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O sucesso da educação em Sobral-CE

Fúria da cidade

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Na onda de Sobral

Qual o segredo da cidade cearense com o melhor ensino fundamental? Veja estados que replicaram o modelo
Keyty Medeiros de Ecoa

Surfando com notas altas


Localizada no Ceará, Sobral tem 208 mil habitantes e ganhou projeção nacional pelo rápido crescimento no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), indicador de desempenho da educação brasileira.
Em dez anos, a nota da cidade nos anos iniciais do ensino fundamental passou de 4,9 para 9,1, a mais alta de todo o Brasil. E o município tem ainda o melhor resultado nos anos finais do ensino fundamental, com nota 7,2, segundo o Ideb 2017. A cidade se prepara agora para as avaliações de 2019.

Mas qual o segredo de Sobral? E será que a nota é sinal de qualidade da educação? A reportagem de Ecoa acompanhou uma estudante de escola municipal, conversou com responsáveis pela gestão e consultou dados e especialistas para entender como esse modelo educacional tem sido adotado por outros estados, em etapas de ensino distintas, com avanços no Ideb.

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"É divertido ficar na escola"


Meio-dia e meia. Juliane Rodrigues da Silva, 10, já almoçou e está pronta para voltar à escola. Depois de ter passado a manhã tendo aulas de português, matemática e ciências na turma do 5º ano do ensino fundamental, está animada para as atividades complementares do "cursinho", no período da tarde: produção textual, exercícios de matemática e revisão para provas.

"Não gosto de faltar. É divertido ficar lá estudando porque fazemos exercícios mais legais à tarde", conta a menina, que já ganhou três medalhas da categoria ouro e uma medalha da categoria diamante pelo desempenho exemplar nas avaliações da escola.

Juliane foi almoçar em casa porque mora perto, mas poderia ter feito a refeição na escola, já que estuda em período integral e tem direito a café da manhã, almoço e café da tarde. Das 7h30 às 11h30, aprende a grade curricular tradicional. E, das 13h às 17h, tem aulas complementares, que permitem o contato com novos professores e preparam para as provas que medem o desempenho escolar.

A jovem estuda no Caic (Centro de Apoio à Criança) Raimundo Pimentel Gomes de Educação Infantil e Ensino Fundamental, uma escola municipal de Sobral (CE), cidade que lidera no ensino fundamental o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica no Brasil).

O Ideb é um indicador de desempenho da educação brasileira medido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do Ministério da Educação (MEC). O índice é definido a partir do desempenho em português e matemática de alunos do 5º ano e do 9º ano do ensino fundamental e do último ano do ensino médio. A taxa de aprovação, obtida pelo Censo Escolar, também é utilizada no cálculo da nota do Ideb, que vai de zero a dez.

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Sobral tem nota 9,1


Na última edição, em 2017, o Ideb de Sobral nos anos iniciais do ensino fundamental (do 1º ao 5º ano) foi de 9,1, nota bem acima da média nacional, que é de 5,8 nessa faixa escolar. A cidade, que fica a 230 km de Fortaleza, alcançou também a maior nota do Brasil nos anos finais do ensino fundamental (do 6º ao 9º ano), com 7,2. A média nacional é 4,7.

Em 2019, Sobral se prepara para uma nova rodada de avaliações, que acontecem a cada dois anos em todo o Brasil. As provas serão aplicadas no mês de outubro pelo Inep, e o desempenho dos estudantes terá impacto no Ideb.

A turma de Juliane se esforça para manter ou melhorar a nota que a escola teve em 2017, que foi de 9,3. Por isso, desde o início do ano, os alunos do 5º ano têm aulas em período integral, com reforço em português e matemática. "A gente sabe que o Ideb é importante e vai fazer este ano, então está estudando antes", conta Juliane.

