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Rolezinho: adolescentes são barrados em shopping de SP

Estive acompanhando de longe esse tópico e confesso que li muito pouco sobre o assunto, mas quero pensar um pouco pelo lado da administração do shopping. Pensemos que o shopping é um centro de compras, onde naturalmente as pessoas vão lá para consumir sej alá o que for. Este estabelecimento é a fonte de renda de várias pessoas, passando por todo o administrativo do shopping, até todos os seus trabalhadores (Pessoal do TI, Seguranças, RH, departamento pessoal e etc), e também tem seus lojistas e todos aqueles que ali trabalham. Estas pessoas vivem das outras pessoas que ali vão ali comprar seus produtos e serviços, e somente disso.

Pelo pouco que vi, esse pessoal do rolezinho, não vai ao shopping para cosumir, apesar de que provavelmente acabe por comer ou beber algo, porém seu principal objetivo é ir ficar lá de bobs. Todos sabemos que quando a gente está em grupo e de bobs, acabamos por fazer coisas que incomodem outras pessoas que estão a nossa volta, como falar alto, rir entre outras coisas, e olha que estou falando de um grupo de 5 ou 6 pessoas. Agora quando se junta 100, 200 ou até 300 pessoas, o incomodo pode ser muito maior e é mais fácil que entre estes, alguém possa querer "aparecer" e fazer outras coisas piores, quando se está em vantagem numérica as pessoas se sentem mais confiantes.

Aonde eu quero chegar aqui é em até que ponto as outras pessoas que vão ao shoppings para o simples fato de visitar as lojas, o que faria delas o público alvo, estariam dispostas a suportar antes de simplesmente decidirem por evitar de ir a tais lugares por não se sentirem a vontade, o que resultaria num prejuízo enorme para o shopping, já que esse pessoal do rolezinho (seja eles de qual classe for) não está lá para consumir e simplesmente para "causar". Imagina se as pessoas começarem a evitar de ir nos shoppings todas vez que ficarem sabendo de um possível rolezinho por lá? Ou se os shoppings fecharem as portas por isso? Um aluguel num shopping é caro, e se as lojas pararem de vender, elas terão que botar a galera na rua.

Um exemplo disso é o fato de eu evitar ir ao cinema no Minas Shopping que é menos de 15 minutos a pé da minha casa, pelo simples fato de que das duas vezes que eu fui lá, tinha um grupinho de adolescentes que faziam a maior bagunça dentro do cinema, atrapalhando todo mundo que queria assistir o filme. Este é um dos cinemas mais novos de BH, sala até bem confortáveis e boa tecnologia, mas de que adianta se o principal que é ver o filme se torna impossível? E olha que estou falando de 4 ou 5 pessoas.
 
Não entendi o ponto da moralidade ou legalidade do movimento que você quer chegar ET. Crise cultural? Estado isônomo?
 
Do facebook:


rolezinho.jpg

Atribuir qualquer significado ideológico ao fenômeno dos rolezinhos e jogá-lo na conta da famigerada luta de classes é, na melhor das hipóteses, uma ingenuidade tola. Nessa foto vemos o que os autênticos participantes dos "rolezinhos" pensam desse discurso marxista.

Os argumentos de todos esses canais esquerdistas (incluindo aí a cobertura da imprensa) são os mesmos:

1) os rolezinhos são uma manifestação política, um grito de socorro vindo de uma juventude que busca acesso ao consumo ou alternativas de entretenimento. Não são. São apenas a velha e conhecida "zueira" (é tão difícil perceber isso, quem nunca foi adolescente?), non sense e caótica, como toda zoeira, aliás.

2) quem se posiciona contra os rolezinhos são brancos de classe média, favoráveis a um "apartheid" (!!) proto-fascista, como diria Marxilena Chauí. O que não percebem é que, justamente os maiores prejudicados por esses rolezinhos, no fim das contas, são os mais pobres! Quem freqüenta o shopping Itaquera não é bem a "elite branca de olhos azuis". São esses freqüentadores nada elitistas que terão seu direito ao lazer impedido pelo vandalismo e roubos dos rolezinhos.

Por outro lado, diante de tais eventos, é compreensível que lojistas fechem as portas e clientes deixem de consumir os produtos e serviços que são ali oferecidos, gerando a médio prazo desemprego e falências. Novamente o lado mais fraco foi prejudicado.

