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"Eru, o mal"?

Não, a nossa cultura não precisa desse tipo de sacrifício para existir, já a deles, sim. Da mesma maneira que alguém que mata ou rouba em nossa sociedade é excluído dela, pais que não sacrificam seus filhos gêmeos dentre essas culturas indígenas são excluídos. O não-assassinato, para os índios, significa que foi jogada uma terrível maldição sobre a tribo, e eles se dedicam, a partir de então, a tentar destruir essa maldição antes que ela os destrua. O simbólico/mítico/religioso é tão importante na cultura dele quanto na nossa. Se entre nós há inúmeras guerras e destruição por causa de religião, guerras que são capazes de destruir dizimar povo/culturas inteiras, como é que podemos dizer que eles não são dependentes do infanticídio para poderem perpetuar suas crenças?

E, além do mais, a ênfase à vida o apego a ela é outra carcterística puramente cultural. Achar que todos merecem a vida porquê ela é "boa", necessária e um bem inviolável é algo bem tipicamente ocidental. Não é em todos os lugares do globo que a coisa é assim... mais uma vez, quem está com a razão? E eu citei o exemplo dos bebês como poderia ter citado outros também, menos ou mais dramáticos dependendo do caso, mas todos eles nos levariam a essas perguntas fundamentais: há alguém com a razão? E, se há, por quê esse alguém tem, necessariamente, de sermos nós?


EDIT. Só pra esclarecer, eu não tô defendendo uma cultura certa ou errada, nem dizendo que devemos proteger a cultura a todo o custo e esquecer de todo o resto, dos homens, meio-ambiente, etc. O que eu tô querendo dizer aqui é que não há uma cultura correta, que não há nada de absoluto nesse mundo, portanto, se formos defender algo que achamos correto porquê achamos correto, tudo bem, mas o que não vale é justificarmos essa defesa dizendo que "ah, a coisa que eu defendo é um direito universal e eterno, blá blá blá". Enfim :mrgreen:

Sem contar que, no dia que inventarmos a máquina do tempo e tivermos a oportunidade de visitar o Hitler na infância, é bom não levarmos o Imrahil junto :superupa:

Enfim, quem sabe, antes de discutir o que quer que seja sobre bem e mal, talvez nos devessemos dar uma definição do bem e do mal.


E se usarmos as analogias cristãs, Eru é tudo menos bom, tal como o Deus cristão. Afinal, é uma entidade que as vezes fica bem vingativa e antipática. Lendo a bíblia, tem vez que dá impressão que o Deus, na verdade, era uma dúpla de gêmeos, com mesma aparência e nome e carateres diferentes.

E o Imrahil acabou de condenar lindamente toda a cultura cristã, condenando toda a história de pecado original, condenando o dilúvio que resultou na morte de crianças inocentes, condenando aquela história dos primogênitos no egito, condenando a destruição de Sodoma e Gomorra, onde havia criancinhas também. Não que eu deixe de concordar com ele nesses pontos, mas naquelas... Afirmar que nenhuma cultura justifica o assassinato de criancinhas inocentes é complicado.
Ou é um caso de dupla moral? Para os humanos, é errado, mas se Deus quiser matar, fique a vontade? Que Deus seria esse então?
 
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Se nós levarmos em consideração que tanto as crianças da época do díluvio, as de Sodoma e Gomorra e os primogênitos egípcios eram inocentes e teriam sua eternidade no paraiso garantida não podemos classificar a ação como assassinato, pois de acordo com a concepção de Deus que estamos discutindo Ele e o senhor da vida e da morte e quem determina o tempo que cada ser deve permanecer no mundo. Na verdade os desígnios de Deus, pelo menos aquele Deus de que estamos falando, pertencem somente a Ele mesmo e suas ações fazem parte de um plano que somente ele conhece. Na verdade nossa existência como seres humanos no mundo é muito curta e insignificante para que possamos compreender o grande plano de Deus para a humanidade.
 
Sem contar que, no dia que inventarmos a máquina do tempo e tivermos a oportunidade de visitar o Hitler na infância, é bom não levarmos o Imrahil junto

Enfim, quem sabe, antes de discutir o que quer que seja sobre bem e mal, talvez nos devessemos dar uma definição do bem e do mal.

E se usarmos as analogias cristãs, Eru é tudo menos bom, tal como o Deus cristão. Afinal, é uma entidade que as vezes fica bem vingativa e antipática. Lendo a bíblia, tem vez que dá impressão que o Deus, na verdade, era uma dúpla de gêmeos, com mesma aparência e nome e carateres diferentes.