Evolução do Ideb em Sobral nos anos iniciais do ensino fundamental
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Efeito onda

Os resultados de Sobral chamaram a atenção do próprio Ceará e de outros estados brasileiros, que passaram a se inspirar no sistema educacional fortemente estruturado na alfabetização na idade certa, na valorização do profissional da educação infantil, na gestão eficiente da escola e na formação continuada dos professores, dentro da carga horária de trabalho.

"Sobral não é mais uma ilha de excelência em educação no Brasil. A gente tem uma série de municípios que estão avançando com esse modelo de gestão pedagógica, muito focado no trabalho em sala de aula, com gestão de eficiência para gerar aprendizado entre os alunos", afirma Gabriel Corrêa, gerente de políticas educacionais da instituição não governamental Todos Pela Educação (TPE).

Não só outros municípios estão avançando com esse modelo - das dez cidades com maior Ideb nos anos iniciais do ensino fundamental, seis estão no Ceará -, mas também outros estados, e em etapas de ensino distintas. Goiás, Espírito Santo e Pernambuco são estados que, segundo Gabriel Corrêa, se inspiraram para o ensino médio no modelo de gestão escolar de Sobral, adotado também pelo governo estadual do Ceará, e que têm melhorado no Ideb.

No caso do ensino médio, embora a rede pública brasileira ainda apresente notas consideradas baixas, esses estados se destacaram por avanços no desempenho. Goiás, por exemplo, obteve, em 2017, o melhor resultado no ranking nacional de ensino público no ensino médio, com nota 4,3, seguido por Espírito Santo, com 4,1. Pernambuco, que era o primeiro no ranking anterior, ao lado de São Paulo, caiu para a 3ª posição, mas teve crescimento na própria nota, ficando com 4,0. Ceará também cresceu em relação a 2015 e ficou em 4º lugar, mesma posição que o estado de São Paulo, que teve queda na nota, ambos com 3,8.

Os quatro primeiros colocados das redes estaduais no Ideb ensino médio 2017
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Goiás, que saltou da 16ª posição em 2011 para a liderança da rede pública em 2017, conta com a figura do tutor, responsável por analisar dados e informações gerenciais da escola em busca de melhores resultados nas avaliações, diagnosticando problemas e propondo soluções. O modelo é adotado também por Espírito Santo.

Já Pernambuco investe no ensino médio integral. "É muito comum alguém criar um projeto bonito em poucas escolas da rede, mas não parar para pensar se isso está articulado a uma estratégia, se pode ser massificado ou não. O que nós buscamos foi uma filosofia. Tomamos a decisão de apostar na Escola de Tempo Integral, mas esse era apenas um dos eixos que faziam parte de uma grande estratégia para todo o estado. O avanço, portanto, não foi resultado de um único projeto", explica o secretário estadual de educação de Pernambuco, Fred Amancio.

Apesar das particularidades, os estados que mais cresceram no Ideb ensino médio têm em comum alguns pontos-chave com o modelo de gestão do ensino fundamental de Sobral.

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O caminho, no entanto, ainda é árduo. "Eu nem chamaria de bons resultados no ensino médio, porque, hoje em dia, quando a gente pega o ranking do Ideb, os estados que se destacam no ensino médio são estados que estão com notas em 3,8 ou perto de 4,0, num ranking de 0 a 10. Então, por mais que sejam estados com destaque nacional como avanço e melhoria, ainda não são estados excelentes", explica o gestor da Todos pela Educação, Gabriel Corrêa.

No Brasil, a gestão da educação básica, isto é, da alfabetização até o final do ensino médio, é dividida entre os governos municipais e estaduais, sendo que o município é responsável pelo ensino fundamental e o estado, pelo ensino médio. No caso de Sobral, o Ideb do ensino médio na rede pública é de 4,3, maior que o do estado, que é de 3,8, porém ainda longe das notas que a cidade alcançou no ensino fundamental. Uma série de políticas públicas municipais, algumas posteriormente replicadas ao estado, foi determinante para a educação fundamental alcançar o topo do Ideb.

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Qual o segredo de Sobral?


