Ka Bral o Negro
Tchokwe Pós-Moderno
É realmente interessante este sítio RedeRPG. Deveria ter-me conscientizado dele antes. 
A discussão agora seria acerca das empresas nacionais.

RedeRPG disse:RPG - Artigos & Dicas : O retrato da indústria em 2006 – Nacional (Parte II)
Enviado por RedeRPG em 22/02/2007 00:03:00 (946 leituras internas)
Por Fabiano "lordmon" Silva
Equipe REDERPG
Existe muita controvérsia sobre a real situação do RPG Nacional. As editoras que “vão bem” afirmam que não existe crise alguma. As que têm problemas não respondem nada, algumas delas porque não estão mais no mercado. Com certeza, 2006 não foi o melhor ano para o hobbie e 2007 não promete ainda grandes mudanças. Por isso, o melhor é deixar que cada um analise por si mesmo e tire suas conclusões.
Em 2005, 11 editoras estiveram envolvidas com RPG. Algumas só lançaram um livro, mas no total foram onze editoras investindo em RPG. Dessas: Zouk, Viu, Nexus, Mythos, Mantícora e Comic Store deixaram o mercado. Continuaram: Conclave, Daemon, Jambô e Talismã. Além delas, a Caladwin, Escala e JBC entraram no mercado. Isto é, de 11 terminamos terminamos o ano passado com 7. Mas, das que entraram, duas tiveram apenas um lançamento cada, e a Escala está lançando apenas uma revista.
Conclave
http://www.conclaveweb.com.br
A Conclave é a grande surpresa de 2006. A verdade é que muitos já davam como encerrado o capítulo da empresa no mercado, ele seria só mais uma nanica com 1 ou 2 lançamentos por ano. Erro completo. A Conclave prefere seguir uma linha mais conservadora, poucos lançamentos, mas de ótima qualidade.
Em 2006 a Conclave continuou com seus lançamentos D20 para as linhas Vikings e Avalon. Foram apenas dois livros, um para cada série, mas os dois tiveram ótimas criticas e foram bem recebidos pelo público. A empresa também continua a investir no cenário da casa, Crepúsculo.
O próximo ano é promissor para a empresa com o lançamento do livro básico de Crônicas da Sétima Lua. A Conclave deve continuar com sua política de poucos, porém bons lançamentos em 2007.
Daemon
http://www.daemon.com.br/
O ano de 2006 foi o ano da virada para a Daemon. Em 2005 parecia que a empresa estava abandonando o RPG, com poucos lançamentos, mas ela se recuperou. A Daemon conseguiu lançar uma ótima quantidade de livros em 2006, alguns para o D20, além do seu sistema. Como? Diminuindo a tiragem das edições, fazendo com que todos fossem um sucesso.
Porém, o grande nome da empresa é o RPGQuest. Misturando miniaturas de papel com RPG, a Daemon conseguiu criar um produto atraente e barato para iniciantes. RPGQuest sem dúvida foi o nome de 2006. Um produto barato e fácil que pode ser descoberto por jovens em qualquer banca do Brasil, levando o RPG onde ele nunca foi.
Para 2007 podemos esperar mais RPGQuest, de todos os tipos possíveis (Dinossauros, Policia e Ladrão... qualquer coisa que venda) e talvez mais livros multi-sistema de baixa tiragem.
Jambô
http://www.Jambôeditora.com.br/
Se não fosse pela Daemon, esse seria o ano da Jambô. Em 2006 a Jambô se firmou como a segunda maior empresa D20 do mercado, crescendo mais a cada ano. Qual o segredo da editora? Conhecer o mercado D20. A Jambô vem fazendo um trabalho muito superior às concorrentes D20, fechando parcerias estratégicas, trazendo para o Brasil os livros que vendem nos USA e Europa.
