Amy Spivey, estudante da Bradley University publicou um belo artigo sobre Peregrin Tûk, o nosso querido Pippin. Em seu trabalho a autora discorre sobre o aprendizado a partir do erros e sobre crescimento pessoal, dos quais o pequeno (mas não tão pequeno assim) Tûk é um belíssimo exemplo. Apresento a vocês o texto de Amy (quase) em sua íntegra com alguns poucos pitacos e algumas supressões aqui e ali.
Mas atenção, se você ainda não leu O Senhor dos Anéis, não te recomendo a leitura deste artigo, é repleto de spoilers! Mas se você é um dos felizardos que já leu esta belíssima obra, boa leitura!

Após o fracasso da tentativa de travessia através do Caradhras, a Comitiva toma o caminho para Moria, não sem antes ser atacada por um bando de wargs. O que faz Pippin duvidar: “Eu desejava ter ouvido o conselho de Elrond. …Eu não sou bom afinal. Não existe o suficiente da raça de Bandobras, o Urratouro em mim: estas criaturas congelam o meu sangue. Não me
Curioso era Pippin, mas isso não era desculpa para alguns de seus atos insensatos. Ao parar para descansar em uma sala em Moria, Pippin sente-se atraído por um antigo buraco no meio da sala. “Movido por um súbito impulso, ele pega uma pedra solta e deixa-a cair” (Fellowship of the Ring, p. 351).
Isto enraivece Gandalf, mais do que qualquer questão poderia. “Seu Tûk Tolo! …Esta é uma viagem séria, não um piquenique de hobbits. Atire-se da próxima vez, e então não vai mais atrapalhar. Agora, fique quieto!” (Fellowship of the Ring, p. 352).
Como punição Pippin fez a primeira ronda nessa noite, mas Gandalf sentiu pena dele e o liberou. Ele dormiu, mas não aprendeu totalmente sua lição.
Por um tempo a presença de Pippin cai para segundo plano, até que a Comitiva chega a Amon Hen, onde Pippin e Merry são capturados pelos Orcs e Boromir perde sua vida na tentativa de defendê-los. Em, “As Duas Torres”, a narração é dada a partir do ponto de vista de Pippin pela primeira vez.
Quando ele recupera sua memória, lamenta novamente sobre a viagem. “Ele se sentia frio e doente. ‘Eu gostaria que Gandalf nunca tivesse persuadido Elrond a deixar-nos vir’, pensou. ‘O quão bom eu era? Apenas um incômodo: um passageiro, uma peça de bagagem…espero que Passolargo ou alguém venha nos salvar’ (Two Towers, p. 42).
Mas, Pippin começa a utilizar o seu juízo, e corta as cordas que amarravam suas mãos quando os orcs estão desatentos. Ele também, subitamente decide retirar o broche élfico de seu manto e o deixa cair, para o caso de Aragorn tentar encontrá-los. Mas, logo depois põe em dúvida suas próprias ações. “…Não sei porque fiz isso. Se os outros escaparam, provavelmente terão ido com Frodo” (Two Towers, p. 48).
Apesar de sua dúvida, Pippin começa a demonstrar o seu valor quando os Rohirrim atacam os orcs e Grishnákh, um orc de Mordor, tem a oportunidade de pegar os hobbits. Pippin percebendo que o orc sabia sobre o Anel, finge que ele e Merry poderiam ajudá-lo a fim de bolar um plano para poder escapar. O orc os leva para longe da batalha, mas é morto por um cavaleiro do Rohan. Pippin então acaba de livra-se das cordas e liberta Merry. Em seguida, os hobbits adentram a Floresta de Fangorn.
Os dois hobbits conhecem então Barbárvore e lhe contam suas aventuras, chamando a atenção do ent com a menção dos orcs de Isengard. Barbárvore torna-se então determinado a parar Saruman (não sem antes um longo Entebate!)
