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Quem aqui não gosta de literatura nacional?

Haleth

Sweet dreams
Recentemente descobri, com tristeza, que sou menos aficcionada em literatura nacional do que pensava, embora ainda goste bastante. Acabei pensando:

O que há (ou deixa de haver) na literatura nacional que causa o desagrado dos leitores?

Me falta saber o que os leitores têm em mente sobre "o que é literatura nacional" e "o que é literatura estrangeira" quando dizem isso, é verdade. Mas acredito que tudo o que foi já produzido nacionalmente até hoje supra, se não em quantidade, ao menos em qualidade, o gosto de qualquer leitor, eis Paulo Coelho e Guimarães Rosa que não me deixam mentir.

Será que, na verdade, os insatisfeitos com a lit. nacional só não conseguiram formar ainda uma boa lista de referências de acordo com o seu gosto?
 
Acho que um dos problemas da literatura nacional é que nós não temos nenhum "abre portas", pelos menos não na literatura nacional contemporânea. Quando falo em "abre portas", digo alguém que seja uma primeira leitura leve e que simultaneamente incentive o gosto pela mesma, ou ao menos alguém de qualidade com uma obra descompromissada, sem reais "pretensões literárias".

Quando se pensa em literatura nacional, o que vem a mente é Machado de Assis, Mario de Andrade, Oswald de Andrade. Não são autores pra marinheiros de primeira viagem, é uma leitura mais densa, que exige mais do leitor. No cenário nacional nós não temos nenhuma Rowling ou Meyer que é por onde boa parte do público leitor começa a pegar gosto pela coisa. Claro que há bastante gente nova por aí com um literatura mais de entretenimento, mas infelizmente é difícil ganhar espaço no mercado nacional. Como separar o joio do trigo e saber quem realmente vale a pena nesse mar de novos autores?
 
Eu não diria que não gosto, já li muitos livros, desses clássicos de vestibular e gostei muito, mas tirando os de literatura fantástica, a literatura brasileira não me atrai muito, acho que é por eu viver aqui sem precisar imaginar como é tal lugar perde a graça, prefiro ler sobre lugares que não conheço, outros povos, sei lá, deve ser isso.
 
Diego disse:
Quando falo em "abre portas", digo alguém que seja uma primeira leitura leve e que simultaneamente incentive o gosto pela mesma, ou ao menos alguém de qualidade com uma obra descompromissada, sem reais "pretensões literárias".

Sabe quem eu acho que poderia ser um bom "abre-portas"? O Chico Buarque. Quer dizer, só li Budapeste, e achei a leitura leve, fácil, agradável e não requer muita coisa do leitor. E tem muita qualidade, sim senhor, e sem pretensão de Nobel - ao menos no meu ponto de vista.

Mas acho que vc tocou num ponto importante. Quando a gnt fala de "literatura brasileira", realmente só vem na cabeça nome de elefante, ao menos na minha. A gente precisa de quem "destraumatize" o ideológico das pessoas. Mas será que os nossos cronistas não dariam conta do recado? Por exemplo, Nelson Rodrigues, Caio Fernando Abreu, Fernando Sabino... Outro dia eu li uma crônica do Marcos Rey pra minha mãe enquanto ela fazia uns trabalhos manuais. Fiquei surpresíssima! Ela gostou tanto, que me fez ir à internet procurar mais crônica dele pra ler, e no fim, terminei lendo 6 crônicas em sequência pra ela. Não bastando, mais tarde ela pediu pra eu guardar o livro na sala, pra ela ler.

Continuo desconfiando que o problema é falta de referência, hein? rs. Ou crônica não é literatura de entretenimento?