Na avaliação do secretário de educação municipal, Francisco Herbert Lima Vasconcelos, o ponto principal do modelo de Sobral é a valorização da alfabetização na idade certa. "Nós avaliamos que a alfabetização se constrói ainda no último ciclo da educação infantil, com materiais didáticos estruturados, utilizando o que há de bom em diferentes métodos de alfabetização e, a partir da própria estrutura da rede municipal de Sobral, essa prática se consolida. Tudo isso acaba fortalecendo a melhoria da aprendizagem e se materializa em bons resultados, como as notas do Ideb", comenta.

O projeto foi implantado em 1997, quando a rede municipal, que atualmente conta com cerca de 35 mil estudantes, iniciou uma série de transformações. Na mesma época, pesquisas realizadas pelo Instituto Ayrton Senna apontavam que 40% das crianças de oito anos de Sobral não sabiam ler ao final do segundo ano do ensino fundamental. A instituição apoiou uma reforma profunda no sistema educacional da cidade, com duas metas objetivas: alfabetizar as crianças até os sete anos de idade e corrigir o fluxo escolar de alunos que cursavam séries seguintes sem dominar leitura e escrita.

"O primeiro passo foi a produção de material específico de alfabetização entregue a cada criança individualmente, estimulando, assim, a responsabilidade. O segundo passo foi a promoção de formação continuada para os professores, envolvendo-os como agentes fundamentais desse processo", conta o professor João Batista Araújo e Oliveira, que era consultor do Instituto em 1997 e fez a coordenação técnica do projeto.

Segundo o secretário Francisco Herbert Lima Vasconcelos, além de elaborar materiais pedagógicos adequados, a cidade passou a adotar um conjunto de políticas públicas a partir de 1997, ancoradas em três eixos centrais.

Três eixos das políticas educacionais de Sobral



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Fortalecimento da gestão escolar


Diretores e coordenadores são selecionados por meio de concurso público, com análise de currículo e formação, e não por indicação política
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Qualificação do trabalho nas aulas


Professores têm uma escola de formação continuada para auxiliar no planejamento de aulas e no desenvolvimento de materiais didáticos
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Valorização dos profissionais


Lei municipal garante o pagamento de bonificação e gratificação diretamente no contracheque dos professores, atrelado a metas de aprendizagem
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Resultados

Em dez anos, os resultados começaram a aparecer: em 2007, a avaliação de Sobral no Ideb para os anos iniciais do ensino fundamental foi de 4,9, superando a meta da cidade, estipulada em 4,0. Desde então, o crescimento tem continuado. Em 2009, o município tinha o 15º melhor resultado do país, com nota 6,6; em 2011, subiu para a 5ª posição, com 7,3, e, em 2017, atingiu o 1º lugar no ranking nacional, com 9,1.

Os ótimos resultados de Sobral chegaram inclusive a levantar suspeitas. Em setembro de 2018, o jornalista Wellington Macedo de Souza passou a publicar uma série de vídeos no YouTube com supostas denúncias de fraude em avaliações que são usadas para calcular o Ideb. No esquema haveria troca de estudantes na hora da prova e cola passada por professores, com o aval da direção das escolas da cidade, a fim de elevar o desempenho.

O secretário de educação de Sobral, Francisco Herbert Lima Vasconcelos, diz que as acusações são falsas e tiveram intenções eleitoreiras. Em novembro de 2018, ele abriu um processo criminal contra o jornalista por calúnia, injúria e difamação. Em 21 de janeiro deste ano, a questão foi direcionada ao Ministério Público do Ceará e, desde então, corre em segredo de justiça.

A coordenadora pedagógica Fabiana Torquarto Braga, da escola Raimundo Pimentel Gomes, onde Juliane estuda, reforça que os bons resultados do projeto de educação de qualidade em Sobral são consequência de esforços conjuntos de toda a comunidade escolar. "O foco da nossa educação está na criança e na sala de aula, por isso temos muitos projetos para atrair os estudantes, mantemos conversas com os pais pelos grupos de WhatsApp", explica Fabiana.

