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10 memoráveis começos de romances

[size=large]Convido todos a fazer o mesmo. Crie sua lista, coloque aqui no Meia Palavra, em seu próprio blog ou na parte de comentários de meu blog. Abaixo, transcrição do post no Vísceras Literárias:[/size]

Ao ter um livro em mãos, qual a primeira coisa que você faz? Olha a capa, contracapa, orelhas?

Segundo vi no twitter do amigo e escritor Breno Fernandes, ele prefere, ao invés disso, ler apenas a primeira frase. Lembrei, com isso, de um post antigo aqui do Vísceras sobre 100 melhores primeiras frases de romances. Passei o link para Breno que, em seguida, resolveu fazer sua própria lista de 10 memoráveis começos de romances. Seguindo a ideia, fiz também a minha.

Aviso: não segui nenhuma ordem de preferência. Apenas listei os que eu mais gostava - e só os que lembrava ou tinha na estante, claro.


• "Contudo, nunca foi bem estabelecida a primeira encarnação do Alferes José Francisco Brandão Galvão, agora em pé na brisa da Ponta das Baleias, poucos antes de receber contra o peito e a cabeça as bolinhas de pedra ou ferro disparadas pelas bombardetas portuguesas, que daqui a pouco chegarão com o mar." - João Ubaldo Ribeiro, Viva o Povo Brasileiro

• "Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte." - Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas

• "No dia seguinte ninguém morreu." - José Saramago, Intermitências da Morte

• "Nu e cru, eis o facto: apareceu um pénis decepado, em plena Estrada Nacional, à entrada da vila de Tizangara." - Mia Couto, O último voo do flamingo

• "Numa manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Gregor Samsa deu por si na cama transformado num gigantesco inseto." - Kafka, A Metamorfose

• "Todos os dias, na atmosfera esfumaçada e triste do bairro operário, o apito da fábrica lançava aos ares o seu grito estridente." - Gorki, A Mãe

• "Fui criado sozinho e, até onde me lembro, vivia angustiado pelas coisas do sexo" - Georges Bataille, História do Olho

• "Hoje, mamãe morreu" - Albert Camus, O Estrangeiro

• "Lolita, luz da minha vida, fogo da minha virilidade" - Vladimir Nabokov, Lolita

• "Todas as famílias felizes se assemelham; mas cada família infeliz é infeliz a seu modo." - Liev Tolstói, Anna Kariênina
 
Báh Leonardo até tuitei este teu post... adorei, ainda estou pensando nos meus 10! Depois volto pra postar aqui!
estrelinhas coloridas...
 
Achei muito legal procurar a primeira frase de meus livros preferidos. Aí estão, mas não coloquei em ordem de preferência.

- Acabo de retornar da visita que fiz ao meu senhorio - meu único vizinho que talvez possa me importunar. Emily Brontë - O Morro dos Ventos Uivantes

- Nunca houve uma cidade como Tróia. Collen McCullogh - A Canção de Tróia

- Um dia, quando a neve se acumulava no alto das montanhas fora de Albuquerque, perto do Pico de Sandia, Steve e Clara Morrison levaram os seus filhos a andar de tobogã. Jerry Hopkis e Daniel Sugerman - Daqui Ninguém sai Vivo - Biografia de Jim Morrison

- Sou o Vampiro Lestat. Anne Rice - O Vampiro Lestat

- Na semana anterior à sua partida para Arrakis, quando toda aquela agitação final chegara a um frenesi quase insuportável, uma velha encarquilhada veio visitar a mãe de Paul, o rapaz. Frank Herbert - Duna

- Ergui os olhos e vi, iluminando as encostas da colina, o planeta que sempre indica o bom caminho; isso fez diminuir o assombro que durante aquela angustiante noite turvara o lago do meu coração. Dante Alighieri - O Inferno

- Olhe, eu não queria ser um meio-sangue. Rick Riordan - O Ladrão de Raios

- Em 1972, eu tinha 16 anos - jovem demais, dizia meu pai, para viajar com ele em suas missões diplomáticas. Elizabeth Kostova - O Historiador

