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folha disse:Por Marco Aurélio Canônico
Estive ontem na disputada prévia de duas das maiores apostas de blockbuster deste ano, "Watchmen" e "Star Trek" - cada um teve cerca de meia hora de cenas exibidas (as mesmas já mostradas na Europa e nos EUA há alguns meses) para uma platéia que misturava imprensa, exibidores e funcionários da Paramount, que vai lançar os filmes por aqui. Começando por "Watchmen", a mais aguardada das duas produções:
WATCHMEN
Pelo que se viu ontem, há uma boa e uma má notícia sobre a adaptação da lendária HQ de Alan Moore e David Gibbons: a má é que o filme vai ser ruim ou, no mínimo, inferior ao que poderia ser, dado o material de origem. Zack Snyder não é diretor de cinema, é diretor de comercial (apesar de ter aparecido na tela para comentar as cenas usando uma camiseta com a imagem clássica de "Yojimbo", fazendo Kurosawa se revirar no túmulo). Fez só dois filmes antes desse e errou feio em pelo menos um deles (justamente uma adaptação de HQ, "300"). A única justificativa para ele ter assumido um projeto que começou a ser tocado por gente infinitamente mais talentosa (Terry Gilliam e, depois, Paul Greengrass) é o fato de que os produtores queriam um marionete, não um diretor (Gilliam abandonou o barco porque decidiu que não dava para adaptar a HQ em menos de quatro horas).
Tudo que Zack Snyder tem de pior salta aos olhos nas cenas mostradas ontem: seu "estilo" é brega, sua tara por cenas de ação em câmera lenta (quem viu "300" deve lembrar) é uma lástima, sua direção de atores é nula - basta comparar Gerard Butler e Rodrigo Santoro em "300" e em outros filmes. Para piorar, ele conta com um fraco elenco de desconhecidos (na época de Greengrass, o filme tinha Denzel Washington como dr. Manhattan, Hillary Swank como Espectral, Joaquin Phoenix como Ozymandias e Matt Damon como o Coruja; hoje tem Billy Crudup, Carla Gugino, Matthew Goode e Patrick Wilson nos mesmos papéis).
E a conversa de que ele é "grande fã" da HQ e ia ser 100% fiel a ela? Bom, assim que ele assumiu que mudou o fim da história, os fãs já se deram conta de que esse papo tinha que ser relativizado. E, assistindo às cenas ontem, essa sensação só se aprofundou (o início do filme, com a cena da morte do Comediante, é bem diferente da HQ, por exemplo). É verdade que há uma preocupação com a fidelidade visual aos quadrinhos - Dave Gibbons não está envolvido por acaso -, mas isso não quer dizer muita coisa: se eu vestir o atual time do Flamengo com os uniformes de 1981 e colocá-lo num Maracanã repaginado como à época, os pernas-de-pau não vão jogar como Zico, Junior e cia. Ou seja, não basta copiar de forma idêntica os cenários para recriar na tela o "espírito", a qualidade da obra original.
Posto isso, a boa notícia: essa opinião negativa certamente não vai ser unânime - como não foram unânimes as avaliações sobre "300". Vai ter gente que vai gostar deste "Watchmen", e suspeito que não vão ser poucos. Como "300", o filme tem toda a pinta de que vai ser sucesso de bilheteria, independentemente do que se pense sobre a qualidade dele (ninguém despreza o poder dos milhões de dólares investidos em marketing, é claro). É de se imaginar que a maior parte da audiência, certamente formada por gente que não leu a HQ, vai reagir melhor ao filme do que os fãs incondicionais do trabalho de Moore e Gibbons. E, é claro, vale lembrar que ontem foi exibida apenas meia hora de uma obra que vai ter duas horas e meia.
E houve bons momentos na tela, ontem: a parte dos créditos iniciais, que resume o surgimento dos super-heróis e as implicações políticas disso - ao som de "The Time They Are A-Changin'", de Bob Dylan -, ficou boa (é uma repetição da mesma idéia que Snyder usou em seu remake de "Dawn of the Dead", "Madrugada dos Mortos" - lá, ao som de "The Man Comes Around", do Johnny Cash). O dr. Manhattan, um dos personagens centrais (e o único com superpoderes), também parece ter sido bem resolvido tanto visualmente (ele é um ser azul, criado com efeitos especiais) quanto na dublagem de Billy Crudup.