Nós observamos as interações dos alunos com os outros colegas, com os outros professores, observamos o desempenho diário das crianças para realmente acompanhar o desenvolvimento social e cognitivo delas."
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Fabiana Torquarto Braga, coordenadora pedagógica da escola Raimundo Pimentel Gomes
O caso de Sobral é emblemático para o caso brasileiro porque ele reforça que, com uma boa gestão da área educacional, é possível, sim, oferecer uma educação de qualidade para todos os alunos, mesmo em contextos mais desafiadores socioeconomicamente falando."
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Gabriel Correa, gerente de políticas educacionais da instituição não governamental Todos Pela Educação (TPE)
Ideb é sinal de qualidade?

Uma questão que deve ser analisada, na opinião do pesquisador Fernando Cássio, autor do livro Educação contra a Barbárie e professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), é que uma educação de qualidade não pode ser medida somente por indicadores de desempenho. Para ele, os sistemas de avaliação em massa não deveriam ser vistos como medida de qualidade.

Segundo o pesquisador, para avaliar a qualidade do ensino e do aprendizado é preciso, antes, definir o mínimo existencial para uma escola funcionar com qualidade, isto é, definir quanto custa uma boa infraestrutura. É necessário saber se a escola tem água, esgoto, internet, merenda, quadra coberta, número de salas adequadas, laboratório de ciências e, também, se os professores recebem o Piso Nacional. No caso dos estados citados como destaque no Ideb, Ceará e Goiás praticam o Piso Nacional do Magistério, calculado em R$ 2.557,74. Já Pernambuco e Espírito Santo pagam salários menores.

"Ninguém vai olhar para uma escola que está muito abaixo no ranking do Ideb e perceber que está abaixo porque não tem professor, não tem giz, não tem lousa, não tem material didático, além da análise socioeconômica. É por isso que esses resultados de matemática e português não podem ser lidos como transparência, como se eles simplesmente dissessem tudo", afirma Fernando Cássio.

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De acordo com Idevaldo da Silva Bodião, professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará e também ex-secretário de Educação de Fortaleza (2005), o papel das avaliações em larga escala é definir o currículo pedagógico de trás para frente com o objetivo de melhorar a performance do colégio nas avaliações.

"A dinâmica da escola - o que inclui o currículo escolar em sua plenitude - fica reduzida a um processo de treinamento para grandes performances. E é isso que acontece em Sobral, com os compilados de questões aplicadas em provas anteriormente. A prática das escolas, sobretudo nos anos em que se fazem estas avaliações, fica focada no treinamento da performance. Isso sem falar na diminuição de currículo nas disciplinas que não são avaliadas pelas provas nestes anos", diz Bodião.

O professor ainda afirma que, apesar disso, existe um sucesso no programa, se forem considerados apenas os resultados nas avaliações. "Isso significa ter um ótimo treinamento para a prova, mas nada disso tem a ver com o artigo 205 da Constituição Federal, que se sustenta na defesa da educação para o desenvolvimento pleno da pessoa humana."

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O secretário de educação Francisco Herbert Lima Vasconcelos defende que a excelência na educação de Sobral está amparada em uma gestão eficiente de recursos para a infraestrutura, mas passa também pela formação dos professores. "Em Sobral, temos uma escola de formação de professores, onde eles saem pelo menos uma vez por mês da sala de aula, deixando um professor substituto, e passam por uma formação continuada, mensalmente", comenta.

Para a mãe de Juliane, Maria Roseana de Paula Silva (foto abaixo), costureira de 43 anos, a escola permite que as crianças vislumbrem diversas possibilidades. Ela conta, por exemplo, que a filha quer ser chef de cozinha. "No meu tempo, não tinha nada disso. Hoje é tudo muito bem explicado e também a escola é mais bem cuidada e decorada para atrair as crianças. Tem muita motivação, como medalhas de ouro e diamante para os melhores alunos. Muita coisa mudou para ela. Acho que assim ela já está mais bem preparada para uma seleção de emprego no futuro", acredita Roseana.

