Eu vejo Ingwë mais como um o Rei Supremo da Britânia , em meados do século V/VI.
Parafraseando, Fëanor era o rei de Powys, um dos reinos britânicos aversos ao Grande Rei, enquanto Ingwë era o rei de, sei lá, Kernow, Gwent, Dumnonia...
Ingwë era o rei supremo por ser o mais superior de todos: o primeiro dos elfos a chegarem a Aman, talvez o mais bem quisto pelos Valar. Fëanor, na condição de Rei dos Noldor, retirou seu apoio ao Grande Rei, posto esse, que como disse Haran, era meramente simbólico.
Não sei se dá pra concordar com você nesse ponto, pelo menos não integralmente. Vamos por partes:
1-A posição de Powys era rebelde, revoltada mesmo contra o Grande Rei ou contestava sua posição, ou qualquer coisa parecida. A rebeldia noldorin era contra sua permanência em Aman, ancorada no desejo de novas terras. Nada há de político nesse história além da esperança de liderar os noldor e fundar inúmeros reinos nas paragens inexploradas e selvagens das Terras de Cá.
2- Enquanto a briga Powys-Dumnonia era uma disputa pelo poder, nunca houve nem mesmo uma rivalidade entre os noldor e os vanyar, nem mesmo contendas por terras. Aliás, todos os elfos amavam os belos-elfos, considerando-os algo como plenitude da elficidade, espelho da glória dos Valar. Eram tidos em alta conta, mais que alguns Maiar.
3-Havia uma rivalidade diferente: 'Eru não nos criou para ficarmos presos nessa terra estreita', pensava Fëanor. Eles contestavam
a autoridade dos Poderes em lhes imputar uma vida trancados em Aman, mas não contestavam seu poder. Em outras palavras, os noldor queriam a liberdade, certos de que esta era sancionada por Eru, a vingança (Filhos de Fëanor e o próprio) e se livravam da autoridade dos Senhores, mas não duvidavam de seu poder nem ousaram desafiá-lo em qualquer ponto que não envolvesse sua fuga. Fëanor não era idiota, não era um Ar-Pharazôn.
Já Powys desafiava abertamente todo e qualquer tipo de privilégio do Grande Rei, qualquer autoridade e sanção que ele pudesse impor, Powys resistia, lutava contra essa autoridade. E eram ambos reinos humanos, não um de deuses e outro de mortais.
4-Não como dizer que esse posto de Grande Rei fosse puramente simbólico. Uther tinha autoridade reconhecida em toda a Britânia, refutada somente por Powys e Silúria. Ele liderava os exércitos dos outros reinos, firmava sua lei como válida para todo o território e tinha influência política. O mesmo se pode dizer de Ingwë: poder simbólico, como rei, mas como líder, todo elfo o venerava.
5-Como já disse, a submissão dos elfos aos vanyar é ilusória. Eles eram respeitados e Ingwë venerado, eram fiéis aos Valar. Por isso quando os noldor desobedecem aos Valar (o que não implica necessariamente em dizer que os noldor desafiaram o poder dos Valar, contestaram sua autoridade e etc, mas só desobedeceram a uma lei) e fogem para a Terra Média, os vanyar são sensatos e tentam dissuadí-los. Por que? Pelo elo de amizade, irmandade que os unia, embora pela própria perfeição vanyarin, fosse menor do que o que havia entre os teleri e os noldor. E pela sabedoria e bom senso dos primeiros que enxergavam o poder de Melkor, vendo a empreitada fëanoreana como uma loucura e prevendo que Eru não deixaria nada de bom lhes acontecer por essa simples desobediência aos Valar.
Concluindo, a Britânia apresentava uma típica disputa pelo poder. Em Arda, vemos amigos sendo fiéis aos seus Senhores e se recusando a acompanhar seus irmãos pela grande sabedoria que possuíam. Como se desculpar por terem sido tão fiéis, como se isso precisasse de desculpa? Lutando na Guerra da Ira.