Khuzdí»l – A lí­ngua secreta dos Anões

Escrito por Fábio Bettega

Também chamada: Dwarvish

 

História Interna

No segundo capítulo do Silmarillion aprendemos que no momento da criação dos Anões por Aulë, já existia uma linguagem preparada pelas eles. Foi o próprio Aulë que a criou e a ensinou aos sete pais dos Anões. Esse idioma era chamado Khuzdul, e nele os Anões chamaram a si mesmos de Khazâd [que no singular poderia ser algo como Khuzd]. Mas não foi permitido a Aulë que seus filhos despertassem antes dos Elfos, e portando os pais dos Anões foram escondidos sob uma distante montanha da Terra Média por muitas Eras.  

Quando finalmente os Elfos despertaram, os sete pais dos Anões se moveram e a câmara de pedra onde estavam se quebrou. Eles ficaram cheios de temor ao sair e ver o mundo pela primeira vez, mas o primeiro contato entre os Anões e os Elfos só ocorreu muito depois do despertar de ambas as raças. Os Anões se orgulham por sua língua ainda ser compreendia por todos os seus parentes da Terra Média, pois quase não sofreu alterações com o passar das Eras. Como disseram eles: "comparar o Khuzdul com a línguas élficas ou a dos homens é como comparar o desgaste da pedra com o derreter da neve". Pengolodh comenta: "a tradição da língua criada por Aulë é tão grande que os Anões não lhe faziam mudanças substanciais, mas um idioma paralelo criado por eles chamado Iglishmêk era mais mutável".

O Khuzdul era guardado como um segredo dos Anões, e foram muito poucas as pessoas fora da sua raça a quem ele tenha sido ensinado. Teorias dizem que eles sentiam que o Khuzdul pertencia a sua própria raça, e que nenhum outro povo tinha o direito de falar seu idioma. Quando havia a necessidade de se comunicar [quase sempre por motivo de comércio] os eram os Anões que aprendiam o idioma dos vizinhos. Mais tarde algumas antigas histórias disseram que em Valinor Aulë tinha se afeiçoado a Fëanor e lhe ensinado o idioma secreto dos Anões, mas Fëanor nunca foi visto se expressando em Khuzdul e esses boatos continuam apenas como lendas.

Os Elfos da Terra Média nunca se interessaram muito pelos Anões e nem pensaram am aprender o Khuzdul, sendo assim não podiam entender nem uma única palavra da língua dos Naugrim [anões]. Para os ouvidos dos elfos esse idioma era áspero e duro, sem qualidade musical e seco como o vento do deserto. É claro que isso não é totalmente verdadeiro, mas sem dúvida o Khuzdul era menos belo e elaborado que o Quenya ou o Sindarin.

Uma das raras ocasiões em Khuzdul entraram primeiro em Beleriand, e uma amizade especial surgiu entre as duas raças… isso porque os homens como cavaleiros experientes podiam oferecer aos Anões ajuda e proteção contra os orcs. Embora os homens tenham sido instruídos no Khuzdul, o aprendizado foi difícil. Aprendiam principalmente palavras isoladas, muitas das quais acabaram adaptando no seu próprio idioma. Nisso parece que o Khuzdul influenciou a estrutura básica do idioma de Númenor, o Adûnaic, onde várias palavras guardam semelhança com o idioma dos anões.

Dos poucos elfos que se interessaram pelo Khuzdul o maior foi Curufin, sendo também o único dos Noldor a ganhar amizade dos Naugrim. Foi dele que os antigos mestres de lendas obtiveram seus parcos conhecimentos do Khuzdul, e pelo menos uma palavra deste idioma foi utilizada em Sindarin: "kheled" que significa "copo". No Quenya a palavra "Khazâd" foi adaptada para "Casar", e no Sindarin como Hadhod [os anões foram chamados Hadhodrim]. Reciprocamente os anões podem ter pego do Sindarin a palavra "kibil" que significa "prata" e pode ter sido descoberta com a ajuda dos elfos cinzentos.

