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Escola de Princesas prioriza papel tradicional da mulher

Pois é, o Adriel disse tudo. O termo princesa é muito exagerado.
É a tradicional escola de boas maneiras que os mais abastados em tempos mais áureos faziam questão de pagar pras suas filhas de preferência em um bom colégio de renome na Europa, geralmente privilegiando se possível a Suiça pela longa reputação histórica nesse ramo e que tem uma das escolas privadas mais caras do mundo.
 
Pode até ter lá seu exagero nesse lance de princesa, mas se vai ter uma disciplina pra falar da princesa de contos de fada e da princesa real contemporânea, menos mal. E de quebra já atrai mais gente à causa monárquica. :lol:
 
A questão não é o ensino das boas maneiras a meninas, é criar a ideia de que a mulher não precisa pensar por si própria, fora dos padrões do que a sociedade exige( só ser "Princesa" já basta). Quem hoje tem 30a sabe como foi difícil escolher suas roupas sem a influência das Paquitas da Xuxa e isso pode não ter transformado todas as mulheres em seres apáticos totalmente dependentes da vontade dos maridos, mas ajudou a criar "culturas" onde o padrão pré determinado de beleza e comportamento excluía muitas de nós - eu, preta e faladeira, por exemplo - e cultivava em nossa realidade insatisfação, vergonha e revolta por não conseguir se inserir nesse universo.
Mesmo que alguém enquanto pai não aceite, a obrigação da educação é de toda a sociedade sim e o questionamento do tipo de valor que sua família transfere para os seus filhos vai acontecer, sempre. Mesmo que o sujeito não queira.
 
Sendo o assunto a educação infantil, acho que o critério de oferta-demanda meio frágil.

As crianças são propriedade dos pais?

Em tempo: postei mais como provocação mesmo. Não sei mt bem o q pensar sobre o tema. Por um lado, deveria ser óbvio que os pais são os principais interessado no bem-estar dos próprios filhos, mas, por outro lado, também é óbvio que existem maus pais. Uma criança pode ser vítima de maus pais, mesmo que fora do aspecto físico, mas sim psicológico? Acho que sim né...

Eu botei uma observação no post anterior, mas a sua resposta foi meio dúbia. Assim como vc não sabe qual é o software correto de valores sociais, ao mesmo tempo vc diz q as crianças não são propriedade dos pais - só que tb diz q os pais tem o direito de passar seus valores para seus filhos (o que eu concordo). E se forem valores neonazistas?

Você quer discutir teórica ou pragmaticamente? Na prática os pais ensinarão até neonazismo, se for o valor deles, você gostando ou não. Até porque será feito, na pior das hipóteses, no segredo do lar. Tem como evitar?
Na teoria, sei lá. Não estou nem um pouco a fim disso agora. Você pode fazer as honras e iniciar esse caminho.

É por isso mesmo que é importante a educação escolar, aquela oferecida pela própria sociedade civil - em muitos casos através do Estado - e que visa a formar o jovem que, a partir de certa idade, será aceito por essa mesma sociedade com uma série de direitos e responsabilidades à mesma altura. Tal ajuda a dissuadir os possíveis efeitos deletérios de valores familiares ou intra-grupo que fossem contra a ordem social vigente do Estado de Direito - seja nazifacismo, seja fundamentalismo religioso, etc. E também impulsiona a exposição de possíveis fendas que possam estar se formando em certa comunidade.

Certamente medidas como a escolarização compulsória tolhem um pouco da liberdade do indivíduo, a priori. Contudo, é a própria sobrevivência continuada do Estado de Direito que é capaz de salvaguardar todas as outras liberdades individuais e sociais - econômica, de ir e vir, política, religiosa, de livre organização, de expressão, dentre outras. O anarquismo é inviável. E para a própria sustentação dos valores republicanos é que se faz necessário que uma parte da educação não provenha da família ou por mero arbítrio dela. Não vejo como doutrinação, mas como uma transmissão ao futuro cidadão de princípios que, ele querendo ou não, vão estar presentes na vida dele enquanto adulto. Ele inclusive aprenderá sobre quais são as instâncias que o permitirão defender sua própria visão de mundo, em caso de discordância, e como recorrer a elas.

De modo algum isso anula completamente o direito parental de educar os filhos conforme o que se julgue correto. Uma parte inalienável da educação vem dos costumes familiares e do exemplo que só os pais podem transmitir, dados os laços afetivos naturais. Da mesma forma, organizações sociais fundadas voluntariamente, como igrejas, clubes, entidades beeficentes, sindicatos, escolas de princesa e empresas ainda existirão e continuarão a repassar seus valores para seus integrantes e, mais que isso, a divulgá-los para toda a comunidade, proporcionando à mesma a oportunidade da reflexão para a contínua reforma de seus valores. Acaba que todo sistema moral é proselitista.

É o equilíbrio entre as duas instâncias, pública e privada, que fia a atmosfera liberal que a maioria de nós preza tanto hoje em dia. De outra forma restaria, num dos extremos, a sociedade patriarcal conservadora e, no outro, o autoritarismo, totalitário ou não.
 
Para homens ainda existe esse tipo de escola, pelo menos na Europa. É escola para ser Mordomo, Valete, essas coisas. O problema é que é caro demais (33 mil euros, coisa parecida), eu até tentei achar uma mais barata, mas não consegui. :( Então comecei a ler livros e virei conhecedor. heh.

Você mesmo apontou, Adriel, pros homens estão ensinando profissões, não modos de vida. Não estão ensinando pra essas meninas como ser governantas, mas boas esposas.
 
Como disse o Adrielzinho, escola de boas maneiras e etiqueta, ok. O ruim é que isso tudo está sendo alinhavado a algo ilusório. Ou seja: vai chegar uma hora em que haverá o choque entre a realidade e a fantasia que está sendo aprendida, e como isso será digerido pela criança.

Aprender a se comportar com elegância é algo muito válido. Aprender essas 'coisinhas de mulher' (não achei termo apropriado, desculpem) pode não ser o foco da vida da menina, mas poderá ser bem útil algum dia. Ter bons modos hoje em dia está em desuso - basta ver o quão raro é ouvimos de uma criança palavras como 'por favor, com licença, obrigado' hoje em dia. Lamentável.

Não vejo problema em se criar uma escola de etiqueta infantil - o problema está em criar essa aura de fantasia em torno de questões e valores que deveriam ser tratadas com seriedade por pais e educadores. Não devemos criar príncipes e princesas, mas cidadãos com o mínimo de noção de coletividade e respeito. Cidadãos com maturidade emocional suficiente para lidar com outros cidadãos que não foram educadas num mundo cor-de-rosa, e que consigam ter firmeza ao encarar a realidade dura e cinzenta quando toda essa ilusão de pessoas bonitas e educadas cair por terra.

O que mais me assusta é ver que um nicho como esse consegue atrair demanda. É o reflexo do quão nossa sociedade está cada vez mais alienada, perdida, confusa e busca na fantasia algo bom em que se agarrar, e o pior: estão transmitindo isso para os filhos. Onde a geração dos nossos pais errou?
 

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