Tudo em nome de uma masturbação pseudo-intelectual ávida por criar uma falsa dicotomia oprimidos x opressores que avalize suas teorias marxistas caquéticas e, conseqüentemente, justifique suas ações partidárias.

Diz o dito popular: "a maldade está nos olhos de quem vê". Pois o ranço ideológico também.
 
@ExtraTerrestre, brother, não entendi nada que você falou. :dente:

@Ranza, concordo com o problema de que quanto maior o grupo, maior a probabilidade de baderna. Só que tem uns vídeos rolando (de 2000-e-alguma-coisa) de uma turma de economia da FEA/USP fazendo um rolezão em algum shopping de SP sem ser importunada. De qualquer forma não sei de maiores detalhes sobre esse outro evento, poderia ter sido, por exemplo, algo combinado com a administração do shopping.

@Fëanor, vi esse print também. Como já falei, tem muita gente que quer interpretar tudo e tirar conclusões gerais de casos particulares. Falaram sobre preconceito contra negros, índios, pobres e etc nos shoppings. Esse povo tá louco. Em qualquer shopping que eu vou tem gente de todas as cores e, creio eu, de praticamente todas as classes sociais. Não tenho como comprovar a questão de "todas as classes", assim como não podem refutar essa afirmação.

O que as vezes vemos nos shoppings, isso sim um problema de discriminação, são seguranças expulsando menores de rua que querem conhecer o local.

Enfim, não é possível que não exista um meio termo nesse debate. Ou as pessoas dizem que tem que descer a borracha nesses pobres ou então ficam teorizando apartheids.

Sobre a frase no final do post ("Diz o dito popular: "a maldade está nos olhos de quem vê". Pois o ranço ideológico também."), lembro de mais uma (do filme "Pi"):

When your mind becomes obsessed with anything, you will filter everything else out and find that thing everywhere.
 
Um artigo que li e que achei que pesou bem a questão foi esse: Rolezinho e a Desumanização dos Pobres, por Leandro Beguoci. Um trecho:

Quando tudo isso chega ao lado de cá da ponte, é filtrado pelas lentes do debate político histérico que tomou conta do país. Tudo parece virar apartheid ou comunismo, direito à livre circulação ou defesa da propriedade privada. Todo mundo tem certezas com base em quase nada. Os blogueiros de direita denunciam a conspiração dos funkeiros contra a civilização ocidental. Os blogueiros de esquerda veem apartheid das elites nos shoppings da periferia. Vira um festival livre de loucura, um campeonato nacional de associação livre, em que cada lado atribui um valor a esse encontro de lazer de acordo com a conjuntura política. O fenômeno deixa de ser analisado em si, e passa a ser analisado para servir de arma numa briga muito maior. Esses jovens de Itaquera, do Campo Limpo, de Interlagos, são desumanizados e se tornam aríetes de uma luta da qual eles não têm a menor ideia que estão participando. E as decisões da Justiça, difíceis de entender, só mostram o tamanho do desconhecimento.

Para quem quiser um texto de viés mais jurídico, Liminares proibindo rolezinhos confirmam segregação, por Tadeu Rover. (Apesar do título, o texto apresenta também os argumentos dos outros lados; e há uma parte com histórico de outros casos interessante também.)

Ainda não li nenhum texto que diga que o rolezinho em-si é manifestação política, é oprimido indo contra opressor ou coisa do tipo. Os que li até então e que estão nesse lado nefasto comedordecriancinhas nem tanto enfatizam isso, mas enfatizam que a reação ao rolezinho, e o histórico de (pobres x 100) + shopping, demonstram a sociedade excludente que temos. Ou seja, não é o rolezinho em-si, que certamente começou como zueira, mas os significados que a reação ao rolezinho demonstram.
 
O fato é que os rolézinhos são um ponto de inflexão, deixando em aberto contradições sociais e suscitando debates interessantes para pensar e repensar uma série de problemas sociais. Compartilho aqui um texto do professor Wlamir José da Silva (UFSJ), publicado no blog do PCB de São João del Rei, que me fez repensar algumas questões.

ROLEZINHO, CLASSES SOCIAIS E EMANCIPAÇÂO HUMANA: REFLEXÕES DE UM COMUNISTA VELHO?

