- Pixies: Oração diária. Sabe, eu sempre digo aos meus amigos, “vocês podem odiar Pixies e Clara, mas eu não preciso saber disso, eu não preciso ouvir vocês falarem mal deles. Eu não preciso. Eu sofro, sabiam? Não falem. Não precisam gostar, eu já disse, mas não atrapalhem o meu gostar”. É uma fala egoísta, eu sei. Mas Pixies é uma banda tão querida por mim, tão querida. Talvez eu devesse falar, aqui, sobe Amps e Breeders, também. Mas sei lá, falar sobre Pixies, sobre a Kim e sobre o Frank, para mim, já é
mais do mesmo. Eu falo sempre. Toda a discografia de Pixies está entre meus álbuns preferidos.
Bossanova inteiro é um completo deleite, aqueles riffs são uma coisa de outro mundo. Perfeito.
Surfer Rosa é estranhamento perfeito. Fico triste com quem não consegue captar a MAGIA desse álbum. Eu não acho possível que alguém consiga não se envolver pela gritaria insana do Francis, o backing suave, mas vigoroso, da Kim, a guitarra sobreposta e absurdamente inventiva do Joey Santiago e as batidas fortes do David Lovering. Tudo isso forma algo alucinante, capaz de provocar transes coletivos.
Doolittle: Para quê dizer o que todo mundo diz sobre ele, hein? É aquela velha história, que TODOS os fãs da banda sempre dizem: esse álbum é tão foda que até parece uma coletânea. E todo mundo já sabe disto também, mas é interessante saber que Smell Like Teen Spirit foi uma tentativa do Kurt Cobain de fazer algo como Debaser. E todo mundo sabe que Debaser fala sobre o clássico, e insólito, “Um cão andaluz”, de Buñel.
Trompe Le Monde é magnífico. U-mass é uma das músicas mais fodas do mundo. E fã é uma merda.
Parei.
- Clara Nunes: (não interessa se não é 'banda'.
) Falar sobre a Clara, para mim, é permitir-me o exagero, a emoção, a poesia... a música. Clara foi (e é!) a mulher que cantou e encantou o Brasil. Ela nasceu às 18 horas do dia 12 de agosto (esses leoninos da minha vida, viu!) de 1942, em Cedro (que, hoje, é Caetanópolis, cidade emancipada de Paraopeba), interior de Minas Gerais (sério, eu me irrito quando o povo começa a dizer que Clara era baiana ou carioca.) Clarinha (olha a intimidade!) é sempre lembrada por sua relação com a Umbanda. Eu diria que ela era uma espiritualista. Ela era "católica de berço". Aos seis anos, já era orfã de pai e mãe. O pai morreu quando ela tinha 2 anos, e, a mãe, quando ela tinha seis. Na adolescência, começou a frequentar um Centro Espírita Kardecista. E já no Rio, porém antes de ser famosa, ela foi apresentada, por uma prostituta, de nome Denise (aliás, essa foi uma das pessoas fundamentais para que Clara conseguisse se sustentar no Rio, na época em que ela estava ‘abandonada’), à Umbanda, que seria a religião que ela seguiria até o precoce fim de sua vida. Eu acho que deveria falar um pouco sobre a Clara cantora, mas, antes disso, vou me torturar mais um pouco. Assim, eu acho que não deveria falar isso, porque, né, se eu não falasse, vocês não saberiam, porque este tipo de coisa é informação que só fã se importa de saber. Enfim, em uma entrevista, ao ser interrogada sobre coisas de que gostava, Clara respondeu: "Botafogo e Cruzeiro (por causa do Tostão)".
Essa é a mágoa profunda do meu coraçãozinho atleticano. Ah! Sim, eu acho que deveria falar sobre a CANTORA. Ok, simplesmente uma das maiores intérpretes de Samba que já existiu. Na verdade, uma das maiores cantoras da Cultura Brasileira, que já existiu. Interpretava, como ninguém, canções de ritmos essencialmente brasileiros: Calango mineiro: "Quando vim de Minas"; Maxixe: "Ninguém tem que achar ruim"; Baião: "Cinto cruzado", etc.