Fanue Falrond
Montador de Barril
Antes de iniciar, declaro que não só assistirei como estou revendo os episódios, então minha crítica não é para desmotivar quem vem assistindo nem provocar boicotes que a galerinha hoje ama agitar, mas sim, de trazer o meu entendimento e sentimento sobre a série da Amazon.
Essa minha análise que pretendia deixar só na minha cabeça, foi provocada por comentários de que Tolkien não se revirou no túmulo nessas últimas sextas feiras. Em cada palavra desse boomer que vos escreve, deixo a serena certeza de que mesmo meu discurso destoando dos demais, que em ultima instância expô-lo fara bem a mim mesmo. Cheguei a esse fórum com a curiosidade de saber a opinião de outras pessoas sobre a série, que poderia ser igual a minha, de que está sendo bem produzida e que tudo que envolve dinheiro ficou bom, e tudo que envolve imaginário, ficou defasado.
Independente da ambientação em fragmentos da segunda era, minha crítica é um pouco mais profunda, criando um contraponto com o quão rasa é a obra visual, e o como ela não se diferencia em nada de tudo que tivemos de cultura pop nos últimos anos, algo que não esperava se tratando de uma obra que carrega o nome do Tolkien e da trilogia.
O que esperar do imaginário corrompido e limitado do ocidente, tudo é muito americanizado já que somos diariamente colonizados dessa maneira, por seus filmes simplórios e triunfalistas de vitória no último minuto, incapazes de se relacionar com o transcendente, com enredos sem nuances, feitos para o deleite do afegão médio. E ao acaso encontramos o primeiro ponto, qual comparação significativa pode se fazer entre uma paisagem serena e uma cachoeira selvagem? Ambas contêm o infinito em visão e extensão, e quando nos medimos a luz dessa magnificência (Assim como quando nos medimos a luz de algo que tem em seu âmago algo mais elevado) tomamos consciência de nossa finitude e fragilidade. O mesmo incomoda na obra de Tolkien, a modéstia de Aragorn, que mesmo sendo herdeiro do trono se despe de sua nobreza, calma e ferocidade contidas, ou Boromir capaz do auto sacrifício por um bem maior, em tempos de hedonismo egoísta e de uma geração sem muitas habilidades que cresceu ouvindo que é especial, dói um pouco estar exposto a qualquer tipo de simbologia transcendente.
Íliada, Odisseia, Beowulf, O Livro dos Cinco Anéis, e a Mitologia intocada de Tolkien nos remetem a algo maior que os desejos singulares, exploram a relação do homem com aquilo que é divino, com a luta, sua relação com a ferramenta, auto sacrifício e temáticas que estão fora de moda, só sendo hoje entendidas a linguagem de Harry Potter (Falarei sobre o Enredo mais a frente)
Quem fez a série, assim como muitas pessoas que leram os livros, não tem nenhuma capacidade de entender o que é divino e sagrado no mito de Tolkien, visto que sua obra é fundamentalmente católica, com influências cristã e pagã, sendo a arte superior a todas as anteriores visto que não nos exige crença nem culto, pura e simplesmente simpatia sem doutrina que enobrece o espírito humano.
Do ponto de vista antropológico, o tornar especial (Ritos, festas e cerimonias) se relaciona de acordo com Ellen Dissanayake em Homo Aestheticus, com a tentativa de preserva-lo da indiferença emocional e da erosão; mas a beleza quando alvo de um desejo de posse como o que houve com os direitos autorais, leva inevitavelmente á dessacralização. Eu tornei o universo de Tolkien em algo especial para mim.
“The Lord of the Rings is of course a fundamentally religious and Catholic work; unconsciously so at first, but consciously in the revision” (Letters 142).
DESSACRALIZAÇÃO DA OBRA DE TOLKIEN
Para Kant os juízos estéticos são universais e fundamentados na experiência de quem emite a opinião, não num argumento racional, e tentar usar a razão contra pessoas que julgam que o ápice da representação da obra de Tolkien se concretiza no uso de uma simbologia do mundo moderno numa ambientação californiana é de fato perda de tempo, querem mais ver a estética dos jogos que jogaram do que a estética que o Tolkien amava. Amam a obra não pelo seu espírito e essência, mas sim, porque os elfos tem orelhas pontudas, os hobbits pés peludos e que dá pra comprar boneco e souvenir do um anel, o que é aceitável. Kant acreditava que a beleza só poderia ser julgada de um prisma desinteressado, como exemplo, o prazer estético pela natureza sem interferência do utilitarismo de seus recursos, o que era uma falácia para reforçar as posses da burguesia.