Juliane diz que adora a escola: "Eu acho muito legal, divertida, e lá tem ótimos professores também, que ensinam muita coisa pra gente. Eu gosto das explicações dos professores, são muito boas. A gente entende com clareza o que eles explicam", conta a menina, antes de seguir, sorrindo, para mais uma tarde de aulas preparatórias.

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Publicado em 7 de outubro de 2019.
 
Os índices de Sobral são muito fora da curva no Brasil. E cada vez menos fora da curva no Ceará, já que desde que o modelo se provou bem sucedido o estado o expandiu, adotando-o para o ensino médio e dando incentivos aos municípios que aderissem. Hoje, o Ceará concentra 82 das 100 melhores escolas do país no Ensino Básico¹ e 55 das 100 melhores no Ensino Médio², conforme os indicadores. Os vestibulares mais concorridos e olimpíadas de educação têm sido dominados por estudantes cearenses.

Mas o Brasil elegeu outro """"""projeto"""""" que resolveu ignorar essa experiência óbvia de sucesso na educação. O governo que dizia querer acabar com a influência nefasta das ideologias na política e que faria uma gestão "técnica" é movido por preconceitos ideológicos e nada mais: seja na educação, seja nas relações internacionais, no meio ambiente, na cultura, tudo que parece associado a adversários ou ao governo anterior ou que de qualquer forma lhes cheira a "esquerdismo" é afastado sem nenhuma análise técnica. Adotar o modelo do Ceará, o Ceará de Ciro Gomes?! Não. Vamos investir tudo em militarização, porque se é militar é bom. E por aí vai.

Dá uma sensação de desperdício que chega dói.
 
Última edição:
Sobral mostra que com uma seriedade mínima de gestão é possível mudar a realidade da educação no país.
O que pensa a respeito @Focr_BR

Eu acho bem interessante, o que eu acho que pode ser problemático é que sempre que caímos no assunto educação de sobral (ao menos das ultimas vezes), caímos em assuntos como "suspeitas de fraude na educação de sobral". Assuntos como "escolas replicam modelo de sobral e obtém sucesso" ou até "ajustes na educação de sobral evitar possíveis fraudes obtém sucesso são replicados" as vezes ficam em segundo plano.

Mostra o quanto estamos valorizando mais os problemas do que as soluções.

A replicação desse modelo por outras escolas e o sucesso do mesmo só pode mostrar o quão necessário foi aparecer modelo militarizado pelo governo atual, a oposição (ciro gomes ou qualquer coisa que seja "esquerda") criar modelos de sucesso é um problema, para quem é do parana ou quem dirá até do sudeste (não sei ainda), pode parecer até birra, não aceitar um modelo nordestino de exemplo (estou comentando pois li em algum lugar que algumas escolas do parana adotaram o modelo militarizado), sei que tem muitas variaveis politicas envolvidas, mas a atitude reforça a ideia pre estabelecida de que existe um certo tipo de bairrismo, e até "pre conceito" com o nordeste.
 
Última edição por um moderador:
Não basta apenas uma escola sozinha tentar replicar o modelo de Sobral pra ter sucesso, pois não depende unicamente dela. Estados e municípios tem um percentual de participação importante pra que um modelo possa efetivamente ser divulgado e implantado.
 
Com relação ao Ideb do Ensino Médio, a matéria seleciona os quatro primeiros* estados e afirma que seguem "o modelo de gestão do ensino fundamental de Sobral". Fonte? Meramente a palavra do Gabriel Correa, economista, gerente de políticas educacionais de uma ong. Sei lá, se tão surpreendente revolução estivesse acontecendo e se espalhando para fora do Ceará, esperava fontes mais especializadas a respeito, de pesquisadores com formação da área de educação, e publicadas em periódicos. Procurei artigos acadêmicos a respeito, esperando achar ao menos meia dúzia que retratasse de forma mais técnica o que exatamente é o modelo de Sobral, o que caracteriza uma escola como uma instituição que segue ou não o modelo de Sobral e quais escolas adotam esse modelo... e não achei um mísero artigo sobre o assunto. De tanta coisa que se produz na área da educação, sequer um doutorando quis pesquisar a respeito e publicar?