E o Imrahil acabou de condenar lindamente toda a cultura cristã, condenando toda a história de pecado original, condenando o dilúvio que resultou na morte de crianças inocentes, condenando aquela história dos primogênitos no egito, condenando a destruição de Sodoma e Gomorra, onde havia criancinhas também. Não que eu deixe de concordar com ele nesses pontos, mas naquelas... Afirmar que nenhuma cultura justifica o assassinato de criancinhas inocentes é complicado.

Ou é um caso de dupla moral? Para os humanos, é errado, mas se Deus quiser matar, fique a vontade? Que Deus seria esse então?


Ué, não tinha sido vc que falou que o bem ou mal tava abaixo de Deus, pois não poderíamos entender perfeitamente Deus? Então, acho que é isso.. é mais ou menos como vc disse no último parágrafo. As ações de Deus são perfeitas, se nós humanos achamos alguma coisa ruim nisso é porque nós somos os imperfeitos e não estamos aptos a entender as atitudes de Deus.

Mas uma coisa é falar do conceito cristão (do qual não entendo muito bem, então posso ter errado em alguma coisa), outra coisa é falar de opinião própria.
Eu, Gabriel, acho que é extremamente difícil acreditar na bíblia por alguns motivos, sendo que um deles é isso aí que vc falou.. o todo bondoso Deus parece muito malvado pro meu gosto.
No caso do Imrahil, ele só tava dando a opinião pessoal dele sobre o sacrifício de bebês, não lembro dele ter falado nada ligado à religião sobre isso. Acho que vc confundiu alhos com bugalhos.
 
Claro que Eru sabia bem o que era o mal, pois Melkor nasceu dele, em alguma parte essa essencia malefica devia de estar.
 
Moriel, isso que vc acaba de fazer com a minha argumentação tem nome: reductio ad absurdum. É muito fácil criticar um argumento desse jeito. Só que as suas pressuposições estão todas erradas.

Você está partindo do pressuposto de que eu sou um literalista bíblico. Quem te falou isso? É claro que eu não sou. É claro que eu não acho que as supostas ações ultradestrutivas e vingativas de Deus na Bíblia aconteceram literalmente. Aliás, eu sei que o Êxodo provavelmente não aconteceu, que a conquista de Canaã por Josué também não aconteceu, que o mundo tem 4,5 bilhões de anos de idade e que o pecado original não aconteceu literalmente do jeito que está contado na Bíblia.

Essas histórias são só maneiras de tentar abordar problemas éticos e morais dentro da moldura da cultura israelita antiga. Não são verdades literais gravadas na pedra. Mas, só para tomar um exemplo: a morte dos primogênitos egípcios vem de uma época em que a responsabilidade pelos pecados era considerada comunal na antiga religião israelita. Por isso, a comunidade inteira paga por eles. Aliás, na cabeça deles, aquilo era considerado uma prova da misericórdia de Deus: em vez de despejar porrada só em cima dos diretamente responsáveis por um pecado, a punição era "espalhada" por várias gerações justamente para não ser tão severa. É claro que as concepções filosóficas sobre isso evoluíram, e vc não vai achar nenhum rabino ou padre com a cabeça no lugar hoje que aceite essa visão.

Se a gente for pensar, o mesmo vale para Númenor e seu fim. É uma visão de mundo parecida. Tolkien estava tentando recriar o "sabor" do Antigo Testamento, mas partia do princípio de que Eru, por SER Deus, sabia o que estava fazendo e só punia quem, de alguma forma, realmente era culpado.

E, for the record, se você acha que eu ia estrangular o Hitler bebê inocente, não está prestando a mínima atenção no que eu andei dizendo.

Abraços,

Esfriando um pouco a cabeça, eu diria que todos temos os nossos vieses para avaliar os significados da obra de Tolkien.

Eu sou católico praticante e pra mim está claro que o jeito "certo" de ler o Silma é usando um viés monoteísta ortodoxo. Muita gente aqui, e entre os fãs de Tolkien, ou é neopagão/Wiccan, tendendo a ressaltar os elementos aparentemente pagãos do texto, ou tem interesse por religiões orientais e tenta ler a obra com esses óculos.

