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As melhores e as piores leituras de 2023

Bem, não vai rolar de ler mais nada até a virada do ano, então vou elencar aqui as minhas leituras favoritas de 2023, pela ordem em que as li, para não ter que torrar neurônio bolando uma ordem de preferência:

1) Matem e devorem! (Jean Teulé) 139p. — Excelente livrinho do qual nunca ouvi falar. Trazendo pra cá o que escrevi sobre ele na época da leitura: "Esse pequeno grande livro. Muito, muito bom. Comprado a esmo numa dessas andanças pelo shopping, porque eu queria algo curtinho pra ir folheando no café... Brutal a reconstituição de Teulé para esse caso real de histeria coletiva que terminou na tortura e no desmembramento de um homem numa comunidade pacata da França... E todo o livro salpicado de referências a versos de Verlaine, além das próprias frases do Teulé, que mantêm uma voltagem poética elevada em contraste com o horror que ali se narra. 5/5".

2) O Lobo da Estepe (Hermann Hesse) 250p. — Hesse é gigante, né. Sem condições. Esse livro funciona menos como romance, a meu ver, e mais como um tratado sociológico. Estou reclamando? Não; só estou alertando aos incautos. Vale muito. Livraço.

3) A odisseia da filosofia (José Francisco Botelho) 222p. — O autor é meu amigo? É; mas não é por isso que eu o incluo aqui; é porque o livro é muito gostosinho (como tudo que ele escreve) e consegue fazer uma apanhadão geral de algumas ideias filosóficas ao longo dos séculos, para quem não faz a menor ideia de nada sobre o assunto. Mas até para quem faz o livro vai ser gostosinho. :timido:

4) Livros de Sangue, vol. 1 (Clive Barker) 240p. — Gostei tanto desse aí que me propus, já, a comprar os outros cinco volumes da coleção. Minha primeira experiência com o Clive Barker e foi muito positiva. O autor mostrou maturidade de estilo e domínio sobre a linguagem e sobre o horror.

5) O capote: e outras histórias (Nikolai Gógol) 223p. — Outra delícia de livrinho. Reúne alguns dos maiores clássicos da contística universal. Divertido, debochado, surreal. A tradução do Paulo Bezerra é muito competente também, e foi um deleite à parte, pra mim.
 
3) A odisseia da filosofia (José Francisco Botelho) 222p. — O autor é meu amigo? É.
Desprezo GIF by Porta Dos Fundos
 
Avaliando a experiência, não - necessariamente - a qualidade das obras:

5 Melhores:
- A Biblioteca da Meia-Noite (leve e marcante)
- As Vinhas da Ira (obrigação civil presentear esse livro a qualquer pessoa que fale bobagens ou não se sensibilize sobre a questão agrária)
- O Deserto dos Tártaros (deliciosamente existencialista)
- Vale Tudo: o som e a fúria de Tim Maia (o mais divertido e interessante do ano)
- Memorial de Maria Moura (uma obra-prima)

5 Piores:
- Rei Lear (chaaato)
- Os Lusíadas (chaaato com enjambements)
- O Enigma de Qaf (exatamente o comentário do Mercúcio sobre Mussa. Fiquei frustrado)
- As Aventuras de Robinson Crusoé (tentativa exagerada de dar realismo ao relato deixa metade do livro muito maçante)
- Duna (não achei ruim, mas dos que sobraram foi o que menos gostei)
 
Duna (não achei ruim, mas dos que sobraram foi o que menos gostei)
Eu tava tentando reler (não me lembro se gostei muito ou se achei ok/ mais ou menos), e isso foi antes do primeiro filme (que nem animei de ver 🙄 ), mas a edição que eu tinha comprado pra Kindle tem o verme na capa, e eu tenho gastura. Abandonei (esqueci, claro) a leitura lá e, sempre que estava caçando algo no Kindle e esbarrava na capa, ficava mal. Dia desses (há uns dois dias, acho), não aguentei e excluí o arquivo permanentemente do Kindle. Quando for reler, terei de comprar o livro de novo, mas não me arrependo. Aquela capa me apavora.​
 
Leitura pra mim esse ano foi complicado... minha mente parece estar se desgastando exponencialmente... vários livros estava lendo mas travei no meio, mas um que consegui aproveitar uma janela de concentração e adorei foi o Trilogy, de Jon Fosse, que deve sair este ano por aqui. Um livro melancólico e vertiginoso sobre um casal pobre tentando uma vida à dois quando o mundo todo conspira contra eles; em umas cenas de sonho mais intensas a coisa toda lembra os pesadelos e atmosfera carregada em geral de Crime e Castigo.