*Sem falar que omitiu que, empatados no 4º lugar, além de Ceará e São Paulo, também tem Rondônia com 3.8 de Ideb. E o restante segue bem de perto, isto é, Paraná e Tocantins com 3.7, Acre, Santa Catarina e Minas Gerais com 3.6, etc. Quer dizer, o cenário nacional é bem mais homogêneo do que a matéria faz o leitor crer, como se o grande destaque fosse uma São Paulo decadente e os estados que seguem o dito "modelo de Sobral".

A matéria cita pontos extremamente vagos para constatar que se trata de uma replicação do modelo no Ensino Médio. Fúria não postou ali na primeiro post... Será que quem dá ode ao Ciro Gomes se preocupou em saber? :rolleyes: Se antes de abrir a abra de spoiler não faz nem ideia, talvez esteja mais preocupado com política do que com educação...

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Vago demais... Um ponto chave é a "cultura de planejamento e envolvimento da comunidade", outro é "currículo estruturado com a participação de comunidade"...? O quarto é "aplicação de provas padronizada, adicionais a realizadas pelas escolas"? Que provas são essas? Espero que não seja o próprio Ideb ou análogos... Enfim, muita escola vai seguir o "modelo de sobral" se esses são os quatro pontos chaves.

Nesse sentido, se é tão bom o Ensino Médio do Ceará e de escolas que seguem o tal "modelo de Sobral" - a matéria leva a entender que estão no top 5 no Brasil, por causa do Ideb - por que os resultados das escolas públicas desses estados no Enem ficam para trás das escolas do Sul, Sudeste e (boa parte do) Centro-oeste? Ceará fica na 11ª posição...


.....e 17ª se filtrar para escolas com mais de 10 alunos que participaram do Enem, o que é um filtro comum em estatísticas desse tipo. Sintomático um modelo dito tão bom não se fazer evidente no Enem, que (1) é mais difícil de ser fraudado do que o Ideb e (2) por ser bastante multidisciplinar e pouco "conteudista", é difícil de ser manejado artificialmente, no sentido de fazer os alunos se dedicarem para a prova e obter bons resultados, perdendo de vista que a prioridade é o aluno e não a prova. A própria matéria diz que

A turma de Juliane se esforça para manter ou melhorar a nota que a escola teve em 2017, que foi de 9,3. Por isso, desde o início do ano, os alunos do 5º ano têm aulas em período integral, com reforço em português e matemática. "A gente sabe que o Ideb é importante e vai fazer este ano, então está estudando antes", conta Juliane.​

O Ideb é importante e o ano é de Ideb, e "por isso" (!!) "desde o início do ano" os alunos vão fazer o que na prática é um cursinho? Será se o aluno que cursa o 5º ano em ano par, que não tem Ideb, fica em desvantagem? :eek: Sei lá né, deveria ser uma prova que o aluno faz descompromissadamente, para medir como está o nível educacional em condições normais de temperatura e pressão. Nesse sentido, alguém espera que tenha reforço de ciências também, ou e história, ou de qualquer outra coisa que não interessa ao Ideb? Não me espanta que, mais tarde, no Enem o resultado não seja evidente.

Os vestibulares mais concorridos e olimpíadas de educação têm sido dominados por estudantes cearenses.
Não vejo como atribuir isso mesmo que remotamente ao Ciro Gomes ou a qualquer política pública. O primeiro link mostra que 45 dos 110 dos candidatos aprovados seriam estudantes de Fortaleza. Vamos olhar as estatísticas no site do ITA...

