BÁRBARA FERREIRA
Com paredes cor-de-rosa, brasões, escadarias, louças finas e lustres, Belo Horizonte acaba de ganhar um castelo. Mas, ao contrário daqueles dos contos de fada, nele as mocinhas não nascem. Elas são transformadas. Remontando a um universo fantástico de fábulas de um mundo mágico inspirado em tradições ancestrais, a Escola de Princesas, no bairro Santa Lúcia, na região Centro-Sul – primeira do tipo na capital –, já recebe meninas de 4 a 15 anos e tenta ensinar a elas esses valores adaptados à realidade do século XXI.
Na instituição, as meninas aprendem etiqueta, comportamento, corte e costura, como arrumar uma mesa, servir a família e como se relacionar com amigos, parentes e até com os futuros maridos. A filial de Belo Horizonte foi inaugurada na última quinta-feira e, ao mesmo tempo em que já recebe uma demanda grande de alunas, preocupa especialistas, que acreditam que seus ensinamentos impõem noções equivocadas de um modelo de mulher.
Para as futuras “princesinhas” que chegam ao local, o cor-de-rosa excessivo e chamativo, as miçangas, os adereços e tudo o que as remete à fantasia são de fazer brilhar os olhos. Enquanto conhecem o espaço, os suspiros são de encantamento. Já na entrada, uma princesa as recebe. No andar de cima, outra. Ambas com vestidos rodados, brilhos, sapatinhos de cristal e um andar flutuante. “É maravilhoso. Nos sentimos realmente como princesas”, conta Júlia Vargas, 12.
Cultivando a corrente do “escolhi esperar”, muito disseminada na juventude cristã, que acredita na importância de “se guardar”, para o casamento, dentro dos valores da Escola de Princesas – mesmo sendo voltada para crianças – está a espera pelo príncipe, e o aprendizado de como ser a mulher permanente e manter o seu casamento. A proprietária da franquia, Nathália de Mesquita, 38, usa o seu exemplo de vida para mostrar a importância de um bom casamento. “Não há ensino religioso na escola, mas tenho minhas crenças e uso muito meu exemplo para ensinar as meninas”, afirma a psicopedagoga.
Suposição. A professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista em gênero e educação Adla Betsaida critica a metodologia. Ela afirma que a parte em que as mulheres são colocadas como parceiras permanentes e provisórias é agressiva. “Primeiro, isso aceita a infidelidade conjugal, ou mostra que toda a manutenção do casamento depende da boa vontade da mulher. Não é relação a dois, é relação em que só a mulher cuida”.
Além disso, a professora se preocupa com a suposição de que essas meninas querem apenas se casar e ter filhos. “Hoje temos várias mulheres que não querem se casar e ter filhos, ou querem ter vários relacionamentos. Essa visão é uma coisa muito antiga”.
Fonte: http://www.otempo.com.br/cidades/escola-de-princesas-prioriza-papel-tradicional-da-mulher-1.1149024
Com paredes cor-de-rosa, brasões, escadarias, louças finas e lustres, Belo Horizonte acaba de ganhar um castelo. Mas, ao contrário daqueles dos contos de fada, nele as mocinhas não nascem. Elas são transformadas. Remontando a um universo fantástico de fábulas de um mundo mágico inspirado em tradições ancestrais, a Escola de Princesas, no bairro Santa Lúcia, na região Centro-Sul – primeira do tipo na capital –, já recebe meninas de 4 a 15 anos e tenta ensinar a elas esses valores adaptados à realidade do século XXI.
Na instituição, as meninas aprendem etiqueta, comportamento, corte e costura, como arrumar uma mesa, servir a família e como se relacionar com amigos, parentes e até com os futuros maridos. A filial de Belo Horizonte foi inaugurada na última quinta-feira e, ao mesmo tempo em que já recebe uma demanda grande de alunas, preocupa especialistas, que acreditam que seus ensinamentos impõem noções equivocadas de um modelo de mulher.
Para as futuras “princesinhas” que chegam ao local, o cor-de-rosa excessivo e chamativo, as miçangas, os adereços e tudo o que as remete à fantasia são de fazer brilhar os olhos. Enquanto conhecem o espaço, os suspiros são de encantamento. Já na entrada, uma princesa as recebe. No andar de cima, outra. Ambas com vestidos rodados, brilhos, sapatinhos de cristal e um andar flutuante. “É maravilhoso. Nos sentimos realmente como princesas”, conta Júlia Vargas, 12.
Cultivando a corrente do “escolhi esperar”, muito disseminada na juventude cristã, que acredita na importância de “se guardar”, para o casamento, dentro dos valores da Escola de Princesas – mesmo sendo voltada para crianças – está a espera pelo príncipe, e o aprendizado de como ser a mulher permanente e manter o seu casamento. A proprietária da franquia, Nathália de Mesquita, 38, usa o seu exemplo de vida para mostrar a importância de um bom casamento. “Não há ensino religioso na escola, mas tenho minhas crenças e uso muito meu exemplo para ensinar as meninas”, afirma a psicopedagoga.
Suposição. A professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista em gênero e educação Adla Betsaida critica a metodologia. Ela afirma que a parte em que as mulheres são colocadas como parceiras permanentes e provisórias é agressiva. “Primeiro, isso aceita a infidelidade conjugal, ou mostra que toda a manutenção do casamento depende da boa vontade da mulher. Não é relação a dois, é relação em que só a mulher cuida”.
Além disso, a professora se preocupa com a suposição de que essas meninas querem apenas se casar e ter filhos. “Hoje temos várias mulheres que não querem se casar e ter filhos, ou querem ter vários relacionamentos. Essa visão é uma coisa muito antiga”.
Fonte: http://www.otempo.com.br/cidades/escola-de-princesas-prioriza-papel-tradicional-da-mulher-1.1149024