Elrond Meio-Elfo
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Cësarin disse:Resumindo a ópera: os filhos de Eru são limitados pois assim conta a história, mas eu, no entnato, considero-me capaz de entender conceitos como a onipotência em união ao livre-arbítrio, já que, nesse caso, eles são frutos não de uma entidade tal, mas de um homem, como eu.
Tipo, desculpa cara mas eu não entendi bulhufas do que você quis dizer. Dá pra me ajudar? Reformula.
Maglor disse:Eru não havia especificado nada diferente, então o que ele desejava é que continuassem em harmonia.
Ta vendo como é questão de interpretação? Eru pediu que eles criassem em harmonia uma música magnífica. Isso eles fizeram. Criaram. Mas aí ele não disse: "e quero que cantem essa música magnífica por toda a eternidade ou até quando eu disser: Eä!". Percebe? Ele deu a esses seres a capacidade própria de imaginarem coisas além de seu próprio alcance e você acha mesmo que ele esperava que esses seres passassem toda a eternidade cantando a mesma coisa? Acho que é uma certa ingenuidade da sua parte. É claro que ele esperava que algum deles extrapolasse, ou sendo mais imparcial, é claro que ele planejara que algum deles extrapolasse...
Não era a melhor música, mas era a que eles estavam fazendo naquele momento, e Eru gostava dela.
Com certeza não era a melhor música, pois Eru, apesar de achá-la boa, não estava satisfeito com ela. Entretanto Tolkien nos passa a idéia de que era a mais magnífica que os ainur poderiam cantar: "Nunca, desde então, os Ainur fizeram uma música como aquela, [...]". Somente com a ajuda dos eruhíni eles poderiam criar a música perfeita.
Eru havia dito para cantar "em harmonia", e ele cantou em desarmonia.
Não, Eru havia dito "criar em harmonia" ou mais precisamente "criem, juntos, em harmonia" e isso eles fizeram. Criaram. Melkor iniciou a dissonância depois de ter feito a vontade de Eru.
Eu interpreto aquele riso de Ilúvatar que vem antes da criação do Terceiro Tema como o provável momento em que ele decidiu criar realmente um "Mundo".
Ah... então aí eu acho que você está interpretando um pouco forçado demais. Por que você acha que Eru decidiu criar o mundo somente no meio da Música, e não antes? Só por causa do sorriso que ele deu? Isso me parece arbitrário demais. Segundo o The Book of Lost Tales o primeiro tema falava da criação e da forma de Eä, o segundo tema falava da criação e da forma de Arda, e o terceiro tema da criação dos eruhíni. Eu também acredito que era isso. Não acho que Ilúvatar decidiu no meio do caminho criar um mundo, acho que ele tinha isso planejado desde o início..... na verdade acho que isso é meio que implícito, óbvio.
Sim, é natural a revolta, mas isso não torna a atitude correta.
Mas se é natural ela não é incorreta também. Um indivíduo é feito de uma maneira, ele pode desejar ser o que ele não é. Seja por não compreender exatamente o que ele é, seja por ele ter a liberdade de tentar ser melhor. Se for natural, não é errado.
Eles podiam conter Melkor (como fizeram mais de uma vez), não podiam conter a destruição que essa guerra causaria (e realmente causou).
Mas Melkor era a destruição. Era exatamente por isso que não podiam contê-lo. Melkor não era apenas o invólucro que contém o material explosivo ele é a própria explosão em si. A destruição viria de Melkor, como veio durante o Guerra dos Poderes ou ao final da Guerra da Ira, foi ele ou o seu poder que provocou a mudança do mundo no primeiro caso e a falência física de Beleriand no segundo. O que você chama de "conter a explosão", eu chamo de "apagar o fogo" e "limpar o estrago".
Se você pode entender, ou pelo menos aceitar isso a ponto de dizer aqui, um elfo também teria capacidade de abstração igual ou maior para fazer o mesmo.
Eu posso entender a idéia, mas não sou capaz de visualizar o momento ou ouvir a música além do monte de fagulhas luminosas reunidas ao redor de uma fagulha maior, emitindo cada uma efeitos sonoros "espectrais" em direção ao vazio... A capacidade máxima de abstração do elfo que descreveu o momento, provavelmente Rúmil de Tírion, está expressa no próprio texto do Ainulindalë em O Silmarillion. Entretanto não pode ser tido como exatamente o que ocorreu, pois imaginar harpas e vozes no vazio é por demais absurdo, mas sim como uma sugestão da idéia. O Ainulindalë é o único texto de toda a mitologia que não pode ser interpretado ao pé da letra e o fazê-lo é o que realmente levará às verdadeiras distorções.
O diferencial de Eru era poder criar de fato seres autônomos.
Mesmo assim eles estavam presos à sua onipotência visto que Eru era o único ser completamente livre em seu arbítrio (palavras de Tolkien o próprio), os outros por dedução lógica não eram completamente livres em seu arbítrio, logo seus respectivos arbítrios estavam presos ou subordinados a algo. Que algo? Ilúvatar o próprio.
Esse é o Terceiro tema de Ilúvatar, que deu origem a elfos e homens. Ela era mesclada a uma tristeza, a do próprio Ilúvatar. Os elfos ainda não existiam para poderem sentir tristeza. A outra música corresponde à dissonância de Melkor.
Então você está propondo que Eru Ilúvatar efetivamente "cantou" junto com os Ainur, exteriorizando a sua tristeza e decepção com a dissonância e lutou diretamente contra Melkor? É isso? Bom, essa é uma teoria interessante que até poderia ser validamente considera se não fosse por um pequeno detalhe. Ainulindalë é classificada como a música dos ainur, eles a desenvolveram segundo o desejo do próprio Eru. Eru apenas lançou os temas, não cantou a música por eles.
Entretanto, considerando essa teoria como válida, Eru Ilúvatar o próprio estaria incorporando a dissonância de Melkor em sua voz e suas notas musicais. De um jeito ou de outro Eru Ilúvatar o próprio aprovou a dissonância e adotou as "suas notas mais triunfais" e as "entremeou em seu próprio arranjo solene". Conclusão: a dissonância, que levaria ao sofrimento e à dor dos eruhíni foi aceita por Eru pois era de sua vontade e fazia parte de seu Plano, logo o sofrimento estava previsto sim na Música.
Você pode conferir no Comentário do Athrabeth e no Diálogo de Manwë e Eru [...]
Os Valar simplesmente não previram o sofrimento, embora estava claramente incluso na música como eu provei acima, e os elfos muito menos entendiam o seu propósito achando que o ideal e o original era Arda Não-Desfigurada. Entretanto Arda Não-Desfigurada não passava de um ideal e nunca existiu de fato visto que a desfiguração ocorreu na própria música que era o Plano do Mundo (não seu futuro mas sim seu destino) e foi aceita por Eru Ilúvatar, visto que ele disse Eä!
Mas ela seria boa em essência de qualquer forma, sem o mal.
O Bem perfeito é aquele sem o Mal. Nessa situação não existe bem maior ou bem menor, existe somente o Bem. Não existe perfeição maior e perfeição menor, existe somente perfeição. Então diferença não existe de fato.