Não sou frequentador de shopping centers, até por viver no interior. Mas passei com minha esposa algumas horas num deles no Rio de Janeiro, no dia 15 de outubro de 2013. O objetivo era fazer uma refeição num ambiente com ar condicionado e ir ao cinema, passando um tempo antes de enfrentar a cansativa viagem interestadual.

O shopping é no subúrbio do Engenho de Dentro, do qual já fui por muito tempo morador. Área valorizada pelo próprio Norte Shopping, pelo estádio Engenhão e a própria expansão urbana. Certamente não, no entanto, uma das áreas mais nobres da cidade. Sua população é muito variada socialmente.

Não pudemos ir ao cinema, pois era dia do professor e o shopping estava apinhado de gente, em especial jovens, e os cinemas de filas. A massa humana que se movimentava incessantemente refletia, mais que o bairro, a diversidade de toda aquela macrorregião. Saltava os olhos a diversidade de cores, vestimentas, comportamentos e, ao que parece, perfis sociais.

No restaurante, relativamente chic, em dado momento, observamos que além de nós, todos os clientes eram negros. Negros nos padrões antigos, não os do IBGE, que os consideraria “pretos”. Não percebemos nenhum ruído ou mal-estar no ambiente do shopping, ainda que vários jovens fossem negros e se vestissem, com variações, no padrão funkeiro. Nada surpreendente, era o mesmo que via há duas décadas atrás, quando era vizinho do shopping.

Por tudo isso a batalha narrada nos shoppings paulistas para mim é estranha. Mais ainda pelo desenho “analítico” que a enquadra como o enfrentamento entre uma entidade nomeada de “classe média” e os “excluídos” e/ou trabalhadores.

A demonização da “classe média” – by Marilena Chauí – não me seduz. Amigos paulistas me dizem que eu não entendo a “classe média paulista”, e têm sempre o relato de um comentário escabroso entreouvido... Pode ser. De fato o Rio de Janeiro é mais interpenetrada que São Paulo, com periferias mais marcadas. Talvez por isso não entenda o que ocorre nos shoppings paulistas. Fica a dúvida. Serão paulistas tão essencialmente diversos de cariocas?

Classe média sempre foi um conceito, ou não conceito, complicado. Principalmente por não se relacionar à posição no sistema produtivo. Fortaleceu-se pelo desenvolvimento das técnicas de classificação social pela renda e o consumo, pelas pesquisas e censos. Mesmo outros aspectos de atribuição de classe – poderíamos chamar de visão de mundo –, justamente incluídos para formar estes perfis sociais, são extremamente complexos.

O que se chama de “classe média” é um apanhado muito diverso. Dependendo de como se conte – incluindo a base da classe B e o topo da classe C (vide figura) – chegamos fácil a uns 80% da população. É provável que este seja o contingente de frequentadores de shoppings, desde muito. Portanto, a terrível “classe média” é composta de gente de vários tipos, posições no sistema produtivo e visões de mundo. Quanto ao último item, talvez menos, pois são, como, aliás, quase todos, homogeneizados pela cultura do consumo, midiática e... dos shoppings...

Os participantes dos “rolezinhos” se distinguem da totalidade desta “classe média”? Alguns sim. Parte da “classe média” talvez não se distinga muito deles. Uma coisa é certa, grande parte da tal “classe média” é constituída de algo que podemos classificar de classe trabalhadora. De variadas cores e visões de mundo, guardadas as já citadas homogeneidades. Parte deles tem o mesmo, ou próximo, perfil social dos participantes dos “rolezinhos”. No Rio, isso é visível a olho nu. Outros já observaram que em São Paulo os “rolezinhos” não se deram nos shoppings mais elitizados, mas em áreas, como Itaquera, nas quais este perfil deve ser bem heterogêneo.

A imagem simplória da classe média branca, rica e extremamente preconceituosa é uma ficção sociológica, sua extensão aos shoppings também. Sua comprovação com observações extremas em redes sociais (37 milhões de brasileiros no Facebook) também. A “classe média”, diga-se, é um bom coringa para a mistificação social, serve para mitificar a suposta justiça social alcançada, e aí todos viram classe média, ou para uma “estratificação social” que opõe tolamente “ricos” e “pobres”.

