Saga dos hobbits do mundo real sofre nova reviravolta

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Escrito por Reinaldo José Lopes
hobbit-flores.jpgOs "hobbits" da ilha de Flores, na Indonésia, estão de volta ao noticiário. Será que uma espécie de humanos arcaicos à la Bilbo e Frodo realmente existiu? Segundo uma nova análise, a resposta é um enfático "sim".
 

Confiram abaixo a matéria que devo publicar no G1 amanhã cedo sobre o caso:

A saga do "hobbit" da ilha de Flores, um suposto hominídeo (humano ancestral) da Indonésia, acaba de sofrer mais uma reviravolta digna de "O Senhor dos Anéis". Uma análise dos ossos do pulso do possível hominídeo-anão indicariam que ele realmente é membro de uma espécie diferente da nossa, e não um simples Homo sapiens com problemas sérios de desenvolvimento.

O novo golpe nessa "guerra dos hobbits" foi liderado por Matthew Tocheri, do Programa de Origens Humanas da Instituição Smithsonian (Estados Unidos). Em artigo na prestigiosa publicação especializada "Science" desta semana, Tocheri e seus colegas estudaram o chamado LB1, fóssil de 18 mil anos que ajudou a dar aos "hobbits" o status de uma nova espécie, Homo floresiensis.

A equipe de cientistas australianos e indonésios que desenterrou o LB1 da caverna de Liang Bua, na ilha de Flores, estimou que a criatura teria apenas 1 m de altura, um cérebro do tamanho do que os chimpanzés possuem hoje e o domínio do fogo e de ferramentas de pedra. Para eles, o H. floresiensis descenderia de hominídeos maiores que acabaram ficando isolados e encolhidos em Flores — fato que é comum entre animais que colonizam ilhas. O apelido de "hobbit" é uma referência à variedade humana também diminuta à qual pertencem os heróis dos clássicos de fantasia "O Senhor dos Anéis" e "O Hobbit", do escritor britânico J.R.R. Tolkien.

A teoria, no entanto, tem sido cada vez mais desafiada. Para outros cientistas, o cérebro do hominídeo nanico seria pequeno demais, sugerindo na verdade algum tipo de doença genética da família das microcefalias (nas quais a caixa craniana e todo o corpo da pessoa encolhem brutalmente). Assim, para eles, o Homo floresiensis não passaria de um humano moderno com microcefalia. 

Munheca
Tocheri e companhia tentaram averiguar essa hipótese investigando um detalhe aparentemente insignificante da munheca do espécime. Acontece que os ossinhos do pulso são muito diferentes entre humanos modernos e hominídeos mais primitivos.

Em especial, um osso conhecido como trapezóide (localizado logo abaixo do dedo indicador) tem forma de bota no Homo sapiens e nos neandertais, nossos primos mais próximos. Já entre os hominídeos mais antigos, como os australopitecos e o Homo habilis (os quais viveram há cerca de 1,7 milhão de anos), o mesmo ossinho tem forma de cunha. É a mesma forma presente, de maneira geral, também nos grandes macacos atuais.
 

Os adversários dessa idéia, porém, ainda não se dão por vencidos. Eis o que disse à agência de notícias Associated Press o antropólogo Robert D. Martin, do Museu Field de Chicago: "Ainda acho que o tamanho do cérebro [do LB1] ainda é pequeno demais, e esse problema continua sem resposta. As pessoas me perguntam se essas novas evidências mudam alguma coisa. Bem, não mudam. O problema é a interpretação dela". Martin é um dos principais defensores da tese de que o hobbit era só um humano patológico.

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Comentário pessoal: antropólogo é uma raça mais teimosa que todos os anões de Moria juntos…

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