[size=x-small]Talvez se a gente estudasse literatura no colégio começando em contos e crônicas pra depois partir pra verso e romance, as coisas poderiam ser diferentes. Mas ainda acho que o melhor "abre portas" chama-se literatura infantil, pra entregar us mininu às urnas já conquistados pela leitura (mas isso já é assunto pro outro tópico).
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Rafaela disse:
Eu não diria que não gosto, já li muitos livros, desses clássicos de vestibular e gostei muito, mas tirando os de literatura fantástica, a literatura brasileira não me atrai muito, acho que é por eu viver aqui sem precisar imaginar como é tal lugar perde a graça, prefiro ler sobre lugares que não conheço, outros povos, sei lá, deve ser isso.

Haha, acho que com vc acontece o mesmo que acontece comigo. Quando eu pego o livro de um autor, não consigo imaginar a história se passando em um lugar que não seja o país dele. XD
 
Monteiro Lobato, gente. Nem vale falar que ele é desatualizado, hem? Literatura fantástica costuma ser atemporal e é bem por aí que a rapeize do Sítio se comporta.

Pra mim o que causa o desagrado dos leitores é o que acontece em todas as outras áreas de entretenimento: o que é de fora é mais chique e, portanto, mais atrativo. O que falta pro leitor ir atrás da literatura nacional é se importar com ela e ir atrás de dar tiros no escuro como fazem com autores estrangeiros traduzidos.

Mas se a única coisa que o povo começa é curtir vampiro brilhoso e escola mágica, a literatura brasileira tá bem tensa mesmo. Em país tropical não se pode brilhar tanto e a nossa tradição mística é um fuzuê que não faz muito sentido.

Taí uma idéia: uma Hogwarts brasileira. Vou escrever uma série de livros dum moleque chamado Zé Pretinho que vai estudar magia num terreiro de macumba. Até imagino: "Zé Pretinho e o Copo de Cachaça", ou "Zé Pretinho e o Chapéu de Exu".

A idéia nem é ruim, hem? E provavelmente já devem ter tido. ¬¬
 
Ah, o Chico... sei lá. Tenho o Leite derramado aqui mas ainda não li. Budapeste não achei lá grande coisa, quem sabe numa releitura eu encontre algo escondido ali.

Pescaldo, quando eu iniciei minha resposta pensei no Monteiro Lobato, ia fazer uma ressalva mas acabei esquecendo. Puxando pela memória seria o primeiro a ser citado nesse quesito leitura leve e de estímulo, mas a obra dele vai muito além disso. Não é só Sítio do Picapau Amarelo. É Urupês, Negrinha o Presidente Negro. Quando falei da falta de alguém de peso com uma obra direcionada a dar gosto pela literatura, quis falar de um autor 'puro-sangue' nessa idéia. Eu pelo menos, não tenho essa visão do Lobato e por isso acho que ele acaba carregando consigo um pouco do preconceito.

P.S: Manu, é uma heresia colocar o Guimarães e o Paulo Coelho numa mesma frase. XD
 
Taí uma idéia: uma Hogwarts brasileira. Vou escrever uma série de livros dum moleque chamado Zé Pretinho que vai estudar magia num terreiro de macumba. Até imagino: "Zé Pretinho e o Copo de Cachaça", ou "Zé Pretinho e o Chapéu de Exu".

Eu sei que seu comentário é uma brincadeira, mas para muito escritor não é. E tá aí uma coisa que eu não suporto em literatura nacional (e que comentei recentemente na minha resenha do ficção de polpa), essa coisa de autor achar que tem que incluir em um molde estrangeiro elementos da cultura nacional para qualificar a obra como literatura brasileira. Eu gosto muito mais quando a cultura nacional vem com um propósito além desse, me soa menos forçado.
 
