Pessoal, o texto comparativo que expús foi bem claro. Só não entende quem não quer entender (até o Sayffiros e Elminster entenderam rapidinho). Deixemos as emoções (e egos) de lado, e sejamos racionais. Vamos com calma ok?
Veja o Sky por exemplo, acabou de refutar minha afirmação... com outra idêntica(!!!).
Eu acho muito interessante a forma como a mitologia de Greyhawk define isso, que é na luta entre Corellon Larethian e o Gruumsh. Das gotas de sangue do Corellon surgiram os elfos. Das gotas de sangue do Gruumsh surgiram os orcs. Mas, em alguns momentos, caíram gotas dos dois no mesmo lugar. E isso são os tons de cinza
Legal. Show de bola a explicação dos tons de cinza, ainda que continue maniquista.
Saiffyros, que não está inserido nessa competição de egos (como parece ser o nosso caso), foi bem claro, e vou seguir o exemplo dele:
Ele falava sobre a concepção de bem e mal como verdades objetivas do cenário... Indiferente se ele próprio crê ser bom ou mal, há a verdade objetiva que diz que ele é mal...
Sim, exato. Esse é o Alignments a nivel
cosmológico que falei.
Agora ele deixa claro que a tendência, na questão do comportamento, é justamente isso, uma tendência ao mal, bem, ordem...
Exato! Igualzinho ao que eu e Sky afirmamos ali em cima. Um personagem não será um estereótipo ambulante Lawful Good, ele será uma pessoa normal, com personalidade, índole pessoal, valores, variações de comportamento, etc. e tudo isso é filtrado pelas forças cósmicas (Bem, Mal, Ordem, Caos), de modo a posiciona-lo nesse "mapa da verdade moral". Imaginem os pontos cardeais (Norte, Sul, Leste, Oeste), as tendencias são a mesma coisa, e posicionarão seu personagem no meio destes "pontos cardeais",
tendendo para algum ponto.
se eu lançar Proteção Contra o Mal ou contra a ordem, isso me protegera dele, se eu lançar Palavra Bondosa (magia que afeta apenas criaturas não bondosas) e esse personagem estiver na área ele ira sofrer as consequências, seja ele muito mal ou não e ainda se eu lançar Detectar o Mal, a magia dira que ele é mal...
Exatamente! As magias são a prova desse maniqueísmo moral, essa verdade objetiva e absoluta que permeia os cenários. Até mesmo Planescape, que em tese seria o mais pluralista e relativista de todos (já que engloba todas as culturas, todas as mitologias, de todos os mundos primários), ainda assim é tão "singularista" quanto Faerun. Planescape é até pluralista no que diz respeito as facções em sua busca pelo "significado do multiverso", e isso é super legal, mas infelizmente é singularista quanto à verdade moral. E tanto é que chega a botar penalidades nas magias dos clérigos, de acordo com a "distância" que este estiver do plano de seu Deus - ou seja, quanto mais longe este estiver de seu Alignment original, mais dificil fica lançar magias, ao ponto de sequer funcionar em um plano de Alignment oposto.
Isso é o que eu acho mais estranho. Essa concepção cosmológica de Glorantha depende de cada cultura e de cada individuo. Mas não é assim em outros cenários?
Não. Planescape unifica todas as cosmologias de D&D, tanto de Faerun, de Greyhawk, de Spelljammer, etc. E tudo isso segundo a mesma "verdade absoluta" dos Alignments - Bem, Mal, Caos, e Ordem. E o Lawful Good vai ser Lawful Good em qualquer destes mundos, planos, culturas, etc. Se um clérigo lançar um detect Evil, ele vai detectar se um personagem é "do Mal" em qualquer plano, qualquer mundo, qualquer cultura - até mesmo em Sigil. Por isso você pode transporat seu personagem de Forgotten pra Greyhawk, pra Spelljammer, etc. - tudo funciona e acordo com a mesma "verdade absoluta".
Você pode até modificar isso, no problem, mas aí será uma regra caseira, deixando de ser o
default by-the-book.
Você diz "A nivel pessoal, os alignments são indicadores de tendencias comportamentais, ou seja, um Lawful Good não vai ser sempre bonzinho" e depois diz que isso nao influencia em nada "a nivel cosmologico" em D&D?
Parece que você não está me entendendo. Eu disse isso o tempo todo que os Alignments influenciam D&D a nivel cosmologico - eles são as verdades absolutas cósmicas de D&D. Esteja você em Faerun, em Sigil, nas outlands, em Greyhawk, em Spelljammer, etc.
Não jogo D&D, mas como leitor de diversos universos sei que quase nada é definido por tendencias, a influencia deles é minima, uma meraf ormalidade
Então você *não* conhece Planescape.
Facções têm prerequisitos de tendencias para aceitar membros; spells de clerigos funcionam diferentemente dependendo do quão afastado do plano de sua tendencia original; ítens magicos que funcionam somente com tendencias particulares; etc. E Planescape é o cenário que *unifica* todas as cosmologias de D&D, ou seja, é o mais emblemático para as "tendencias" do mesmo. (é como disse o Sky lá atrás:
"Planescape é tudo o que o D&D representa ." )
Elminster:
Esse esquema [de Glorantha] ficaria bem em Faerûn também, pode ser que em alguns casos dê mais vida á um personagem.
Sim. Mas não pra dar mais vida a um personagem - mas a um povo. Cada povo teria sua cultura, seus proprios "Bem e Mal", suas proprias "cosmologias". O bonzinho de um povo pode ser o malzinho de outro. Mas pra fazer isso em D&D, teria que modificar algumas coisas, spells principalmente. Eu fiz em Planescape, mas como eu não uso o sistema D&D mesmo, foi facil.
E aqui o mais emblemático para o ponto da questão:
Glorantha pode ser vida real. Mas isso não serve pra fantasia. Fantasia é mitologia, são lendas, são heróis, é a luz e a escuridão e todos os tons de cinza no meio. E isso, meu caro, é D&D.
Essa afirmação é *emblemática* para a questão - o (nas palavras do proprio Sky) "maniqueísmo intrinseco" de D&D! Sky afirma que fantasia boa é "a fantasia do jeito dele", e que o resto é ruim! É exatamente isso que D&D faz em seus cenários -
o Bem é assim, o Mal é assim. Essa verdade objetiva que julga a todos segundo seus critérios. É exatamente isso que Glorantha *não* é - não há verdades objetivas. Uma afirmação Gloranthana seria "Cada um tem suas preferencias acerca de fantasia, e todas são válidas - pois todas levam à diversão".
E não é assim pra se mostrar " politicamente correta" ou "moderninha". Glorantha é assim por que na era que retrata (Era do Bronze e do Ferro)
os povos eram assim! Se pararmos pra pensar somos assim até hoje - um evangelico recebe de sua crença forças para vencer seus obstaculos, da mesma forma que um espirita kardecista, da mesma forma que um de candomblé, da mesma forma que um católico, budista, shintoísta, etc. - todas as crenças são válidas, pois todas produzem efeitos positivos! Só que nem todos religiosos de hoje aceitam que as outras crenças também são positivas (vide alguns evangelicos que chamam espiritas de demoniacos), isso é herança do nosso "evoluído" monoteísmo, essa necessidade de apontar para o que fazemos como "o certo" e o que os outros fazem como "o errado" (uma prova que o conceito de evolução nao tem necessariamente a ver com melhora
)
Enfim, é por isso que eu modifiquei Planescape - pra ser totalmente pluralista.