Justamente a posse dos direitos autorais, que caíram na mão de diretores com um imaginário tão limitado quanto a amplitude dramática do ator que interpreta o Halbrand, permitiram a criação de uma narrativa obscena. A beleza não é uma possessão, ela só é profanável. Se você der um martelo a uma criança ela não vai construir nada, provavelmente causar destruição. Assim como a beleza do nosso amado esta diante de nós e possamos apenas admira-la, jamais teremos essa beleza. Fui chamado de presunçoso, mas de nenhuma forma a produção também não o foi? Talvez tenhamos que ver sacrifício humano ou até mesmo peitinhos inseridos no universo de Tolkien.
O gesto obsceno revela o corpo nu, corpo puro, e destrói a corporificação daquele que o criou, como o amante ciumento que enxerga a macula devido ao uso equivocado dos elementos sacros (Entenda-se cânones). A obra foi usada apenas para o lucro e deturpada para agradar o público ao qual se dirige (Algo muito próximo da fanfic de GOT) ignorando tudo que orbitou ao seu redor nos ultimos séculos.
As pessoas comuns também se apaixonam mas quantas são capazes de descrever ou conceituar aquilo que sentem? Pessoas comuns dão suas opiniões, mesmo sem saber quando algo deve ser utilizado ou apenas testemunhado.
SÉRIE
Não tenho nenhuma crítica quanto a etnia dos personagens, talvez sinta falta de barba nas anãs, nem vejo uma tentativa de lacração, vejo apenas o utilitarismo citado anteriormente;
“I would have followed you, my brother... My captain... My king”
Muito já foi dito sobre o roteiro em outras análises, péssimas decisões e acontecimentos que se assemelham a uma pane na sinalização de um cruzamento e vários carros vindo em alta velocidade e se amontoando, sobrando só escombros. Com quantos personagens ruins se desconstrói um personagem bom? Se a resposta foi três, acertou.
A deturpação da fala de Boromir se dá através dos três personagens centrais, Arondir, Nori e Galadriel. Já que o mal não pode criar nada e apenas corromper o bem existente; O ponto é que Tolkien acreditava nas instituições e no sagrado, visto que a beleza se relaciona de forma direta com os mesmos; Vemos Galadriel, que representa no mito tudo que há de nobre, forte e belo na representação feminina sendo retratada por sua obsessão por vingança, uma garotinha emburrada com o patriarcado opressor élfico, e uma atriz que ou está presa as suas falas, ou tem zero carisma.
O que os três personagens principais têm em comum é a desobediência a uma ordem preestabelecida, Galadriel, contra seu rei que é Gil Galad, retratado como um intransigente e omisso que não tem nem capacidade de fazer seus próprios discursos e que desacredita na existência do mal, o que cria uma correlação com o grande público moderno, que diferente do mal na série que é existente, tem como responsáveis (De forma delirante) as instituições como raiz da maldade social, pra não falar do desprezo dela pela recusa daquilo que é sagrado, e da busca pela vingança ideológica.
E pra quem achava que Kili e Tauriel era catastrófico o bastante, vem ai Arondir “o solteirão”, que sai contra as ordens de seu capitão sem avisa-lo para terras estrangeiras investigar um causo, e para mostrar toda sua coragem pra solteirona corajosa que esta apaixonado, se joga no primeiro buraco que encontra, e o resultado é o que qualquer pessoa que já jogou D&D imagina, e no diálogo, quando citado o vínculo de um tal vilarejo a Morgoth o argumento é “Não fala assim dos meus miguxos”. E por último a Nori que vai contra a ordem familiar, porém de forma leve ao meu ver visto que ela foi extremamente educada com sua mãe, mais do que qualquer millenial jamais sonharia em ser, especialmente se tirassem a luz do tablet dos seus olhos ou negassem o açúcar que eles precisam frequentemente.
Os Smurfs sujos, feios, desorganizados, sem território, os elfos sem esplendor nenhum, pra matar qualquer tipo de correlação com um estilo de vida mais elevado e alinhado á lei natural e o que há de belo no mundo comum, nem a transcendência do estilo de vida élfico escapou.
