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Melhores leituras 2012

Pedro Páramo (Juan Rulfo) - Ganhei de presente e nunca tinha ouvido falar. Posso afirmar, na minha pequena gama de conhecimento, que é um dos melhores livros já escritos. Além de sucinto traz passagens memoráveis, lindas e que dão vontade de falar em voz alta.

Realmente, essa passagem é muito linda... Mas como assim o cara só escreveu dois livros? Essa é a concisão da concisão. Esse cara é dos meus. Vou dar um jeito de comprar essa obra estratosférica dele...
 
1) Os anéis de Saturno - W. G. Sebald
Talvez fosse mais coerente colocar em primeiro Os detetives selvagens, que me divertiu muito e que eu muito recomendei, mas a verdade é que Os anéis de Saturno, que eu demorei tanto a digerir, é o livro que mais ecoa na minha cabeça, em sensações e lembranças difusas. A partida para o exílio do menino Józef Konrad com os pais que logo viriam a falecer, o amor retraído e o recolhimento de Edward FitzGerald, Mrs. Ashbury e seu oh, for the countless things one fails to do!, e o final tão sóbrio, triste e lindo, naquela quinta-feira santa, 13 de abril de 1995, em que nos é dito que na Holanda da época de Thomas Browne era hábito cobrir com véus de seda todos os espelhos e todos os quadros que exibissem paisagens, pessoas ou frutos da terra na casa do falecido, para que a alma, ao deixar o corpo, não se distraísse em sua última viagem, quer pelo próprio reflexo, quer por sua pátria, que logo perderia pra sempre.

2) Os detetives selvagens - Roberto Bolaño
Li Os detetives selvagens em uma época que eu precisava ler justamente ele. Lembro de começar o livro ainda com uma resistência infundada contra o Bolaño, lembro de terminar a primeira parte do livro e gritar putaquelivro, lembro de ler os relatos da segunda parte e pensar que eu queria ter escrito aquilo e que se eu um dia viesse a escrever, queria escrever daquele jeito.

3) 2666 - Roberto Bolaño
Comecei a ler em 2010, e larguei lá pela página 100. As seções do livro eram muito curtas (funciono melhor lendo livros com capítulos de 20 a 40 páginas, vai entender), tudo corria demais, a leitura não engrenava. Cheguei a xingar o Bolaño e fazer comentários do tipo “pessoal fala bem do livro só porque é grande e tá na moda”. Mas finalmente dei uma segunda chance, e o livro é realmente fantástico. Merecia ter sido lido em 2010, ou em 2011, e daí teria merecido ser minha melhor leitura naquele ano.

4) Austerlitz - W. G. Sebald
Mais um do tio Sebald, mais um livro fantástico. Leitura mais fluída do que Os anéis de Saturno, história mais bem contada, mais emotiva (ainda que sebaldianamente emotiva, o que significa imensa sobriedade), mais passagens que prendem a atenção enquanto tu lê, mas que voltam menos à cabeça, ou à minha cabeça ao menos.

5) Coração tão branco - Javier Marías
Outra leitura iniciada em 2010. Aquele primeiro capítulo irretocável, inacreditável, que te faz esperar o melhor livro do mundo. Mas os capítulos seguintes, a lua de mel em Cuba, as “pequenas verdades da vida” que eu só depois veria que são parte inalienável da literatura do Marías, me tiraram o fôlego, e acabei deixando o livro de lado. Mas, felizmente, fui até o fim este ano.

6) Barba ensopada de sangue - Daniel Galera
Certamente o livro que eu mais esperei este ano, e mesmo que não tenha sido a leitura transcendental que eu esperava, é um livro lindão, super divertido de ler, e o Galera continua sendo o autor mais próximo, que melhor fala da parcela de vida que eu vejo cotidianamente.

7) Detalhes de um Pôr-do-sol - Vladimir Nabokov
Primeiro livro do Nabokov que eu leio, tem alguns dos melhores contos que eu já li, ou dos que eu mais gostei de ler (Um mau dia e Natal, principalmente). Nabokov tem uma capacidade absurda de acessar a minha memória afetiva.

8) Vício inerente - Thomas Pynchon
Minha primeira experiência de sucesso com o tio Pynchon. Livro bizarro e surtado, com algumas passagens que parecem ter sido escritas por uma criança, mas tão tão tão divertido.

9) Na praia - Ian McEwan
Primeiro livro que eu termino do McEwan (já comecei Reparação, mas tinha visto o filme duas vezes, e mais uma vez aquele início que repete-repete-repete me fez deixar de lado). Livrinho pequeno, mas bem forte.

10) Desonra - J. M. Coetzee
Outro autor que eu só li este ano. É daqueles livros que tu lê sem sentir quase nada, pra só depois descobrir que te tirou alguns pedaços.
Barba ensopada de sangue (Daniel Galera)

Eu nunca vi nada demais no Galera, talvez porque minha iniciação foi errada, mas me surpreendi positivamente com esse romance. Grandes descrições, grandes diálogos e grandes momentos. A história é boa também, uma maldição que passa de pai para filho? Uma certa noção de que o fim está próximo? Fora o fato do personagem principal não recordar os rostos das pessoas e se apegar a detalhes - é meigo pensar que ele tem de se ater aos detalhes, coisas que ninguém mais faz.

Ficando longe do fato de já estar meio que longe de tudo (David Foster Wallace)

Eu conhecia parte dos ensaios desse exemplar, mas a compilação foi boa! Uma ótima porta de entrada e tem muita gente, pelo menos no goodreads, já querendo o Infinite Jest. Para os fãs acho que é uma boa por ter o Galera fazendo a introdução. Ele fala com bastante paixão.

Entre os meus ensaios favoritos estão "Pense na Lagosta", "Federer como expericência religiosa" e "Isto é água".

Os enamoramentos (Javier Marías)

Um dos livros mais arrebatadores de 2012. Romântico, tenso, tocante e repulsivo. O que é o amor afinal? O que é estar apaixonado? Javier Marías passa do platônico ao amoroso sem errar a mão. Momentos de humor e "oun" estão presentes, mas não dá pra se enganar: há sempre mais nos textos do Marías.


