas neste caso o que interessa é o resultado prático). Mas isso é questão para outro tópico, se o merece. :)
 
Nunca li o Dom Quixote no castelhanão (como tradicionalmente se dizia muito mais antigamente), já que uma obra tão antiga, na sua essência original com certeza deve ter termos arcaicos jurássicos que já não são mais usados e/ou não devem fazer mais sentido pra um leitor hispanófono contemporâneo, imagine isso vertido pra outros idiomas.

E por essas e outras, por não conhecer a obra no seu idioma original, não vou aqui reclamar de traduções algo que por cargas d' água sempre gera discussões inflamadas, exaustivas, bem chatas e muitas vezes quase intermináveis aqui. :lol:

Ainda bem que por eu ser da praia das exatas e meu negócio não é achar pelo em ovo em livros, muito menos subir nas tamancas por causa de algumas palavras ou frases, eu não me estresso nem um pouco com isso. Se o tradutor além de verter o idioma, adaptou adequadamente também os termos antigos para algo mais atual pra mim está ótimo.
 
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