A série em nenhum momento propõe uma reflexão, apenas simbologias de embates sociológicos modernos numa obscenidade anacrônica com um repertório imaginativo da california, construído pela Disney e inspirado em Harry Potter, onde os vilões são Voldemorts, todo herói é um rebelde contra o sistema estabelecido, os homens são uns bananas e as mulheres são a “Marry Sue”, nada que não tenhamos visto em Star Wars, Harry Potter e MCU.
Os elfos, os anões, os hobbits existem no nosso mundo quanto simbologia, nos anões a importância da indústria e do trabalho bruto, nos hobbits o valor do lar e da comunidade, os elfos um estilo de vida transcendente e mais elevado, e os homens, somos nós com nossas falhas e virtudes. Agora os hobbits são sujos, os anões só querem ver o circo pegar fogo e pedra quebrando, e os elfos são uns burgueses que se isentam de seu fim teleológico pra viver num estado letárgico.
E o que esperar do vilão de uma obra financiada por um empresário "malvadão e megalomaníaco"? Provavelmente será bonzinho. Nos originais em que o mal representa a indústria, só consigo ver o Palantír como a dominação tecnológica do controle da informação e Saruman com sua manipulação genética e o avanço da indústria em detrimento da beleza natural, essas ideias estão muito próximas de fãs de Tolkien, quase como num “expurgo da fanbase” que se assemelham aos fãs hippies que enxergavam no Condado seu próprio estilo de vida, fãs esses que o Professor se referiu como “Deplorable Cultus”, leram mas não entenderam nada, só espadas e dragões.
Qualquer pessoa tem total direito de achar minha opinião absurda, mas nas palavras de Tolkien:
“Mas lhes pediria que fizessem um esforço de imaginação suficiente para entender a irritação (e na ocasião o ressentimento) de um autor, que considera, crescentemente como ele procede, o seu trabalho tratado como pareceria descuidada em geral, em lugares despreocupadamente, e sem sinais evidentes de qualquer apreciação de sobre a respeito de que é tudo isso.
Os critérios de narrativa em qualquer meio não podem ser completamente diferentes; e o fracasso de filmes pobres está freqüentemente justamente no exagero, e na intrusão de assunto não comprovado devido a não perceber onde está a essência do original.
(Letters 210)
Essa minha análise que pretendia deixar só na minha cabeça, foi provocada por comentários de que Tolkien não se revirou no túmulo nessas últimas sextas feiras. Em cada palavra desse boomer que vos escreve, deixo a serena certeza de que mesmo meu discurso destoando dos demais, que em ultima instância expô-lo fara bem a mim mesmo. Cheguei a esse fórum com a curiosidade de saber a opinião de outras pessoas sobre a série, que poderia ser igual a minha, de que está sendo bem produzida e que tudo que envolve dinheiro ficou bom, e tudo que envolve imaginário, ficou defasado.
Independente da ambientação em fragmentos da segunda era, minha crítica é um pouco mais profunda, criando um contraponto com o quão rasa é a obra visual, e o como ela não se diferencia em nada de tudo que tivemos de cultura pop nos últimos anos, algo que não esperava se tratando de uma obra que carrega o nome do Tolkien e da trilogia.
O que esperar do imaginário corrompido e limitado do ocidente, tudo é muito americanizado já que somos diariamente colonizados dessa maneira, por seus filmes simplórios e triunfalistas de vitória no último minuto, incapazes de se relacionar com o transcendente, com enredos sem nuances, feitos para o deleite do afegão médio. E ao acaso encontramos o primeiro ponto, qual comparação significativa pode se fazer entre uma paisagem serena e uma cachoeira selvagem? Ambas contêm o infinito em visão e extensão, e quando nos medimos a luz dessa magnificência (Assim como quando nos medimos a luz de algo que tem em seu âmago algo mais elevado) tomamos consciência de nossa finitude e fragilidade. O mesmo incomoda na obra de Tolkien, a modéstia de Aragorn, que mesmo sendo herdeiro do trono se despe de sua nobreza, calma e ferocidade contidas, ou Boromir capaz do auto sacrifício por um bem maior, em tempos de hedonismo egoísta e de uma geração sem muitas habilidades que cresceu ouvindo que é especial, dói um pouco estar exposto a qualquer tipo de simbologia transcendente.