O que me vem na cabeça é a leitura obrigatória na escola. Muitas vezes jogam um Memórias Póstumas pra uma pessoa de 13 anos que nunca leu na vida.
O problema é que tem gente que nunca recebeu nenhum estímulo pra ler, portanto não tem costume, e mesmo quando já está mais velho, tipo 16 anos, pega um desses clássicos da literatura brasileira pra ler no segundo ano e acha chato.
Além do fato da leitura ser obrigatória, independente do livro ser bom ou ruim... tem gente que já começa de má vontade por isso.(e com razão)
 
O problema não é nem 'não gostar', é que a maioria das pessoas não encontra na literatura nacional o tipo de literatura que gosta. Eu sou aficcionada em romances históricos, e posso até está deixando passar, mas não conheço uma autor brasileiro que escreva coisas do mesmo gênero que Bernard Cornwell ou Conn Iggulden. Isso me afasta da literatura daqui.
Também gosto de livros de ficção, estilo Senhor dos Anéis e Guerra dos Tronos ou até mesmo de vampiros, tirando o André Vianco, sobre quem já tenho grandes ressalvas, não tem muita gente produzindo sobre os temas. Agora com a onda e o sucesso da Saga Crepúsculo é que vemos alguns novos autores como Felipe Santos(Preço da Imortalidade), e o universo fantástico de Eduardo Spohr na Batalha do Apocalipse.
Sinceramente, já tive a minha fase de ler os clássicos e pelo que li, duvido muito que essa garotada de hoje se interesse por esse tipo de literatura. É muito densa e monótona. E Monteiro Lobato como ficcção é muito chato. O povo quer magia, quer aventuras, vampiros metidos príncipes, lobisomens bonitões, vasouras voadoras. Essa coisa de 'Cuca', de 'boneca de pano falante'....é muito sem graça e infantil até na visão dos pirralhos.
O que acontece é que as escolas querem obrigar as crianças a lerem esses livros clássico sacais e elas acabam lendo apenas por obrigação. E se realmente gostarem de ler, correm atrás dos importados e se o trauma for muito grande, abandonam o hábito da leitura logo cedo.
 
Li vários livros da literatura brasileira e sempre gostei, não achava chato. Acho q não leio mais pq tem coisa demais p ser lida e o q vem de fora é diferente, parece q eles arriscam mais, sem medo da crítica e as opções são infinitas. O escritor brasileiro é mais bem comportado.
 
Leio pouca literatura brasileira pois a literatura brasileira de qualidade está num número bem inferior à literatura de qualidade de fora... O Brasil é um país recente, de míseros 510 anos, com uma experiência literária realmente marcante mais recente ainda... Não vou ficar lendo qualquer coisa que um tupiniquim escreveu apenas por um ufanismo que eu acho idiota e sem sentido (toda forma de ufanismo ou patriotismo é ridícula e sem sentido; e como diria Goethe, o patriotismo arruinou a história). A Europa, tomando-se apenas um exemplo, possui uma tradição literária muito maior que a nossa, além do fato deles serem uma civilização mais avançada que a gente bastando observar que a Europa foi palco de revoluções fatídicas e continentais, como a Francesa.

A literatura brasileira é também possuidora de grande qualidade, como um Machado, Clarice, Guimarães, Gullar... É proporcional à uma literatura de qualidade portuguesa, francesa ou alemã; mas se formos pegar o todo e dividir pelo singular...

(sobre essa ideia de Hoghwarts Brasileira... Se tivermos uma literatura fácil combinada com um cinema sensacionalista e uma mídia atuante... A Globo é potência midiática internacional. Se houver interesse privado, é ridiculamente fácil criar um grande sucesso... Mas fica mais fácil pra mídia divulgar a ideia de que o Brasil não tem capacidade de criar um livro de grande impacto comercial, gerando uma insatisfação e por conseguinte um comodismo no brasileiro. O que vem de fora é sempre melhor, e tentar mudar essa realidade é besteira: fique quieto e abra a felicidade [esse pensamento, inclusive, nunca mudou: desde a colonização até os dias de hoje!])
 
A visão do Daewen, ao meu ver, igual à maioria dos brasileiros, é o que atrapalha quando algum autor brasileiro resolve se meter a mexer com folclore nacional: há um tremendo preconceito com as figuras mitológicas brasileiras e, por isso, acabam descartando por achar que os mitos são fracos ou de pouca importância.

Uma tremenda besteira.

