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Melhores leituras 2012

Pips

Old School.
Que tal fazermos, a título de curiosidade, um Melhores Leituras de 2012? Cada um posta a melhor leitura, se quiser as melhores leituras, e fala o porquê: mexeu contigo, muito melhor do que esperava, etc.

Não é preciso ser lançamento, pode ser um livro que você só pegou esse ano para ler;
Pode colocar um top se quiser;
Não tem prazo, se tiver um livro que ainda não terminou, podemos esperar;

Se terminar o livro em 2013 não vale :D
 
Última edição:
já estava preparando os meus top5 e postarei aqui qdo prontos.
 
Fiz um top 10:

1- Ulysses - James Joyce
Ulysses foi um marco para mim, e é ainda um grande desafio. Caos de vozes, estilos, epifanias sucessivas, romance da vida cotidiana, o épico corporal, a guerra do homem feminil, do andrógino. Livro extremamente filosófico e altamente poético, cantante, absurdamente difícil de penetrar, de mergulhar, e embriagante.

2- Grande Sertão: Veredas - Guimarães Rosa
Hino metafísico em louvor à vida, épico brasileiro, mito fundamental do embate do homem contra si mesmo, da salvação pelo sofrimento, do amor, conflito filosófico entreo niilismo e o teísmo. Livro fantástico, a obra mais repleta de significados ocultos e epifanias poéticas que já li.

3- Sagarana - Guimarães Rosa
Linguagem maravilhosa, estórias comoventes e de transcendência metafísica. Sagarana foi uma bela introdução a Guimarães Rosa.

4- Dublinenses - James Joyce
Pequenas estórias relatando a paralisia dos habitantes de Dublin em seus pequenos dramas, grandes problemas, vivências cotidianas, mas tudo seguindo um plano de demonstração das fases da vida. Como Sagarana me introduziu a Rosa, Dublinenses me apresentou Joyce.

5- Quincas Borba - Machado de Assis
A narração do amor e da loucura de Quincas foi uma experiência desoladora e cheia de significado pra mim.

6- Esaú e Jacó - Machado de Assis
Um dos últimos romances de Machado, muito mais um retrato da sociedade brasileira representado na dualidade dos gêmeos Pedro e Paulo, eu me apaixonei pelo livro. Não só amei ver a história do Brasil assim narrado como me vi muito, enquanto ser humano cheio de contradições, nos dois gêmeos e me encantei por Flora.

7- O eterno marido - Fiódor Dostoievski
Para o clube de leitura. Um romance do mestre russo, perfeito nas análises psicológicas.

8- Iaiá Garcia - Machado de Assis
Romance da primeira fase de Machado. Singelo aparentemente mas com uma beleza de caracteres, e uma sutileza de sentimentos.

9- Dos nomes divinos - São Dionísio Areopagita
Clássico dos clássicos da teologia oriental. Apresenta as energias divinas e sua distinção da essência (ousia) de Deus. Maravilhoso.

10- Histórias das crenças e ideias religiosas - Mircea Eliade
É Eliade, falar mais o que? São 3 volumes que acompanham a história das religiões da Pré-história à reforma católica.
 
Última edição:
Vou fazer um top 10 lançamentos:

Barba ensopada de sangue (Daniel Galera)

Eu nunca vi nada demais no Galera, talvez porque minha iniciação foi errada, mas me surpreendi positivamente com esse romance. Grandes descrições, grandes diálogos e grandes momentos. A história é boa também, uma maldição que passa de pai para filho? Uma certa noção de que o fim está próximo? Fora o fato do personagem principal não recordar os rostos das pessoas e se apegar a detalhes - é meigo pensar que ele tem de se ater aos detalhes, coisas que ninguém mais faz.

Ficando longe do fato de já estar meio que longe de tudo (David Foster Wallace)

Eu conhecia parte dos ensaios desse exemplar, mas a compilação foi boa! Uma ótima porta de entrada e tem muita gente, pelo menos no goodreads, já querendo o Infinite Jest. Para os fãs acho que é uma boa por ter o Galera fazendo a introdução. Ele fala com bastante paixão.

Entre os meus ensaios favoritos estão "Pense na Lagosta", "Federer como expericência religiosa" e "Isto é água".