Em 2005, a Jambô virou sua atenção em Tormenta, com o lançamento de 3 livros para o cenário e outros livros D20. Em 2006, a empresa guardou seu peso pesado para o ultimo mês: finalmente, um dos mais aclamados cenários D20 chegava ao Brasil, o Reinos de Ferro. O livro de 400 páginas foi lançado em preto e branco por R$ 90. Apesar do preço salgado, o conteúdo é de alta qualidade.
O futuro é bem promissor para a Jambô. Nos primeiros dias do ano ela apresentou sua mais nova parceira, Green Ronin. Os primeiros livros da GR serão Freeport, uma das melhores aventuras D20 publicadas até hoje, e Mutants and Masterminds, RPG D20 de super-heróis. A grande pergunta é como ela vai conseguir manter Tormenta, Reinos de Ferro e M&M ao mesmo tempo. Esse ano pode finalmente ser o ano da Jambô.
Escala e Talismã – A Guerra das Revistas
www.dragaobrasil.com.br
www.escala.com.br
A tão esperada guerra das revistas não aconteceu em 2006. O ano começou com a Dragão Brasil consolidada como única revista de RPG do país. Mas ainda no primeiro semestre a Dragon Slayer voltou pela mão da Escala, conhecida por lançar e esmagar revistas antes do 3° numero. Sobreviver ao 3° número (8° no caso da DS, já que os 3 primeiros foram lançados pela finada Mantícora) foi um primeiro e grande passo.
A DB tentou mudar a aura da revista, focando em matérias para jogadores de diversos sistemas, com ênfase no D20, o mais jogado. O conteúdo da revista recebeu muitos elogios, mas o seu design foi bastante criticado. Mas, quando ele finalmente mudou, veio a notícia ruim. No final de 2006 tivemos mudanças na DB, a saída da RedeRPG. As vendas não cresceram, e para dar espaço a um novo projeto, seu editor Telles e a RedeRPG decidiram deixar a revista. O novo editor da revista é Silvio Compagnoni, ex-funcionário da Devir, e a primeira DB com a nova direção sai agora, em fevereiro de 2007.
Já a DS da Escala aprofundou a mesma linha de publicações que mantinha na Mantícora e antes na DB: falar apenas de D20, muito mangá e anime, e um olhar especial para as publicações dos editores. Essa política se mostra acertada para ajudar na venda dos produtos, mas ainda é questionável quanto a manter a revista. A revista recebeu críticas inversas as da DB: ótimo design e conteúdo duvidoso, e mecânicas não balanceadas D20, para um revista exclusiva de D20, não ajudam. Mas até agora tem conseguido manter a revista.
Devir
www.devir.com.br
A maior editora nacional de RPG está em um momento crítico, que pode afetar o seu futuro e o do próprio RPG no Brasil. É inegável o impacto da empresa no mercado, já que ela tem os direitos sobre o D20, Vampire, GURPS. Mas 2006 foi o pior ano para o RPG na Devir, em quantidade e qualidade.
O segundo semestre de 2006 viu o lançamento de apenas um livro de RPG, foi o pior semestre na história do D20. Além dele, apenas relançamentos para o Natal. Em 2005 a Devir publicou 5 suplementos para D&D, 3 para Forgotten Realms, 2 para Warcraft D20 e o Dragonlance D20. Um total de 11 publicações D20 ou D&D em 2005. Em 2006 foram apenas 3... Algo está acontecendo... E não é bom. O grande nome foi BESM, mas como ele ficou dois anos na lista de lançamentos, chegou um pouco atrasado.
Além disso, a empresa lançou o primeiro livro do novo Mundo das Trevas, mas foi só. Qual o problema? Apesar de ser o livro base, necessário para todos os outros cenários de WoD 2.0, ele não foi feito para ser usado sozinho. Sem Vampire: The Requiem, Werewolf: The Forsaken ou Mage: The Awkening, o livro perde muito de sua utilidade para os fãs.