Eu falei brincando, Anica, como você bem percebeu. Mas bem que seria engraçado um Dumbledore fantasiado de Pai-de-santo.
 
Pescaldo disse:
há um tremendo preconceito com as figuras mitológicas brasileiras e, por isso, acabam descartando por achar que os mitos são fracos ou de pouca importância.

Uma tremenda besteira.

O que é uma, como você disse, tremenda besteira... O candomblé, por exemplo, se relaciona com as antiguidades clássicas muito mais do que nossa religião... O cristianismo, principalmente o antigo testamento, é um grande compêndio de mitos antigos... O dilúvio mesmo já cansou de ser retratado em inúmeras outras religiões...

ERAM OS GREGOS MACUMBEIROS ?
http://www.opandeiro.net/livros/artigos/2001_gregos_macumbeiros.pdf

ATENAS

“Sócrates já se tinha tornado rijo e frio em quase toda a região inferior do ventre, quando descobriu sua face, que havia velado, e disse estas palavras, as derradeiras que pronunciou:

- Críton, devemos um galo a Asclépio; não te esqueças de pagar essa dívida.”


É desta forma que Platão (Fédon, 118a) narra os últimos momentos de Sócrates. Preocupado em rechaçar as acusações que haviam levado Sócrates à condenação, Platão procura retratar seu mestre como um ateniense bem-comportado, respeitador dos usos e costumes da época.

Dentre os quais estava, sem dúvida, pagar as dívidas para com os deuses. Em outras palavras, Sócrates pede a seu amigo Críton que pague uma obrigação, como diria qualquer pai-de-santo. Que os gregos faziam seus despachos, inclusive no pior sentido, está comprovado pela arqueologia,que recuperou inúmeras tabuinhas de imprecação. Nas palavras insuspeitas de um eminente helenista (FLACELIÈRE:250):

“Tratava-se de um rito mágico, pelo qual se procurava prejudicar os inimigos, sobretudo os adversários que se encontravam no tribunal, por ocasião de um processo, votando-os às divindades infernais (...) chumbando-os ao domínio dos mortos pela prática da feitiçaria.”

O processo consistia em uma espécie de vodu por escrito:“Por vezes, enumeram as diferentes partes do corpo do inimigo, as suas faculdades espirituais, e a sua atividade, de maneira a castigarem-nos em oda a sua pessoa. Os nomes das pessoas assim votadas à morte são cercados de uma rede de fios; depois a folha de chumbo em que se grava a

Imprecação é enrolada em torno de um prego de ferro, que se enterra no solo.”

Assim como os orixás africanos, cada deus grego era agraciado com oferendas específicas. Sacrifícios a Hermes incluíam incenso, mel, bolos, porcos e especialmente carneiros. Zeus, por sua vez, preferia bodes, touros e cabras. Os exércitos espartanos sempre viajavam com uma cabra para ser sacrificada ao mais poderoso dos olimpianos antes das batalhas, na crença de que isto lhes garantiria a vitória. Outra forma de granjear a simpatia dos deuses era através das libações: derramava-se ao solo um pouco de vinho antes de bebê-lo. Parece aquilo que os brasileiros chamam de “dar um golinho pro santo”. Em ambos os casos, trata-se de uma relação direta com a divindade, justificada pela crença de que as condições de uma existência feliz dependem do beneplácito dos deuses.

“acreditavam que moravam numa cidade cheia de forças espirituais poderosas que podiam fazer o bem para eles e lhes trazer boa fortuna – se conseguissem aprender a trabalhar com elas.”

