Bem, depois de algum tempo ausente deste tópico, venho postar mais um poemas. Comentários são muito bem-vindos. Espero que gostem! =)
Do Frio e do Amor
Derramo gargalhadas de pranto até que a noite me vence. Durmo de boca para baixo, para oprimir o coração e fazê-lo calar-se. Só se o amansar conseguirei deter os pensamentos, dormir a dor nos meus olhos de insónia. Todos os dias o cansaço surge do meus ossos, a manhã envelhece-me, o frio acossa-me a alma. O meu olhar tornou se remoto, perdeu-se no infinito, o meu rosto transformou-se em mármore e os meus cabelos tornaram-se pálidos: milhares de anos inundam-me a alma.
Todos os dias tenho de rezar ao sol para que me aqueça e me tire este frio que me gela e todas as noites tenho de conjurar a morte com a oração de um poema para o meu amado entre os lábios. O tempo adormece entre as minhas mãos. Submergida neste vazio, posso palpar os silêncios muros do nada que nos encarceram, a galáctica vacuidade que nos habita.
Então, sinto-me tão distante das coisas que me rodeiam, tão profundamente despedaçada que tenho fastio de sentir sentido… E todos os dias, na praia, assalta-me a convicção de que o meu querido mar tem algo de pátria e eu de exilada.
São dias, em que vejo a morte que me fita, enamorada.