- Nas conversas, no jornal ou na televisão, são empregadas várias palavras ou expressões muito comuns em português mas que na verdade, são lembranças de histórias muito antigas. Odile Gandon - Deuses e Heróis da Mitologia Grega e Latina

- Vagabundos e andarilhos costumam deixar uns para os outros, pistas sobre as pessoas que vivem nos lugares por onde eles passam, rabiscadas em pilares, portões, árvores e portas. Eu acho que gatos devem deixar sinais parecidos. Neil Gaiman - Criaturas da Noite (essa, em realidade, é uma hq, mas tive que colocar aqui pois são duas das histórias mais lindas e tocantes que já li)
 
de cabeça, só lembrei de 2:

"Alguem certamente havia caluniado Josef K. pois uma manhã ele foi detido sem ter feito mal algum." - O porcesso, Franz Kafka.

"Em M..., uma importante cidade da alta Itália, a Marquesa d'O..., uma dama de excelente reputação e mãe de crianças muito bem educadas, comunicou pelos jornais que, sem saber como, havia engravidado, que o pai da criança, que estaria para nascer, deveria aparecer e que ela, por motivos familiares, estaria decidida a desposá-lo." - A Marquesa d'O..., Heinrich von Kleist.
 
"See the child." - Blood Meridian, Cormac McCarthy

"'E depois de tudo, céu e terra aí estão, como se nada tivesse acontecido. A esta altura, a vida e as ações de um homem têm o peso de uma folha seca no meio da ventania... Ora, que vá tudo para o inferno!', pensou Takezo." - Musashi, Eiji Yoshikawa

"Começa com uma criança que nunca foi adulta e acaba com um adulto que nunca foi criança." - Jardins de Kensington, Rodrigo Fresán
 
Meu preferido:

"O pelotão estava em forma, a voz de comendo foi enérgica e a fuzilaria produziu um único estrondo. Mas para Benjamim Zambraia soou como um rufo, e ele seria capaz de dizer em que ordem haviam disparado as doze armas ali defronte. Cego, identificaria cada fuzil e diria de que cano partira cada um dos projéteis que agora o atingiam no peito, no pescoço e na cara". [Benjamim. BUARQUE, Chico.]
 
Lembrar de 10 memoráveis começos de romances, rapidamente, é um tanto difícil, mas lembrar de alguns é uma tarefa praticamente involuntária, com certeza.

Quando li o título do tópico a primeira frase que me veio à cabeça foi:

- "Call me Ishmael" Moby Dick, Herman Melville
Essa introdução é clássica e inesquecível.

Outros de que lembrei foram os começos de A Metamorfose e de O Processo,que são incríveis e lançam logo de cara o evento a partir do qual o romance se desenvolverá; porém, esses já foram postados.

- "Era tarde da noite quando K. chegou. A aldeia jazia na neve profunda. Da encosta não se via nada, névoa e escuridão a cercavam, nem mesmo o clarão mais fraco indicava o grande castelo. K. permaneceu longo tempo sobre a ponte de madeira que levava da estrada à aldeia e ergueu o olhar para o aparente vazio" O Castelo, Franz Kafka

- "It was the best of times, it was the worst of times..." A Tale of Two Cities, Charles Dickens

- "Tudo no mundo começou com um sim" A Hora da Estrela, Clarice Lispector

- " ------ estou procurando, estou procurando. Estou tentando entender." A Paixão segundo G. H., Clarice Lispector

- "Era no tempo do rei." Memórias de um Sargento de Milícias, Manuel Antônio de Almeida

Além do início, Memórias Póstumas de Brás Cubas tem uma dedicatória memorável.

Os de que eu me lembrei são esses; acho que conheço mais, mas a memória não está colaborando muito... hahaha
 
Só me ocorreu um agora:

"Com um chope e um sorriso, Ned Pearshall brindou seu falecido vizinho, Henry Friddle, cuja morte lhe agradava tremendamente." - Dean Koontz - Velocidade
 
em inglês, agora uma versão ampliada, com 100 começos >> http://americanbookreview.org/100BestLines.asp
 
mais uma lista:

Os 10 melhores inícios de livros
Car*los Wil*li*an Lei*te | car*loswil*li*an@uol.com.br | @revistabula