Os enamoramentos (Javier Marías)

Um dos livros mais arrebatadores de 2012. Romântico, tenso, tocante e repulsivo. O que é o amor afinal? O que é estar apaixonado? Javier Marías passa do platônico ao amoroso sem errar a mão. Momentos de humor e "oun" estão presentes, mas não dá pra se enganar: há sempre mais nos textos do Marías.

Festa no Covil (Juan Pablo Villa-Lobos)

Um livro bem curto. Nele acompanhamos o filho de um traficante apaixonado por hipopótamos anões da Libéria. Não parece incrível? E é!

Drive (James Sallis)

A literatura de Testosterona (como chamou a Anica), é diferente do filme lançado esse ano no Brasil, mas é igualmente brilhante. É um livro com carros, perseguições, mortes e amor. É tocante. O detalhe é que os personagens nem sempre são nomeados, apenas exercem suas funções e a narrativa é não-linear.

Contra o Dia (Thomas Pynchon)

Esse calhamaço pós-moderno, ou seja lá como chamam, é hilário! São milhares de referências, personagens impagáveis, alusões a passagens da história mundial. É insano e desconexo! Como? Sim. É um exemplar puro de como os personagens, e suas histórias, sobrevivem conforme continuam interessantes, senão adeus!

Ar de Dylan (Enrique Vila-Matas)

Não é um dos maiores exemplares do Vila-Matas. É um livro cheio de momentos bons, muito bons mesmo, mas ele peca nas últimas páginas. Perde o fôlego, perde a vontade de ser um livro sobre o fracasso. Mas os momentos bons, são tão bons, que valem a leitura.

Bonsai (Alejandro Zambra)

O queridinho do ano é de tirar o fôlego! Você já sabe o que vai acontecer, mas ainda assim é tocante.

Serena (Ian McEwan)

Serena é uma personagem irritante. Muito irritante. E tem muita egotrip. E mesmo assim você ama odiá-la. Uma história de espionagem com amor. Não amor entre homem e mulher. Não! É sobre escritor e leitor como bem apontou a Anica.

Uma morte em família (James Agee)

Esse foi uma surpresa. Eu não conhecia o Agee. E é outro daqueles livros que você sabe o que vai acontecer, mas o que vale é o processo. Como os personagens em volta vão se sentir, o que vão perder. É um exemplar bem forte. Bem forte! Recomendo MUITO!
 
Meu ano não foi muito forte em quesito de leituras. Mas não foi de todo em vão.
Daqui até o fim de dezembro não vislumbro nenhuma leitura de qualidade; só livro técnico que lerei por obrigação (e por isso mesmo vou desgostar quase que certamente).

TOP 5:

1. As coisas da vida: 60 crônicas – António Lobo Antunes
Como não podia deixar de ser, o primeiro lugar fica com um escritor de língua portuguesa pelo segundo ano consecutivo. Desta vez, porém, não com romance, mas com crônicas. E que crônicas! Uma verdadeira lição da arte de escrever crônicas, leitura obrigatória para cronistastros do quilate de uma Martha Medeiros, de um Davi Coimbra e de tantos outros que não fazem por merecer coluna cativa nos jornais.

2. O remorso de Baltazar Serapião – Valter Hugo Mãe
Outro português, ora pois! Quem culpa tenho eu se a língua anda bem representada ultimamente? Romance que talvez nem seja o seu melhor, pelo que leio, mas que por isso mesmo já me enche de expectativas quanto aos outros que lerei em breve. Enredo, personagens e manejo da língua envolventes.

3. As teorias selvagens – Pola Oloixarac – trad. Marcelo Barbão
Um livro cujas opiniões oscilam entre oito e oitenta: ou se ama, ou se odeia. Eu não pude senão amá-lo pela ironia com que debocha do eruditismo balofo do universo acadêmico ao mesmo tempo que o faz também com uma linguagem pedante e recheada de referências a teorias das ciências humanas. E o pior de tudo é que ainda a história de fundo é interessante. (E de quebra tem cenas de sexo; pode interessar a: Bruce Torres XD.)