São muitos os pontos de contato entre a religião grega clássica e as religiões afro-brasileiras e africanas

Ambas, por exemplo, fazem uso da adivinhação, embora os métodos variem muito: enquanto no candomblé usam-se búzios, os gregos valiam-se de oráculos, usando desde favas (caso das consultas menos importantes em Delfos) até o sopro do vento nas árvores (em um oráculo de Zeus). Zeus, aliás, era simbolizado em Creta por um duplo machado muito semelhante ao que ostenta Xangô
(VERGER,1981:135). Estas duas divindades têm muito mais em comum.Tanto Xangô quanto Zeus são apresentados como senhores da Justiça.Reis poderosos, autoritários ou até violentos, além de incansáveis perseguidores de parceiras femininas (embora Zeus fosse mais eclético neste particular, ilustrando o padrão bissexual aceito pelos gregos). O raioe o trovão simbolizam a ambos.

Comparemos agora Exu e Hermes.
deuses_gregos_hermes2.jpg


Exu representa um um canal de comunicação, o princípio da mobilidade. Por isto, o candomblé sempre é aberto com invocações a esta divindade.Hermes, com suas sandálias aladas que permitem voar, é também um mensageiro.

Asssim como as oferendas a Exu são depositadas nas encruzilhadas, Hermes era homenageado com hermas nas esquinas e nas portas, isto é, em locais de passagem. As hermas eram pequenos monumentos feitos de pedra consistindo de um busto do deus e de um falo semi-ereto, pois Hermes era associado à fertilidade.

Quanto a Exu, aprendemos com Pierre Verger que entre os fon, Exu-Elegbara é chamado de Legba e “é representado por um montículo de terra em forma de homem acocorado, ornado com um falo de tamanho respeitável”. Tanto Hermes quanto Exu são marcados pela ambiguidade, pelo comportamento às vezes traiçoeiro e, com o perdão da palavra, malandro: logo após o seu nascimento Hermes já aprontou a primeira, roubando gado do seu meio-irmão Apolo (ambos eram filhos do prolífico Zeus). Por conta da gracinha, teve que presentear.

Apolo com a cítara. Sempre de chapéu, de andar leve, esperto e músico, é difícil não aproximar Hermes dos malandros cariocas do início desse século.

Marcos Alvito (UFF)

Artigo publicado em março de 2003 em livro organizado por Rafael dos Santos
 
Vocês só olharam para o lado fantástico e os outros gêneros? No Brasil temos uma gama bem grande de escritores de romances policiais e dramáticos. Quanto a literatura voltada às crianças ou jovens, existem escritores, não tão bons quanto Pedro Bandeira (que mesmo não sendo extraordinário, consegue criar enredos com atualidades e medos infantis), que escrevem direto para esse público.

Porém o que ocorre é que brasileiro é colonizado culturalmente, vem de fora é mehor vem de dentro é pior. Só apreciamos as coisas que vem daqui ou quando estamos mais maduros ou nunca (conheço pessoas odeiam cinema nacional, literatura nacional, etc mesmo os grandes hits como Tropa de Elite ou Chico Xavier).

Brasileiro está acostumado a procurar algo mais consagrado, se Chico Buarque não fosse conhecido por suas músicas e apenas um escritor quanto tempo levaria para ele ser reconhecido? Quantos dos novos escritores já despertaram a curiosidade de vocês sem que tivessem dado uma entrevista, ganho um prêmio ou sendo indicado por alguém?
 
Concordo com o que você escreveu sobre acharmos o que vem de fora melhor, na maioria das vezes e com quase tudo nessa vida. :/

Porém...

Pips disse:
(...)Quantos dos novos escritores já despertaram a curiosidade de vocês sem que tivessem dado uma entrevista, ganho um prêmio ou sendo indicado por alguém?

Acredito que isso acontece com a maioria das pessoas, e tanto com filmes, livros e autores nacionais como com os internacionais, não?