Esses estão todos em minha estante para futuras leituras.
Menos o Nabokov. E alguns da lista eu já li. Bom saber que são ótimos livros!!!

Depois montarei minha lista. Gosto de montar por autor e não por livro isolado. Pois quando leio determinado livro que me agrada quero ler todo o resto do autor.
Bem Oque posso adiantar é que figurará entre as melhores leituras : Juan Rulfo , Dostoievski , Borges , Bioy Casares , Haruki Murakami entre outros.
Depois posto completinho os livros que li de respectivos autores.
 
me enrolei pra fechar meu post pq achei que leria mais em dezembro, mas a real é que to uma vagal e se conseguir terminar a mulher de preto já to no lucro hehe


Melhores:

Serena (Ian McEwan)
Bonsai (Alejandro Zambra)
Foco (Arthur Miller)
Jogos Vorazes (Suzanne Collins)
A trama do casamento (Jeffrey Eugenides)

Piores:

Cinquenta Tons de Cinza (EL James)
Crescendo (Becca Fritzpack)
Resposta Certa (David Nicholls)
Everyone’ Reading Bastard (Nick Hornby)
Os Gêmeos (Pauline Alphen)


Se eu já não estivesse tão acostumada com top5 lá no hellfire eu faria um top10, e aí serviriam mais cinco nos melhores: Barba Ensopada de Sangue (Daniel Galera), O filho de mil homens (Valter Hugo Mãe), As vantagens de ser invisível (Stephen Chbosky), Contos de Lugares Distantes (Shaun Tan) e Zodíaco (Robert Graysmith)
 
meu top 3 de 2012 (sem ordem):

- duna, frank herbet
- os próprios deuses, isaac asimov
- ficções, jorge luis borges

estou terminando de ler 'um cântico para leibowitz' e por enquanto é um dos melhores do ano - mas como não acabei ainda, então não vale.
 
Bom minha lista de melhores será misturada, um pouco de autores e um pouco dos livros em geral e sem ordem ...

Os melhores foram:


Os irmãos Karamazov - Fiodór Dostoievski.

Livro lindo, primeira vez que um livro me causa algum sentimento forte a ponto de deprimir e sentir tristeza em algumas passagens. Aliás li bastante coisa do Dostoievski esse ano, queria por aqui também o Crime e Castigo, só li 150 páginas mas a história está igualmente profunda e angustiante. Li bastante coisa do Dostoievski e prentedo continuar a ler em 2013.

Ficções - Jorge Luis Borges

Não conhecia nada do Borges, mas é incrivel os seus contos, estranhamente é um autor que despertou minha simpátia mesmo sem ter lido nada. Então corri atrás igual um doido de tudo oque ele tinha públicado. Comecei com o Ficções e adorei, os contos são bem escritos com desfechos inesperados e complexos envolvendo questões como imortalidade, individualidade, antropocentrismo e o o homem como criador de mundos.Entre outras coisas mais.
Depois li 2 livros de diálogos entre o Borges e o jornalista Osvaldo Ferrari, nos livros fica explicito toda erudição e humildade do Borges.Um ótimo livro, cheio de referências sobre filosofia, crítica literária e poesia e que me fez admirar mais ao Borges.

Chamadas Telefônicas - Roberto Bolaño


Livro de contos do Bolaño, os contos são separados em temáticas semelhantes então o livro é dividido em 3 partes. Todos os contos são excelentes.


O Capote e Outras histórias - Gogól


Também um livro de contos, com contos fantásticos! Quando Dostoievski diz que todos vieram do Capote de Gogól ele está inteiramente correto. Mesmo com o ar irônico do conto, por trás dele você sente uma melancolia pela vida que o protagonista leva e suas necessidades. Os outros contos são muito bons e me fizeram rir muito! Laughing . Esse próximo ano pretendo ler o Teatro dele.

Diário da Guerra do Porco - Adolfo Bioy Casares

Escritor argentino e amigo de Borges. Bioy é mais conhecido pelo livro "A invenção de morel" ,que também é excelente, mas a leitura que mais me agradou foi Diário da Guerra do Porco. Nela o Bioy trata da velhice em uma Buenos Aires "Onde os velhos não tem vez". Ocorre uma guerra onde os jovens exterminam os velhos, apesar da premissa de mundo distópico, o tema central do livro é a velhice e as restrições que os velhos sofrem por conta dela, tendo suas vontades exprimidas por conta de terceiros e tratados como se fossem lixo.


Onde os velhos não tem vez - Comarc McCarthy

Muito bom, livro com um ritmo fluido, a escrita direta do mcCarthy é cativante e a trama de "Velho oeste moderno" é muito boa e tem um dos melhores vilões dos últimos anos: Anton Chigurh

Minha querida Sputinik - Haruki Murakami

Conta a história de Sumire, uma jovem que quer se tornar escritora e a sua jornada. O livro é narrado por K. que é apaixonado por Sumire, ela por sua vez se apaixona por uma executiva Miu. E nisso se desenrola a trama e a mudança de Sumire que tinha como inspiração os autores da geração Beat e que por fim se torna secretária de Miu, abandonando muito dos "preceitos" que ela tinha como certos para sua vida.
O clima de solidão dos personagens é muito bom e o Murakami consegue passar bem isso para o papel. Parece tudo estar distante, por mais próximo que os personagens estão entre si. Um ótimo livro!

O arco-íris da Gravidade -Thomas Pynchon

Apesar de brincarmos sobre o Pynchon aqui, foi uma ótima leitura. A prosa insana do pynchon e as situações cômicas dos personagens em um mundo que não tem perspectiva de futuro casam perfeitamente e no fim é um ótimo romance que em algumas partes parece até desenho animado. Muitas passagens boas e muitas histórias que são verdadeiros "Spin-off" entre os capítulos, destaque para a parte das extinção dos Dodôs e do Povo Pirimeu que decidiu parar de se reproduzir.

Pedro Páramo - Juan Rulfo

Livro muito belo com uma frase foda atrás de outra. O livro conta a história de um filho que vai a procura do pai no vilarejo de Comala. Lá descobre que vários visitantes do local estão mortos dos quais Juan preciato se relaciona e no fim eles desaparacem. De uma forma ou de outra todos eles estão relacionados com Pedro Páramo, pai de Juan. A narrativa é fragmentada e hora alternada entre primeira e terceira pessoa e como já disse antes extremamente bela!