Eu só gostaria de lembrar todo mundo que essa tendência tem de ser combatida. A obra tem os dados internos dela, e os dados externos -- no caso as Cartas, ou as entrevistas do Tolkien -- que sugerem qual a maneira de lê-la que é mais condizente com a visão do próprio autor. Dá pra fazer outras leituras da obra? Sempre dá, mas, na minha opinião, ao preço de violentar as intenções originais e as pistas deixadas pelo autor.

Namely: a visão declaradamente monoteísta "clássica" do Tolkien. E a visão de que a história de Arda não passa dos "capítulos ocultos" da história da Terra.

Abraços,
 
Última edição por um moderador:
Moriel, isso que vc acaba de fazer com a minha argumentação tem nome: reductio ad absurdum. É muito fácil criticar um argumento desse jeito. Só que as suas pressuposições estão todas erradas.

Você está partindo do pressuposto de que eu sou um literalista bíblico. Quem te falou isso? É claro que eu não sou. É claro que eu não acho que as supostas ações ultradestrutivas e vingativas de Deus na Bíblia aconteceram literalmente. Aliás, eu sei que o Êxodo provavelmente não aconteceu, que a conquista de Canaã por Josué também não aconteceu, que o mundo tem 4,5 bilhões de anos de idade e que o pecado original não aconteceu literalmente do jeito que está contado na Bíblia.

Essas histórias são só maneiras de tentar abordar problemas éticos e morais dentro da moldura da cultura israelita antiga. Não são verdades literais gravadas na pedra. Mas, só para tomar um exemplo: a morte dos primogênitos egípcios vem de uma época em que a responsabilidade pelos pecados era considerada comunal na antiga religião israelita. Por isso, a comunidade inteira paga por eles. Aliás, na cabeça deles, aquilo era considerado uma prova da misericórdia de Deus: em vez de despejar porrada só em cima dos diretamente responsáveis por um pecado, a punição era "espalhada" por várias gerações justamente para não ser tão severa. É claro que as concepções filosóficas sobre isso evoluíram, e vc não vai achar nenhum rabino ou padre com a cabeça no lugar hoje que aceite essa visão.

Se a gente for pensar, o mesmo vale para Númenor e seu fim. É uma visão de mundo parecida. Tolkien estava tentando recriar o "sabor" do Antigo Testamento, mas partia do princípio de que Eru, por SER Deus, sabia o que estava fazendo e só punia quem, de alguma forma, realmente era culpado.

E, for the record, se você acha que eu ia estrangular o Hitler bebê inocente, não está prestando a mínima atenção no que eu andei dizendo.

Abraços,

Hum, muito pelo contrário, acho que você não o estrangularia.
Enfim, mas e aquelas coisas sobre a morte das crianças inocentes que você disse? Como ela encaixa nisso tudo o que você diz agora?
Na verdade, isso nem foi muito contra você, Imrahil, tava tentando mais mostrar para o povo o absurdo de aplicar os conceitos humanos ao divino.

Quanto aos conceitos de bem e mal, eu tentei aplicar os conceitos de bem e de mal observados aqui no tópico ao Deus cristão, e todos viram os resultados: ou temos um caso de "o que o Cesar pode, o burro não pode", o que não é péssimo, pois se Deus pode fazer algo somente por ser Deus, já sabem, ou temos que o Deus não é pura bondade por definição.
É isso que eu tento explicar: não podemos chegar e falar que Deus ou Eru ou qualquer ser superior é bom ou mal, porque os conceitos que temos foram desenvolvidos para nós, não para seres superiores. E os seres superiores tem outras noções, outras, por assim dizer, dimensões de atividades.


Voltando a Eru, lembram daquela parte em que ele diz para Melkor que por mais que este fique inventando arte, ainda não vai inventar nada que não esteja nos planos?
*Ainda vou ter que traduzir o Zvirmarillion, é a melhor interpretação humorística do SdA que eu já vi - o pior é que não é nada além do que esteja no livro, mais algumas reflexões do autor - mas por enquanto me limitarei a um trecho. Ótimas reflexões, por sinal. Tradução feita com a pata mais trazeira que eu tinha.*

"Em mesmo se alguém tentar fazer merda para mim - não vamos falar quem será, mas vai ser você, Melkor - então, até mesmo fazendo isso estará fazendo aquilo que eu quero. [...]
"Dá nisso, - pensou Melkor, - a gente se esforça aqui, e depois o velho vem e declara que é tudo para ele. Perdemos todo o ânimo assim". Mas, refletindo melhor, ele compreendeu a liberdade que Eru lhe ofereceu, e depois, ao fazer maldades, nunca deixava de repetir "Pela glória de Ilúvatar e amém!"