A situação de GURPS é ainda pior. A Devir resolveu traduzir a nova edição do GURPS, apesar do livro não ser um dos grandes sucessos da empresa. Porém, já passaram 3 anos de seu lançamento e nada da versão em português. GURPS tem uma boa e fiel comunidade, mas quem gosta não ficou esperando tanto tempo, já comprou o livro em inglês.
Tudo isso leva a uma constatação dura: a Devir ainda é a maior do mercado, mas para continuar no posto não adianta ter as maiores licenças, precisa trabalhar para elas. A linha Forgotten Realms, grande nome do D&D, não vê um lançamento há meses. Eberron, grande sucesso no mundo todo, ainda não tem previsão de chegar ao Brasil. Enquanto isso a empresa lança Dragonlance, amplamente criticado. A empresa precisa olhar melhor para o mercado internacional e escolher com mais cuidado os próximos títulos, escolher o que realmente faz sucesso, como Exalted. E o principal: ter uma lista de lançamentos para o ano e respeitá-la. Os jogadores não agüentam mais ver o nome de um livro como próximo lançamento durante 3 anos. Não dá.
O Futuro
E a crise? Em 2005/2006 tivemos o fechamento de duas boas editoras de RPG: a Viu e a Mantícora. Elas agora são apenas estúdios. A Comic Store suspendeu suas atividades e as duas revistas de RPG passaram, e passam, por momentos difíceis. Uma crise não significa o fim, mas um tempo de mudanças, adaptações. O mercado de RPG no mundo vem diminuindo e o Brasil segue a mesma tendência, 2006 só confirmou o problema. O sucesso de duas empresas não apaga os problemas de todas as outras.
Isso não significa que todas as empresas passam por dificuldades. É durante as crises que surgem as oportunidades. Se uma coisa ficou clara nos últimos anos é que o RPG de mesa precisa mudar e as empresas que continuam fortes são as que aprenderam a lição e estão mudando: Daemon e Jambô. A Jambô fez o que a Devir deveria ter feito, trazer os melhores livros D20 para o Brasil. A empresa está aproveitando o espaço deixado pela Devir para crescer. Além disso, um ótimo sistema de suporte e tradução agrada os jogadores.
Por outro lado, se olharmos com mais cuidado, Reinos de Ferro é de 2003, Freeport 2002 e Mutants & Masterminds foi publicado originalmente em 2003. Isso é, não existem novidades, a Jambô está apenas suprindo o buraco de lançamentos no Brasil. A defasagem é tão grande que serão anos antes de estarmos com apenas um "atraso razoável" em relação ao resto do mundo, porém, as próprias empresas desses sucessos já começam movimentos para se integrar nesse novo mercado do RPG.
E então, temos a Daemon. Apesar de muito criticada e de uma política duvidosa de relacionamento com o público, a Daemon é a empresa que mais aprendeu com os problemas do RPG nos últimos anos. Ela desenvolveu um novo produto, agradável e barato para o público jovem, estratégia similar ao que a própria Wizards vem fazendo com suas miniaturas (e que a Devir já devia ter percebido). Ela também optou por tiragens menores, diminuindo em muito os riscos da empresa, sem deixar de lançar seus livros.
O ano de 2007 é um ano-chave para o RPG. Já ficou claro para as empresas americanas que o RPG precisa mudar e todas já estão criando novas alternativas para continuar vendendo seus livros. Algumas empresas brasileiras seguem essa tendência, mas não todas. A Devir, nossa maior representante, vem mostrando problemas e a falta de notícias só deixa a situação mais preocupante. Continuar com o mesmo nível de serviço de 2000 não adianta. É hora de mudar.
PS: Conseguir os números exatos de lançamentos é difícil, por isso se existe alguma disparidade, é só avisar.
(Leia a primeira parte, sobre o mercado internacional, aqui:
http://www.rederpg.com.br/portal/modules/news/article.php?storyid=4367 )
A discussão agora seria acerca das empresas nacionais.