Já do mesmo Fosse eu não gostei de A Shining, que saiu por aqui como Brancura, e talvez tente reler, até por ser curto (umas 40 pgs. no kindle), mas achei muito uma coisa sem peso dramático, funcionando para demonstrar uma certa visão do que pode acontecer na passagem deste mundo para um outro plano; tudo meio estático; talvez por eu estar esperando um texto mais dramático eu me decepcionei e não apreciei a narrativa pelo que ela tentou ser de fato...
 
Será que é esse? :tsc:
Foi esse mesmo:

Editoras recebem Machado, não reconhecem e recusam


Folha envia, sem identificar, originais de romance pouco conhecido do escritor carioca a seis das maiores editoras do país; três não responderam, três rejeitaram



IVAN FINOTTI
da Reportagem Local

Na semana passada, o escritor argentino Ricardo Piglia disse à Folha que, se Jorge Luis Borges fosse um desconhecido e apresentasse seu maior livro a uma editora hoje, não conseguiria publicá-lo. "Diriam que contos não vendem", afirmou Piglia.
Não é uma hipótese absurda. Há seis meses, a reportagem enviou, sem identificar, um pequeno romance de Machado de Assis a seis das maiores editoras de literatura brasileira, segundo o Sindicato Nacional dos Editores de Livros.
O texto, chamado "Casa Velha", foi mandado pelo correio, sem título. Impresso por computador, encadernado com espirais por uma papelaria comum, o livro era semelhante às dezenas que chegam semanalmente às editoras. O nome que constava na assinatura era o de um desconhecido. Foi triplamente recusado.
Das seis editoras que receberam esses originais, três não responderam nem acusaram recebimento (Record, L&PM e Ediouro).
Já as editoras Companhia das Letras, Objetiva e Rocco responderam (as duas primeiras em novembro; a última, no mês passado).
As respostas -enviadas por um correio eletrônico (Hotmail), criado especificamente para esta reportagem- foram basicamente a mesma: obrigado, não (veja quadro abaixo).
Nenhuma das editoras que respondeu reconheceu que se tratava de um livro de Machado de Assis, o maior autor nacional.
É claro que "Casa Velha" não é um "Dom Casmurro". É difícil de achar nas livrarias e muito fácil encontrar pessoas que jamais ouviram falar dele.
Também é claro que um autor escrevendo na entrada do ano 2000 como se estivesse um século atrasado pode muito bem não ser interessante comercialmente.
"Acho normal que uma editora recuse", afirma o professor de literatura brasileira da USP Valentim Facioli, 57, estudioso de Machado de Assis "há 35 anos ou 40 anos".
"Uma coisa é um texto ser reconhecido como de Machado. Outra é um desconhecido escrevendo como realista do século passado. O fato é que esse texto é bem dezenovenovista", diz Facioli.
"Casa Velha" foi publicado pela primeira vez em 1885 e 86, dividido em 25 episódios na revista para senhoras "A Estação". O romance é ambientado no Rio de Janeiro, em 1839. A dona de uma casa oligárquica quer impedir que seu filho se case com uma de suas protegidas. Para ajudá-la, chama um padre, que mais tarde narrará esses eventos ao leitor.
As três editoras que recusaram Machado de Assis garantem que o texto foi lido e avaliado (leia texto à esquerda).
Na editora Objetiva, por exemplo, chegaram 547 originais em 1998. De 1º de janeiro deste ano até sexta-feira passada, já são 232. "Lemos, no mínimo, 20 páginas de cada livro", diz Isa Pessoa, diretora editorial da Objetiva. "Temos duas pessoas para isso e também usamos colaboradores de fora."
A editora Rocco recebe cerca de 40 originais por mês. "Há períodos em que o número chega a 80", diz a gerente editorial Vivian Wyler. Três funcionários são encarregados da primeira leitura e, quando interessa, o texto é passado para uma segunda e uma terceira opinião. "No mínimo, são pessoas com mestrado em literatura."
Já na Companhia das Letras, que recebe cem originais em português por mês, o trabalho de avaliação é feito por sete pessoas. "Fora isso, temos pareceristas especializados", afirma Ruth Lanna, que gerencia a seleção de manuscritos.
As três editoras já descobriram autores por esse método: Antenor Pimenta, Maurício Luz (Rocco), Cristina Moutella, Fernanda Young (da Objetiva), Sílvia Zatz e Elvira Vigna (Cia. das Letras).