S. O. Rokdeviátyi
 
Então Imrahil, eu também acho que pra quem quer se aprofundar na obra e no contexto que ela se insere, é necessário conhecer um pouco sobre o que o próprio autor falava sobre a obra. Mas se o cara quer ler Senhor dos Anéis igual os hippies dos anos 60, qual é o problema? A única coisa é que ele vai ter opiniões sobre o livro que são diferentes do próprio autor. Mas se ele quer ser feliz assim, que seja. Acho que a obra de Tolkien é tão foda que transcendeu as próprias intenções do autor. Em resumo, não acho que ver a obra com outros olho é algo que deve ser combatido.
 
(um a parte da discussão)

E viva os Russos e seu senso de humor - que poucos entendem

Aliás, eu sou um Ucraniano de segunda geração. Ok, eu deveria odiar todos os russos, mas de alguma forma os entendo melhor.

(fim do a parte)
 
Só pra esclarecer um pouquinho melhor, Moriel: eu basicamente quis dizer que eu não acho que Deus realmente matou os primogênitos do Egito, ou os bebezinhos de Sodoma e Gomorra etc. Se não, ele não seria Deus de verdade ;-) A narrativa bíblica é desse jeito porque a cultura israelita antiga assim concebia a questão do pecado e da responsabilidade individual e coletiva por ele. Mas essa concepção mostra a influência humana sobre a inspiração divina, e por isso mudou - graças a Deus!

Mas concordo que, em última instância, a nossa mente não consegue abordar todas as facetas da relação do divino com o mundo. Situações que podem parecer injustas podem ter um significado que nos escapa.

Abraços,
 
:ahhh:

Bem, se vocês quiserem discutir o Deus bíblico, primeiro têm que fazer uma distinção que eu ainda não vi ser feita aqui (apesar de, provavelmente, já ter sido internalizada por todo mundo): há, praticamente, duas entidades lá, a do Antigo Testamento e a do Novo.

O Deus do antigo testamento, que, como o Cisne disse, reflete muito da tradição judaica, é apresentado, muitas vezes, como "vingativo", "opressor", etc. (as palavras são fortes, eu sei, mas só as utilizei porquê não encontrei sinônimos de imediato). Agora, o Deus que é apresentado por Jesus no NT é bastante diferente daquele do Antigo. Esse "novo" Deus é bom, magnânimo, amoroso e tals.

Há muita coisa na Bíblia que não entendemos, 1) porquê são atos divinos e estão além do nosso conhecimento, 2) porquê nós os achamos muito cruéis e não procuramos nos entender. Na verdade, se Deus discernir entre o Bem absoluto e o Mal absoluto (pressupondo que existam como coisas separadas ou que o segundo exista pela ausência do primeiro, tanto faz), o modo como ele enxerga as coisas é diferente do nosso porquê nós somos limitados por uma série de coisas, a cultura (que eu tanto abordei nesse tópico) sendo uma delas, e Deus não. Em outras palavras, ele sabe de coisas que, apesar de nos rodearem, nós não compreendemos...
 
:ahhh:

Bem, se vocês quiserem discutir o Deus bíblico, primeiro têm que fazer uma distinção que eu ainda não vi ser feita aqui (apesar de, provavelmente, já ter sido internalizada por todo mundo): há, praticamente, duas entidades lá, a do Antigo Testamento e a do Novo.

O Deus do antigo testamento, que, como o Cisne disse, reflete muito da tradição judaica, é apresentado, muitas vezes, como "vingativo", "opressor", etc. (as palavras são fortes, eu sei, mas só as utilizei porquê não encontrei sinônimos de imediato). Agora, o Deus que é apresentado por Jesus no NT é bastante diferente daquele do Antigo. Esse "novo" Deus é bom, magnânimo, amoroso e tals.

Há muita coisa na Bíblia que não entendemos, 1) porquê são atos divinos e estão além do nosso conhecimento, 2) porquê nós os achamos muito cruéis e não procuramos nos entender. Na verdade, se Deus discernir entre o Bem absoluto e o Mal absoluto (pressupondo que existam como coisas separadas ou que o segundo exista pela ausência do primeiro, tanto faz), o modo como ele enxerga as coisas é diferente do nosso porquê nós somos limitados por uma série de coisas, a cultura (que eu tanto abordei nesse tópico) sendo uma delas, e Deus não. Em outras palavras, ele sabe de coisas que, apesar de nos rodearem, nós não compreendemos...