4. Viagens de Gulliver – Jonathan Swift – trad. Octavio Mendes Cajado
Uma injustiça ainda irreparada com esta obra-prima é a fama que persiste de ser livro infanto-juvenil... Nada mais contrário à realidade. Crítica completa à sociedade inglesa da época, ora discreta, ora escrachada, não deixa nada nem ninguém de fora. E ainda tem um quê de aventuresco para atrair o leitor. A elegante tradução do Cajado é um refresco para quem sofreu na mão de tradutores tão ruins como o livro do Bottom #1 (ver abaixo).

5. O retrato de Dorian Gray – Oscar Wilde – trad. Paulo Schiller
Um clássico que li a pedido de uma amiga. Não me arrependi, por óbvio. A história em si já é interessante (apesar de que hoje todos a leem já sabendo quase tudo), mas é o estilo narrativo de Wilde, e como ele a desenvolve, que consegue prender o leitor. O autor consegue, com a linguagem empolada e carregada de descrições garbosas, criar um ambiente de afetação próprio para os dândis de sua época.



Bônus:

BOTTOM 3:



3. O senhor da escuridão – Lourenço Cazarré
Um livrinho infanto-juvenil que comprei a esmo num sebo. Não vale um tostão furado. Na minha juventude eu lera outros do Cazarré e gostara; este é ruim não porque eu estou velho e incompatível com o livro. É ruim porque é. A história é imbecil, as personagens também. Um livrinho que parece ter sido idealizado e realizado numa única tarde.

2. A lenda do Cavaleiro sem Cabeça – Washington Irving – trad. Santiago Nazarian
Imaginava que leria algo sombrio, sinistro ou coisa que o valha. Mas é uma historieta boboca e infantiloide ao quadrado. Passem longe.

1. O estranho mundo de Zofia e outras histórias – Kelly Link – trad. Cassius Medauar
O livro tem lá os seus momentos, mas no geral os contos são fracos. Parecem forçadérrimos para dar um clima de fantástico. E talvez a autora nem seja lá tão ruim, mas a tradução verdadeiramente caga na obra (a começar pelo título, néam, por favor!). Troco o meu exemplar por 50 Tons de Cinza.
 
Em ordem cronológica:

Claro Enigma (Carlos Drummond): você pode espernear, pode chamar a mamãe, pode pedir seu vale-birra de volta... Mas esses são pura e simplesmente os versos mais belos da literatura brasileira toda todinha todona: "Como esses primitivos que carregam por toda parte o maxilar inferior de seus mortos, / assim te levo comigo, tarde de maio". Ferreira Gullar também assina em baixo nisso que eu disse (vide o Roda Viva mais recente). Mas enfim. Livro titânico, livro que alcança uma altura que só Fernando Pessoa e Camões conseguiram alcançar em poesia de língua portuguesa. Poesia de estirpe épica onde não se sabe o que mais se admira: se a beleza dos versos, se a vastidão do tema, se a profundidade com que ele é tratado... Na boa, se você ainda não leu, tá pagando de bocozão. "A Máquina do Mundo" já foi eleito o melhor poema de nossa literatura, pra não citar outros como "Relógio do Rosário" ("O amor não nos explica. E nada basta, / nada é de natureza assim tão casta // que não macule ou perca sua essência / ao contacto furioso da existência.") ou "Campo de Flores" ("Deus me deu um amor no tempo de madureza, / quando os frutos ou não são colhidos ou sabem a verme."). Enfim. Quando dizem que Drummond é o maior poeta brasileiro... Olha, os caras sabem do que estão falando.

Fedra (Jean Racine): no começo do ano eu li teatro até morrer. Aí eu ressuscitei e hoje estou purpurinado. O fato é que Racine é fantástico; o dramaturgo mais apaixonante que conheci desde Shakespeare. A força analítica de suas obras é ímpar, e Fedra ainda hoje me desconcerta em algumas passagens que me fazem desancar em lágrimas (quero dizer; sou um típico macho alfa, então falei no sentido figurado). Cheguei até mesmo a escrever uma resenha em duas partes pro finado Meia Palavra, onde analisei a ideia do Millôr de que Fedra é a tragédia da palavra: isto é, Fedra só é uma peça trágica porque a palavra "incesto" possui conotações trágicas. Mas enfim. O fato é que Fedra é daquele tipo de coisa que você decide sublinhar o que gostou. Aí termina o texto pensando: "esse povo devia imprimir o texto todo sublinhado já..."

