Re: Não ao HEXA.
Adiantar a eleição daqui há quatro anos não seria mais eficaz para a sua idéia, Lucy? =P
Ademais, eu concordo em parte com o Balbo. Mas acho que as pessoas até aspiram a mudanças, só que de forma idealizada demais, tímida demais...
No geral elas se contentam realmente em assistir ou admirar aquela "pessoa tão inteligente, sagaz, etc" que faz parte do mundo delas, qualquer que seja ele, ao invés de tentar compreender daonde vêm as qualidades do ser admirado, ou mesmo tentar entender o porquê de formular esses conceitos - até porque parece muito difícil.
E isso, em escala individual, induz as pessoas a se subestimarem, a apoiarem cegamente qualquer coisa que bata com parte das ideologias que elas carregam na cabeça. Numa escala social, parte disso resulta na mera transmissão dos valores morais e dos vícios culturais, e não na criação de novos - e aliás, é até possível a gente encarar essa falta de memória do brasileiro como um simples sintoma de descrença arraigado na cabeça das pessoas.
No entanto, como somos parte da elite intelectual do país, nós estudamos história. Sabemos que esse processo maciço de deturpação social começou na época da ditadura e tudo mais - ou seja, é relativamente bem recente. E embora esse processo sempre tenha feito parte da nossa história, de uma forma ou de outra, na década de 20, 30, as pessoas ainda tinham uma certa dose de esperança no futuro, na mudança imediata através da união; coisa que foi abolida na sociedade contemporânea (não por uma questão de cair na real apenas, mas também por uma tradição do nosso povo de não ter paciência)
Agora, porém... Nem as camadas mais intelectuais conseguem se unir sem divergir absurdamente de pontos de vista. Descrença geral de um lado, fanatismo do outro, e propostas mais concretas para mudar a realidade - educação e tal... oito anos do Fhc jogados fora, quatro anos do Lula... err.. - somem enquanto pessoas "muito inteligentes" no geral estão preocupadas em discutir a aplicabilidade de um sistema político centralizador e rígido, enquanto almoçam num fantástico restaurante, e blablabla...
Aliás, o que me assusta é que todo mundo sabe que alguma coisa tem que ser feita. Mas quase ninguém começa a fazer a sua própria parte, como o Kabral mesmo comentou que é necessário - e o que seria perfeito... E aí, esperar que pessoas de bom senso como ele causem um efeito dominó na sociedade é um pouco perigoso, talvez até insensato. Porque a sociedade segue as tendências que a atingem de forma global, e não individual: tipo, é muito fácil penetrar nas pessoas falando pra mais de 10 mil delas... Porém, conversando diretamente com uma, duas, é milhares de vezes mais complexo, pelo fato de você estar no mesmo nível, apresentando-se sobre uma máscara humana extremamente semelhante à dela, passível de julgamentos diretos, preconceitos, etc...
Então, o segredo pra mudarmos isso talvez seja dominarmos a produção cultural do nosso país. Porém, se a gente simplesmente desligar a Tv, não vamos entender como ela funciona, ou como as pessoas que assistem a ela funcionam... E aí, mesmo dominando as mídias, a situação continuaria a mesma merda, já que ninguém nos ouviria - e cairíamos novamente em repressão ditatorial pra fazer as coisas andarem...
Assim, o problema talvez seja que nós também somos alienados, por demais. Alienados das pessoas mais simples, das necessidades mais básicas delas. E por incrível que pareça, a rede globo não o é.