Íliada, Odisseia, Beowulf, O Livro dos Cinco Anéis, e a Mitologia intocada de Tolkien nos remetem a algo maior que os desejos singulares, exploram a relação do homem com aquilo que é divino, com a luta, sua relação com a ferramenta, auto sacrifício e temáticas que estão fora de moda, só sendo hoje entendidas a linguagem de Harry Potter (Falarei sobre o Enredo mais a frente)
Quem fez a série, assim como muitas pessoas que leram os livros, não tem nenhuma capacidade de entender o que é divino e sagrado no mito de Tolkien, visto que sua obra é fundamentalmente católica, com influências cristã e pagã, sendo a arte superior a todas as anteriores visto que não nos exige crença nem culto, pura e simplesmente simpatia sem doutrina que enobrece o espírito humano.
Do ponto de vista antropológico, o tornar especial (Ritos, festas e cerimonias) se relaciona de acordo com Ellen Dissanayake em Homo Aestheticus, com a tentativa de preserva-lo da indiferença emocional e da erosão; mas a beleza quando alvo de um desejo de posse como o que houve com os direitos autorais, leva inevitavelmente á dessacralização. Eu tornei o universo de Tolkien em algo especial para mim.
“The Lord of the Rings is of course a fundamentally religious and Catholic work; unconsciously so at first, but consciously in the revision” (Letters 142).
DESSACRALIZAÇÃO DA OBRA DE TOLKIEN
Para Kant os juízos estéticos são universais e fundamentados na experiência de quem emite a opinião, não num argumento racional, e tentar usar a razão contra pessoas que julgam que o ápice da representação da obra de Tolkien se concretiza no uso de uma simbologia do mundo moderno numa ambientação californiana é de fato perda de tempo, querem mais ver a estética dos jogos que jogaram do que a estética que o Tolkien amava. Amam a obra não pelo seu espírito e essência, mas sim, porque os elfos tem orelhas pontudas, os hobbits pés peludos e que dá pra comprar boneco e souvenir do um anel, o que é aceitável. Kant acreditava que a beleza só poderia ser julgada de um prisma desinteressado, como exemplo, o prazer estético pela natureza sem interferência do utilitarismo de seus recursos, o que era uma falácia para reforçar as posses da burguesia.
Justamente a posse dos direitos autorais, que caíram na mão de diretores com um imaginário tão limitado quanto a amplitude dramática do ator que interpreta o Halbrand, permitiram a criação de uma narrativa obscena. A beleza não é uma possessão, ela só é profanável. Se você der um martelo a uma criança ela não vai construir nada, provavelmente causar destruição. Assim como a beleza do nosso amado esta diante de nós e possamos apenas admira-la, jamais teremos essa beleza. Fui chamado de presunçoso, mas de nenhuma forma a produção também não o foi? Talvez tenhamos que ver sacrifício humano ou até mesmo peitinhos inseridos no universo de Tolkien.
O gesto obsceno revela o corpo nu, corpo puro, e destrói a corporificação daquele que o criou, como o amante ciumento que enxerga a macula devido ao uso equivocado dos elementos sacros (Entenda-se cânones). A obra foi usada apenas para o lucro e deturpada para agradar o público ao qual se dirige (Algo muito próximo da fanfic de GOT) ignorando tudo que orbitou ao seu redor nos ultimos séculos.
As pessoas comuns também se apaixonam mas quantas são capazes de descrever ou conceituar aquilo que sentem? Pessoas comuns dão suas opiniões, mesmo sem saber quando algo deve ser utilizado ou apenas testemunhado.
SÉRIE
Não tenho nenhuma crítica quanto a etnia dos personagens, talvez sinta falta de barba nas anãs, nem vejo uma tentativa de lacração, vejo apenas o utilitarismo citado anteriormente;
“I would have followed you, my brother... My captain... My king”
Muito já foi dito sobre o roteiro em outras análises, péssimas decisões e acontecimentos que se assemelham a uma pane na sinalização de um cruzamento e vários carros vindo em alta velocidade e se amontoando, sobrando só escombros. Com quantos personagens ruins se desconstrói um personagem bom? Se a resposta foi três, acertou.