Leonor de Mendonça (Gonçalves Dias): conhecemos Gonçalves Dias poeta, com todos os louvores de sua excelência versificatória. Mas desconhecemos o Gonçalves Dias dramaturgo. Pode? Pode, se a Companhia Celi-Autran em pleno século XX deu uma nova roupagem a essa peça que é considerada a maior do nosso teatro do século XIX (mas que foi miseravelmente encenada no mesmo século)? Não, não pode. A peça é linda. É forte. A consciência de Gonçalves Dias do ofício dramatúrgico pode ser atestado no Prefácio que ele escreveu; mas ele pode ser sentido na própria leitura da peça, de enredo simples e absurdamente impactante... Se teatro é criar uma tensão, então eu não sei o que diabos é Leonor de Mendonça, visto que, no final, o leitor está tão preso e fascinado ao texto que qualquer mudança mínima no comportamento de Leonor é sentido em nossa espinha dorsal. E se isso não é bom teatro... Como diria Luisa Marilac, se isso é teatro ruim, que quer dizer teatro bom?

Cyrano de Bergerac (Edmond Rostand): na boa, não quero falar dessa peça. Eu me emociono. Já li ela, oficialmente, umas quatro vezes... Mas, não oficialmente, umas boas dezenas. O fato é que a peça é linda, a tradução do Gullar está fodástica (o prêmio Molière criou uma categoria para premiá-la), os personagens, a situação, os versos... Não vou conseguir comentar. Leiam.

Romeo and Juliet (William Shakespeare): pude ler algumas coisas de Shakespeare no original. Essa peça, que o recém-falecido Décio Pignatari classificava como seu rosebud pessoal, continua fascinante, deslumbrante. Não que não existam boas traduções: a tradução de Onestaldo de Pennafort para essa peça é considerada a melhor tradução de Shakespeare já empreendida no Brasil (e não sou eu que digo; é um carinha chamado Ivo Barroso, caso não saibam...). Mas no inglês... É somente no inglês que podemos sentir o impacto de versos como: "(...)such soon-speeding gear / As will disperse itself through all the veins / That the life-weary taker may fall dead / And that the trunk may be discharged of breath / As violently as hasty powder fired / Doth hurry from the fatal cannon's womb." Assim, se você acha que Romeu e Julieta é só o eu-te-gosto-você-me-gosta de que fala Drummond, parabéns, você está errado. Weeeeeeee!... Está errado pois Romeu e Julieta possui de tudo; até monólogos de um teor horripilante que muita literatura de terror ainda hoje não consegue... Pra não dizer em trocadilhos de caráter sexual, por exemplo: pois, se Romeu e Julieta não fazem o tchetchererê explicitamente, o que tem de neguinho querendo fazer naquilo ali você tá é louco, viu! 50 Tons de Cinza? Nas primeiras linhas, você lê coisa tipo assim: "therefore I will push Montague's men from the wall, and thrust his maids to the wall." Essa peça é excitante.

Contos (Machado de Assis): Machadão é Machadão. Esse argumento dispensa qualquer outro. É mais eficiente que o Exodia, que Master Ball, que Gameshark, que ter o quadrado emperrado e jogar God of War... Enfim.

No caminho de Swann (Marcel Proust): eu já disse tudo o que tinha que dizer sobre o Em Busca num tópico anterior. É escuso querer repeti-lo aqui... Marcel Proust é divino. Nenhum prosador tem uma habilidade tão magnífica quanto ele. Pois ninguém consegue manter o leitor extasiado por 3 mil e lá vai cacetada de páginas onde quase nada acontece... Sim, quase nada acontece. É um tal de comer bolinho pra cá, de tia que não consegue sair do quarto, de descrição de jardim, de pirralhada andando de gelo, de tiozão casando com prostituta (essa parte é legal hehe), de fedelho que não quer dormir... Ai Deus, ô coisa entediante! É... E que deliciosa, que magnífica! Nenhum prosador do século passado chegou ao nível de Proust. Há dois anos atrás eu estava fuzilando James Joyce nessa pessoa; mas hoje... Tadinho de Joyce!

