Eu não quero deter-me no comentário técnico e estritamente objetivo da alteração enquanto tal. Acho que todos aqui compreendem e, melhor, concordam com a maioria das mudanças ocorridas na hora da adaptação; para um outro mundo de entender uma mesma história que é o cinema. Há a questão de ritmo, da fluidez e do dinamismo do enredo. Uma coisa que eu noto é que, entre aqueles mais velhos, que presenciaram aqueles momentos DENTRO do cinema ( como eu e muitos daqui), enxergam as criticas a um ou outro trecho modificado, nada mais como função automática e natural, para que a história se encaixe com mais harmonia e coerência, para que se configure com maestria adaptativa. Ou vocês acham que seria crível Gollum cair sozinho no fogo da Montanha da Perdição ou que alguns poucos homens teriam ânimo para defender o Abismo de Helm sem um alento, uma luz que vem de um último socorro dos elfos? Não são nesses apelos que reside o segredo da fantasia? Ou vcs preferem o puritanismo retrógrado de quem não possui muito mais imaginação do que a própria? O que temos que ter em mente é que, muitas das grandes obras do cinema são adaptações até exageradamente enxutas das suas obras literárias. Ex: "Blade Runner".
O mais importante é se as imagens e a atmosfera psicológica correspondem com o espírito do autor; o que, neste caso, aconteceu com a trilogia de forma maravilhosa. Não é preciso ficar falando toda hora que o universo literário é uma coisa e o cinematográfico é outra. Tanto que, comparativamente, seria descabido a gente ficar comparando no sentido qualitativo ou algo próximo a isso....pois ambos os veículos possuem suas vantagens e desvantagens. O principal ponto é até quando deixaremos esse "karma" nocivo de achar defeito numa obra que marcou uma geração de uma forma que nos faz ver , mesmo nos maiores defeitos, os ingredientes que ajudam a contar a história de forma mais maleável e próximo do razoável. Algo perfeito é inatingível, e é bom que sempre tenhamos isso em mente, pois o próprio livro de Tolkien contem muitos defeitos, de diversas ordens que não convêm aqui lembrar. Não reconhecer isso é uma falta de senso-crítico tamanha que desemboca na alienação. Acho que cinema é algo tão grandioso e abrangente quanto é a literatura, cada um exercendo na pessoa uma sensação única. Se no livro podemos imaginar a nosso próprio modo e, assim, convenientemente, fazer a ortodoxia de defender aquilo que nos agrada, assim tbm acontece com aqueles que dão extrema importância às imagens e ao impacto sonoro e "tátil" proporcionado pelo cinema.
Mas é claro que, citarmos uma passagem ou outra que nos tenha incomodado é até saudável (eu, por exemplo, detestei a morte de Haldir, mas gostei dos Elfos no Abismo; assim como detestei o fato de Frodo e Sam irem parar em Osgiliath mas, em contrapartida, tenha gostado dos belos momentos improvisados , quando Sam faz aquele discurso sobre as histórias realmente importantes).
Acho que fica até engraçado criarmos um tópico para falarmos de "defeitos" (se pelo menos merecessem realmente um tópico) de um filme que marcou milhões, fez história e conseguiu primar pela suprema narrativa, fiel em termos de espírito. Acho que foi algo absolutamente inacreditável o que PJ e sua equipe fizeram, com o tempo de que dispunham (extremamente escasso), com a inevitável subjetividade na hora de escolher o que seria melhor filmar ou não. Não é incrível o fato de que, para os fãs que tiveram o privilégio de assistir à trilogia nos cinemas, ainda se pegarem assistindo em casa com o mesmo encanto que lhes causaram na alma no dia da estréia nos cinemas? Isso sim mereceria um tópico!. Acho que NENHUMA alteração foi sequer capaz de arranhar a sensação que temos de que estamos falando de "O SENHOR DOS ANÉIS". Deu tão certo que, mesmo passados 6 anos, ainda, encontramos uma infinidade de motivos para amarmos a obra e uns poucos e monótonos motivos para estarmos aqui tentando lembrar de um momento que seja capaz de influir no resultado final do filme que nos emocionou e, PASMEM, ainda nos emociona em diversas passagens. Acho até que as alterações na trilogia são mais dignas do que a avaliação crítica que fazemos de acordo com aquilo que achamos que seria o melhor.