Concordo, apesar de achar que é uma visão insatisfatória...
 
OK, vamos explicar.

A visão tradicional cristã sobre as Escrituras é que elas foram inspiradas por Deus. Fine. O problema é como encarar essa inspiração. Acho que a maioria dos teólogos católicos vai concordar que é inconcebível que Deus tenha simplesmente ditado o texto bíblico pros escritores antigos. Pelo contrário, as Escrituras são o resultado da relação do povo de Israel com Deus, mas essa relação é inevitavelmente influenciada por características "terrenas": ou seja, a cultura, a língua, a situação material daquele povo. E até interesses políticos, claro.

Portanto, cabe a nós filtrar o que é permanente e o que é incidental -- culturalmente determinado -- no texto sagrado. E é como eu vejo essas passagens aparentemente irracionais, violentas e até amorais da Bíblia.

Abraços,
 
Oi Caranthir,

Concordo em parte com a distinção que você traçou, mas na verdade ela tem raízes no próprio Antigo Testamento. No interior da parte hebraica das Escrituras a gente já vê essa evolução do Deus "raivoso", "vingativo" para um mais terno e compassivo. E na verdade as duas coisas convivem dentro do mesmo "Deus". Exemplo básico: expulsão do Paraíso. Antes de mandar Adão e Eva para fora do Éden, Deus faz roupas de peles de animais COM SUAS PRÓPRIAS MÃOS e as coloca COM SUAS PRÓPRIAS MÃOS no casal. Punição e ternura misturadas ;-) E o ponto de vista dos autores bíblicos é que a punição divina nunca é arbitrária. Ele pune apenas e tão somente quem merece. Vide a discussão entre Deus e Abraão sobre Sodoma e Gomorra. Se Deus encontrasse nessas cidades uma única pessoa boa que fosse, não as destruiria.

Abraços,
 
(um a parte da discussão)

E viva os Russos e seu senso de humor - que poucos entendem

Aliás, eu sou um Ucraniano de segunda geração. Ok, eu deveria odiar todos os russos, mas de alguma forma os entendo melhor.

(fim do a parte)

Ah, é que é uma coisa muito a base de ironia e intelectualidade e uma coisa com bem menos baixaria e humor americano (o cara caiu de bunda: saghfdfdgsafgdsafgdsaagfd).

Nada melhor que assistir o meu pai tirando com a cara de um incauto, e o incauto levando a sério todas as ironias :D

E não deveria odiar os russos não, deixando a política a parte, é tudo a mesma coisa.


Voltando ao assunto:
Sugiro primeiro definir as coisas e depois continuar a discutir.
Venho notando que há pessoas com concepções variadas de Deus, Eru, Bem, Mal aqui.

Começarei, tudo puro eu acho:
Supondo que existam o bem e o mal absoluto, não os conhecemos, mas temos o nosso bem particular e o nosso mal particular. Assim, do ponto de vista do nosso bem e mal particulares, Eru é claramente mal: deixou que a filhinha do fulano morresse de doença, e deixou que os orcs matassem o primo do beltrano. Afinal, Eru é onipotente e poderia ter arranjado tudo de modo que tudo fosse só "bem" tal como nos imaginamos o bem.
Do ponto de vista do bem e mal absoluto, não sabemos o que Eru é, afinal não conhecemos os conceitos.

E, antes que alguém reclame, "particular" não tem nada a ver com o egocentrismo. É mais com a visão do mundo do ser em particular.
 
O próprio Tolkien admitia essa comparação entre Eru Iluvatar e o Deus cristão.

Eru é o Deus do cristianismo, os Ainur são os anjos, Melkor é Lúcifer, Frodo é Jesus Cristo, etc.

Ok!! Onde se confirma isso?? Nas "Cartas"? Ou foi alguma entrevista?

A comparação de Frodo é real?? Só pode ser piada, né? Se, não, chega a ser erêsia!! Detesto a pagação pra cima de um personagem que foi carregado como ele... Mas fazer o quê!!! A maioria gosta... Prefiro Melkor!!:lol:
 
Não, a comparação com Frodo é incorreta.

Na série History, no Athrabeth Finrod ah Andreth, ou Diálogo de Finrod e Andreth, disponível aqui mesmo na Valinor, Tolkien toca obliquamente na figura de Jesus, visto como algo para o futuro de Arda, e diretamente ligado ao destino dos Homens.