50 Poemas Escolhidos pelo Autor (Manuel Bandeira): persisti com Manuel Bandeira e venci. Vi, vim, vinci. Era assim que Leonardo da Vinci se apresentava, e é assim que posso, hoje, ver beleza inexcedível e poemas como "O Cacto", dos mais exorbitantemente belos, áspero e intratáveis de nossa poesia. Para não dizer nos poemas traduzidos, nos sonetos, nos poemas de amor tão simplesinhos, coitados!, como o do porquinho-da-índia... Manuel Bandeira é o protótipo de poeta perfeito. Conciso. Exato. Vasto. Universal.

Elegias de Duíno (Rainer Maria Rilke): com a ajuda de algumas pessoas queridas, como de minha martorëmedeiros, aprendi a gostar de um poeta que já amava mesmo antes de ler. Porque gente, fala sério: o cara escrevia poemas num castelo. Cas-te-lo. Isso é sonho demais... E o Rilke é um poeta brutal. A dimensão de seu pensamento é vasta, vasta a tal ponto que chamá-lo de um dos maiores poetas do século XX é dizer o óbvio. O que está dito ali é visceralmente verdade. Negar a certeza e a plenitude de seus versos é negar a própria alma... Sei lá, é dar um tiro no pé, coisa assim. Pois se a poesia mostra nossas vísceras, ao contrário da prosa que cria um mundo paralelo e tudo mais, querer negar as vísceras que a poesia de Rilke nos expõe é, no mínimo, um suicídio (o Réquiem ao Poeta Wolf von Kalckreuth, aliás, fala desse tema... Aí já viu, né? Não tem saída, cara. Perdeu. Vai ler, playboy.).

Em alguma parte alguma (Ferreira Gullar): minha última paixão desse ano, Ferreira Gullar me cativou sobremaneira com os Sete Poemas Portugueses. Deles eu fui pra obra completa e hoje sou dependente químico de Gullar. Não passo, literalmente, um dia sem ler alguma coisa que seja dele. E não falo do Gullar político, ainda que muita coisa do que ele diga deva ser levada em consideração pelos esquerdopatas (dentre os quais me incluo); mas do Gullar poeta, do Gullar teórico, dessa mente brilhante que possui uma lucidez mais lúcida e luzente que um relâmpago, metáfora que sempre gosta de usar para se definir e definir as coisas. Se escolhi o último livro dele como leitura do ano, é porque vejo nele uma gama de ensinamentos e respostas que a poesia contemporânea precisa acatar ou ao menos considerar para sair do lodo em que se encontra (não tentem negar uma coisa tão notória como essa). Tudo o que costumam dizer que falta na produção poética de hoje está lá, está de alguma forma alguma neste que muito provavelmente será o último livro do Gullar: basta para isso observar que, de 2010 pra cá, Gullar afirma que não escreveu nada, visto que só escreve quando a poesia o convoca. E essa, de resto, é uma coisa que eu acho sensatíssima, pois dá dignidade ao poeta e não o permite produzir apenas por produzir, como muitos infelizmente produziram no final de suas vidas, por maiores que tenham sido...
 
vou ler com calma depois, mas já deixo o coração só pelo esforço do mavz de escrever um livro pra galerë.

Pode ler tranquilo. A síntese de meu pensamento amoroso está lá. Lede e achareis a chave para o amor!

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Chave para o amor dos livros
 
Top 5 - 2012

Em 2012 intercalei alguns calhamaços com livros pequenos e mais tranquilos, eis então o top 5 do ano e o pequeno motivo de aqui estar.

1 - O Conde de Monte Cristo - Alexandre Dumas
Um livro que tenta mostrar o que uma pessoa é capaz de fazer por amor e vingança e com muita GRANA :mrgreen:. Com algumas passagens bem forçadas tipo o filme Missão Impossível, mas muito bem escrito, é um calhamaço que deve ser lido pelos fãs dos clássicos.

2. Anna Karienina - Liev Tolstoi
Em seguida, outro calhamaço, este nos passa um panorama geral da cultura Russa do século XIX (1801 a 1900), amores proibidos, relação nobreza x servos e mais um tanto de coisa, pois o tal Tolstoi gosta de escrever pra caramba. Vale a leitura das oitocentas e poucas páginas e estou aguardando o filme ansiosamente!