E apesar de não ter lido ele todo ainda:

64 Contos de Rubem Fonseca - Rubem Fonseca

Bom foi através dele que conheci os contos do Rubem e que gostei muito. Nessa edição tem vários contos clássicos do autor de várias fases de sua carreira. Meu gosto pelo Rubem foi tão grande que já comprei vários livros para poder conhecer mais. Destaco também o romance Vastas emoções e pensamentos imperfeitos que é um excelente livro, onde o protagonista é um cinegrafista atrás do manuscrito perdido de Babél. Nele e em outros contos do Fonseca os personagens são um misto de intelectualidade e imorais e que apesar de todas as situações são românticos também.



Faltou falar do Sebald, do DFW e do Murilo Rubião!
Mas estou sem tempo agora =|
 
Como não vai dar pra acabar mais nenhum, lá vai:

O príncipe - Maquiavel

Aqui, cito a obra, mas vale também mencionar os bons prefácios de Fernando Henrique Cardoso, na edição da "Penguin Companhia", e do igualmente sociólogo Carlos Estevam Martins, na edição dos "Pensadores" publicada pela "Nova Cultural", que me situaram no contexto renascentista da Penísula Itálica.
Enquanto o lia, embora devidamente advertido que ali se trataria do que é, não do que deveria ser, julgava: Maquiavel, seu grande filho da puta! Então, devidamente orientado, voltei ao século XV e XVI; voltei para o caos político da Penísula Itálica. Num território confuso, dividido em diversos principados governados à mão de ferro, onde a ascensão ao poder se dá via usurpação e demais mecanismos de conquistas, sendo o carácter dinástico irrelevante - portanto é natural, uma vez que conquistados pela força, que essa força se desloque entre diversos príncipes que almejam o mando, como também é natural que, aquele lançado ao “trono”, se utilize de meios violentos e desumanos para própria preservação no poder. Assim, dividida e perdida em meio à ocupações e desocupações entre fortes personalidades, a Itália se vê carente e impossibilitada da criação de um Estado Central, que seja capaz de edificar um exército próprio e poderoso, encerrando, com isso, as manobras militares e políticas dos governos organizados que disputam a hegemonia na Penísula, como o francês, o espanhol e os membros da Igreja Católica.
Nessa perspectiva, não foi difícil entender as pretensões de Maquiavel. Já pude compreendê-lo de forma mais ampla, não simplesmente como o manual ao déspota.

Os sofrimentos do jovem Werther - Goethe

Confesso que sempre achei esse livro mela-cueca. O li uma única vez, no colegial, e essa impressão foi determinante para fugir de Werther durante anos. Até que, lendo os comentários do Clube da Leitura lá do Meia, tirei-o da estante.
Num romance de pouco mais de cem páginas, num aparente caso de amor não correspondido, encontramos questões que o tornam clássico e atemporal, como essa relação fria e exploratória, denunciada nas páginas pelo seu contraponto, entre homem/natureza; a castração da criatividade que existe no conflito entre indivíduo/sociedade, impedindo a realização de todas as possibilidades humanas; e o amor, força motriz, puro, mas que se contamina pela aparência e falsidade das relações no universo burguês.
Em tempos como os nossos, num contexto que prioriza cada vez mais o insosso número e as frias estatísticas, onde o homem moderno se escraviza pela tecnologia e abraça uma quantidade insalubre de compromissos, solitário em meio a uma multidão que cria e recria anonimatos, distante dos seus e da Natureza, não é de se espantar que o grito de Werther ainda se ouça: uma ideia permanece atual, viva e pulsante enquanto as questões por ela combatidas seguirem impedindo ao homem o gozo completo de suas faculdades.

Gigantes do Futebol Brasileiro - João Máximo e Marcos de Castro

Lendo este livro, Gigantes do Futebol Brasileiro, vemos como, de lúdico, o futebol se tornou um negócio milionário e uma arma política das mais poderosas.
De Friedenreich e Fausto, lutando contra o racismo, cada um a seu modo, num esporte dominado pela elite branca, nas "aldeias" de São Paulo e Rio de Janeiro do início do século passado, a Romário e Ronaldo, símbolos máximos do futebol moderno, milionário e globalizado, os autores tecem um panorama dos últimos 110 anos do esporte mais popular do planeta, puxados pela história pessoal de cada jogador, com seus sucessos e fracassos.

Como cereja do bolo temos os prefácios de Luis Fernando Verissimo e Paulo Mendes de Campos.

Febeapá 1 / Febeapá 2 / Febeapá 3 - Stanislaw Ponte Preta

É lendo FEBEAPÁ que a gente tem a certeza de que Deus é Brasileiro (vá lá, vendo a Ísis Valverde, também). Etâ povinho sortudo, esse nosso! Afinal, foram tantos os mandos e desmandos da "REDENTORA" - também conhecida como Ditadura - que isso daqui era pra ser muito mais bagunçado do que já é.
Li muita coisa sobre o Regime Militar Brasileiro. Muita obra historiográfica, carregada de linguagem acadêmica, que de certa forma limita a função do historiador aos muros universitários e terminam por abrir o mercado para jornalistas, alguns com bons livros, embora com ressalvas, como o Laurentino Gomes e seu 1808, outros com livros escrotos do começo ao fim, como a série Guia do Politicamente Incorreto da História do Brasil, da América Latina e da Puta que os Pariu... enfim, divaguei. Deixa eu retomar o raciocínio. Como ia dizendo, li muitos historiadores que tratam do período, de modo que Stanislaw complementou a visão metodológica: ali, nas páginas Ponte Pretanas, beirando a ficção, o cotidiano dos comuns - o meu, o seu e o do dono da banca de jornal. Nada da investigação acadêmica, apenas estórias revelando a história. Até no inventado, a mentalidade do período transborda, como na crônica que segue:

" Genésio, quando houve aquela marcha de senhoras ricas com Deus pela família e etc., ficou a favor, principalmente do etc. Mesmo tendo recebido algumas benesses do Governo que entrava pelo cano, Genésio aderiu à "redentora", mais por vocação do que por convicção (ele tinha - e ainda tem - um caráter muito adesivo). Porém, com tanto cocoroca aderindo, Genésio percebeu que estavam querendo salvar o Brasil depressa demais. Mesmo assim foi na onda.