Abraços,
 
Imrahil, suas observações foram muito bem feitas. Eu escrevi o post bem depressa porquê tava no trabalho, etc. De fato há uma mudança gradativa da "personalidade", se podemos chamar assim, de Deus no AT, bem como diversos contrastes entre ações Dele.

A comparação de Frodo é real?? Só pode ser piada, né? Se, não, chega a ser erêsia!! Detesto a pagação pra cima de um personagem que foi carregado como ele... Mas fazer o quê!!! A maioria gosta... Prefiro Melkor!!:lol:
É uma piada, tanto que eu risquei o nome de Frodo. A intenção era que fosse engraçado.

:batera:
 
Ok!! Onde se confirma isso?? Nas "Cartas"? Ou foi alguma entrevista?
A comparação de Frodo é real?? Só pode ser piada, né? Se, não, chega a ser erêsia!! Detesto a pagação pra cima de um personagem que foi carregado como ele... Mas fazer o quê!!! A maioria gosta... Prefiro Melkor!!:lol:

JRR com certeza era cristão e fez o SdA como uma obra, a princípio, religiosa como ele mesmo diz numa carta a um amigo (carta 142 Para Robert Murray)
2 de dezembro de 1953
76 Sandfield Road, Headington, Oxford
Meu caro Rob,

(...)
E por isso que não introduzi, ou suprimi, praticamente todas as referências a qualquer coisa como “religião”, a cultos ou práticas, no mundo imaginário. Pois o elemento religioso é absorvido na história e no simbolismo. Contudo, está expresso de modo muito desajeitado e soa mais presunçoso do que percebo. Pois, na realidade, planejei muito pouco conscientemente; e devo mormente ser grato por ter sido criado (desde que eu tinha oito anos) em uma Fé que me nutriu e ensinou todo o pouco que sei; e isso devo à minha mãe, que se apegou à sua religião e morreu jovem, em grande parte devido às dificuldades da pobreza resultante de tal ato.

Isso prova que o SdA é a obra de um homem profundamente religioso, Eru é essencial para tudo que acontece em O Senhor dos Anéis. Sem ele, a Terra-Média não poderia existir. Comparar Eru com Deus, os Ainur com os anjos, Melkor com Lúcifer é correto. Uma coisa curiosa é sobre a criação dos primeiros anjos: os Arcanjos (arc anjos, mais poderosos anjos de todos). Eles foram criados antes mesmo da terra ser feita, e foram criados para servir a um fim própio: auxiliar Jeova (esse é o nome) na batalha contra outros Deuses (Leviatã, por exemplo) que queriam dominar o universo (chamarei de "o tudo" de universo na falta doutro termo), uma espécie de Legião. Jeova trionfou contra os inimigos, a partir daí Ele foi chamado genericamente Deus, exatamente pelo fato de ser o único da "espécie". Não se sabe quantos foram os arcanjos, embora se saiba que um deles é Lúcifer, o-u-s-e-j-a, Melkor .


Lúcifer era o mais belo e dotado de todos os arcanjos: Chamado de "A estrela da Manhã". Quando Deus decidiu que ia fazer a Terra e nós, humanos, Lúcifer disse que não aceitaria tal desfeita, isso porque era muito vaidoso. Dessa forma, Lúcifer desafiva a superioridade de Deus. Após muitas outras injúria, Lúcifer, agora não mais conhecido como A Estrela da Manhã mas sim como Satã, Satanás, et cetera, é então banido do reino dos céus e fica destinado a vagar pela terra eternamente e com a aparência daquilo que mais odeia: Humana.


Esses trechos são de livros supostamente retirados do Torá e/ou contidos no Torá. Existe uma pequena citação disso no Gênesis (todos sabemos que O Alcorão é um "update" da Bíblia que por sua vez é uma versão 2.1.2.3 da Torá...). É a partir daí que começa o Novo testamento como conhecemos: Adão e Eva... Paraíso.. e coisa e tal.


“Em que história estivemos, hem, Sr. Frodo?”, pergunta o fiél Sam depois de um angustiante encontro com seus inimigos. Como cristão Tolkien quis dizer (inconscientemente ou não) que nós estamos em uma história também. Como na aventura de seus hobbits, ele vê a aventura de nossas vidas como parte de um conto que começa com “era uma vez...” e termina com um eventual “felizes para sempre” — uma narrativa cheia de significados e propósitos, composta por ele.
 
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