3. O Pequeno Principe - Antoine Saint-Exupéry
Taí um livro que deve ser lido por todas as pessoas pelo menos uma vez por ano, o ideal seria lê-lo todo mês, pois nos passa alguns ensinamentos bem bacanas em poquíssimas páginas. Recomendadíssimo pra quem já leu e obrigatório para quem ainda não leu.

4. Guerra dos Tronos - George R.R. Martin
Apesar de não ser fã de fantasia, abandonei o Senhor dos Anéis no terceiro volume e nem sei se irei ler algum dia. Guerra dos Tronos me surpreendeu positivamente e conseguiu ser melhor que a série da HBO. Fiquei fã do Martin, que também gosta de escrever pra caramba e não termina essa série de livros.

5. Tia Júlia e o Escrevinhador - Mário Vargas Llosa
E fechando o top 5, um livro light e bacaninha do Llosa. Gosto muito dos livros deste carinha, pois nos passa um humor meio que visceral. Em outras palavras, ele escreve sério o que é engraçado. Este livro vale ser lido para descontrair após a leitura de um Ulysses da vida.
 
1) Os anéis de Saturno - W. G. Sebald
Talvez fosse mais coerente colocar em primeiro Os detetives selvagens, que me divertiu muito e que eu muito recomendei, mas a verdade é que Os anéis de Saturno, que eu demorei tanto a digerir, é o livro que mais ecoa na minha cabeça, em sensações e lembranças difusas. A partida para o exílio do menino Józef Konrad com os pais que logo viriam a falecer, o amor retraído e o recolhimento de Edward FitzGerald, Mrs. Ashbury e seu oh, for the countless things one fails to do!, e o final tão sóbrio, triste e lindo, naquela quinta-feira santa, 13 de abril de 1995, em que nos é dito que na Holanda da época de Thomas Browne era hábito cobrir com véus de seda todos os espelhos e todos os quadros que exibissem paisagens, pessoas ou frutos da terra na casa do falecido, para que a alma, ao deixar o corpo, não se distraísse em sua última viagem, quer pelo próprio reflexo, quer por sua pátria, que logo perderia pra sempre.

2) Os detetives selvagens - Roberto Bolaño
Li Os detetives selvagens em uma época que eu precisava ler justamente ele. Lembro de começar o livro ainda com uma resistência infundada contra o Bolaño, lembro de terminar a primeira parte do livro e gritar putaquelivro, lembro de ler os relatos da segunda parte e pensar que eu queria ter escrito aquilo e que se eu um dia viesse a escrever, queria escrever daquele jeito.

3) 2666 - Roberto Bolaño
Comecei a ler em 2010, e larguei lá pela página 100. As seções do livro eram muito curtas (funciono melhor lendo livros com capítulos de 20 a 40 páginas, vai entender), tudo corria demais, a leitura não engrenava. Cheguei a xingar o Bolaño e fazer comentários do tipo “pessoal fala bem do livro só porque é grande e tá na moda”. Mas finalmente dei uma segunda chance, e o livro é realmente fantástico. Merecia ter sido lido em 2010, ou em 2011, e daí teria merecido ser minha melhor leitura naquele ano.

4) Austerlitz - W. G. Sebald
Mais um do tio Sebald, mais um livro fantástico. Leitura mais fluída do que Os anéis de Saturno, história mais bem contada, mais emotiva (ainda que sebaldianamente emotiva, o que significa imensa sobriedade), mais passagens que prendem a atenção enquanto tu lê, mas que voltam menos à cabeça, ou à minha cabeça ao menos.

5) Coração tão branco - Javier Marías
Outra leitura iniciada em 2010. Aquele primeiro capítulo irretocável, inacreditável, que te faz esperar o melhor livro do mundo. Mas os capítulos seguintes, a lua de mel em Cuba, as “pequenas verdades da vida” que eu só depois veria que são parte inalienável da literatura do Marías, me tiraram o fôlego, e acabei deixando o livro de lado. Mas, felizmente, fui até o fim este ano.

6) Barba ensopada de sangue - Daniel Galera
Certamente o livro que eu mais esperei este ano, e mesmo que não tenha sido a leitura transcendental que eu esperava, é um livro lindão, super divertido de ler, e o Galera continua sendo o autor mais próximo, que melhor fala da parcela de vida que eu vejo cotidianamente.