Adaptou-se à nova ordem com impressionante facilidade e chegou a ser um dos mais positivos "dedos-duros" no Ministério. Tudo que era colega que ele não gostava, ele apontou aos superiores como suspeitos. Naquele tempo - não sei se vocês se lembram- não era preciso nem dizer "de quê". Bastava apontar o cara como suspeito e pronto... tava feita a caveira do infeliz.

Com isso, Genésio conseguiu certo prestígio junto à administração e pegou algumas estias, ganhando um dinheirinho extra. Quando veio a tal política financeira do Dr. Campos, foi dos primeiros a aplaudir a medida. Num desses coquetéis de gente bem, onde foi representando o diretor do departamento, aproveitou um hiato na conversa, para falar bem alto, a fim de ser ouvido pelo maior número possível de testemunhas:

- A política de contenção do Dr. Roberto é simplesmente gloriosa! Breve até as classes menos favorecidas estarão aplaudindo a medida.

Todos ouviram e, como tava todo mundo com o traseiro encostado na cerca, naqueles dias (e muitos até hoje), ninguém contestou. Houve até um certo ambiente de admiração pelo Genésio, que nenhum dos grã-finos presentes sabia quem era, mas que, nemo por isso, foi esnobado, pois podia ser algum coronel, enfim, essas bossas!
O que eu sei é que o Genésio deu o grande durante uns quatro ou cinco meses. Depois, como era um filho de jacaré com cobra-d'água, caiu de novo no seu chatíssimo cotidiano e só ficou elogiando a "redentora" por vício ou talvez por coisa de uma leve esperança de se arrumar ainda.

Mas teso é teso, é ou não é? O tempo foi passando e o boi sumiu; o leite é isso que se vê aí; o feijão tão caro que, noutro dia, num clube da ZN, promoveram um jogo de víspora marcando as pedras com caroço de feijão e foi aquela vergonha... alguém roubou os caroços todos para garantir o almoço do dia seguinte. Genésio começou a desconfiar que tinha entrado numa fria. Aquilo não era revolução pra quem vive de ordenado. Em casa, a mulher dava broncas ciclópicas, porque o ordenado mensal dele estava acabando mais depressa que a semana.

Houve um dia em que botou bronca:

- Você é que não sabe fazer economia - disse para a mulher. - Pode deixar que eu vou fazer a feira.

Ah, rapaziada, pra quê! Genésio foi à feira e só via gente balançando a cabeça; todo mundo resmungando, dizendo coisas tais como "assim não é possível", "desse jeito é fogo", "como está não pode ser". Em menos de cinco minutos do tempo regulamentar, ele também estava praguejando mais que trocador de ônibus.

Voltou pra casa, arrasado. Daí por diante, entrou no time dos descontentes de souza. Só abria a boca para dizer que é um absurdo, onde é que nós vamos parar, o Brasil está à beira do abismo, etc. Mesmo na repartição, onde era visto com suspeita pelos colegas, rasgou o jogo. No dia em que leu aquela entrevista do Borgoff, dizendo que o povo devia comer galinha, porque boi é luxo, fez um verdadeiro comício, na porta do mictório do Ministério, onde a cambada se reúne sempre para matar o trabalho.

Foi aí que aconteceu: Estava em casa, deitado, lendo um "X-9", quando a empregada chegou na porta. A empregada era dessas burríssimas, mas falou claro:

- Seu Genésio, tem um general aí querendo falar com o senhor!

Ficou mais branco que bunda de escandinavo! Meu Deus, iria em cana. Não pensou duas vezes. Arrumou uma valise, meteu dentro alguns objetos, uma calça velha e - felizmente morava no térreo - pulou pela janela e está até agora escondido no sítio do sogro, em Jacarepaguá.

O vendedor é que não entendeu nada. Tinha ido ali fazer uma demonstração do novo aspirador "General Eletronic", falou com a empregada, ficou esperando na sala e - quando viu - o dono da casa estava pulando a janela, apovorado."


"O general taí", Stanislaw Ponte Preta, in FEBEAPÁ 1

Não existe revolução sem festa; não existe protesto sem bom humor.

1984 - George Orwell

1984, Admirável Mundo Novo e Fahrenheit 451, para ficarmos nos mais comentados. É o diabo ver como são as distopias que se realizam. É verdade que não da forma potencializada descrita pelos autores, mas se realizam.

A princípio, 1984 deixa um visão pessimista do futuro. Porém, numa leitura atenta, descobrimos que a verdadeira mensagem a ser transmitida não é de um fim fatídico, mas a de um alerta carregado de esperança, cujo tom sombrio serve como elemento de ênfase. Ainda que Winston Smith tenha falhado e traído, vitimado pelos instrumentos de tortura e lavagem cerebral, o homem, contemporâneo de Orwell, encontrava-se ainda no ponto de retorno, onde mesmo envolto em obstáculos, era possível o reinício e a tomada de um novo rumo.
O futuro tenebroso orwelliano não se concretizou da maneira trágica com que foi enunciado. A tecnologia sofisticou os instrumentos de controle e a indústria cultural trabalhou – e ainda trabalha - com slogans e imagens não mais soberanas, duras e ternas, como o rosto fechado e acolhedor do Grande Irmão, mas convidativas ao plágio de modelos de vida concebidos e divulgados que perpetuam a estrutura social vigente.

Li 1984 depois de um overdose de Stanislaw Ponte Preta. Os autores estão distantes um do outro. Mesmo assim, os aproximei pelo conceito de duplipensamento. No livro, Orwell descreve o duplipensamento como a capacidade de abrigar simultaneamente na cabeça duas crenças contraditórias, acreditar e defender ambas; deletar da memória o que fosse preciso e, num momento conveniente, resgatar, usufruir e esquecer novamente. Eis um dos principais pilares de sustentação do Partido da Oceânia. Da ficção para a realidade, lança-se mão de idêntico recurso, com a diferença do batismo:

“ (...) Era dos mais democratizadores o caso criado pelo Coronel Comandante do Batalhão de Carros de Combate, sediado em Valença (RJ), que cerceou Barra do Piraí com 800 soldados e exigiu que a Câmara de Vereadores local elegesse os membros da mesa conforme listinha que entregou ao presidente da Assembleia. Dizem que foi a eleição “democrática” mais rápida que já houve.”