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O ITA é um vestibular concorridíssimo, talvez seja a seleção mais difícil do Brasil... Cursos pré-vestibulares sérios voltados ao ITA são raros (isso é, cursos com índices de aprovação não-desprezíveis no concurso em questão)... lembro que, um tempo atrás, em São Paulo, tinha só uns dois ou três. Dessa forma, é normal os candidatos se concentrarem em pontos bem específicos, e não me espantaria se, no Nordeste, por um motivo histórico qualquer, cursos pré-vestibulares tenham se concentrado no Ceará. Isso é mérito do Ciro Gomes? A própria matéria do Fúria admite que o Ensino Médio público cearense (ainda que tente vender que é top 5 no Brasil) ainda é, em termos absolutos, ruim... Em segundo, as estatísticas são por "banca" e não por local de moradia, o espaço amostral de cidades é bem reduzido. Em terceiro, veja a segunda cidade colocada, São José dos Campos-SP. Será que aplicaram o modelo de Sobral também, ou, por meramente ser a cidade do ITA, é natural concentrar candidatos e cursos na região?

Enfim... o outro link, das olimpíadas, o raciocínio é o mesmo, só googlear o nome dos campeões, não parecem ter grande relação com o ensino público municial/estadual cearense (por exemplo, [2]). Curioso também que um dos três alunos mencionados é um Ferreira Gomes... Fico imaginando aparecer um campeão Orléans e Bragança no Rio e quererem associar o episódio às políticas educacionais do estado. :rolleyes: Mas aqui estou divagando, talvez seja apenas coincidência...
 
Última edição:
O segredo de Sobral É CIRO GOMES.
Será que quem dá ode ao Ciro Gomes se preocupou em saber?
Não vejo como atribuir isso mesmo que remotamente ao Ciro Gomes
...Isso é mérito do Ciro Gomes?
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA COMO EU PERDI ISSO??

@Haran Alkarin, acho que nem o Neithan esperava você cair nessa. :lol: Nem o próprio CIRO GOMES atribui a si esse mérito (publicamente), embora obviamente puxe a sardinha para o seu grupo político ao reverenciar o sucesso de Sobral.

Bicho, sério, esqueça o ódio ou seja lá o que for esse estranho fenômeno que ocorre quando falam bem do político pindamonhangabense mesmo em evidente tom de zoeira.Se a educação de Sobral é mesmo um sucesso, o mérito NÃO é dele, ok? (sério, não é mesmo) Quando o Neithan citou foi pra te provocar, e quando eu citei foi para criticar o governo Bolsonaro, por tomar decisões estratégicas baseadas em ideologia e adversidade política.

Dito isso, qual é realmente a sua opinião sobre os índices de Sobral? Acha que os artigos de tantos profissionais de fora que a visitam são enviesados politicamente, ou patrocinados? E os números que transcendem as notas do Ideb (que poderiam ser esquema de professor passando nota etc), como evasão escolar, também são fraudados?

Fiquei na dúvida se a sua descrença é só sobre a expansão do modelo para o Ceará ou sobre o sucesso do modelo em si.
 
Qual é a graça? Todo mundo sabe que Ciro Gomes tenta vender os índices de Sobral como evidência da capacitação para gestão pública, tanto sua quanto de seus aliados, aliados que são liderados pelo próprio Ciro e seguem a mesma cartilha, ou o mesmo dito "projeto". Também a militância vende os índices de Sobral dessa forma. Ciro não exerce nenhuma função executiva em Sobral, sei muito bem disso*, mas pega os louros do suposto sucesso, pela liderança que exerce na cidade, que alguns poderiam chamar de coronelística - inclusive dois de seus irmãos foram prefeitos de Sobral. Para o Ceará como um todo vale raciocício parecido... Você mesmo mencionou "o modelo do Ceará, o Ceará de Ciro Gomes. (...) Dá uma sensação de desperdício que chega dói" (tom de zoeira também?)... Mas agora vem de gracinha, "de Ciro Gomes" após "Ceará" está ali só de enfeite né, bem poderia ter sido "Cerá de José de Alencar".... :roll: Ou, quem sabe, "São Paulo de Geraldo Alckmin", já que o IDEB do estado está empatado com o IDEB do Ceará...