7) Detalhes de um Pôr-do-sol - Vladimir Nabokov
Primeiro livro do Nabokov que eu leio, tem alguns dos melhores contos que eu já li, ou dos que eu mais gostei de ler (Um mau dia e Natal, principalmente). Nabokov tem uma capacidade absurda de acessar a minha memória afetiva.

8) Vício inerente - Thomas Pynchon
Minha primeira experiência de sucesso com o tio Pynchon. Livro bizarro e surtado, com algumas passagens que parecem ter sido escritas por uma criança, mas tão tão tão divertido.

9) Na praia - Ian McEwan
Primeiro livro que eu termino do McEwan (já comecei Reparação, mas tinha visto o filme duas vezes, e mais uma vez aquele início que repete-repete-repete me fez deixar de lado). Livrinho pequeno, mas bem forte.

10) Desonra - J. M. Coetzee
Outro autor que eu só li este ano. É daqueles livros que tu lê sem sentir quase nada, pra só depois descobrir que te tirou alguns pedaços.
 


2) Os detetives selvagens - Roberto Bolaño
Li Os detetives selvagens em uma época que eu precisava ler justamente ele. Lembro de começar o livro ainda com uma resistência infundada contra o Bolaño, lembro de terminar a primeira parte do livro e gritar putaquelivro, lembro de ler os relatos da segunda parte e pensar que eu queria ter escrito aquilo e que se eu um dia viesse a escrever, queria escrever daquele jeito.


É um puta livro. Um dos meus favoritos. Entrou logo depois da primeira leitura!

3) 2666 - Roberto Bolaño
Comecei a ler em 2010, e larguei lá pela página 100. As seções do livro eram muito curtas (funciono melhor lendo livros com capítulos de 20 a 40 páginas, vai entender), tudo corria demais, a leitura não engrenava. Cheguei a xingar o Bolaño e fazer comentários do tipo “pessoal fala bem do livro só porque é grande e tá na moda”. Mas finalmente dei uma segunda chance, e o livro é realmente fantástico. Merecia ter sido lido em 2010, ou em 2011, e daí teria merecido ser minha melhor leitura naquele ano.

O que achou das partes dos assassinatos (que todo mundo reclama)?


5) Coração tão branco - Javier Marías
Outra leitura iniciada em 2010. Aquele primeiro capítulo irretocável, inacreditável, que te faz esperar o melhor livro do mundo. Mas os capítulos seguintes, a lua de mel em Cuba, as “pequenas verdades da vida” que eu só depois veria que são parte inalienável da literatura do Marías, me tiraram o fôlego, e acabei deixando o livro de lado. Mas, felizmente, fui até o fim este ano.

Um dos problemas, ou virtudes, do Marías é ser tão truncado em momentos e banal nos outros que parecem não favorecer no começo, depois fazem sentido, depois não fazem. Seu rosto amanhã começa como se fosse um simples joguinho de descrever lugares e divagar para desbancar numa trama bizarra.


8) Vício inerente - Thomas Pynchon
Minha primeira experiência de sucesso com o tio Pynchon. Livro bizarro e surtado, com algumas passagens que parecem ter sido escritas por uma criança, mas tão tão tão divertido.

Paul Thomas Anderson adaptará para o cinema! Será, no mínimo, interessante.
10) Desonra - J. M. Coetzee
Outro autor que eu só li este ano. É daqueles livros que tu lê sem sentir quase nada, pra só depois descobrir que te tirou alguns pedaços.

Eu demorei para digerir Desonra, mas com certeza é um dos melhores livros que já li, ele te pega e você não percebe.
 
Eu gostei da parte dos crimes. Não consigo definir qual a minha parte preferida do livro (propensão à parte de Fate), mas ela não fica atrás das demais, não. Acho que é a espinha dorsal, a parte que mais define o livro. E não é só o relato das cento e tantas mortes, tem muita história ali, tem o Lalo Cura, a maior parte da história do Klaus Haas, os judiciários.

Sobre o Desonra, as partes dos cachorros sempre voltam com força na minha cabeça.
 
Como li pouco este ano, vou fazer um top 5 e uma exceção a série do ano.