Os “rolezinhos” são ações coletivas articuladas por redes sociais e por meio de uma estética. A estética é o funk, mais especificamente o “funk ostentação”. Esta estética guarda uma visão de mundo que funde o consumismo burguês a uma atitude de ocupação de espaços “negados”.
Um elemento desta estética é o elogio simbólico à criminalidade – mesmo que indireta, como observa um antropólogo, ou ameaçadora, diríamos nós.

O funk variou no tempo e é variado, sim. Da mais abjeta conformação social – “o pobre tem o seu lugar” –, à apologia ao crime e ao mais recente exaltação ao consumo. Estes elementos, no entanto, sempre lá estiveram. Trata-se de uma cultura conservadora, consumista, preconceituosa (em especial quanto à mulher) e apologética do crime e da violência. Violência em especial voltada para as comunidades na qual vicejam.

Fui professor em escolas municipais no Rio de Janeiro de meados dos anos 1980 ao início dos anos 1990, na zona oeste e no caminho para a baixada fluminense. Vi a ascensão do funk como cultura entre alunos. Já então a estética do funk era eivada de violência e de referências mais ou menos explícitas à criminalidade. Por vezes a relação era real e perigosa, no mais delas era meramente simbólica, mas o suficiente para que os pequenos grupos cool (não é aleatória a expressão estadunidense) praticarem o que hoje chamamos de “bullying”, com atitudes intimidadoras e de gangue. Atrapalharam a vida escolar de muita gente.

É claro que o funk se popularizou e é aceito por amplos setores sociais, fato que permitiu o “enriquecimento” de funkeiros da ostentação. Por meio da mídia – vejam o programa “Esquenta”, na Rede Globo. Um dos motivos é a sua compatibilidade com a cultura elitista e violenta, que o levou aos carros ribombantes dos “playboys” de diversa extração social. Outro é a sua estética primária e grotesca, tão ao gosto de nossa mídia. Ele é, portanto, parte da cultura de boa parte dos frequentadores dos shoppings, que dificilmente o estranhariam...

Uma curiosidade sobre os “rolezinhos” é o de que há filmagens dos momentos de sua repressão, e nenhuma do momento de sua realização, fato estranho no mundo dos celulares que filmam... Nenhum registro da entrada no shopping de Guarulhos dos “rolezeiros” cantando “Eita porra, que cheiro de maconha”, funk do MC Daleste. Não há registro de outros refrões do assassinado funkeiro ostentação, talvez “Oi joga joga o fuzil pro alto, descarrega as ponto 30”, do funk “Violentamente!”. Do mesmo Daleste... Não há cenas da forma e atitude de tal entrada ou de outras... (1)

Não há também depoimentos de frequentadores dos shoppings que se incomodaram com tais práticas. Apenas depoimentos penalizados de jornalistas e algumas de participantes do “rolezinho”, sempre no momento da repressão, do controle. Talvez a “classe média branca e preconceituosa” não mereça mesmo ser ouvida, talvez outros atores sociais denunciassem incômodas contradições – ou relativização delas? – no mundo dos shoppings. Talvez os verdadeiros ricos tenham outras formas de lazer que não os palácios do consumo da “classe média”...

Vivemos uma profunda despolitização da sociedade. Um sintoma dela é a simplificação das questões, no “ou isto ou aquilo”, nas falsas oposições absolutas. Uma característica dela é o exagero identitário, pelo qual grupos e indivíduos são classificados prévia e rigidamente. A despolitização serve a manipulações de governo e ao esvaziamento da reflexão política, que é, necessariamente, complexa e não redutível a simbolismos vazios. Submeter-se a estas simplificações é alimentar esta despolitização.

Exaltar os “rolezinhos” como “insurgentes” e identificar seus participantes como “os” trabalhadores é uma mitificação. O funk ostentação é uma manifestação estética conservadora, preconceituosa e violenta. É claro que há trabalhadores entre seus manifestantes. Assim como os há, e muito mais, entre os frequentadores dos shoppings. O que os une é a participação na sociedade de consumo representada pelos shoppings, o que os difere é a estética funkeira em seu estado puro, sem as aparas midiáticas.

