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José Saramago

Bom, resolvi criar um tópico pra discutirmos esse portuga que eu gosto bastante, apesar de só ter lido dois livros dele, no caso o Ensaio sobre a cegueira e As Intermitências da Morte. Agora em 2008 surge a expectativa sobre o filme, veremos como vai ficar hehe. Digam ai o que acham dele. E gostaria que alguem me esclarecesse uma duvida quanto a relaçao que ele e o Lobo Antunes têm: um nao vai com a cara do outro? É pura birra? Orgulho? Fiquei sabendo que eles nao se dão muito bem, um diz que nao tem muito a ver com o outro...mas nao encontrei nenhuma explicaçao boa sobre isso. Como não li nada do Lobo Antunes, não dá pra comparar quanto as obras.

Qual seu livro favorito de Saramago? E o que te atrai na escrita dele?
 
Eu não conhecia essa história do Lobo Antunes, agora fiquei curiosa :hihihi:

Sobre o Saramago, eu confesso que aqueles parágrafos intermináveis às vezes me incomodavam, então eu deixava o livro de lado antes de chegar na página cinco (heresia, eu sei). Mas aí caiu em minhas mãos O Ano da Morte de Ricardo Reis e fluiu tão bem, e achei tão bom que agora quero correr atrás dos que eu larguei pela metade (no caso, O Ensaio sobre a Cegueira e O Evangelho segundo Jesus Cristo).
 
Ensaio sobre a Lucidez, Ensaio sobre a Cegueira e O Evangelho Segundo Jesus Cristo.

Eu gosto MUITO do terceiro, tem umas passagens muito bonitas que valem pelo livro todo. Estou enrolando para começar A Caverna :/
 
Anica disse:
Sobre o Saramago, eu confesso que aqueles parágrafos intermináveis às vezes me incomodavam
Pois é, a mim também. Não que o estilo dele escrever seja ruim (credo, longe disso), mas as vezes vc fica naquela coisa de ler antes de dormir "só até o proxim o parágrafo" pra não parar no meio da história, e o próximo parágrafo não chegava nunca :rolleyes:

Dele por enquanto eu só li O Homem Duplicado, e achei ótimo. Apesar dos blocos grandes de texto, tudo flui. Queria muito ler o Ensaio Sobre a Cegueira e o sobre a Lucidez, mas falta o livro e o tempo =/
 
Li dele somente "A Jangada de Pedra" que me desmotivou a ler qualquer outra coisa (sei que é um pouco radical, mas é assim) do cara.

Achei interminável e muito chato e fiquei extremamente decepcionado, pois quando li o enredo, que se trata da história ficcional da separação geográfica da Península Ibérica do restante continente europeu, pensei: "Putz! O cara é fodasso", afinal, era uma alusão à exclusão dessa península frente à unificação européia, blá, blá, blá. Enfim, penei para consehguir terminar de ler.
 
Nunca tive muita paciência para esse moço. Porém um amigo adorou a coragem que ele demonstra ao falar de certos assuntos (respeito muito a opinião desse amigo) e vendeu Saramago por mais de um ano para mim. Resolvi ler o Evangélio Segundo Jesus Cristo. Não me arrependo, estava estimulada pelo o olhar de meu amigo e sendo assim tudo fica mais... mais... Acho que Saramago me ganhou descrevendo um quadro. Essa história de observar algo, imagem, quadro, ou apenas uma situação e descrever o que se percebe é uma prática entre eu e meus amigos. Fico impressionada com a diferença entre as impressões de uma pessoa para outra em uma mesma circunstância. Debatemos constantemente o quanto é complementar o senso perceptivo de cada um de nós. Alarga horizontes na compreensão do outro, esse exercício. Foi assim que Saramago conseguiu despertar minha atenção, estou tentada a ler "O ensaio sobre a cegueira".
 
Pepper disse:
Anica disse:
Sobre o Saramago, eu confesso que aqueles parágrafos intermináveis às vezes me incomodavam
Pois é, a mim também. Não que o estilo dele escrever seja ruim (credo, longe disso), mas as vezes vc fica naquela coisa de ler antes de dormir "só até o proxim o parágrafo" pra não parar no meio da história, e o próximo parágrafo não chegava nunca :rolleyes:

Dele por enquanto eu só li O Homem Duplicado, e achei ótimo. Apesar dos blocos grandes de texto, tudo flui. Queria muito ler o Ensaio Sobre a Cegueira e o sobre a Lucidez, mas falta o livro e o tempo =/

Não podemos esquecer que dentro desses parágrafos enormes existem os diálogos! Demorei muito para me acostumar com aquele estilo. Do nada alguém falava, sem aspas para ajudar, e eu tinha que voltar a leitura.