Pippin e Merry estão ansiosos para ajudar, e Pippin diz, “Gostaria de ver o Mão Branca derrubado. Gostaria de estar lá, mesmo que eu não pudesse ser de alguma utilidade: Eu nunca deverei esquecer dos Uglúk e da travessia de Rohan” (Two Towers, p. 77). Curiosamente, Pippin reitera mais uma vez que ele “poderia não ser de muita utilidade”, mas, está, contudo, disposto a ir à guerra com os Ents, depois de ter sofrido o tormento dos orcs.
(…)
Embora a batalha com os Ents tenha sido o maior evento da viagem de Pippin até agora, as ações de Gríma Língua de Cobra foram determinantes para seu destino na última fase da guerra. Durante o confronto com Saruman, Pippin pegou o Palantír que Gríma havia jogado da torre. No que prontamente Gandalf tomou-lhe a pedra, não sem antes perceber o olhar saudoso do hobbit para ela.

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“Então, com um grito estrangulado ele caiu para trás…” (Two Towers, p. 218).
Gandalf corre em Socorro do hobbit e lhe pergunta sobre tudo o que o pequeno falou com Sauron. Embora, Pippin não tenha conseguido evitar revelar muito a Sauron, Gandalf acredita que de certa forma o acontecimento constitui uma vantagem, pois Sauron agora direciona seus “olhos” para o Oeste deixando o Leste menos vigiado. Gandalf então determina o retorno da companhia à Edoras ao passo que ele e Pippin se encaminham para Gondor.
Nessas ações rápidas e inesperadas, um evento significativo pode ser ignorado: a separação de Merry e Pippin. Desde a primeira parte da viagem a partir do Condado, eles estiveram juntos, mas agora, eles serão separados. Pippin está muito preocupado, ouvindo Gandalf explicar a história das Palantíri, para perceber que ainda se passará um longo tempo até que ele possa ver Merry novamente – se possível isso for.
Ao chegar em Minas Tirith, Gandalf leva Pippin até Denethor, o Regente de Gondor, que quer ouvir mais sobre a morte de seu filho Boromir. Denethor suspeita do hobbit, imaginando como ele pode ter escapado e seu filho não.

(…)
Pippin começa uma amizade com Beregond, o responsável por lhe ensinar as senhas que ele precisaria para o serviço, mas também quem lhe ensinou sobre Gondor e seu povo. Ele também ganha a amizade de Bergil, filho de Beregond, que lhe mostra a cidade, e juntos eles vêem a chegada da ajuda para os exércitos de Gondor, incluindo Imrahil, o Príncipe de Dol Amroth.
Pippin finalmente encontra-se com Gandalf novamente naquela noite em seus alojamentos, mas com poucas boas notícias, porque A Escuridão tinha começado. Pela manhã, Pippin sentiu-se desmotivado novamente, perguntando à Gandalf porque ele está ali. “Você sabe muito bem…para mantê-lo fora de perigo; e se não gosta de estar aqui, você pode se lembrar que você trouxe isso sobre si mesmo” (The Return of the King, p. 72).
(…)
Pippin foi essencial para o coração da batalha contra Sauron, e quando o Nazgûl foi atraído para próximo, perseguindo Faramir, Pippin tremeu de terror. Certamente, Elrond tinha razão quando disse que Pippin não fazia idéia do que lhe esperava à frente. Mas, com a ajuda de Gandalf, Faramir chega a Minas Tirith e revela seu encontro com Frodo e Sam, deixando Gandalf saber do seu caminho escolhido e Pippin que esperança eles têm.
Os piores dias vieram após Faramir ser trazido gravemente ferido da batalha nos Campos de Pelennor. Quando Minas Tirith começou a queimar, Denethor liberou Pippin de seus serviços, dando-lhe permissão para seguir no que ele considerava a insensatez de Gandalf. Mas Pippin tornou-se valoroso e não vai desistir ainda.