As inaceitáveis revistas de seguranças classificando e excluindo indivíduos não justificam a heroificação dos “rolezeiros”. Não há uma “classe média” roubando aos “rolezeiros”, há contradições sociais que o fazem, inclusive com muitos dos habituais frequentadores dos shoppings. Estes limites exigem a crítica a esta sociedade balizada exclusivamente pelo mercado. Não é a “classe média” que faz isso, mas as grandes corporações capitalistas internacionalizadas, mas essas são os deuses adorados pelo funk ostentação e sua estética conservadora, representados nas marcas e símbolos de felicidade e onipotência.

(1) http://letras.mus.br/mc-daleste/1967360/. É necessário observar que Daleste foi assassinado por pessoas de seu meio, por “inveja”, dizem seus amigos...




Fonte: http://saojoaodelpueblo-pcb.blogspot.com.br/
 
Mixed feelings sobre o texto, @Mercúcio. Gostei do começo, especialmente pq o autor, assim como eu, nunca viu segregação nos shoppings do RJ. Talvez seja um fenômeno específico, já que a cidade é rodeada de favelas e as pessoas acabam se misturam sem muita estranheza nos shoppings. Como eu disse anteriormente, vejo no shoppings gente de todas as cores, estilos e - creio eu - grupos sociais.

Por outro lado...

Uma curiosidade sobre os “rolezinhos” é o de que há filmagens dos momentos de sua repressão, e nenhuma do momento de sua realização, fato estranho no mundo dos celulares que filmam... Nenhum registro da entrada no shopping de Guarulhos dos “rolezeiros” cantando “Eita porra, que cheiro de maconha”, funk do MC Daleste. Não há registro de outros refrões do assassinado funkeiro ostentação, talvez “Oi joga joga o fuzil pro alto, descarrega as ponto 30”, do funk “Violentamente!”. Do mesmo Daleste... Não há cenas da forma e atitude de tal entrada ou de outras... (1)

Pois é, também achei curioso, mas por outro motivo. Se hoje em dia virtualmente todo mundo tem celular (com câmera é quase uma redundância), pq os próprio rolezeiros não filmaram o evento pacífico para mostrar a realidade? Faltou a realidade pacífica pré-repressão ou só faltou a evidência gravada?
 
@ExtraTerrestre, brother, não entendi nada que você falou. :dente:

O que eu quis dizer é que o fato de ser necessária ou não a intervenção judicial e policial para impedir a realização do evento não pode tirar os méritos do debate sobre o significado cultural da ocorrência dos rolezinhos, e vice-versa. Estas duas vertentes constituem juntas uma falsa dicotomia.

A direita tende a focar apenas no primeiro aspecto ("Ah, tem que prender todos esses vagabundos! Não tem lei e propriedade privda nesse país?") e ignorar sua faceta cultural.

Já a esquerda, e em especial sua vertente mais comunofóbica, olha apenas para o lado cultural e sociológico, e os mais marxistas ou anarquistas sim, tendem a legitimar uma ação assim que nela reconhecem alguma luta de classe.

Enfim, as duas preferem focar em coisas que são distintas, embora interrelacionadas, e por causa disso o debate nunca evolui. A esquerda não quer admitir que talvez a ação seja ilegal, e a direita quer evitar o tema espinhoso da exclusão social.

Isso acontece mais famigeradamente, por exemplo, no debate sobre a violência, na falsa dicotomia entre acabar com a impunidade e recuperar os presos/dar atenção a grupos vulneráveis.

Eu não tenho opinião formada quanto à questão judicial, a não ser o fato de que excluir ou vistoriar alguém na porta por causa da aparência superficial é um ato abjeto e ilegal.

Quanto à questão cultural, a crise e a contradição exposta é para mim evidente. Acontece que quem tem poder aquisitivo para comprar roupas de luxo e carros top, considerando-os indispensáveis à sua vida, é tão superficial quanto os manos da ostentação. Só que a classe naturalmente abastada - ou, mais ainda, a semi-abastada - deve fazê-lo de maneira discreta e indireta, sem proclamar que está curtindo o "státis" que aquilo tudo gera. Gera-se, assim, todo um código social de postura elegante.

Já quem está excluído desse mercado, vendo tudo do lado de fora, saca com ainda mais facilidade o status - inclusive sexual - gerado pelas marcas de luxo, e o funk ostentação expõe essa lógica de forma limpa, sem eufemismos. Isso acaba jogando na cara de toda a sociedade o quão vazio é esse padrão de vida consumista, em muitos aspectos.

