Foram enviados cinco porque não havia nenhuma garantia de que todos fossem manter-se fiéis ao seu propósito.
Entendo o livre arbítrio neste sentido. Radagast e Saruman são exemplos de como uma pessoa/entidade pode se enganar tremendamente em relação a si mesma, ou seja, no sentido de achar que quer uma coisa, mas fazer outra completamente diferente (e idiota a meu ver).
Durante a leitura, muito se fala sobre a traição de Saruman, mas a meu ver o problema nem é a traição contra outrem, mas contra si mesmo. Em outras palavras, enganar a si mesmo.
Esse é o perigo que Galadriel menciona, e que apesar de ser um momento forte, poucos percebem as implicações. "Eu diminuirei e voltarei a ser apenas Galadriel", é a meu ver um grande feito. Manter-se fiel a si mesma, mas sem continuar a ser a jovem tola e ambiciosa e arrogante do passado.
Porque o que lhe rendeu todo o poder sobre um reino? Ser apenas Galadriel soa triste, mas a meu ver é o amadurecimento dela: no final podemos apenas mandar em nós mesmos e muitas vezes, até mesmo isso deixamos que nos tirem.
Saruman acha que comanda algo. Mas na verdade, mesmo maquinando contra Sauron, ele trabalha para o Mal. Seus esforços podem ser aproveitados por Sauron, pela Nova Sombra, etc., mas ISSO é algo que a natureza do Mal, e neste caso de Saruman, não toleraria.
Apenas o Bem gosta de pensar que mesmo que não possa aproveitar suas obras, alguém (um filho, um amigo) poderá viver em um mundo melhor. É neste sentido que Galadriel ao dizer 'ser apenas Galadriel', percebe coisas tristes sobre si mesma do passado, sobre o engano que cometeu em ser senhora de si mesma. E é compreensível: afinal o mundo é dos homens, e na cabeça de uma mulher é necessário que os homens a respeitem para que ela pudesse viver livremente.
No entanto isso é caminha no fio de uma navalha: você esquece-se de viver para si mesmo se precisa dominar outros. No final, você perde primeiro a si mesmo!
Agora sobre o papel dos magos, eu vejo que se os CINCO mantivessem-se unidos ao seu propósito original (apesar de esta ser em si a tarefa mais difícil), os povos livres teriam seu papel diminuído.
Afinal para aprender, não é necessário apenas bons professores. Ter professores ruins e relapsos é fundamental: há sempre uma tendência do ser humano em achar que porque o outro já fez, então vai dar certo com você também. Ou seja, o espírito crítico vai pro escambau.... talvez por isso as religiões que falam coisas como "este é o caminho" sejam tão populares: por aí dá pé, então vou também.
Enquanto que religiões que dizem "não acredite em tudo que ouve. Cada um tem seu próprio caminho. Não é porque um mestre disse que vai dar certo com você" sejam tão pouco populares...
Mas estou novamente divagando.
A questão é que ter 5 bons professores seria tremendamente ruim no panorama geral. Os alunos não teriam parâmetros de comparação, esforçar-se-iam provavelmente menos para entender e fazer o que devia ser feito.