Mas o Dostoiévski não fica atrás com parágrafos gigantescos...
 
Verdade, essa parte dos diálogos é facil pra se perder. E já me disseram que o Lobo Antunes é chegado num parágrafo mais saliente, só que não li nada dele. Vai ver isso é mal de portuga (e russos também) ^^
 
Bom, a mim os parágrafos grande não nunca me incomodaram muito, seja em que livro for. Quer dizer, não grande diferença entre ter um texto com quinhentas palavras num só bloco ou dividido em 4-5 partes. No fundo, você acaba por ler a mesma coisa. A dificuldade em aceitar isso é meramente resultado de uma habituação por parte das pessoas a parágrafos pequenos no texto.

O que realmente pode atrapalhar é, como o Pips referiu, aquela forma de inserir os diálogos no meio dos parágrafos, apenas com uma maiúscula no início da frase a diferenciá-los.
 
O tamanho do parágrafo incomoda porque um parágrafo antes de mais nada serve para separar idéias. No caso, os parágrafos longos dele possuem várias idéias em uma só (incluindo aí os diálogos) e por isso causa um incômodo inicial até "pegar" o estilo dele.
 
Tenho um grande respeito e admiração por José Saramago. Veio do zero, não esqueceu as origens; veja o carinho com que ele fala do seu avô, da sua aldeia, dos seus pais, dos seres humanos excluídos. Sofreu, lutou e venceu. Não foi fácil, afinal ele não venceu com a ajuda de políticos corruptos; muito pelo contrário, por escrever tão bem ele foi perseguido. Por que ele foi morar na Ilha Lancelotti?... devido a maior injustiça que um escritor poderia sofrer de um governo do seu próprio país.

Os seus livros, sejam romances, contos peças teatrais e poesias, ou mesmo seus artigos são uma crítica ao comportamento humano, ao inegável sistema de extorsão capitalista. Vencer mantendo essa posição precisa ser muito bom. Afinal, a maioria dos leitores estão alienados pela cultura consumista.

Saramago disse, recentemente, que é mais fácil um governo chegar a Marte do que ao homem. E apesar da sua idade é um ativista político com posições firmes e coerentes, independente do sucesso comercial dos seus livros.

Lí seus últimos livros e gostei de todos. As críticas por seu estilo de escrever, inerentes aos longos parágrafos e à questão da pontuação não muda nada do seu conteúdo, o que é mais fundamental, ou seja: ajudar na formação de uma nova consciência e na luta pela construção de um mundo melhor.

Medeiros Braga
 
Up (copiando o que postei no hellfire)

Acredito que já comentei por aqui que meu maior problema com o Saramago são aqueles parágrafos enoooormes que faziam com que eu acabasse me perdendo e nem sacasse que o sujeito está a descrever um quadro ou qualquer coisa do tipo (aí, o único livro dele que consegui ler até o fim foi O Ano da Morte de Ricardo Reis, aliás, altamente recomendável). Enfim, resolvi ler o tal do Ensaio sobre a cegueira, até porque pessoas confiáveis (hehe) elogiaram muito e eu achava que o tio Saramago merecia uma chance.

Antes de falar do livro, vamos ao resultado: agora eu quero ler tudo o que ele já possa ter escrito, até poesia em bolacha de boteco se for o caso. O Ano da Morte… é legal, muito bom mesmo, mas o que ele faz em Ensaio sobre a cegueira é único, é apaixonante.

A história fala de uma epidemia de cegueira, uma cegueira que faz com que todos vejam um “mar branco”, ao contrário da escuridão total da cegueira comum. As autoridades, preocupadas com o rumo que a tal da epidemia pode tomar, decide mandar todos os cegos para um manicômio abandonado, prometendo mandar comida de quando em quando.

Saramago foca em um grupo que aparentemente foram os primeiros a ficar cego, portanto os primeiros a chegar no manicômio. O modo como ele vai descrevendo a degradação daquelas pessoas mexe com você de uma forma absurda, tem horas que dá até medo de fechar os olhos e depois ao abrir ficar cego.

