UPDATE - ASTRAZENECA
PRIMEIRA DOSE - 15/04/2021
Na primeira dose, numa quinta-feira (15 de abril), tomei ali por volta de 11h da manhã. 16h comecei a sentir calafrio e não sabia se era porque estava de fato esfriando na rua ou se era eu. Pode ter sido ambos.
Cheguei em casa já meio bamba, e logo estava na cama sofrendo a paulada. Naquele dia não tinha nem termometro em casa para medir, mas certamente estava com febre.
Eu tenho uma fitbit que funciona muito bem para analisar os dados do meu sono. É raríssimo-íssimo que ela deixe de salvar até mesmo sonecas fora de hora. Mas naquela noite eu lembro bem que passei quase o dia todo na cama e deitei 'para dormir mesmo' às 22h (algo raro) porque eu simplesmente não conseguia mais. Mas não dormi quase nada. Me revirei como se estivesse num filme do exorcista. Batimentos a milhão. Quando consegui dormir um pouco e acordei pensei 'espero que eu tenha dormido boa parte da noite já e que seja pelo menos 7h'. Na verdade era 1h da manhã. E eu estava com 110 batimentos por minuto segundo a fitbit.
Foi uma noite dos infernos. No dia seguinte eu estava detonada, como se tivesse passado um trator por cima, com febre (a intensidade foi variando conforme a hora do dia), cansaço, dores, dor no braço, dor de cabeça, prostração... Parece que anulou o efeito do meu antidepressivo, porque eu fiquei muito down e com umas ideias que não costumam vir na minha cabeça a não ser quando eu estou num período depressivo sem ajuda do remédio. Isto é, tive uma crise existencialista intensa. Fiquei grogue como se tivessem me dado dorgas, não no sentido de ter efeito psicoativo, mas no sentido de que eu fiquei tão cansada e com tanta febre que fiquei meio lelé uns dias.
Assim foi na sexta. Acabei indo na minha médica pedir receita de paracetamol. Na farmácia já aproveitei e comprei um termometro. Fui naquele esquema: cambaleando e torcendo para dar tudo certo.
No sábado foi mais ou menos o mesmo, no domingo comecei a ficar um pouco menos ruim. Segunda eu já achava que estava muuuuito melhor, e a febre tinha passado, mas a real é que ainda estava bem cansada e com muita, muita dor no braço da injeção.
Quando fechou mais ou menos 1 semana a dor no braço começou a passar, depois esperei mais uns dias bem isolada (quando na França a galera já não estava dando tanta bola para as medidas de isolamento), depois relaxei um pouco. Foi muito bom não viver o tempo todo paranoica achando que ia pegar coronga e ficar muito mal ou passar para outras pessoas ou até coisa pior.
OBS. No fim acabei não tomando remédios (ao menos pelos 3 primeiros dias tenho certeza que não tomei, depois não lembro). Deixei passar sozinho, de forma geral.
SEGUNDA DOSE - 18/06/2021
Já esperta da zona que foi a primeira dose, deixei a segunda dose para uma sexta feira, porque assim ao menos minimiza os danos sobre a minha rotina.
Mas eu já tinha visto que a astrazeneca costuma dar a paulada na primeira dose, enquanto que a PIFAIZER é na segunda.
De qualquer forma, fui com mindset confiante porém cautelosa: fiz a vacina às 13h e depois passei na farmácia, no mercado e na petshop para comprar comida para meus gatos. Just in case. Para a hipótese de eu ficar bem grogue mais uns dias.
Resultado: não tive sintoma algum.
Nada. Nothing. Rien. Niente. Nadica.
Ontem não tive nada de sintoma exceto uma certa agitação antes de dormir apesar de que isso pode se justificar pela semana agitada. Normalmente eu capoto rápido, mas esta semana até entendo que naturalmente eu teria mais dificuldade para dormir.
Braço: não está doendo.
Febre / cansaço / etc: absolutamente nada. Ontem fiz esse monte de coisa (mercado, farmácia, várias errands, etc) embaixo de 33ºC, de bike, e fiquei bem pimpona.
Hoje pedalei 20km e nadei horrores num lago como se tivesse tomado o espinafre do Popeye e não vacina.
Acho que toda a paulada que a astrazeneca tinha para me dar ela já me deu. Agora foi só o reforço, e o fato de eu não ter tido nada prova que eu estou PERFORMANDO IMUNIZADA como diria o essemenino.
Já tenho o tal do passaporte covid que vai valer dentro de 14 dias da data da última dose, o que significa que serei livre para entrar onde eu quiser - contanto que não seja o Brasil ou a Índia, basicamente.
FEITO O RELATO
OBS. Não tenho o objetivo de deixar alguém triste com a realidade brasileira ao ler meu relato de vacinada - pois afinal eu também passo o dia inteiro bufando de raiva e indignação e tristeza com essa situação inaceitável que está acontecendo no Brasil. Um consolozinho-inho é o fato de que a história não vai perdoar os responsáveis (boa parte dos quais têm sobrenome "Bolsonaro"). Mas pouco importa. Execrar o omi não vai trazer 500.000 brasileiros de volta. Tirar ele do poder ainda pode salvar de repente uns 500.000 brasileiros que ainda estão entre nós, mas para isso teria que dar para tirar ele do poder - e rápido, e está complicado.
Estou contando como foi a minha experiência com a astrazeneca para que vocês já saibam e possam se planejar quando forem tomar a vacina de vocês, caso seja a mesma/ fiocruz.
Eu mesma pesquisei um monte na internet para ver como as pessoas reagiam para saber quando aquela PQP de febre ia passar e se na segunda dose ia ser ruim igual.
DITO ISSO
Eu não preciso nem dizer que 3 dias de febre não são nada perto da doença 'for real', né?
Não quero de maneira nenhuma desestimular a vacinação. Pelo contrário! Eu faria de novo 1000 vezes FELIZ.
Aliás, quando cheguei no consultório da médica ontem, eu falei para ela: estou tão contente! E ela já me deu uma julgada achando que eu estava sendo irônica (porque em um país em que não falta vacina, tem muita gente que não dá valor...). Aí eu expliquei para ela: não, dra! Eu falei muito sério! Estou sim muito contente de poder me vacinar, porque o meu país tá lascado! Me dá a paulada da astrazeneca que eu vou ficar exultante sem ironia!
FIM.
VACINEM-SE.
E viva o SUS, a Friocruz e o Butantan!