“Vou aproveitar sua licença, senhor…porque eu quero ver Gandalf, muito mesmo. Mas ele não é bobo; e não vou pensar em morrer até que ele se desespere. Mas da minha palavra e de seu serviço não quero ser liberado enquanto você viver. E se vierem finalmente para a Cidadela, espero estar aqui e ficar ao seu lado e talvez ganhar as armas que você tem de me dar”. (The Return of the King, p. 95).
No entanto, vendo que Denethor tinha a idéia fixa de queimar a si mesmo e a Faramir (que apesar de gravemente ferido ainda estava vivo), Pippin imediatamente vai em busca de Gandalf, na esperança de salvar Faramir da loucura de seu pai. Ele encontrou Beregond e lhe disse para fazer o que ele podia, apesar das ordens para não deixar o seu posto, por qualquer motivo.
Quando Pippin encontra Gandalf, o mago está prestes a ir à batalha, mas Pippin implora por sua ajuda. “Denethor foi para os Túmulos…e ele tomou Faramir, e ele diz que estamos todos a arder e ele não vai esperar, e eles estão a fazer uma pira e queimá-lo, e Faramir também…Eu disse a Beregond, mas eu temo que ele não se atreva a deixar o seu posto…Você pode salvar Faramir? (The Return of the King, p. 126).
Pippin sabia que o tempo era curto e que Gandalf era o único que poderia ajudar. Embora terrificado pelo que Denethor tinhas se tornado, Pippin também sabia que Faramir tinha que ser salvo.
Quando finalmente a batalha dos Campos de Pelennor foi encerrada, Pippin e Merry reuniram-se novamente junto aos portões de Minas Tirith, mas Merry fora ferido por uma punhalada pelo Rei-Bruxo. Pippin tenta levá-lo através da cidade, mas Merry está fraco, e Pippin teme pela vida dele.
“É tu que vai me enterrar? disse Merry. “Não, na verdade” disse Pippin, tentando soar alegre, embora seu coração apertado estivesse com medo e pena. “Não, vamos para as Casas de Cura” (The Return of the King, p. 136).
Pippin diz a Bergil para enviar mensagem para os curandeiros. Gandalf chega, e gentilmente carrega Merry. Para todas as dúvidas de Pippin de ter vindo junto com a Comitiva, Gandalf reconhece a honra recebida pelos hobbits. “…porque se Elrond não tivesse se rendido a mim…muito mais severos os males do presente dia, teriam sido”. (The Return of the King, p. 137).
Embora Gondor tivesse sido salva, por aquele momento, a viagem mais perigosa que Pippin já enfrentou tem início, a batalha do Portão Negro, dando a Frodo uma oportunidade para cumprir sua tarefa. Quando a Boca de Sauron traz notícias aparentemente devastadoras, Pippin perde toda sua esperança. Mas ele tem coragem, e de pé ao lado de Beregond, aguarda o ataque.
Ele puxou sua espada e olhou para ela, e as formas entrelaçadas em ouro e vermelho; bem como os harmoniosos caracteres reluzentes de Númenor, como fogo sobre a lâmina. “Isso foi feito para horas como essas”, pensou. “Se eu pudesse apenas golpear algum mensageiro com ela, então eu terei chegado ao mesmo nível que o velho Merry. Então, eu irei decepar algumas destas bestas antes do final. (The Return of the King, p. 176).
E assim ele faz. Como um grande troll vem após Beregond para matá-lo, Pippin o golpeia, mas é esmagado quando o monstro cai sobre ele. Sabendo que esse é o fim, ele sente as trevas à levá-lo até que ele pensou ouvir um grito: “As Águias estão vindo! As Águias estão vindo!” Por um momento Pippin pensou que flutuava. ‘Bilbo’! ele disse, ‘Mas não! Que entrou em seu conto, no passado distante. Este é o meu conto, e é encerrado agora. Adeus! “E seu pensamento fugiu e seus olhos não viram mais nada”. (The Return of the King, p. 177).