Mas mais do que isso, Saramago é genial no retrato do humano. Chega uma hora que um médico cego diz à esposa que a cegueira não fez deles melhores nem piores, eles continuam o mesmo. Essa fala tão simples, largada no meio de um parágrafo, é extremamente assustadora. Porque naquela altura, você começa a ver o que as pessoas “nem melhores, nem piores” começam a fazer umas com as outras, e nota que pouco de “humanidade” sobra aos cegos.

É um retrato chocante do que temos de mais sujo dentro de nós, no final das contas. E o mais interessante: uma vez que o autor não dá nomes às personagens (são sempre citadas como “o médico”, “a moça dos óculos escuros”, etc.), nem ao lugar (você não sabe qual é o país, qual é o nome da rua que eles moram e por aí vai), é uma história que pode acontecer em qualquer lugar. Até porque ele foi tão fundo, que claramente não mostra só o povo português.

Confesso que me arrependo muito de não ter lido esse livro até o fim antes (sempre ficava na parte do motorista chegando em casa). Se eu fosse você, corria para uma biblioteca ou uma livraria e leria esse livro. Poucos causarão tanto impacto sobre você quanto Ensaio sobre a cegueira.

Em tempo: Fernando Meirelles está dirigindo uma adaptação para o cinema que chegará por aqui com o nome “Cegueira“. Pontos fortes: o elenco escolhido inclui vários tipos (oriental, americano, latino, etc.) o que reforça o que comentei ali, sobre ser algo sobre a humanidade em si, não sobre um povo em específico. O único porém é que vi (poucas) fotos da produção, mas a sensação que dá é que eles não carregarão a mão na sujeira como aparece no livro. Pelo menos a Julianne Moore e o Mark Ruffalo não aparecem cheio de merda, por exemplo.

E acreditem, isso pode parecer bobagem, mas a falta de asseamento dos cegos é importantíssima para a ambientação na narrativa, é um elemento tão forte no texto quanto a própria epidemia. Mas vamos dar uma chance até porque o Meirelles não é moleque, hehe.
 
Gosto do estilo de Saramago, os longos parágrafos para mim, faz que a leitura seja mais dinâmica, mais rápida, flui de uma forma melhor. Gosto também de me confundir entre as falas das personagens, o pensamento do narrador, ou do autor...

Para quem quem conhecer um pouco mais o portuga, segue o link do meu blog com uma entrevista ao jornal da Globo http://www.clubedaleitura.org/2008/04/06/entrevista-jose-saramago/
 
Murilocontro, adorei o vídeo que você indicou no Clube da leitura sobre Saramago. O que é a biblioteca dele \o/ uma beleza.
 
Mas então, e o filme dO ensaio sobre a cegueira? alguém sabe de novidades?
 
Saiu um trailer na Uol e ele vai estreiar no festival de Cannes.

No blog do filme, Fernando Meirelles disse que está correndo contra o tempo para conseguir montar o filme e evitar que fique 'extremo' (muita violência, muita sujeira, etc).
 
E também, dia 23 (nem sei q dias estamos rsr) em Portugal vai ter uma
exposição apenas voltada para ele! Dá-lhe Saramago;)
 
Fui ler o velhote no fim de 2006... O Evagelho Segundo Jesus Cristo, e simplesmente me apaixonei! O jeitão dele escrver incomoda um piouco memso no inicio, ams depois que se pega o jeito...

Fora que o Velhote é absolutamente genial em seu cinismo, acidez e dialogos curtos.

Li As Intermitências da Morte, que passei a recomendar como 1ª leitura por ser mais fino e mais "direto ao ponto", assim não assusta tanto os neófitos. Evangelho, Ensaios... são mais densos e creio que a pessoa absorve melhor se já estiver acostumada.
 
Dele eu li apenas o Ensaio sobre a Cegueira. E o livro é fantástico! Depois desse quero ler muito mais da obra dele. Os paragrafos grandes não me atrapalharam.

Eu cheguei a ler até a metade o Evangelho Segundo Jesus Cristo, mas infelizmente as circunstâncias da época não permitiram que eu fosse até o final.
 
Fui tentar ler a viagem do elefante, e achei muito estranho. Não usa ponto e parece que os nomes próprios tão com nome minúscula. :D

quase me matei tentando descobrir o que era um 'secretário pêro de alcáçova carneiro'. hahahahaha eu pensando que eram adjetivos ou algo assim.

Mas é só questão de eu me acostumar, acho. Fora o fato de que quando ele coloca uma vírgula e depois uma letra maíuscula disseram-me para eu entender como fala do personagem. :D

Amanhã tento ler de novo. hehe
 

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