Livros e filmes estadunidenses, por exemplo, têm uma divulgação realmente bem feita, tipo de indústria mesmo. :sim:
 
Sabe, eu até tento. Talvez não esteja tentando com a boa vontade que deveria, mas a verdade é que me decepciono com todas as leituras de autores nacionais que faço. Aí me irrito, largo de mão os autores nacionais e vou ler os estrangeiros. Lá pelas tantas começo a me sentir uma traidora da cultura nacional pq não consigo me acertar com autores nacionais. Penso assim: "poxa, sua doida, tu lê tanta porcaria estrangeira e acha até divertido, vai ler um Machado de Assis e vê se aprende algo de bom!" Mas acabo não fazendo.
Bem, acho que peguei trauma da época do colégio, não consigo ver outra explicação para essa minha dificuldade. :timido:
Mas esse ano eu vou ler Os Sertões. E finalmente tomar vergonha na cara e ler algo do Machado de Assis também. Ops, tópico errado, vou lá ver minhas promessas literárias para 2011. :sim:
 
Sinceramente, acho que ler um bom livro nacional supera qualquer estrangeiro. O prazer para mim é muito melhor, não só por que não é traduzido, mas também por que faz parte do meu universo: entendo as referências com facilidade, posso imaginar os lugares sem dificuldade. É igual a música: sempre mais prazeroso ouvir algo na língua mãe.

Eu acho a literatura brasileira realmente fantástica. Claro que ainda não tem um mercado tão amplo, mas existem ótimos títulos, tanto em verso (e nessa parte posso dizer que minha preferência é absolutamente nacional) como em prosa. Esses últimos dias li uma compilação de contos de uma escritora do meu estado. Confesso que subestimei, inicialmente, mas a riqueza cultural e também literária com a qual me deparei me surpreendeu. Tenho aprendido a dar mais valor à literatura nacional, por que realmente há muita coisa a ser descoberta. A diferença é cultural - o lance de presumir que o que "vem de fora" é superior - e de falta de divulgação.

Não traumatizei com os clássicos, aliás, os adoro. Acho que em parte isso se deve ao fato de que eu busquei conhecê-los espontaneamente, de mente aberta, e hoje em dia Machado de Assis é um dos meus autores favoritos da literatura mundial. Também li Graciliano Ramos, Joaquim Manuel de Macedo, Manuel Antônio de Almeida, Castro Alves, etc. Acho que não é uma questão de idade, já que comecei a embarcar no "mundo dos clássicos" aos 11 anos. A questão é realmente "de cabeça": se você lê um livro obrigatoriamente, que todos dizem ser chato, é bem provável que seja uma leitura travada, presa nesses pré-conceitos. Além disso, é preciso que os leitores sejam formados desde cedo para depois poder encarar uma leitura dessas sem dificuldades.. o que, infelizmente, não acontece na maioria dos casos.

Quanto ao fato de não ser diversificada, concordo - em parte - que os escritores estrangeiros costumam ousar mais.. mas isso também tem haver com o mercado do qual fazem parte. De qualquer forma, acredito na variedade da literatura nacional: drama, poesia, romance, fantástico/mitologia, infantil, clássicos... li ótimos títulos de todos esses gêneros. Acho que só terror/suspense que eu ainda não conheço muito. Posso dizer alguns títulos que gostei, se alguém se interessar.

Enfim, não sei direito como acabar esse post. Perdão por ter escrito demais, espero não ter parecido arrogante. Só quis mostrar que a nossa literatura é boa sim, e que merece uma chance. Mas eu mesma ainda tenho muito o que ler e desvendar.
 
Clara disse:
Pips disse:
(...)Quantos dos novos escritores já despertaram a curiosidade de vocês sem que tivessem dado uma entrevista, ganho um prêmio ou sendo indicado por alguém?

Acredito que isso acontece com a maioria das pessoas, e tanto com filmes, livros e autores nacionais como com os internacionais, não?

Livros e filmes estadunidenses, por exemplo, têm uma divulgação realmente bem feita, tipo de indústria mesmo. :sim:

Claro que a questão do marketing serve para autores quase certeiros, ou seja, aqueles que provavelmente exaltarão algum interesse num tempo curto.