“(...) Em Tenente Portela (RS) um policial chamado Neider Madruga, prendeu toda a Câmara de Vereadores porque o candidato da sua curriola não foi eleito na renovação da mesa diretora. Mesmo com o “habeas-corpus” aos vereadores, dado pelo juiz local, o Madruga levou todos em cana para Porto Alegre, preferindo fazer democracia com as próprias mãos.”

Os dois casos relatados acima compõe Fepeapá I, de Stanislaw Ponte Preta e retratam a situação pós-Golpe Militar de 64. Essas crônicas trazem em si o conceito de duplipensamento utilizado por ambos militares: garantir a democracia pelo uso da força coerciva, justificando a ação autoritária para garantir a “liberdade” social.
 
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Top 10 do ano:

1º - A Culpa é das Estrelas, de John Green
Muita gente vai querer me linchar pela escolha - principalmente se considerarmos os demais livros da lista -, mas a prosa de Green é tão descompromissada com ideais estilísticos e ao mesmo tempo apresenta uma preocupação apenas com o que é importante - Yves Reuter dizendo que livros são "pedaços, trechos da vida" -, que não tem como não deixar de admirar um autor que sabe aparar arestas em suas histórias. Apesar de concordar em parte com a crítica da Anica em relação ao interesse amoroso (Augustus) da protagonista (Hazel), com ele ganhando uma participação cada vez maior, se tornando o centro da narrativa da história aos poucos, não deixo de ver beleza nisso, pois é um romance - e vidas - fadados a um término precoce. O charme do romance está em identificar-se com a finitude da vida e a tortura de temer deixar as coisas triviais passarem batidas. Tendo dito isso, achei o melhor livro que li no ano.

2º - Vaclav & Lena, de Haley Tanner
Ao mesmo tempo que foi o segundo melhor livro lido por mim este ano, acrescento ao livro o título de "melhor revelação". A história de amor e amizade entre duas crianças/adolescentes de ascendência russa - há controvérsias com relação aos nomes, mas e daí? - me surpreendeu porque poderia ter muito bem seguido o caminho mais fácil, como um conto de fadas adaptado pela Disney e roteirizado por Nicholas Sparks. Dar voz a todas as personagens foi uma belíssima sacada, ainda que no discurso indireto livre - e aí o romance ganha densidade, pois são muitos interesses e muitos conflitos que mal têm a chance de ser verbalizados na história. Não é uma história com final previsível, mas de final desejável. Esperarei ansioso por outro romance dela.

3º - Abaixo as Verdades Sagradas, de Harold Bloom
O livro que me ajudou a tomar uma posição mais firme com relação às minhas próprias ideias e a procurar entender melhor as crenças alheias. Apesar de exigir certo nível de conhecimento - são muitos termos gregos e alemães das áreas de linguística e teoria da literatura -, Bloom explica bem a forma como a literatura moldou o mundo moderno, seja ela religiosa ou secular. Por fazer parte das Charles Eliot Norton Lectures, já é possível prever explicações precisas sobre o tema - digo isso porque "Seis Passeios pelo Bosque da Ficção", de Umberto Eco, também formulado a partir dessas palestras, foi minha introdução à teoria da literatura. Vale a pena ler com curiosidade e mente aberta.

4º - Drive, de James Sallis
Com o estado atual da literatura policial, salvando-se alguns poucos autores bons, fui pego de surpresa com esse neo-noir que pouco lembra o filme em seu subtexto, mas apenas em cenas esparsas. No fim das contas, são obras diferentes, e mal posso dizer qual dos dois eu prefiro - ambos têm lugar no meu coração, rs. O que acho marcante no livro é justamente ser a história de Sísifo trazida para o mundo contemporâneo, e, por eu ser camusiano-kierkegaardiano (whatever that means), foi algo que me prendeu até o fim durante a leitura. Justamente por ser diferente do romance policial contemporâneo é que fica a dúvida se mais pessoas iriam gostar do livro, embora eu garanta que vale a pena.

5º - O Homem de Nazaré, de Anthony Burgess
A proeza deste romance não está na capacidade de colocar a razão da fé cristã no plano humano, mas em como o plano humano é vencido pelo homem do título. Digo isso porque se na tragédia existem dois planos que entram em conflito (a saber, o divino e o humano), neste romance o "divino" é domado pelo "humano" pela aceitação da efemeridade da carne e da necessidade de conquistá-la. O Cristo de Burgess dificilmente apela pro Divino, mas antes tenta domar a si pra ganhar os outros pelo exemplo. O que vem a seguir não ocorre porque é profetizado, mas por ser desejado para que o exemplo se espalhe. (Re)criar uma figura na qual a fé de tanta gente se baseia sempre é algo arriscado, mas a força do Cristo burgessiano é tanta que você desejaria que o autor tivesse escrito os Evangelhos - um homem dotado de ethos-daímon que faz o último sucumbir ao primeiro pra alcançar sua meta.

6º - A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera
Em sexto, Bruce? Como assim? Pois é, mas isso não diminui o valor desse romance pra mim. Sinceramente, fui lendo achando que era uma coisa - um triângulo amoroso em meio à ocupação soviética - e achei outra - um quadrângulo amoroso em meio à guerra entre sentimentos e impulsos. Os leitores que amam a história principal que me perdoem, mas me identifiquei mais com Franz e seu desejo de alcançar o Sublime que com o trio principal - o que não quer dizer que fiquei insensível a eles. Aliás, o final em si era previsível, mas só poderia acabar assim na minha opinião.

