Não é algo negativo. O 'não transar' é sexualidade ativa.
Aliás, nem é deixar de transar. O monge não tem necessidade do ato sexual porque o sexo visa a reintegrar o masculino e o feminino visto que essa dualidade não é 'natural' (natural no sentido do projeto original da Criação, desfigurado pelo pecado), mas efeito da Queda. A sexualidade é a forma por excelência de se recuperar o homem edênico, total, o homem perfeito, e andrógino.
Esse mito do andrógino (recuperado pelo próprio Platão e retomado pelos Santos Padres, como São Máximo, o Confessor), lança luzes não só sobre a visão metafísica sobre o homossexualismo como também sobre o monasticismo.
O monge é um andrógino. Ele não deixa de transar, mas tem um ato sexual dentro de si, é o 'sexo interno' dos taoístas, seja na ascese cotidiana, seja na prática hesicasta da oração através da repetição incessante do nome de Jesus aliada a um método respiratório, buscando salvar, reintegrar não só a alma, como todo o corpo na plenitude de Cristo.
O celibato monástico não é uma privação, é uma plenitude, um caminho alternativo ao sexo matrimonial (que simboliza o amor de Cristo pela Igreja), em direção ao mesmo Todo, o mesmo estado andrógino primordial.