Perguntei a 35 convidados, de díspares perfis, quais eram os melhores inícios de livros que haviam lido. Cada participante poderia indicar até três começos inesquecíveis, de autores brasileiros ou estrangeiros de todas as épocas. 37 livros foram citados, mas apenas 23 obtiveram mais de uma citação. São eles “Crônica de Uma Morte Anunciada”, “Cem Anos de Solidão” e “Amor nos Tempos do Cólera”, de Gabriel García Márquez; “O Lobo da Estepe”, de Hermann Hesse; “Grandes Esperanças”, de Charles Dickens; “O Retrato de Dorian Gray”, de Oscar Wilde; “Memórias Póstumas de Brás Cubas” e “Dom Casmurro”, de Machado de Assis; “1984”, de George Orwell; “Lolita”, de Vladimir Nabokov; “O Estrangeiro”, de Albert Camus; “Um Amor de Swann”, de Marcel Proust; “Trainspotting”, de Irvine Welsh; “Viagem ao Fim da Noite”, de Louis-Ferdinand Céline; “O Apanhador no Campo de Centeio”, de J.D. Salinger; “Notas do Subsolo”, de Dostoiévski; “O Amanuense Belmiro”, de Cyro dos Anjos; “O Complexo de Portnoy”, de Philip Roth; “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa; “Moby Dick”, de Herman Melville; “A Metamorfose”, de Franz Kafka; “O Ventre”, de Carlos Heitor Cony, e “Pergunte ao Pó”, de John Fante. Abaixo, em ordem aleatória, a lista com os dez livros que obtiveram o maior número de citações.

Notas do Subsolo
(Dostoiévski)

“Sou um homem doente... Sou mau. Não tenho atrativos. Acho que sofro do fígado. Aliás, não entendo bulhufas da minha doença e não sei com certeza o que é que me dói. Não me trato, nunca me tratei, embora respeite os médicos e a medicina. Além de tudo, sou supersticioso ao extremo; bem, o bastante para res*peitar a medicina. (Tenho instrução su*fi*ciente para não ser supersticioso, mas sou.) Não, senhores, se não que*ro me tratar é de raiva. Isso os se*nho*res provavelmente não compre*en*dem.”



O Complexo de Portnoy
(Philip Roth)

“Ela estava tão profundamente entranhada em minha consciência que, no primeiro ano na escola, eu tinha a impressão de que todas as professoras eram minha mãe disfarçada. Assim que tocava o sinal ao fim das aulas, eu voltava correndo para casa, na esperança de chegar ao apartamento em que morávamos antes que ela tivesse tempo de se transformar. Invariavelmente ela já estava na cozinha quando eu chegava, preparando leite com biscoitos para mim. No entanto, em vez de me livrar dessas ilusões, essa proeza só fazia crescer minha admiração pelos poderes dela.”

O Apanhador no Campo de Centeio
(J.D. Salinger)

“Se querem mesmo ouvir o que aconteceu, a primeira coisa que vão querer saber é onde nasci, como passei a porcaria da minha infância, o que os meus pais faziam antes que eu nascesse, e toda essa lenga-lenga tipo David Copperfield, mas, para dizer a verdade, não estou com vontade de falar sobre isso. Em primeiro lugar, esse negócio me chateia e, além disso, meus pais teriam um troço se contasse qualquer coisa íntima sobre eles. São um bocado sensíveis a esse tipo de coisa, principalmente meu pai. Não é que eles sejam ruins - não é isso que estou dizendo - mas são sensíveis pra burro.”

Grande Sertão: Veredas
(Guimarães Rosa)

‎“NONADA. TIROS QUE O SE*NHOR ouviu foram de briga de ho*mem não, Deus esteja. Alvejei mira em árvores no quintal, no baixo do cór*rego. Por meu acerto. Todo dia isso faço, gosto; desde mal em minha mo*cidade. Daí, vieram me chamar. Causa dum bezerro: um bezerro branco, er*roso, os olhos de nem ser — se viu —; e com máscara de cachorro. Me disseram; eu não quis avistar. Mesmo que, por defeito como nasceu, arrebi*tado de beiços, esse figurava rindo feito pessoa. Cara de gente, cara de cão: deter*mi*naram – era o demo.”

