Aline Guiotti.
Usuário
Bom, não gosto de poemas, mas sou apaixonada em A Noite na Taverna.
Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!
Anne! disse:Bom, não gosto de poemas, mas sou apaixonada em A Noite na Taverna.
Bella Cullen disse:Gostaria de saber de vocês qual(is) poesias deste grande mestre vocês mais gostam.
Qual poesia romântica mais bonita dele?
Lucas_Deschain disse:Bella Cullen disse:Gostaria de saber de vocês qual(is) poesias deste grande mestre vocês mais gostam.
Qual poesia romântica mais bonita dele?
[align=justify]A Lira dos Vinte Anos sempre me deixa arrepiado. Gosto bastante. Noite na Taverna não é composta só de poesia, mesmo que tenha várias na escrita, mas é o que mais gosto em se tratando de Álvares de Azevedo. Tem também Macário, que falam bem mas eu nunca li.[/align]
Lembranças de Morrer
Quando em meu peito rebentar-se a fibra,
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nenhuma lágrima
Em pálpebra demente.
E nem desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.
Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro,
– Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;
(...)
Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
Foi poeta - sonhou - e amou na vida.
Álvares de Azevedo
Rafaela disse:Anne! disse:Bom, não gosto de poemas, mas sou apaixonada em A Noite na Taverna.
idem a Anne. Tenho um livro de poemas dele (esqueci o nome), mas não consigo pegá-lo para ler. Eu não sei ler poesia, agora que comecei a estudar Letras meus professores até falaram como se lê poesia mas não me apetece (adoro essa palavra ), leio rápido e não gosto de muitos floreios na escrita.
Dinheiro
Sem ele não há cova- quem enterra
Assim grátis, a Deo? O batizado
Também custa dinheiro. Quem namora
Sem pagar as pratinhas ao Mercúrio?
Demais, as Dânaes também o adoram...
Quem imprime seus versos, quem passeia,
Quem sobe a Deputado, até Ministro,
Quem é mesmo Eleitor, embora sábio,
Embora gênio, talentosa fronte,
Alma Romana, se não tem dinheiro?
Fora a canalha de vazios bolsos!
O mundo é para todos... Certamente
Assim o disse Deus mas esse texto
Explica-se melhor e doutro modo...
Houve um erro de imprensa no Evangelho:
O mundo é um festim, concordo nisso,
Mas não entra ninguém sem ter as louras.
Sorel disse:Gosto bastante dele. Resquícios, talvez, de um fascínio infantil. Todos os dias, para ir ao colégio, pegava um ônibus na rua Álvares de Azevedo; e desde essa época esse nome guardava um som agradável e misterioso. As vogais que se repetiam - o mesmo A do meu nome.
Foi com surpresa que descobri o poeta por trás da rua.
O ônibus, o caminho para a escola, os carros e as esquinas já estavam de tal maneira grudados na minha cabeça, que Álvares de Azevedo se tornou o primeiro poeta a ser batizado por uma rua.
E por esse motivo, ele sempre tem uma grande vantagem sobre outros escritores. Só de ler seu nome, na capa do livro, abaixo a guarda e me permito ser nostálgico.
Literariamente falando, tenho grande pena de uma coisa: como acontece com todos os escritores estudados à exaustão pela crítica literária tupiniquim, muitos clichês sem sentido (que podem ser lidos na grande maioria dos livros didáticos e apostilas de pré-vestibulares) tomam ares de verdade absoluta, e ajudam a criar uma série de preconceitos que prejudicam o contato sincero do leitor com esse autor tão criativo e talentoso. Ultra-romântico, 'byronista', spleen, mal do século... Sim, sem sombra de dúvida, tinha um pouco de tudo isso. Querer enquadrá-lo somente nessas palavras, no entanto, é erro grave. Ele era muito mais. E as características únicas dele ficam à sombra desses clichês chatos e sem graça.
Mas isso, como vim a saber há pouco tempo, não é coisa recente:
Cita-se sempre, a propósito do autor da Lira dos Vinte Anos, o nome de lorde Byron, como para indicar as predileções poéticas de Azevedo. É justo, mas não basta. O poeta fazia uma frequente leitura de Shakespeare, e pode-se afirmar que a cena de Hamlet e Horácio, diante da caveira de Yorick, inspirou-lhe mais de uma página de versos. Amava Shakespeare, e daí vem que nunca perdoou a tosquia que lhe fez Ducis. Em torno desses dois gênios, Shakespeare e Byron, juntavam-se outros, sem esquecer Musset, com quem Azevedo tinha mais de um ponto de contato. De cada um desses caíram reflexos e raios nas obras de Azevedo. (...) O que deixamos de Azevedo podia ser desenvolvido em muitas páginas, mas resume completamente o nosso pensamento. Em tão curta idade, o poeta da Lira dos Vinte Anos deixou documentos valiosíssimos de um talento robusto e de uma imaginação vigorosa. Avalie-se por aí o que viria a ser quanto tivesse desenvolvido todos os seus recursos. Diz-nos ele que sonhava, para o teatro, uma reunião de Shakespeare, Calderon e Eurípedes, como necessária à reforma do gosto da arte. Um consórcio de elementos diversos, revestindo a própria individualidade, tal era a expressão de seu talento.
Essa crítica data de 1866, ou seja, é praticamente contemporânea ao poeta.
Ela foi escrita num jornal carioca por ninguém menos que Machado de Assis.
Vitinho disse:A lira dos vinte anos é simplesmente perfeita.