@Mercúcio , sobre o texto que você postou, achei o autor extremamente refratário e parcial no seu tratmento ao funk. Nem todo funk é proibidão, e mais ainda, nem todo funk é machista, no que o autor afirma sobre o "preconceito contra as mulheres". Tati Quebra Barraco e, em certos aspectos, Valesca Popozuda, são bem feministas ao retratarem suas fantasias sexuais. Ainda que sem cartilha.
 
Atribuir qualquer significado ideológico ao fenômeno dos rolezinhos e jogá-lo na conta da famigerada luta de classes é, na melhor das hipóteses, uma ingenuidade tola. Nessa foto vemos o que os autênticos participantes dos "rolezinhos" pensam desse discurso marxista.

Os argumentos de todos esses canais esquerdistas (incluindo aí a cobertura da imprensa) são os mesmos:

1) os rolezinhos são uma manifestação política, um grito de socorro vindo de uma juventude que busca acesso ao consumo ou alternativas de entretenimento. Não são. São apenas a velha e conhecida "zueira" (é tão difícil perceber isso, quem nunca foi adolescente?), non sense e caótica, como toda zoeira, aliás.

2) quem se posiciona contra os rolezinhos são brancos de classe média, favoráveis a um "apartheid" (!!) proto-fascista, como diria Marxilena Chauí. O que não percebem é que, justamente os maiores prejudicados por esses rolezinhos, no fim das contas, são os mais pobres! Quem freqüenta o shopping Itaquera não é bem a "elite branca de olhos azuis". São esses freqüentadores nada elitistas que terão seu direito ao lazer impedido pelo vandalismo e roubos dos rolezinhos.

Por outro lado, diante de tais eventos, é compreensível que lojistas fechem as portas e clientes deixem de consumir os produtos e serviços que são ali oferecidos, gerando a médio prazo desemprego e falências. Novamente o lado mais fraco foi prejudicado.

Tudo em nome de uma masturbação pseudo-intelectual ávida por criar uma falsa dicotomia oprimidos x opressores que avalize suas teorias marxistas caquéticas e, conseqüentemente, justifique suas ações partidárias.

Diz o dito popular: "a maldade está nos olhos de quem vê". Pois o ranço ideológico também.


Tem como curtir dez vezes?
 
Sei que é um pouco chato ficar trazendo apenas opiniões externas para o tópico, sem expressar a minha própria. Mas eu ando com preguiça de escrever algo mais elaborado, então os textos que tenho compartilhado aqui refletem minha opinião aproximada. E fica aqui mais um, novamente do facebook:

O Facebook tá parecendo uma excursão de crianças no zoológico - só que no lugar de girafas e dromedários, a atração é ver gente pobre enjaulada fazendo lá o que costumam fazer. Observam e comentam sobre os pobres à distância, anotando num caderninho cada movimento deles: "Um pobre agora tirou o boné aba reta e se coçou; eles parecem atraídos por correntes metálicas e roupas com cores vibrantes; são muito animados, e como se mexem!"

Uma antropóloga que estuda os hábitos de pobres há mais de dez anos tenta explicar por que esses estudos não são corretos: "Esse conhecimento não pode ser adquirido de pobres enjaulados em shoppings, mas sim em seu habitat natural. O comportamento de pobres nesses locais é limitado. Acaba gerando uma visão distorcida da coisa".

O colunista de uma revista política observa um grupinho de pobres gritando: "O ato de gritar é político. Esses pobres estão expressando coisas que a sociedade lhes nega ouvir".

Todo mundo anotando num caderninho suas observações sobre os pobres, à distância. E quando um pobre resolve fazer um movimento diferente, algo inesperado, correm para tentar explicar o que aquele gesto quer dizer, mesmo quando o pobre está apenas se espreguiçando.



Tem como curtir dez vezes?

Até tem. É só repetir dez vezes o procedimento: curtir -> descurtir -> curtir de novo :dente:
 
Proponho um rolezinho no prédio do Tribunal de Justiça ou coisa que o valha. O primeiro que conseguir entrar de bermuda ganha um doce.
 
Proponho um rolezinho no prédio do Tribunal de Justiça ou coisa que o valha. O primeiro que conseguir entrar de bermuda ganha um doce.