Polêmica
Situar "Casa Velha" na obra de Machado de Assis é problemático. Para o inglês John Gledson, um dos mais respeitados especialistas no autor, o romance foi escrito em 1885, ou seja, entre "Memórias Póstumas de Brás Cubas" (1880) e "Quincas Borba" (1886-91). "Foi depois da crise dos 40", diz Gledson. É a chamada fase realista -a melhor de Machado.
Lúcia Miguel Pereira, uma das mais importantes estudiosas de Machado, morta há 40 anos, não concordaria. Para ela, que foi a responsável pela publicação de "Casa Velha" pela primeira vez em livro, em 1944, o romance sempre foi da primeira fase, escrito nos anos 70.
"Não gosto de comparar, mas é um livro de primeira importância", resume Gledson. "É possível que o próprio Machado não pensasse assim, pois ele não reuniu os episódios para publicação em livro, como fez com outras obras. Isso coube à Lúcia Miguel Pereira."
Mesmo assim, Gledson encontra elementos que considera suficientes para situar "Casa Velha" na fase realista. "Tem certas coisas, como o fato de o narrador não ser confiável. Ele não é observador, faz parte da história, age", explica.
E por que Lúcia Miguel Pereira pensava diferente? "Falta aquela ironia típica machadiana. Não há os capítulos curtos, as brincadeiras de agredir o leitor. A falta dessas coisas estranhas, que questionam a própria narração, faz o livro não se parecer com um Machado da segunda fase", diz Gledson.
Para quem se interessar, há três edições, todas elas dificílimas de ser encontradas em livrarias (não confundir com "Relíquias de Casa Velha", reunião de contos).
Uma versão está no segundo volume -intitulado "Contos"- das obras completas de Machado de Assis da editora Nova Aguilar.
As outras duas são da Garnier e da Paz e Terra. Essa última está esgotada há cinco anos.
Mais certo é encontrar "Casa Velha" na Internet. O livro completo pode ser lido no site da Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro: www.futuro.usp.br/bibvirt.

Link: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq21049903.htm
 
4) Livros de Sangue, vol. 1 (Clive Barker) 240p. — Gostei tanto desse aí que me propus, já, a comprar os outros cinco volumes da coleção. Minha primeira experiência com o Clive Barker e foi muito positiva. O autor mostrou maturidade de estilo e domínio sobre a linguagem e sobre o horror.
Tenho pendido mais para ele estes últimos tempos quando quero referências pra escrever horror. Eu fico impressionado com a riqueza de detalhes, o cara descreve até texturas!
 
Melhor leitura do ano:
O cão sem plumas, João Cabral de Melo Neto. Li, reli, falei sobre, incansavelmente. Que baita poema! Tinha outros livros junto a esse, mas não são necessários.

Pior leitura do ano:
O supermacho, Alfred Jarry. Gostei do livro, mas muito mais no início do que do meio para o final. A brincadeira vai cansando, a narrativa se perde. Ninguém entende mais nada, nem dentro nem fora da história. E aí fica... ?
 
Melhores leituras de 2023:

1) Frankenstein, ou o Prometeu Moderno
, de Mary Shelley — Clássico é clássico, né? E relendo depois de décadas, continuo maravilhado com o que a autora criou. É uma obra de sublime e terror e que, eu não lembrava, era cheia de momentos impactantes, como a sequência de mortes que vai seguindo o Victor. A edição que li era da DarkSide e teve uma ótima tradução com mais alguns contos da autora também sobre criaturas redivivas ou imortais.

