Maglor disse:
Eu nunca disse que Eru é limitado [...] o que ele faz ao criar seres assim é, de certa forma, se auto-limitar.
Ou seja, ele é limitado, você pode não ter dito com todas as letras mas é exatamente isso que você acredita. E um Deus limitado é um Deus não todo-poderoso. Devemos partir do pressuposto que ele é imutável então ele não pode se limitar, ele não pode modificar a sua natureza. Ele pode fazer absolutamente tudo com a única exceção de uma coisinha básica, mas crítica: a auto-destruição, que entra em contradição com a sua Eternidade. Resumindo: Ele não pode se transformar pois é imutável (o que é irrelevante visto que Ele é tudo), Ele não pode se limitar pois é todo-poderoso e não pode se destruir, pois é eterno. E como todos os espíritos criados por Eru Ilúvatar, que vieram de sua mente e são na verdade fragmentos independentes entre si de sua essência e vontade, fazem parte do conjunto que tem Ele como pilar principal, nenhum desses espíritos pode ser destruído, visto que eles são parte do conjunto e o conjunto como um todo é Eru Ilúvatar. Sabemos que Eru Ilúvatar é imutável, então uma parte do conjunto é indestrutível pois isso resultaria na modificação do conjunto. Eles são imutáveis em sua natureza como Ele o é.
Essa é a única explicação que satisfatoriamente engloba todos os quesitos estabelecidos para a Divindade que criou Ëa (baseada na Divindade Cristã) assim como suas leis e regras para aquele mundo e os seres criados. Livre-arbítrio, onisciência, onipotência, onipresença, indestrutibilidade dos espíritos, etc...
[...]na ausência de um inimigo comum, o mal se volta contra si mesmo e se auto-destrói.
Interessante, entretanto nós sabemos que isso não ocorrerá, o mal prevalecerá até os primórdios do fim quando Morgoth retorna de seu exílio e trava sua última batalha contra os seres de bem (previsão do futuro feita por Mandos). A questão é, quem sairá vitorioso? Nós sabemos que são os seres de bem, mas por que? Onde está a certeza além do "Porque Eru assim o quer!"?
Existe também o trecho do Comentário do Athrabeth que fala na cura do mundo pelo amor dos elfos por Arda e pela bondade dos homens, o amor altruísta [...]
Taí uma tremenda previsão do futuro que meio que vai contra aquilo tudo que você prega...
. Mas é claro, isso tudo pode ser
estel do elfo que escreveu essas linhas, como pode ser uma dedução (eu diria um chute) muito da otimista. Mas você não pode basear a certeza do Final Bom e Feliz pura e simplesmente na esperança dos elfos quanto a isso. A não ser que você acredite que, seja lá como o futuro será ou como Eru o designou, os seres criados o encararão como algo satisfatório ou de uma alegria inimaginável como é dito no Athrabeth, mesmo que esse futuro seja um fruto completo e total do mal. Não creio. O estel era a crença na vitória do bem e da justiça e não na modificação do mal em bem. Na verdade, o estel (ou esperança no bem) era a certeza mais íntima quanto a esse fato. E a única maneira de essa certeza estar no íntimo dos elfos ou dos homens é eles estarem ligados ao Um, o único que sabe que o estel é verídico.
Então, considerar o mal como auto-destrutivo e o amor como a salvação são crenças. Nós sabemos que o mal pode sim surgir do nada, como o fez em Melkor, e que mesmo do amor pode surgir guerra e ódio e destruição. Então o mal sempre existirá e o único amor que salva é o de Eru, não dos povos livres.
O que eu não concordo é que sejam partes da mente de Eru.
Eles não são somente partes da mente de Eru, eles são partes de Eru em si mesmos, pois possuem a Chama Imperecível que não é uma tocha ou um objeto ou um fator mas uma propriedade que é natural somente de Eru. Vale lembrar que não são somente seres dotados do chamado "livre-arbítrio" que são dotados da Chama visto que o próprio mundo de Arda é "animado" por ela..
Não diria que eles “poderão”compreender; eles sempre podem compreender, e muitos homens e elfos já entendiam os seus papéis no conjunto [...]
Quando eu falo "conjunto" eu me refiro a Eru Ilúvatar, que é o conjunto. Então todos os seres criados somente poderão compreender Eru, o conjunto, e seus propósitos, quando chegar o final. Eu não quis dizer que cada um pode compreender o propósito próprio para a existência que ainda assim é bem difícil e eu até diria impossível visto que somente Eru conhece todos os verdadeiros propósitos.