Salve meu amigo Maglor. A colocação que fez não foje de minha simpatia, nem a minha da sua, como vi. Creio que mesmo sendo ele católico, como disse, ele não usa anjos, mas seres angelicais, mostrando-os como não anjos.
Porém, os Ainur são os seres da primeira criação, parte da mente de Eru, que ajudam-no na criação de Arda. Sendo assim, eles não são criados, mas gerados, como foram os deuses mitológicos, exemplo disso temos na mitologia grega, Zeus e os demais são gerados por Réia e Cronos. Percebe meu ponto de vista?
São eles muito semelhantes.
Quanto aos seres angelicais, claro, nisso chegamos a um consenso, ele usa este termo dizendo que não são anjos, mas podendo ser essa assimilação justificável.
Veja neste trecho da carta 131:
Na cosmogonia há uma queda: uma queda de Anjos, diríamos. Apesar de evidentemente ser bem diversa, na forma, da do mito cristão. (...)
O corpo principal do relato, o Silmarillion propriamente dito, trata da queda da mais talentosa linhagem dos elfos, do seu exílio de Valinor (uma espécie de Paraíso, o lar dos Deuses) no mais remoto Ocidente, da sua reentrada na Terra-média, sua região natal, mas há muito sob o domínio do Inimigo, e do seu combate contra ele, o poder do Mal ainda visivelmente encarnado.
Lembro-me de mais uma coisa, certa vez postaram dizendo serem os Valar parecidos com os Santos, gostaria de lembrar-lhes amigos do fórum, que os Santos são nada mais que a miscigenação da cultura greco-romana com a cristã, eram eles os Deuses do panteão grego, os doze deuses, representados a princípio pelos doze apóstolos, afim de legitimar o cristianismo como a nova religião em Roma (período pós-Constantino).
Mais ainda atenho-me meus amigos, infelizmente não gostaria de citar as Cartas, mas como vejo que alguns o fazem erroneamente, senti-me obrigado.
Mesmo Tolkien sendo católico, ele não desejava expressar a religiosidade dele na obras. Vejam em mais um trecho da Carta 131:
Mas ab initio tive uma paixão igualmente básica pelos mitos (não alegorias!) e pelos contos de fadas, e acima de tudo pelas lendas heróicas no limiar dos contos de fadas e da história, de que existe muito pouco no mundo (acessível a mim) para meu apetite. Tornei-me universitário antes que a reflexão e a experiência me revelassem que tais interesses não eram divergentes – pólos opostos de ciência e romance – e sim integralmente relacionados. Não sou porém "erudito" <b> em termos de mitos e contos de fadas, pois em tais coisas (até onde sei) sempre estive à busca de material, de coisas que possuíssem um certo tom e um certo ar, e não apenas conhecimento. Também – e espero não soar absurdo – desde tempos remotos entristecia-me a pobreza de meu próprio país amado: não possuía suas próprias histórias (ligadas à sua língua e ao seu solo), não da qualidade que eu buscava, e que se acham (como ingredientes) nas lendas de outras terras. Havia o grego, e o celta, e o romance, o germânico, o escandinavo e o finlandês (que me afetou consideravelmente); mas nada inglês, a não ser materiais empobrecidos de literatura de cordel. É claro que existia e existe todo o mundo arturiano, mas este, por muito poderoso que seja, foi naturalizado de forma imperfeita, associado com o solo britânico mas não com a língua inglesa; e não substitui o que eu sentia estar faltando. Por um lado sua "faerie" [terra encantada] é demasiado opulenta, e fantástica, incoerente e repetitiva. Por outro lado, mais importante: está envolta, e explicitamente contém, a religião cristã. (...)
Por razões que não elaborarei, isso me parece fatal. Mitos e contos de fadas, como toda arte, precisam refletir e conter em solução elementos de verdade (ou erro) moral e religiosa, mas não explicitamente, não na forma conhecida do mundo primário e "real". (Refiro-me, é claro, à nossa situação presente, não aos antigos dias pagãos, pré-cristãos. E não repetirei o que tentei dizer em meu ensaio, que você leu.)
Abraços.