2) O Sentido de um Fim, de Julian Barnes — Comecei a adaptação cinematográfica por acaso, estava curtindo, mas logo decidi ler o romance, e caramba, o Barnes sabe como enrolar o leitor! :lol: Só que é uma boa enrolação, visto que a narrativa se concentra nos enganos e desvios da memória, que elementos da história de alguém são responsáveis pelo desfecho de certas coisas e vidas.

3) O Quinze, de Rachel de Queiroz — Romance que comecei a ler por acaso em viagem ao Ceará e que me prendeu a atenção. Que ela tenha escrito mal tendo feito 18 anos me dá raiva! :lol: Raymond Radiguet dos trópicos. A prosa enxuta dela — salvo engano anterior ao Graciliano Ramos com Vidas Secas, um dos meus romances favoritos — me impressionou porque transmite um senso de aspereza daquela situação. E a cena do menino morrendo com a mandioca brava me deixou tão chocado quanto a morte da Baleia, que pelo menos tem um desfecho algo idealizado.

4) Auguste Dupin, o Primeiro Detetive, de Edgar Allan Poe — Reunião de contos de Poe estrelados por Dupin. Embora ache as resoluções dos contos Assassinatos na Rua Morgue e O Mistério de Marie Roget risíveis, Poe estabelece tão bem o cenário e impressiona muito com sua atenção ao detalhe. A Carta Roubada permanece sendo meu conto favorito pela forma como engana o leitor da mesma forma que a maioria das personagens.

5) Aura, de Carlos Fuentes — Me pergunto se Richard Matheson, Stephen King e/ou Jack Finney leram esta noveleta de Fuentes, sobre um rapaz que é contratado por uma senhora para traduzir as cartas do marido morto. O texto de deixa muito curioso e a resolução é algo entre o assombro e o tocante.

Não sei se piores, mas esperava mais de A Casa das Sete Mulheres, de Leticia Wierzschowski (o romance não é coeso, tem coisas que caberiam melhor na proposta de Um Farol no Pampa), Factótum, de Charles Bukowski (embora eu ache que tenha mais a ver com a tradução), A Barata, de Ian McEwan (óbvio demais), Oeste, de Carys Davies, O Caudilho, de Jorge Guillermo Borges (problemas de edição e tradução e Borges parece meio século atrasado em sua abordagem, mas até ele reconhecia isso e queria que o filho, Jorge Luís, reescrevesse seu romance), e A Família do Comendador, de Juana Manso (ótima ensaísta, não tão boa romancista).

Recomendo procurar também por O Crime do Bom Nazista, de Samir Machado de Machado; Nimona, de ND Stevenson; Marvels, de Kurt Busiek e Alex Ross; O Aparicionista, de Friedrich Schiller; Mengele, O Último Nazista, de Gerald Astor; O Bom Ladrão, de Fernando Sabino; O Alienista, de Machado de Assis; A Solução Final, de Michael Chabon; Ninguém se Mexe, de Denis Johnson; e A Queda de Murdock, de Frank Miller e David Mazzucchelli.
 
Esse ano li pouco mas tive uns livros que foram uma bela surpresa ao me recomendarem.

Boa leitura
- Os sete livros da chave do reino - fazia tempo que não lia livro bem infantis e com final bom.
- Jantar secreto - há anos não tinha um livro que me apavorasse mais que um boleto vencido.

Péssimas leituras
- Príncipe cruel - não tinha descrença da realidade que me faça curti esses romance adolescente, isso é que da ouvir recomendação de prima adolescente
- Biblioteca da meia-noite - me prometeram um livro de escolhas e era apenas alta ajuda barata
- Phantastes - Tão chato, mas tão chat,o que desisti com 80% dele lido
 
Esqueci de mencionar como decepção Uma Vítima, de Maria Benedita Borrmann, que começa bem como um romance de costumes, mas a autora logo tenta forçar alegoria para fazer um comentário político e o texto logo se perde.
 

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