São dois tipos de questões diferentes, ambas importantes. Antes de se perguntar por que um local tem maior qualidade de vida ou maior renda que outro, é preciso identificar essa diferença, e saber a magnitude dela também é bem importante. Sim, todo mundo (ou quase) sabe que nos EUA o padrão de vida é superior. Mas isso não invalida a mensuração dessa diferença, que é um primeiro passo para compreendê-la melhor (Quão superior? Muito? Pouco? Essa magnitude permanece igual, ou varia?) e a partir daí partir para o segundo tipo de questionamento: por quê?
Sim, as trajetórias históricas dos EUA e do Brasil são bastante diferentes, então é fundamental tentar entender essas diferenças, como elas atuaram, por que ocorreram, etc. E são tantas causas concorrentes e complementares que ainda é difícil ter um entendimento fácil da coisa, o que também dá margem para muitas discordâncias.
Mas, de qualquer maneira, o estudo das sociedades depende em grande parte de comparações: a partir do momento que sabemos que EUA e Brasil são diferentes, já estamos fazendo uma comparação, que se torna a fagulha para investigar o que pode estar por trás disso. Então o negócio é sempre ter ponderação: comparar é preciso, é interessante e deve ser feito. Mas ao se fazer comparações, é preciso ter uma série de cuidados, como usar medidas iguais (coisa que eu mencionei em post anterior), reconhecer as idiossincrasias de cada objeto e até, em certos casos, tentar entender o objeto (quando humano) de seu próprio ponto de vista, isto é, considerando-o em sua dimensão subjetiva (o que o Weber chama de Verstehen).