Mas tem que ir em massa, Calib. Tipo formação de tartaruga das legiões romanas.

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A porquice no planejamento de eventos tem sido generalizada (pública e privada). Moro perto de um hospital de referência em que o governo está construindo um mega centro de eventos colado, bem do lado. Talvez tenham pensado em "harmonizar a paz e a recuperação" dos pacientes do hospital com os pipocos de fogos de artifício e o som alto durante dos acontecimentos.

Para toda festa pública ou evento de grandes proporções é necessário antes entrar em contato com setores de segurança tipo departamento de trânsito, defesa civil, bombeiros, polícia... Daí chega uma galera enorme de uma vez, que pensa que evento virtual é igual evento físico que acha ruim quando o Shopping chama reforço policial pra procurar suspeitos (o criminoso pode voltar a cena do crime). O mínimo seria falar para o reforço policial para abordar alguns deles em busca dos líderes, uma vez que colocar muita gente junta em situação de risco é um atentado a segurança.

Pra um país aonde o povo se acha o mestre das festas não saber dimensionar eventos é um amadorismo fatal.
 
Medo de 'rolezinho' é reação de brancos, diz ministra

"As manifestações são pacíficas. Os problemas são derivados da reação de pessoas brancas que frequentam esses lugares e se assustam com a presença dos jovens." Para ela, a liminar que autorizou os shoppings a barrar clientes "consagra a segregação racial" e dá respaldo ao que a PM "faz cotidianamente": associar negros ao crime.

E aí? É isso mesmo? Os funcionários do shopping são todos brancos? Eles não ficaram com medo? Os negros não frequentam naturalmente os shoppings?
 
Já cansei de ler no Face, e agora aqui, sobre o rolezinho. Pra começar, não tem nada de cultural. É só zueira de adolescente, coisa simples e antiga. Só que agora dá pra juntar mil pessoas, graças a Internet. Não tem nada de protesto, política, cultura, é só zona. Nego querendo fazer bagunça e se mostrar pras minas. Pura diversão de quem só de fode e quase não tem espaço pra se divertir, que não seja as vielas que rolam funk, mas que não cabe nem 80 pessoas sem colar viatura da polícia expulsando a galera.

E os shoppings onde estão ocorrendo os rolês são todos shoppings de periferia.

Aliás, pra quem não conhece Sampa: Aqui é tudo separado. Tudo que fica entre as marginais, no Centro expandido, é território de gente rica, ou pelo menos classe média alta. Passou do rio Pinheiros ou Tietê, e da Mooca sentido Leste, é pra pobre, com caras exceções. Esqueçam o Rio e a mistura de classes. Aqui não se misturam. São duas cidades separadas, que se cruzam apenas por coincidência. Pobre só frequenta o centro pra trabalhar. Pobre não vai no Iguatemi, não visita o Cidade Jardim. Rico nunca irá até o Itaquera, muito menos pro Shopping do Campo Limpo, na beira do Capão Redondo.

Os três citados são shoppings de pobre. Quem aqui já foi no Campo Limpo, Itaquera ou Interlagos? Fui nos três, e garanto: Aqueles lugares não querem discriminar os pobres. Eles são shoppings para pobres. Só tem Renner, C&A, cinemark e Casas Bahia. No Campo Limpo tem até supermercado, antigamente era Compre Bem, hoje em dia não sei qual é, faz anos que não vou pra lá. Os outros dois, também, só "povão". Vocês não acharão joalherias de alto padrão, boutiques da Mont Blanc, provavelmente nem mesmo um Starbucks (aliás, talvez tenha, orkutizou...).

Agora, mesmo que esses centros comerciais sejam voltados para a classe menos favorecida, não são obrigados a tolerar os problemas que o rolezinho traz, como os arrastões e baderna incontrolada, oras. Por mais que sejam abertos ao público, são propriedades privadas, que devem cuidar do seu patrimônio.
 
Neithan disse:
Pra começar, não tem nada de cultural. É só zueira de adolescente, coisa simples e antiga. Só que agora dá pra juntar mil pessoas, graças a Internet. Não tem nada de protesto, política, cultura, é só zona. Nego querendo fazer bagunça e se mostrar pras minas

Concordo com você! Mas agora existem grupos querendo se apropriar do rolezinho e transformar o movimento zueira em movimento político.
 

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