A deturpação da fala de Boromir se dá através dos três personagens centrais, Arondir, Nori e Galadriel. Já que o mal não pode criar nada e apenas corromper o bem existente; O ponto é que Tolkien acreditava nas instituições e no sagrado, visto que a beleza se relaciona de forma direta com os mesmos; Vemos Galadriel, que representa no mito tudo que há de nobre, forte e belo na representação feminina sendo retratada por sua obsessão por vingança, uma garotinha emburrada com o patriarcado opressor élfico, e uma atriz que ou está presa as suas falas, ou tem zero carisma.
O que os três personagens principais têm em comum é a desobediência a uma ordem preestabelecida, Galadriel, contra seu rei que é Gil Galad, retratado como um intransigente e omisso que não tem nem capacidade de fazer seus próprios discursos e que desacredita na existência do mal, o que cria uma correlação com o grande público moderno, que diferente do mal na série que é existente, tem como responsáveis (De forma delirante) as instituições como raiz da maldade social, pra não falar do desprezo dela pela recusa daquilo que é sagrado, e da busca pela vingança ideológica.
E pra quem achava que Kili e Tauriel era catastrófico o bastante, vem ai Arondir “o solteirão”, que sai contra as ordens de seu capitão sem avisa-lo para terras estrangeiras investigar um causo, e para mostrar toda sua coragem pra solteirona corajosa que esta apaixonado, se joga no primeiro buraco que encontra, e o resultado é o que qualquer pessoa que já jogou D&D imagina, e no diálogo, quando citado o vínculo de um tal vilarejo a Morgoth o argumento é “Não fala assim dos meus miguxos”. E por último a Nori que vai contra a ordem familiar, porém de forma leve ao meu ver visto que ela foi extremamente educada com sua mãe, mais do que qualquer millenial jamais sonharia em ser, especialmente se tirassem a luz do tablet dos seus olhos ou negassem o açúcar que eles precisam frequentemente.
Os Smurfs sujos, feios, desorganizados, sem território, os elfos sem esplendor nenhum, pra matar qualquer tipo de correlação com um estilo de vida mais elevado e alinhado á lei natural e o que há de belo no mundo comum, nem a transcendência do estilo de vida élfico escapou.
A série em nenhum momento propõe uma reflexão, apenas simbologias de embates sociológicos modernos numa obscenidade anacrônica com um repertório imaginativo da california, construído pela Disney e inspirado em Harry Potter, onde os vilões são Voldemorts, todo herói é um rebelde contra o sistema estabelecido, os homens são uns bananas e as mulheres são a “Marry Sue”, nada que não tenhamos visto em Star Wars, Harry Potter e MCU.
Os elfos, os anões, os hobbits existem no nosso mundo quanto simbologia, nos anões a importância da indústria e do trabalho bruto, nos hobbits o valor do lar e da comunidade, os elfos um estilo de vida transcendente e mais elevado, e os homens, somos nós com nossas falhas e virtudes. Agora os hobbits são sujos, os anões só querem ver o circo pegar fogo e pedra quebrando, e os elfos são uns burgueses que se isentam de seu fim teleológico pra viver num estado letárgico.
E o que esperar do vilão de uma obra financiada por um empresário "malvadão e megalomaníaco"? Provavelmente será bonzinho. Nos originais em que o mal representa a indústria, só consigo ver o Palantír como a dominação tecnológica do controle da informação e Saruman com sua manipulação genética e o avanço da indústria em detrimento da beleza natural, essas ideias estão muito próximas de fãs de Tolkien, quase como num “expurgo da fanbase” que se assemelham aos fãs hippies que enxergavam no Condado seu próprio estilo de vida, fãs esses que o Professor se referiu como “Deplorable Cultus”, leram mas não entenderam nada, só espadas e dragões.
Qualquer pessoa tem total direito de achar minha opinião absurda, mas nas palavras de Tolkien:
“Mas lhes pediria que fizessem um esforço de imaginação suficiente para entender a irritação (e na ocasião o ressentimento) de um autor, que considera, crescentemente como ele procede, o seu trabalho tratado como pareceria descuidada em geral, em lugares despreocupadamente, e sem sinais evidentes de qualquer apreciação de sobre a respeito de que é tudo isso.
Os critérios de narrativa em qualquer meio não podem ser completamente diferentes; e o fracasso de filmes pobres está freqüentemente justamente no exagero, e na intrusão de assunto não comprovado devido a não perceber onde está a essência do original.
(Letters 210)