Ao meu ver, o final do SdA é perfeito. E a falha de Frodo é crucial no desenvolvimento dele como personagem. No início ele era um simples hobbit gordo que achava que iria passar o Anel adiante para quem quer que pudesse destruí-lo. Mas ao final da história, ele é um verdadeiro herói. Ele não é um herói apenas por ter levado o Anel às Fendas da Perdição. Ele é um herói porque ele aprendeu com os seus erros.
Eu acho que consigo imaginar o que Frodo pensou quando tomou o Anel para si em Amon Amarth. Eu imagino que o hobbit tomou o Anel para si mais do que por simples tentação do poder do Senhor do Escuro. Ele deve ter pensado que clamar o Anel para si (e falhar na missão que se propôs a realizar) seria a única maneira de salvar aqueles que ama. Frodo e Sam não tinham como retornar para casa sem ajuda, imaginava que seus amigos morreriam, tudo parecia perdido em desespero na Terra Negra. A única maneira que Frodo deve ter visto para salvar a todos os que amava seria tomar o poder do Senhor do Escuro para si (algo que ele logicamente não seria capaz de fazer, sob qualquer ótica).
Em outras palavras, ele cria que teria de resolver tudo sozinho. Esse foi seu erro fatal, e a causa de sua falha na missão de destruir o Anel. Mas, de alguma forma, o que teria sido um fracasso mortal para os Povos Livres foi reparado não-intencionalmente quando Gollum caiu com seu Precioso no fogo da montanha. E é aí que entra a lição, não sei se posso chamar assim, a moral da história. E Frodo a aprendeu a duras penas, à custa de um dedo, e quase à custa de tudo aquilo que ele amava e que ele tentou proteger da forma errada.
Eu vejo O Expurgo do Condado como a prova de que Frodo aprendeu essa lição. O hobbit em momento algum toma para si todas as decisões que tocam a todos os hobbits, e não impõe sua vontade nem mesmo a Saruman, e permite que o vilão viva. O que ele faz, e o que o torna um verdadeiro herói, é aconselhar seus conterrâneos. Instigá-los a se defenderem contra aqueles que buscariam retirar deles o que lhes é mais precioso: o livre-arbítrio. E com isso, seu papel se tornou semelhante ao de Gandalf, o "trabalho da vida" do mago foi dar aos Povos-Livres uma escolha.