Não, a nossa cultura não precisa desse tipo de sacrifício para existir, já a deles, sim. Da mesma maneira que alguém que mata ou rouba em nossa sociedade é excluído dela, pais que não sacrificam seus filhos gêmeos dentre essas culturas indígenas são excluídos. O não-assassinato, para os índios, significa que foi jogada uma terrível maldição sobre a tribo, e eles se dedicam, a partir de então, a tentar destruir essa maldição antes que ela os destrua. O simbólico/mítico/religioso é tão importante na cultura dele quanto na nossa. Se entre nós há inúmeras guerras e destruição por causa de religião, guerras que são capazes de destruir dizimar povo/culturas inteiras, como é que podemos dizer que eles não são dependentes do infanticídio para poderem perpetuar suas crenças?
E, além do mais, a ênfase à vida o apego a ela é outra carcterística puramente cultural. Achar que todos merecem a vida porquê ela é "boa", necessária e um bem inviolável é algo bem tipicamente ocidental. Não é em todos os lugares do globo que a coisa é assim... mais uma vez, quem está com a razão? E eu citei o exemplo dos bebês como poderia ter citado outros também, menos ou mais dramáticos dependendo do caso, mas todos eles nos levariam a essas perguntas fundamentais: há alguém com a razão? E, se há, por quê esse alguém tem, necessariamente, de sermos nós?
EDIT. Só pra esclarecer, eu não tô defendendo uma cultura certa ou errada, nem dizendo que devemos proteger a cultura a todo o custo e esquecer de todo o resto, dos homens, meio-ambiente, etc. O que eu tô querendo dizer aqui é que não há uma cultura correta, que não há nada de absoluto nesse mundo, portanto, se formos defender algo que achamos correto porquê achamos correto, tudo bem, mas o que não vale é justificarmos essa defesa dizendo que "ah, a coisa que eu defendo é um direito universal e eterno, blá blá blá". Enfim
Sem contar que, no dia que inventarmos a máquina do tempo e tivermos a oportunidade de visitar o Hitler na infância, é bom não levarmos o Imrahil junto
Enfim, quem sabe, antes de discutir o que quer que seja sobre bem e mal, talvez nos devessemos dar uma definição do bem e do mal.
E se usarmos as analogias cristãs, Eru é tudo menos bom, tal como o Deus cristão. Afinal, é uma entidade que as vezes fica bem vingativa e antipática. Lendo a bíblia, tem vez que dá impressão que o Deus, na verdade, era uma dúpla de gêmeos, com mesma aparência e nome e carateres diferentes.
E o Imrahil acabou de condenar lindamente toda a cultura cristã, condenando toda a história de pecado original, condenando o dilúvio que resultou na morte de crianças inocentes, condenando aquela história dos primogênitos no egito, condenando a destruição de Sodoma e Gomorra, onde havia criancinhas também. Não que eu deixe de concordar com ele nesses pontos, mas naquelas... Afirmar que nenhuma cultura justifica o assassinato de criancinhas inocentes é complicado.
Ou é um caso de dupla moral? Para os humanos, é errado, mas se Deus quiser matar, fique a vontade? Que Deus seria esse então?