Enfim, se te choca tanto o nome do sujeito no meu post, pode lê-lo trocando "Ciro Gomes" por "grupo político do Ciro Gomes" ou até mesmo por "administradores públicos de Sobral/Ceará" sem sequer menção ao nome do Ciro, daria na mesma. Tanto é que em dado ponto falo "Ciro Gomes ou a qualquer política pública", mas você parou a citação em "Ciro Gomes" para soltar HAHAHAHA e fazer fuzuê. Em outro momento falo sobre "associar o episódio às políticas educacionais do estado".... Em suma, "Ciro Gomes", no texto, é uma metomínia ou recurso de linguagem parecido, pois não faz referência apenas à pessoa do Ciro, mas a todos que, alinhados ao Ciro ou sob a liderança do Ciro, exercem influência sobre a administração da educação pública em Sobral/Ceará e reclamam louros pelo seu sucesso. Tanto é que, das três vezes que menciono Ciro Gomes, duas é pra discordar da ideia de que as estatísticas do vestibular do ITA tenham alguma coisa a ver com a educação pública no Ceará... É óbvio que o foco da objeção não é a pessoa do Ciro, até pergunto retoricamente se em S. José dos Campos "aplicaram o modelo de Sobral também", ao invés de perguntar "será que chamaram o Ciro?"...

*(tanto é verdade que fiz a contagem de quantos anos Ciro exerceu cargo no Executivo, o que é um tempo menor do que muitos pensam, diga-se de passagem)

De qualquer forma, se tem alguma coisa que poderia ser engraçada, é tentar vender a ideia de que quem menciona Ciro Gomes a esmo nessa discussão só "tá de zoeira" e pouco liga para o político... O que há é bom humor e pura preocupação apartidária pela Educação, mesmo porque a Valinor é cheia de discussões sobre experiências bem-sucedidas em Educação, o interesse do pessoal é esse...

Nesse sentido...

Fora as coisas que eu citei, a gestão dele no Ceará foi reconhecidamente boa. (...) 77 das 100 melhores escolas do Brasil estão no Ceará. Sobral, reduto eleitoral dos Gomes, é modelo nacional em gestão pelos resultados. Deve ser a única "oligarquia" do planeta que é referência em educação (e que não tem rádio e TV próprios).

Aí vocês brincam que eu sou cirista. Claro que eu sou, velho! :rofl: (...)
Se a educação de Sobral é mesmo um sucesso, o mérito NÃO é dele, ok? (sério, não é mesmo)

Ué... Devo estar mesmo locão, enraivecido pela mera menção casual ao Ciro... Donde já se viu passar pela minha cabeça que querem associar o sucesso educacional de Sobral ao Ciro Gomes...?


Enfim, tudo que eu tenho a dizer sobre Sobral, que é pouco, está dito no post, e não vejo onde deixei espaço para dúvida. Isso me lembra o Grimnir, que antigamente, quando discordava, ficava não entendendo as coisas... Aliás, não disse que coisa alguma era fraudada...

E ódio não tenho nenhum, seria capaz de trocar ideia com ele e quiçá tirar uma foto (tudo isso em privado, para não chancelar em público a figura do sujeito), diferente do que a maioria das pessoas do fórum faria com o Bolsonaro, por exemplo. Até porque o Ciro em si tem se tornado cada vez mais irrelevante, não vejo grandes chances de que chegue à presidência, mas é representante de tendências quase imortais como o coronelismo, o ("novo") desenvolvimentismo, o charlatanismo de tipo olavista, etc, então acho válido criticar. "Estranho fenomeno" eu diria que é o seu, que só porque postei sobre o Ciro no outro tópico, veio imediatamente nesse tópico querer me zoar. Eu não teria o mesmo senso se proteção por qualquer político ou figura pública, mesmo dentre aquelas que vejo com bons olhos...
 
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