7º - Saga, de Erico Veríssimo
Embora o próprio Veríssimo ficasse incomodado com a forma final que o romance teve, acredito que não havia como ele ficar melhor. "Saga" encerra a história de idas e vindas de Vasco, Clarissa, Fernanda, Noel, Seixas, Eugênio e Olívia da melhor forma possível - principalmente quando consideramos que ele termina em um período em que o final seria o único que a personagem poderia ter para interromper sua luta. Fica a impressão de que é um apelo de Veríssimo à necessidade de procurar cuidar do que nos é próximo, o que seria o verdadeiro humanismo - o resto são só ideias complementares.

8º - O Cemitério de Praga, de Umberto Eco
Um Eco menor ainda é um grande Eco. Apesar de ter ficado impressionado com a capacidade do autor de mostrar como se faz uma teoria da conspiração, bem como em retratar a confusão mental de alguém que se identifica com o Outro e que tem ojeriza por ele - ou seja, odiando a si mesmo -, achei que em alguns momentos a trama ficou fora de controle, e mesmo o final não é um dos melhores. Mesmo assim, Simone Simonini é um dos melhores vilões da ficção que eu já vi e a reconstrução de época é incrível.

9º - HHhH, de Laurent Binet
Apesar de ter amado ler esse livro tão sincero e tão rico em detalhes - e cheio de autocrítica -, me perguntava porque Binet não calava a boca de vez em quando. Teria gostado muito mais se ele tivesse fechado a matraca um pouco antes de querer atacar a literatura alheia, porque o ataque à Littell me soou como página em branco de sobra a preencher. Mesmo assim, as descrições e a história por trás da Operação Antropoide valeram a pena.

10º - O Silêncio, de Shusaku Endo
Na forma de romance epistolar, Endo trata da dificuldade que foi para os católicos japoneses continuarem seguindo sua fé após o xogunato Tokugawa declarar tal crença como sendo algo proibido e passível de morte. Mas a força da narrativa não está na exposição dessa perseguição, e, sim, na compreensão da percepção do Outro de uma cultura/crença diferente. Como o inquisidor de "Os Fantasmas de Goya", o padre Rodrigues vai precisar sentir na pele a perseguição para entender a natureza da própria fé - o olhar do Outro como revelador de si (um tema que vem desde "O Coração das Trevas").

Mencionaria ainda "As Vantagens de Ser Invisível", mas não sei se entraria no meu Top 10 do ano quando comparado aos demais livros da lista - nada contra, mas apesar de ter ficado impressionado com o livro, não foi uma impressão tãããão grande assim. "Religião para Ateus", de Alain de Botton, foi muito bom, também, mas ficou aquém do que eu esperava - ainda assim, recomendo. "Espíritos de Gelo" foi uma boa surpresa, mas não era algo necessariamente novo nem diferente. Acredito ter incluído "HHhH" apenas por considerar que o tema é um dos meus favoritos - II Guerra Mundial -, mas o Binet me soa pedante em vários momentos, embora ele mesmo assuma não saber de tudo à respeito do assunto. Bem, quem disse que resumir preferências é algo fácil?

Hors concours para "Laranja Mecânica", de Anthony Burgess, e "Para Ler Literatura como um Professor", de Thomas C. Foster.

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3. As teorias selvagens – Pola Oloixarac – trad. Marcelo Barbão
Um livro cujas opiniões oscilam entre oito e oitenta: ou se ama, ou se odeia. Eu não pude senão amá-lo pela ironia com que debocha do eruditismo balofo do universo acadêmico ao mesmo tempo que o faz também com uma linguagem pedante e recheada de referências a teorias das ciências humanas. E o pior de tudo é que ainda a história de fundo é interessante. (E de quebra tem cenas de sexo; pode interessar a: Bruce Torres XD.)

Só agora que vi, rsrs. Confesso que estou interessado no livro há tempos, mas agora você me deu um motivo a mais - eu já tinha outro: a própria Pola Oloixarac. :D

1. O estranho mundo de Zofia e outras histórias – Kelly Link – trad. Cassius Medauar
O livro tem lá os seus momentos, mas no geral os contos são fracos. Parecem forçadérrimos para dar um clima de fantástico. E talvez a autora nem seja lá tão ruim, mas a tradução verdadeiramente caga na obra (a começar pelo título, néam, por favor!). Troco o meu exemplar por 50 Tons de Cinza.

Tem certeza disso? Vê lá o que você pede. :lol:
 
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A Pola é bem pegável, né? :dente:

E troco o meu "Zofia" por quase qualquer coisa, na real.
 
A Pola é bem pegável, né? :dente:

E troco o meu "Zofia" por quase qualquer coisa, na real.

Pegável, mordível, lambível... melhor comentar sobre isso no CTI. :dente:

Mas nem era pelo "Zofia" que eu comentei, mas "50 Tons"? Really? Anyway, some of them want to abuse you./Some of them want to be abused. :lol:
 
Minhas melhores leituras de 2012 foram:

1. As Crônicas de Gelo e Fogo - os livros são incríveis, complexos, bem elaborados e surpreendentes, e acho que todos os que leram concordam com esta opinião!

2. Orgulho e Preconceito - Livro mais que lindo, apaixonante!

3. Gabriela Cravo e Canela - É muito interessante, com uma linguagem bem bonita. Uma maravilha de se ler!

4. As aventuras do Caça-Feitiços, Vol.I, O Aprendiz - É um livro muito gostoso, bem mágico, com um terrorzinho infantil que faz cócegas no que nosso lado criança costumava temer.
 
Uma pergunta: vale colocar livros relidos =P

Acho que sim, Gabriel.

Até porque a gente relê os livros bacanas, né?

Comigo pelo menos é assim.
Sempre tenho umas "releituras" de reserva, principalmente pra quando leio alguma porcaria, rebater com um livro que tenho certeza que é bacana. :dente:
 
Pronto, enfrentei a preguiça e criei a listinha =P


O som e a fúria - William Faulkner

Esse eu acho que foi o livro mais intenso que já li! A história te deixa intrigado, no início você quase nada sabe nem consegue adivinhar dela, mas há tantos elementos que dão uma pista de que algo grandioso está sendo posto, que a gente lê já esperando por isso - e não se arrepende no final! E é um desses livros que quero reler, pra já!