O caso que tem sido discutido há algum tempo é o fato de Bolaño ter estourado em pouco tempo e, infelizmente, muito próximo da sua morte. No Brasil temos poucos livros dele publicado, cerca de sete. Os autores nacionais são ignorados até ganharem um status - fantasma nessas terras - ou morrerem e começarem a ser estudados. Gosto de citar Lourenço Mutarelli como exemplo; ele teve livros adaptados para o cinema e tem um estilo incrível de narrativa que passa do estilo clássico de narração e passeia pela narração de quadrinhos (de onde ele veio originalmente), entretanto poucas pessoas dão esse devido "valor" a ele. Quando digo poucas são bem poucas, pois ele não figura em listas de mais vendidos ou recebe grande alvorço - não tanto quanto Paulo Coelho, Chico Buarque e, pasmem, Tony Bellotto (que depois de sua estreia com Bellini e a Esfinge sempre ganha entrevistas, capas de jornais, etc).

Voltando a discussão que se separou no meio do tópico sobre gênero. Não são todos os países que tem a fantasia como alicerce, aliás os mais famosos pelo mundo são de determinados lugares, enquanto a literatura russa trata de angústias do cotidiano, a literatura de países do leste europeu (A Insustentável Leveza do Ser, Liquidação, etc). focam em pseudo-diários realistas - tratando problemas históricos como sombras no mundo atual. Ou mesmo a literatura africana mais famosa que aborda temas mais políticos mesclados com as raízes do continente (como espíritos, nem sempre materializados, tradições, etc).

A literatura brasileira é bem variada nesse sentido e se olharmos os grandes escritores que são sempre lembrados (Guimarães, Machado, Graciliano, Veríssimo) todos tem traços distintos na sua obra, ora focando o cotidiano e costumes, ora focando a política e história e até exemplares que lidam de maneira fantástica (Incidente em Antares, alguns contos de Guimarães como A Terceira Margem do Rio).

Talvez não seja a literatura brasileira que não agrade as pessoas, mas os gêneros que lhe são oferecidos em grande escala.
 
Pips disse:
Vocês só olharam para o lado fantástico e os outros gêneros? No Brasil temos uma gama bem grande de escritores de romances policiais e dramáticos. Quanto a literatura voltada às crianças ou jovens, existem escritores, não tão bons quanto Pedro Bandeira (que mesmo não sendo extraordinário, consegue criar enredos com atualidades e medos infantis), que escrevem direto para esse público.

Porém o que ocorre é que brasileiro é colonizado culturalmente, vem de fora é mehor vem de dentro é pior. Só apreciamos as coisas que vem daqui ou quando estamos mais maduros ou nunca (conheço pessoas odeiam cinema nacional, literatura nacional, etc mesmo os grandes hits como Tropa de Elite ou Chico Xavier).

Brasileiro está acostumado a procurar algo mais consagrado, se Chico Buarque não fosse conhecido por suas músicas e apenas um escritor quanto tempo levaria para ele ser reconhecido? Quantos dos novos escritores já despertaram a curiosidade de vocês sem que tivessem dado uma entrevista, ganho um prêmio ou sendo indicado por alguém?

Lembrei imediatamente de Pedro Bandeira quando vi esse tópico. Foi com ele que comecei a gostar MESMO de ler. [size=xx-small]E tive vontade virar escritor. =P [/size]

Esse ano foi um ano de descobertas na literatura brasileira. Já falei um pouco sobre isso na primeira parte da retrospectiva que estou escrevendo no meu blog: http://bit.ly/dLuuVs

Tenho que admitir que, sim, tenho (tive, não sei) um certo preconceito com o que é produzido aqui. Na literatura contemporânea, ele já foi bastante afastado: ADOREI tudo do Daniel Galera e do Bernardo Carvalho, e não consigo imaginar como alguém possa não curtir aquilo. Fora eles, há muitos outros muito bons, como Michel Laub, Antônio Xerxenesky (apesar de eu não ter curtido TANTO quando li a segunda edição de Areia nos Dentes), João Paulo Cuenca... No cinema isso ainda tem como melhorar: eu penso 15 vezes antes de ver um filme daqui e mesmo assim às vezes me decepciono com filmes que TODO mundo falou bem, como As melhores coisas do mundo. Odeio terminar um filme e ter que dar desconto por ser filme brasileiro: "ah, é bom prum filme nacional". Gosto de sair como de O homem que copiava, vibrando com o filme.

