As coisas não vão assim tão bem....
A Devir não investe tanto assim em RPG.... Foram lançados só 10 mil livros do jogador 3,0. Tá certo que eles esgotaram, mas ainda assim não é um número expressivo, mesmo para o fraco mercado editorial brasileiro.
Mesmo um livro de alto escalão (como, p ex, o Trevas e o Vampiro) tem no máximo umas 5 mil cópias no mercado. Há um tempo o Marcelo Del Debbio colocou um artigo no site da Daemon que explica esse tipo de coisa:
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EDIÇÃO E IMPRESSÃO
Por Marcelo Del Debbio.
No mercado livreiro, é comum ouvirmos expressões como "O livro do Harry Potter já está na sétima edição" ou "Senhor dos Anéis volta em nova impressão". Isso significa que uma nova tiragem destes livros chegou ao mercado.
Mas, no mercado de RPG, as coisas não são tão simples assim: Edição e Impressão são coisas diferentes, embora estejam próximas.
Para entender estes conceitos, primeiro precisarei explicar o que é uma tiragem. Livros são impressos em uma quantidade fixa de exemplares de cada vez, chamados de Tiragem. Ela pode variar de algumas centenas à muitas dezenas de milhares de cópias, dependendo do livro e da editora. No mercado de RPG, as tiragens costumam variar entre 250 exemplares (livros de gráfica rápida, como algumas aventuras prontas com capa em preto-e-branco), 500 exemplares (os primeiros RPGs que surgiram no Brasil), 1.000 exemplares (livros de editoras iniciantes como "O legado do Soberano", da editora Viu, livros da antiga editora Akrito), 2.000 exemplares (cerca de 80% das publicações brasileiras de pequenas e médias editoras), 3.000 (média de tiragem de editoras grandes como Daemon e Devir), 5.000 exemplares (tiragens de pesos-pesados como D&D, Vampiro, Gurps, Trevas, Arkanun, Tormenta...) até 10.000 exemplares (revistas como a d20 saga, Imortal, Gênesis) a 20.000 exemplares (Dragao Brasil, Anime RPG, Supers, Ação!!!...).
Quando uma tiragem se esgota (pela lei, quando restam apenas 10% da tiragem original, o livro é considerado esgotado), a editora fica entre três opções:
Reimpressão - Simplesmente corrige alguns erros que porventura encontrou no livro e manda imprimir mais uma tiragem do livro. Esse método é usado para baratear os custos e aumentar o lucro da editora, visto que nas tiragens posteriores à primeira não entram uma série de custos, como desenhos, revisão, fotolitos, diagramação... a desvantagem é que o livro vai continuar com o patamar de vendas que possuía e 90% dos jogadores não vai nem perceber que é uma outra impressão (para saber qual a impressão do livro que você possui, basta olhar na página de rosto. Normalmente está escrito qual tiragem do livro. Se não estiver escrito nada, é por que é a primeira tiragem).
Nova Edição - Sempre que a editora quer mudar algumas regras, alguma parte do cenário, acrescentar mudanças drásticas ou matar alguém importante para o background, ela costuma modificar a edição (ex. AD&D 2a edição para D&D 3a edição, Vampire, Trevas, Arkanun, Tormenta, GURPS... todos eles já passaram por diversas modificações ao longo de seus anos de estrada). A maior vantagem é que traz um fôlego novo para a linha, fazendo com que velhos jogadores adquiram a nova edição para se manterem antenados com as mudanças. A desvantagem é que toda a sua linha anterior se torna obsoleta e precisa ser substituída por livros compatíveis com a nova edição. Como nem todos os livros se esgotam com a mesma velocidade, a mudança de edição deve ser muito bem planejada ou a editora ficará com vários "micos" na mão ("por que eu vou comprar o livro do Kobold 5.0 se acabou de sair a edição básica 5.5 e daqui a pouco vou ter de trocar o manual dos kobolds também?"). Quem costuma sofrer com isso são as editoras que traduzem obras importadas, pois as mudanças de edição nos Estados Unidos nunca acompanham a velocidade de venda das edições nacionais, deixando os tradutores/editores em maus lençóis.
Edição Revisada - A terceira opção (e a que a editora Daemon e a editora Talismã mais usam) é a de realizar uma "edição revisada". A edição revisada é basicamente uma mistura das duas opções anteriores, que mantém todas as características de regras da edição anterior, com mudanças cosméticas, pequenos acréscimos, tratamento gráfico melhor, novos desenhos e correções de erros que porventura sejam detectados. Quem já possui a edição anterior não precisa comprar a Edição Revisada, mas quem não possui terá em mãos uma edição "melhorada" do livro, em relação à edição anterior. A vantagem da edição revisada em relação a reimpressão é o fato de que a editora pode aprimorar o produto sem ter de mexer muito no seu conteúdo. A desvantagem é que ele custa mais caro do que a reimpressão (afinal, precisa mudar desenhos, diagramação, etc...) e as vendas não serão tão fortes quanto as de uma nova edição. A desvantagem é que jogadores podem comprar o livro e reclamar que as regras são as mesmas (mesmo com um aviso gigante na contracapa do livro dizendo que as regras SÃO as mesmas!!!)
Os melhores exemplos de edições revisadas são o próprio Livro do Jogador 3.5 (embora muita gente considere o 3.5 como uma nova EDIÇÃO, por causa das mudanças drásticas do conteúdo), Arkanun e Trevas 3a edição revisada, 3D&T Revisado e Turbinado, Tormenta 2a edição, Anjos, Demônios e Vampiros 3E.
Claro que estas notações não são leis, embora quase todas as grandes editoras de RPG as sigam (Wizards of the Coast, Steve Jackson, White Wolf, Daemon, Talismã, Chaosium...). Na verdade, eu nunca li essas definições escritas em lugar algum, mas desde que comecei a jogar RPG (há 19 anos...), percebi que era assim que o mercado de livros de RPG funcionava, embora pouca gente prestasse atenção muita atenção nesse fato, o que acabava gerando muita confusão entre jogadores e mestres iniciantes, que foi minha principal razão para elaborar este texto.
Espero ter ajudado.
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