O lustre - Clarice Lispector

Essa foi, na verdade, uma releitura, mas ponho o livro nessa lista porque dessa vez parece que o que li se transformou em algo maior e mais belo. E sabem aquela sensação de que um livro te leu, ao invés de você o ter lido? Então, foi exatamente isso que senti ao relê-lo. Quase tudo nessas páginas parece que sou eu!

Não me abandone jamais - Kazuo Ishiguro

Ah...! Esse é um daqueles livros que a gente tem dó de fazer qualquer outra coisa que não lê-lo! A narradora, a Kathy, acho que é a personagem mais simpática que já li, e ela é uma contadora de histórias nata - impossível não se apaixonar por cada linha do que ela conta! E ao mesmo tempo é tão triste... Mas é lindo! E não falo mais nada pra que sua leitura não seja estragada :D

Ensaio sobre a cegueira - José Saramago

Saramago é sempre gostoso de se ler. E esse não foge à regra. Foi, tbm, um livro que, literalmente, virei as noites lendo - tomava café e ia até a madrugada(estava de férias mesmo, hehe)... E, dos que li dele até agora, esse foi o que mais me encantou pela história mesmo, que é tão bem tecida, sem se perder e prende o leitor direitinho. ô Saramago, seu danado :amor:

O continente - Erico Verissimo

Possui personagens marcantes e uma história apaixonante... apesar de ter arrastado um pouquinho, gostei demais de entrar cada vez mais nessa história :D

A máquina de fazer espanhóis - Valter Hugo Mãe

Ess contagia muito pela escrita do autor, que lembra muito Saramago. E, se eu fosse desses que faz marcações em livros, o meu estaria todo sublinhado :D

Terra sonâmbula - Mia Couto

O livro que me apresentou a Mia Couto! É um livro muito lindo, com belíssimas passagens tbm, e muito gostoso de ler :D
 
Eu disse que postaria o meu top 5, mas, gente, o calor tá me deixando meio Macunaíma pra escrever, quando penso em começar, só sai um "ai, que preguiça!".

Melian no lugar de postar fica postando que não está conseguindo postar. :doido:

Se bem que isso não é de todo ruim, pois quando postar os motivos ela vai escrever uns capítulos (que ninguém vai ler) demonstrando porquê ela gostou.
 
Só agora de volta das férias dá para parar e escrever aqui. Como no ano passado, vou dividir em duas. Então vamos às listas dos melhores desse ano que passou.

Ficção:

1. A Divina Comédia -Dante
Na verdade foi uma releitura depois de 7 ou 8 anos. E como eu e o livro mudamos! Foi outra coisa. Esse poema é monstruoso de tão bonito, tão múltiplo, tão rico. Acho que é um poucos dos livros que dá para levar para aquela ilha deserta e passar o resto da vida lendo e relendo. Malz aí Joyce, Pound e Eliot, mas não dá para estar à altura disso. Fica o prêmio de consolação a vocês por tentarem.

2. Cyrano de Bergerac - Edmond de Rostand
É o teatro total de Victor Hugo elevado à máxima potência. Rostand tinha razão de ter medo que não fosse possível encená-la. Mudanças completas de cenário a cada ato, poesia clássica, centenas de personagens. Nenhum mais incrível que Cyrano. Cyrano de Bergerac é uma força da natureza. Personagem idealista até à loucura. Realmente, um Quixote francês. Tudo com tanta beleza...

3. Hamlet - Shakespeare
Personagem fascinante desde a primeira fala. Versos fantásticos. Os sonetos de Shakespeare são notáveis, mas quando ele usa a arte no teatro é outra coisa. É viciante. Shakespeare pede mais.

4. The Grapes of Wrath - John Steinbeck
Como eu disse no tópico do livro, uma coisa é ler um historiador falando sobre a Grande Depressão, outra é ler esse livro e ver quão longe pode ir a degradação humana, mas também a força, a luta. Os capítulos "impessoais", tecidos em meio à saga da família Joad, são cheios de poesia. Já faz um ano que li e as imagens ainda estão frescas na memória como se tivesse acabado ontem.

5. Ulysses - James Joyce
Fico em dúvida de colocá-lo aqui. São vários os pontos fortes. O principal, a multiplicidade, a mudança a cada capítulo que pede adaptação do leitor. Os fracos ficam para o final crescentemente triste e a visão de individualidade envolvida com isso e para um certo sexismo do autor, que afinal não escapou de seu tempo e contaminou a obra.

Não-ficção:

1. Postmodernism (A Very Short Introduction) - Christopher Butler
Livrinho que me deu uma visão bastante mais clara do tema que trata. De onde se pisa hoje em dia nas ciências humanas. Algo assim deveria ser leitura obrigatória nas universidades. A melhor introdução que eu poderia pedir.

2. Literary Theory (A Very Short Introduction) - Jonathan Culler
Da mesma coleção, é quase um complemento do outro. Tem um capítulo fraco (sobre Narrativa), mas os outros trazem bastante informação nova. Apesar de curto tem conteúdo o bastante para ruminar.

3. O Império do Efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas - Gilles Lipovetsky
O título é enganoso e a primeira parte, que traz a história da moda, também. Discordo de muito do que Lipovetsky diz, mas essa é uma bela análise da acensão do indivíduo e da sua relação com o consumo, marcas, cultura materialista... Apesar de publicado em 1987 na França, continua atual.
 
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Melian no lugar de postar fica postando que não está conseguindo postar. :doido:

Se bem que isso não é de todo ruim, pois quando postar os motivos ela vai escrever uns capítulos (que ninguém vai ler) demonstrando porquê ela gostou.
Cara, isso magoooouuuuaaa. :cry:

Mas estou com preguiça de justificar e coisa e tal, então vou colocar só o top 5, sem justificativa e pronto, porque se fosse justificar, eu gostaria de falar, detalhadamente, sobre os livros, mas, cara...

Ó, não está em ordem de preferência.

1- A página assombrada por fantasmas (Antônio Xerxenesky). Tem textinho sobre ele no Livroslegendados: A página assombrada por fantasmas

2- Bonsai (Alejandro Zambra). Tem textinho sobre ele no Livroslegendados também: Bonsai

3- Trilogia Jogos Vorazes (Suzanne Collins). Tem textinho sobre o primeiro livro da trilogia, no blog. Não escrevi sobre os outros dois livros porque eu tava preocupada em terminar a dissertação. Mas ainda escreverei. Jogos Vorazes.