N disse:
Sinceramente, acho que ler um bom livro nacional supera qualquer estrangeiro. O prazer para mim é muito melhor, não só por que não é traduzido, mas também por que faz parte do meu universo: entendo as referências com facilidade, posso imaginar os lugares sem dificuldade. É igual a música: sempre mais prazeroso ouvir algo na língua mãe.
...
Não traumatizei com os clássicos, aliás, os adoro. Acho que em parte isso se deve ao fato de que eu busquei conhecê-los espontaneamente, de mente aberta, e hoje em dia Machado de Assis é um dos meus autores favoritos da literatura mundial. Também li Graciliano Ramos, Joaquim Manuel de Macedo, Manuel Antônio de Almeida, Castro Alves, etc. Acho que não é uma questão de idade, já que comecei a embarcar no "mundo dos clássicos" aos 11 anos. A questão é realmente "de cabeça": se você lê um livro obrigatoriamente, que todos dizem ser chato, é bem provável que seja uma leitura travada, presa nesses pré-conceitos. Além disso, é preciso que os leitores sejam formados desde cedo para depois poder encarar uma leitura dessas sem dificuldades.. o que, infelizmente, não acontece na maioria dos casos.
Também não me traumatizei com os clássicos (apesar de ter severas restrições com o que nos querem fazer engolir como tais), mas não consigo concordar em nada com o primeiro parágrafo.

Acredito (ou quero acreditar) que deva haver pessoas como você, mas todo esse papo não cola comigo. O lance da não-tradução até que vai, mas as referências, músicas... Não, não creio que SEMPRE seja mais prazeroso algo na língua mãe. Pra mim, chego a duvidar de que ÀS VEZES isso aconteça, não sei.
 
Tuca disse:
N disse:
Sinceramente, acho que ler um bom livro nacional supera qualquer estrangeiro. O prazer para mim é muito melhor, não só por que não é traduzido, mas também por que faz parte do meu universo: entendo as referências com facilidade, posso imaginar os lugares sem dificuldade. É igual a música: sempre mais prazeroso ouvir algo na língua mãe.
...
Não traumatizei com os clássicos, aliás, os adoro. Acho que em parte isso se deve ao fato de que eu busquei conhecê-los espontaneamente, de mente aberta, e hoje em dia Machado de Assis é um dos meus autores favoritos da literatura mundial. Também li Graciliano Ramos, Joaquim Manuel de Macedo, Manuel Antônio de Almeida, Castro Alves, etc. Acho que não é uma questão de idade, já que comecei a embarcar no "mundo dos clássicos" aos 11 anos. A questão é realmente "de cabeça": se você lê um livro obrigatoriamente, que todos dizem ser chato, é bem provável que seja uma leitura travada, presa nesses pré-conceitos. Além disso, é preciso que os leitores sejam formados desde cedo para depois poder encarar uma leitura dessas sem dificuldades.. o que, infelizmente, não acontece na maioria dos casos.
Também não me traumatizei com os clássicos (apesar de ter severas restrições com o que nos querem fazer engolir como tais), mas não consigo concordar em nada com o primeiro parágrafo.

Acredito (ou quero acreditar) que deva haver pessoas como você, mas todo esse papo não cola comigo. O lance da não-tradução até que vai, mas as referências, músicas... Não, não creio que SEMPRE seja mais prazeroso algo na língua mãe. Pra mim, chego a duvidar de que ÀS VEZES isso aconteça, não sei.

Aí é uma questão de ponto de vista. Eu realmente sempre acho mais legal ler um bom livro de um autor nacional, mas é claro que existem exceções. XD
 

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