Skywalker
Great Old One
Saiu na RedeRPG
E aí, o que acham disso?
Uma pequena discussão
O D20 veio para ficar. Sua estratégia de disseminação chega a ser vil: permitir ao concorrente publicar material D20 apenas fortalece mais e mais o Sistema. E uma de suas características mais marcantes, justamente aquela que o diferencia de um AD&D 3ª Edição, apenas ajuda na hegemonia: os Talentos e Classes de Prestígio.
O homem que visualizou e esquematizou o uso de Talentos e Classes de Prestígios do jeito como é apresentado no Sistema D20 deve ter ganhado muito dinheiro. Ou ao menos mereceria ter ganho. Essa possibilidade de personalização dos personagens permite que o D20 respire e tenha uma longa vida pela frente.
Todos os personagens, em determinados níveis, ganham o direito de escolher um Talento, uma habilidade excepcional que o permite fazer algo antes impossível. Pode ser desde um mero +1 no ataque (Foco em Arma) como a possibilidade de atacar todos em volta de si (Ataque Giratório). E não podemos esquecer as Classes de Prestígio: Classes de Personagem que tem requisitos, usualmente acessíveis a partir do 5º nível, e que abrem todo um leque de possibilidades para aquele velho Guerreiro ou Clérigo.
Muitos acusam de estragar a interpretação. Você não precisa ter na ficha níveis na Classe Samurai para ser um Samurai – bastaria interpretar seu Guerreiro desse modo, escolhendo Talentos e Perícias condizentes assim como o seu modo de agir frente a uma determinada situação. Mas é justamente essa “regulamentação” da interpretação que mantém todo mês livros novos na prateleira.
Todos sabemos (se não sabem, ficarão sabendo agora) que quem manda na campanha é o Mestre de Jogo. Ele pode restringir os livros que serão permitidos, barrar combinações que não considere adequadas ou negar o uso de uma magia ou Talento que ele considera abusivo. Comparando, seriam as listas de cartas banidas ou restritas de Magic: The Gathering, o principal carro-chefe da Wizards of the Coast antes de comprar a TSR.
E assim como Magic, jogadores de D20 que têm maior poder aquisitivo possuem “melhores” personagens, pois foram construídos tendo em vista um Talento novo ou uma Classe de Prestígio interessante que veio no mais novo livro suplemento de D20. Antigamente os livros suplementares consistiam basicamente de histórico de locais e cenários e interpretação. Lógico que haviam os “kits”, magias e armas novas, mas não eram isso que atraía os jogadores.
Atualmente muito jogador (não todos, apenas uma parte) só compra suplementos pelas “novas” opções de Classes, pelos Talentos novos, e pelas magias e armas. Vide os lançamentos como o Spell Compendium (Compêndio de Magias), que trazem basicamente magias sem história, sem conteúdo. Abra os fóruns e veja tópicos sobre “melhor” combo, “melhor” raça para mago...
Pode ser divagação de um Mestre que conheceu o AD&D pelo First Quest: A Primeira Missão, puro papo-furado de alguém que, para jogar um ninja, só precisava escolher a Classe Ladrão. Mas talvez seja necessário uma nova abordagem do Sistema: acredito que já possamos apontar as Classes de Prestígio e os Talentos “repetidos”, ou mesmo redundantes.
Não sou contra o uso de CdP e de Talentos, até gosto, mas quando o jogador chega com um meio-gigante usando uma corrente com cravos sem uma boa explicação disso no histórico do personagem... Sou da época em que se pensava no personagem e se montava a ficha. Hoje muitos primeiro vêem o que usar para montar a ficha e depois montam a história do personagem.
O Sistema D20 vive da personalização e apresentação de possibilidades aos jogadores e Mestres em seus suplementos. Cabe aos jogadores terem bom senso na hora de montar o personagem, e ao Mestre um pouco de “punho” para proibir combinações danosas à campanha.
Em nenhum momento se pensou em definir a estratégia da Wizards como “certa” ou “errada”, e sim apenas levantar essa questão para reflexão para que todos reflitam. No RPG, a única forma certa de se jogar é aquela em que todos estão se divertindo.
Erick “Pattousai”
E aí, o que acham disso?