4- A hora dos ruminantes :grinlove: (José J. Veiga).

5- As vantagens de ser invisível (Stephen Chbosky).

Dois dos cinco livrinhos que estão aí, eu ganhei da Anica :grinlove:.
Tá, sei que Jogos Vorazes é uma série, nem trapaceei, gente. É que curti, mesmo, a leitura dos livrinhos lindos que ganhei dos amiguinhos do Meia (ei, olhando por essa lógica, a Anica me deu cinco livrinhos, né? Porque ela também participou do "SUPERVACÃO DA VALENTINA").

E eu até gostaria de citar algumas releituras aqui, mas, né, tô com preguiça de colocar as explicações.
 
Top Five 2012: os melhores LIVROS lidos durante o ano

Na listagem, há algumas novidades mas outros que já previa entrarem aqui desde o ano anterior. Os cinco livros abaixo saíram dos 128 que constam na minha lista de Leituras de 2012. Vale ressaltar que os critérios que me levaram a escolher os abaixo são muito similares ao que usei para escolher os Top5 filmes de 2012: 1) os que me dão vontade de reler tão logo termino a leitura; 2) os que passo a indicar aos amigos como tendo o "selo JLM" de boa leitura garantida (grande bosta); 3) os que fazem me interessar por outras obras do diretor ou com o mesmo tema; e 4) os que passam a fazer parte de meus pensamentos, conversas e citações cotidianas.

1. O eterno marido (1870), Fiódor Dostoiévski, 216 páginas, Editora 34 - Um dos livros mais completos do Dosto, misturando doses certas de comédia e tragédia. Li ele duas vezes - primeiro para ter a visão geral da obra e segundo para captar os detalhes - para o Clube de Leitura do Fórum Valinor e também o resenhei no LibruLumen. Por tudo o que já disse sobre ele na resenha, tava óbvio que não poderia escolher outro nesta colocação. O livro foi emprestado por um amigo que tem a Coleção Leste completa, da 34.

2. A tormenta de espadas (2000), 884 páginas | O festim dos corvos (2005), 644 páginas | A dança dos dragões (2011), 872 páginas, George R. R. Martin, Editora Leya - No ano passado eu já havia trapaceado indicando os três primeiros volumes da saga na primeira colocação. Pois nesse ano vou trapacear ainda mais indicando novamente o 3º volume (além do 4º e do 5º), já que pensava que iria finalizá-lo em dezembro de 2011 e só terminei em fevereiro de 2012. Percebi uma estatística estranha: não consigo ler os livros da série em apenas um mês, acho que por causa das letras miúdas e muitas informações por página. É o tipo de leitura que rende dez páginas por hora ou menos. Apesar de ser extremamente prazerosa. O duro vai ser aguardar o próximo volume, que muito otimista chuto vai sair lá por 2015.

3. Bastar a si mesmo (2012), Arthur Schopenhauer, 80 páginas, Editora WMF Martins Fontes - Sou fã do Schopenhauer quando o assunto é provocação intelectual. Ele sabe como atiçar um bom debate, mesmo defendendo argumentos que você não concorde. A Martins Fontes lançou uma nova coleção filosófica, a Coleção Ideias Vivas, com um visual bastante caprichado. A edição do Schopenhauer, por exemplo, traz fotografias de motoqueiros em diversas cores contrastando com os textos. Outros escritores que estão na coleção são Pascal, Sêneca, Plutarco, Luciano e Locke.

4. As cidades invisíveis (1972), Italo Calvino, 160 páginas, Editora da Folha - Um livro muito gostoso de se ler e que leva a sua imaginação por um passeio maravilhoso. Você parece ver à sua frente cada cidade descrita, e entende a mensagem que o escritor quer passar descrevendo os problemas e diferenças de cada uma. Interessante notar que a estória propriamente dita - o diálogo entre Marco Polo e Kublai Khan - acontece como pano de fundo, não sendo o foco principal.

5. Perfeição e outros contos (1924-1939), Vladimir Nabokov, 200 páginas, Companhia das Letras - Nabokov é um exímio contista, ninguém pode negar. Dá para perceber a acuidade com as palavras, o esmero em não ser prolixo, desnecessário. Gostei tanto dos contos que até escrevi um inspirado em uma das estórias do livro. Só achei que a tradução (dificílima, aliás, pois dela depende o desfecho) do conto As Irmãs Vane ficou melhor na revista Arte e Letra: Estórias H. Este livro está esgotado na editora e só é encontrado em sebos.

Além das cinco acima, deixo uma menção honrosa para as edições H e J da revista de contos Arte e Letra: Estórias, e para várias das edições da Coleção 64 Páginas, da L&PM, que por menos de cinco reais me iniciaram nos escritos de Gogol, Sade, Bukowski e Balzac. Certeza que vou ler mais obras destes autores em breve.
 
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Re: Top Five 2012: os melhores LIVROS lidos durante o ano

1. O Conto da Ilha Desconhecida, José Saramago – Li o livro a disciplina de Literatura Portuguesa. Foi o meu primeiro contato com Saramago e não tenho do que reclamar. É ma-ra-vi-lho-so. A história termina de uma forma tão grandiosa que fica até difícil debater sobre o livro.

2. Crônica de Uma Morte Anunciada, Gabriel García Marques – Eu já sabia o que aconteceria, mas a maneira como é contada me surpreendeu.


3. A Garota das Laranjas, Jostein Gaarder – Aproximadamente 11 após a morte do pai, o filho recebe uma carta escrita por ele, em que lhe é contada a história de uma misteriosa garota das laranjas. E, ao final, há uma importante questão sobre a vida. Não tem como não se emocionar.

4. Pride and Prejudice, Jane Austen – Não importa quantas vezes eu reler, sempre vai ser uma experiência muito agradável.

5. O Crime do Padre Amaro, Eça de Queirós – O Eça sempre ganha pontos ao seu favor nas críticas à sociedade. Ele não julga, mas escancara a hipocrisia, provocando riso no leitor.
 

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