A Metamorfose
(Franz Kafka)

“Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intran*quilos, em sua cama meta*morfo*seado num inseto monstruoso. Estava dei*tado sobre suas costas duras como couraça e, ao levantar um pouco a cabeça, viu seu ventre abaulado, mar*rom, dividido por nervuras arqueadas, no topo de qual a coberta, prestes a deslizar de vez, ainda mal se sustinha. Suas numerosas pernas, lastimavel*mente finas em comparação com o volume do resto do corpo, tremu*lavam desamparadas diante dos seus olhos.”

Anna Kariênina
(Liev Tolstói)

“Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira. Tudo era confusão na casa dos Oblónski. A esposa ficara sabendo que o marido mantinha um caso com a ex-governanta francesa e lhe comunicara que não podia viver com ele sob o mesmo teto. Essa si*tuação já durava três dias e era um tormento para os cônjuges, para todos os familiares e para os criados. Todos, familiares e criados, achavam que não fazia sentido morarem os dois juntos e que pessoas reunidas por acaso em qualquer hospedaria estariam mais ligadas entre si do que eles”.

O Ventre
(Carlos Heitor Cony)

“Positivamente, meu irmão foi acima de tudo um torturado. Sua tor*tura seria interessante se eu a explo*rasse com critério — mas jamais me preocupei com problemas do espírito. Belo para mim é um bife com batatas fritas ou um par de coxas macias. Não sou lido tampouco. A única atração que tive por livro limitou-se à ilustra*ção de um tratado de educação sexual que o vigário do Lins fez o pai comprar para nosso espiritual proveito. Só creio naquilo que possa ser atingido pelo meu cuspe. O resto é cristianismo e pobreza de espírito.”

Moby Dick
(Herman Melville)

“Chamem-me simplesmente Ismael. Aqui há uns anos não me peçam para ser mais preciso -, tendo-me dado conta de que o meu porta-moedas estava quase vazio, decidi voltar a navegar, ou seja, aventurar-me de novo pelas vastas planícies líquidas do Mundo. Achei que nada haveria de melhor para desopilar, quer dizer, para vencer a tristeza e regularizar a circulação sanguínea. Algumas pessoas, quando atacadas de melancolia, suicidam-se de qualquer maneira. Catão, por exemplo, lançou-se sobre a própria espada. Eu instalo-me tranquilamente num barco.”

O Amanuense Belmiro
(Cyro dos Anjos)

“Ali pelo oitavo chope, chegamos à conclusão de que todos os problemas eram insolúveis. Florêncio propôs, então, um nono, argumentando que outro copo talvez trouxesse a solução geral. Éramos quatro ou cinco, em torno de pequena mesa de ferro, no bar do Parque. Alegre véspera de Natal! As mulatas iam e vinham, com requebros, sorrindo dengosamente para os soldados do Regimento de Cavalaria. No caramanchão, outras dançavam maxixe com pretos reforçados, enquanto um cabra gordo, de melenas, fazia a vitrola funcionar.”

Cem Anos de Solidão
(Gabriel García Márquez)

“Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo. Ma*condo era então uma aldeia de vinte casas de barro e taquara, cons*truídas à margem de um rio de águas diá*fanas que se precipitavam por um lei*to de pedras polidas, brancas e enor*mes como ovos pré-históricos. O mundo era tão recente que muitas coisas careciam de nome e para men*cioná-las se precisava apontar com o dedo.”

http://www.jornalopcao.com.br/posts/opcao-cultural/os-10-melhores-inicios-de-livros
 
Fazer 10 assim de cabeça é difícil, tenho que consultar meus livros e não estou em casa para isso. Mas de cara a frase inicial da Metamorfose de Kafka é sensacional. Outras duas frases que me vem a cabeça imediatamente são de O Hobbit e Neuromancer.

"Num buraco no chão vivia um hobbit"

"O céu por cima do porto tinha a cor de televisão, sintonizada num canal morto"
 
Apesar de eu usar um critério que um livro tem que me conquistar nos seus primeiros 20% iniciais, essa de lembrar os melhores inícios, eu teria que rever tudo novamente.
 

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