Na segunda Era, os Anões relutantemente instruíram alguns mestres de lendas élficos no Khuzdul, eles aprenderem sobre o interesse puramente estudioso dos Noldor em seu idioma e permitiram que aprendessem parte dele, e a alguns dos mestres de lendas posteriores a esses foi permitido um aprendizado mais profundo. Foram estes elfos que nas Eras que se seguiram contiveram a arrogância de seus irmãos em relação aos Anões e ajudaram a manter o contato entre as duas raças.

Em um ponto porém, os Anões sempre foram extremamente reservados. Por razões que os Elfos e Homens nunca entenderam eles não revelavam nenhum nome pessoal a pessoas de outra família, nem mesmo depois de dominarem a arte de escrever. Eles tinham nomes públicos pelos quais poderiam ser conhecidos entre seus aliados, mas seu nomes verdadeiros, em Khuzdul, eram secretos. Conseqüentemente os nomes Balin e Fundin que aparecem em um contexto de Khuzdul na laje em cima da tumba de Balin não são em Khuzdul. Eles são nomes substitutos que Balin e seu pai Fundin usaram enquanto não-anões estavam presentes.

No Silmarillion aparece um Anão chamado Azaghâl, o Senhor de Belegost. Este sem dúvida é um título que foi utilizado no lugar de seu nome verdadeiro, provavelmente significa "o guerreiro" sendo relacionado ao verbo Númeroneano "azgarâ" que significa "guerra". Também há o nome de Gamil Zirak, um anão-ferreiro de Nogrod. Acredita-se que esse também é um nome alternativo para ocultar seu nome verdadeiro, mas outros dizer ser este seu nome em Khuzdul que para seu grande e duradouro pesar foi descoberto por não-anões. Mas ocorreu pelo menos um caso em que um Anão revelou seu nome verdadeiro, no Silmarillion Túrin captura o Anão Mîn, que não apenas revela seu verdadeiro nome mas também o dos seus filhos Khîm e Ibun.

Os Anões não sentiram que era algo impróprio revelar nomes de lugares. Gimli por sua próprio iniciativa revelou a Companhia do Anel os nomes em Khuzdûl de diversos locais e da própria Moria: "Eu sei os nomes deles, Khazad-dûm, lá está Barazinbar, e além dele Silvertine que nós chamamos Zirakzigil…" Eles não ficavam ofendidos se outros povos soubessem alguns nomes e expressões em Khuzdul. Quando Gimli veio a Lórien, ainda zangado por ter sido vendado pelos Elfos Galadriel disse a ele: "Escura é a água de Kheled-zâram, e frias são as fontes de Kibil-nâla, e grandes são os muitos pilares e corredores de Khazad-dûm em dias mais velhos que o outono e de Reis mais poderosos que viveram debaixo da pedra. Gimli ouvindo os nomes pronunciados em sua própria língua observou os olhos de Galadriel, e lá encontrou amor. Então ele sorriu em resposta. Assim Gimli percebeu que o uso de Galadriel do Khuzdul foi um gesto amigável.

Na primeira Era, Mîn se referiu a montanha onde vivia como: "Amon Rûdh é
aquela montanha, isso desde que os Elfos mudaram todos os nomes."
– sugerindo que isto o irritou. 

História Externa  

Relativo ao Khuzdul: Não existem informações precisas sobre a criação do idioma dos anões, mas Tolkien declarou que esta língua foi esboçada com poucos detalhes e contando com um vocabulário muito pequeno. Tolkien sempre se inspirava em uma língua já existente para criar uma outra a ser usada nas suas histórias. O Khuzdul foi utilizado para criar os nomes Khazad-dûm e Gabilgathol ainda muito cedo, nos primeiros esboços de O Silmarilion. No inicio a montanha dos anões foi chamada de Khuzûd, e depois a palavra foi modificada para Khazad. O nome de Khazad-dûm foi dado primeiro a cidadela de Nogrod, e não a Moria. É interessante notar que Nogrod já existia neste momento da criação da história.

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