São eles:
1 - Olhai os lírios do campo (Érico Veríssimo): Livro lindo e uma leitura inesquecível.
Os diálogos subjetivos por trás de seus personagens, carregados da filosofia, a arte, a política. Eu quase podia imaginar Hobbies ali, alfinetando o médico descrente da vida. Mas as pérolas do livro, sem dúvida, são as questões que Eugênio levanta sobre tudo; vida, ele mesmo, o que será, o que quer, o conflito de saber o que realmente é importante. É um diálogo interior incessante e ótimo.

2 - Os Homens Que Não Amavam as Mulheres (Stieg Larsson): Mistério, romance, ação, suspense, terrorzinho sacana, e muita, muita emoção. Lisbeth Salander virou minha heroína, e o mais estranho, não tem um estereótipo para heroína. No final me fiz uma única pergunta, como?
Menti, também fiz a pergunta, por que Larsson teve de morrer tão cedo? =/

3 - O Velho e o Mar (Ernest Hemingway): Não conhecia o autor até este ano, e não tinha grandes expectativas. Me surpreendi com a obra, com os personagens e o foco do autor. Leva a boas reflexões e uma leitura muito relaxante.

4 - A Invenção de Hugo Cabret (Brian Selznick): Leitura gostosinha, linda e fofa. Foi uma esplêndida homenagem ao cinema.
Esse livro ganhou a citação do ano pra pra mim: "Sabe, as máquinas nunca têm peças sobrando. Elas tem o número e o tamanho exato de peças que precisam. Então, eu imagino que, se o mundo inteiro é uma grande máquina, eu devo estar aqui por algum motivo." :timido:

5 - Tequila Vermelha (Rick Riordan): Típico livro de Riordan, mas sem a mitologia como plano de fundo. Um tema mais adulto. Mistério policial, por assim dizer. Li super rápido enquanto estava na praia. É um tanto comédia, suspense, romance, leitura de férias mesmo. rsrss

Exceção para Séries:

Jogos vorazes - Chamas - Esperança ( Suzanne Collins): :amor:
Sério, se não a tivesse lido, me arrependeria eternamente e nem saberia o motivo.
 
Última edição:
Dois livros na listinha da Blandz que têm influência direta minha. Eu enchi a paciência dela para que ela lesse O velho e o mar :grinlove: e a trilogia Jogos Vorazes.
 
Dos não lançamentos, eu queria destacar:

Seu rosto amanhã Vol.1 - Febre e Lança (Javier Marías) - Empolgado com a leitura de Os enamoramentos, retornei ao mundo de Marías e me arrependi. O livro não é ruim, ele é maravilhoso. O autor é cabeçudo e tem uma teia narrativa/filosófica de fluxo tão pertinente que dá uma certa ressaca. Eu ainda peguei o Vol. 2 para ler e ficou mais pesado. Mesmo assim o destaque fica por ser um livro de mistério e espionagem apenas com palavras, a ação ocorre em diálogos e fluxos de consciência.

Pedro Páramo (Juan Rulfo) - Ganhei de presente e nunca tinha ouvido falar. Posso afirmar, na minha pequena gama de conhecimento, que é um dos melhores livros já escritos. Além de sucinto traz passagens memoráveis, lindas e que dão vontade de falar em voz alta.

Saiu da casa e olhou o céu. Choviam estrelas. Lamentou aquilo, porque teria gostado de ver um céu quieto. Ouviu o canto dos galos. Sentiu a envoltura da noite cobrindo a terra. A terra, “este vale de lágrimas”.

O Buda do Subúrbio (Hanif Kureishi) - Outra surpresa. É um livro engraçado e trágico, fala sobre tradições: ignorá-las ou abraçá-las. Fala sobre sexualidade, espiritualidade, religião, rock and roll. O autor veio para a Flip no único dia que não estive presente!

Matadouro 5 (Kurt Vonnegut) - Uma pira maravilhosa sobre guerra e romance. Ficção e verdade. Demorei muito tempo para correr atrás desse exemplar, mas é impossível desgrudar! Melhor ainda é assistir Apocalipse Now depois da leitura (não é o livro que deu origem).

Ficção Completa (Bruno Schulz) - Bruno Schulz tornou-se uma obsessão para mim. Eu achei um curta baseado em "A rua dos crocodilos" e precisava correr atrás. Muitas coisas deprimentes, muitos jogos de linguagem, denso, taciturno e de humor torto.
 

Valinor 2023

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