Felizmente para Pippin, Gimli estava no lugar certo na hora certa, e encontrou-o antes que ele tivesse ido. Com a derrota de Sauron e o Anel destruído, chegou finalmente o tempo da Comitiva reunir-se novamente.
Sam, após vê-los pela primeira vez, se espanta, e Pippin articula o seu orgulho. “…vamos começar dizendo [nossas histórias]logo que o banquete tiver terminado… Nós somos cavaleiros… como eu espero que você observe” (The Return of the King, p. 251). Quando Sam observa que vai levar semanas para eles contarem todas as histórias, Pippin também demonstra, que apesar de todas as dificuldades que ele suportou, ele ainda tem senso de humor. “Semanas, verdade… e, em seguida, Frodo terá de ser trancado em uma torre em Minas Tirith e escrever tudo. Caso contrário ele irá esquecer metade de tudo, e o pobre velho Bilbo ficará terrivelmente decepcionado” (The Return of the King, p. 251).
Assim, eles ficaram em Gondor por algum tempo, mas em breve, mesmo a alegre reunião deve terminar e os membros da Comitiva se separar. Após fazer a travessia de volta pela Terra Média, os hobbits chegam ao Condado, só para descobrir que os rufiões o tinham invadido.
Quando os quatro hobbits encontram um grupo próximo ao Dragão Verde, Frodo chama a ira de um, que começa a provocá-lo. Pippin parte na defesa de Frodo, e pela primeira vez, tem a oportunidade de chamar alguém de tolo. “Eu sou um mensageiro do Rei. …Você está falando com o amigo do Rei, e um dos mais renomados em todas as terras do oeste. Você é um rufião e um tolo. Fique de joelhos no meio da estrada e peça perdão, ou irei jogar sobre ti as desgraças dos trolls” (The Return of the King, p. 309).
Os quatro hobbits concebem um plano para libertar o Condado, Pippin cavalga até Tuquerburgo para reunir os Tûks para a insurreição. Usando as táticas que eles aprenderam em batalhas, Pippin e Merry ganharam os títulos de Capitães e lutaram e venceram a batalha de Beirágua em 1419, e com sucesso libertaram o Condado.
Quando Frodo decide deixar a Terra Média alguns anos mais tarde, Pippin, embora profundamente triste, compreende o porquê. “’Você tentou nos enganar uma vez antes e falhou, Frodo’, [Pippin] disse. ‘Desta vez você quase conseguiu, mas falhou novamente. Não foi Sam, porém, que deu-te este tempo, mas o próprio Gandalf” (The Return of the King, p. 399).
Ele chorou quando Frodo partiu, mas sua história ainda não havia acabado. Como os Apêndices nos mostraram, Pippin casou-se com Diamantina de Frincha Longa e teve um filho, Faramir, e tornou-se Thain do Condado.
Aragorn, agora Rei Elessar, também fez dele um Conselheiro do Reino do Norte. Após longos anos, Pippin e Merry deixaram o Condado; passaram os ofícios para os seus filhos; e viajaram para Edoras e Gondor, onde vieram a morrer. Eles foram levados para descansar em Rath Dínen com honra, e quando o Rei Elessar morreu, ele foi colocado ao lado deles.
A maturidade de Pippin cresceu significativamente, desde aquele primeiro encontro com os Cavaleiros Negros até a última batalha do Condado. Ele iniciou a viagem como um ignóbil jovem hobbit, mas no fim ele tornou-se um cavaleiro de Gondor, uma alta honra e cresceu aos olhos do Rei.
Ele aprende a partir de suas tolices, e por vezes perigosos, erros, ganhando uma grande dose de respeito ao longo do caminho. As realizações de Pippin são notáveis, e sendo parte da Comitiva abriu seus olhos para o mundo fora de seu lar. Mas talvez, sua mais significativa realização foi ter-se tornado um grande líder entre os hobbits – entre seus parentes, sua família.
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