Suavizados?
Acho que já tá muito suavizado... o que pastei quando entrei na faculdade... nunca antes na vida tive de ficar três dias sem dormir por causa de UMA prova...
Encaminhados e discutidos é melhor. Como disse a SALVIA (não a Deza) temos de primeiro ensinar o aluno a parar com a preguiça mental para começar. Colocar a massa encefálica para questionar, analisar e então quando acha que tem uma soluçao no final do tunel, trabalhar na resposta.
E nào simplesmente enfiar conteúdo na cabeça deles
(primula com a serra elétrica na mão pronta para serrar alguns crânios)
Uma coisa primordial, é ver se é necessário o aluno entrar na faculdade. O que o aluno quer na vida? Mesmo ser pedreiro exige que a gente ensine a ele as nuances da matemática que podem facilitar a vida dura... (já vi salas com 70 graus na parede, quando devia ser 90 graus
tou com medo...)
Não é uma carreira acadêmica que vai formar um filósofo, nem um artista plástico, ou escritor. Sim, ajuda ter uma formação acadêmica, mas aquele tiozinho porteiro que apareceu no Jô Soares que leu num sei quantos livros (inclusive Sófocles e outros gregos) com certeza tem melhor cabeça e vocabulário para escrever melhor do que eu
Mas ao mesmo tempo, a carreira acadêmica deve estar disponível pra todos. O acesso a cultura em si, eu digo.
Que é a única coisa que vai nos dar uma pista do que queremos ser quando crescer. Sabendo o que existe no mundo, das profissões, das descobertas, da história, ficamos encantados com alguma coisa (Einstein? Nobel? Ana Neri? Madre Tereza de Calcutá? Gandhi? Kubrick? Santos Dummond? Machado de Assis? Toquinho? Cassia Eller?) e a partir daí é que podemos saber o que queremos ser. Seja com 17 anos, seja com 50 anos.
Sem entender bulhufas de nada, não vamos ter nem preparo para enfrentar o que vão ensinar em medicina, cinema, etc.. Nem ao menos vamos saber o que queremos ser quando crescer.
É nesse sentido que o professor (eu e outros) fica perdido. Tem de escolher os conteúdos, é pouco tempo, e os alunos e pais não colaboram...
No final, acabamos tendo a palavra final do que é melhor para vocês. Eu pensei que juventudes odiassem ditaduras...
Pra mim o grande problema da escola, principalmente no segundo grau (ou seja qual for o nome), é que ela parece estar moldada somente pra minoria que vai passar pra faculdade pública, enquanto a grande maioria nem vai fazer qualquer faculdade. Assim o grosso tira muito pouco proveito desse tempo na escola.
Isso sempre foi assim, Ringil... antigamente nào eram escolas... eram tutores.
(Aristóteles foi tutor de Alexandre o Grande.)
O ponto é que há matérias consideradas "essenciais" mas hoje em dia temos muita especialização.
Dezesseis, dezessete anos é muito jovem. Pode um professor focar o ensino para o jovem que acha que quer ser cientista/artista/malabarista/gerente-de-banco? Ou deve ser mais abrangente o ensino (música, cinema, etc.).
Se é abrangente demais, corremos o risco de não ensinar nada.
Se focamos demais, corremos o risco de orientar o aluno a ser médico quando o menino na verdade descobre tarde demais que queria ser engenheiro.
Os únicos que discutem isso são os professores. Nem mesmo com os pais podemos ter pistas, e com os alunos menos ainda. Parece que os que menos se preocupam com O QUE está sendo ensinado são os que deviam ser os mais interessados...
Os "quereres" de pais e alunos são para começar contraditórios. Quer passar no vestibular, implica em saber um monte de coisa (e mais algumas supérfluas para ser capaz de escrever uma redação menos robótica/idiótica). No entanto, se colocamos mais matérias, eles reclamam que tá pesado demais.
Não dá para aliviar, eu sei, porque na faculdade vai sentir o peso em quádruplo (porque eu senti em dobro e isso porque eu tava preparada). E não dá pra aliviar também na faculdade: eu não teria confiança em deixar minha vida nas mãos de um médico com pouca carga didática (se hoje eu já não tenho muita confiança, imagina se...)
Um professor meu uma vez me disse "não existe aluno médio. Faça a aula para um aluno médio e a turma toda não vai entender nada".
Mas eu posso acompanhar CASO A CASO de uma sala de 30 alunos? Só se eu acompanhar somente ESSA sala e mais nada, discutindo ESSA sala com outros professores de outras áreas. E sabemos que não é o caso.
É nesse sentido que os professores tem feito papel de doutor Rieux (A Praga - A. Camus). Uma batalha que eventualmente sabemos que vamos perder, mas somos teimosos demais em deixar a coisa como está.